Nitai Gaura Hari Bol
(Visvavandya Dasa)
São Paulo - Brasil
São Paulo, 12 de fevereiro de 2005
"Aqui está o segredo de Sri Vyasa-puja" - A Famosa Palestra de Prabhupada em fevereiro de 1936, na Gaudiya Matha de Bombaim, em homenagem ao aniversário de seu Gurudev, Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Goswami Prabhupad, Paramahamsa Thakur Mahashaya:
saksad-dharitvena samasta-sastrai
uktas tatha bhavyata eva sadbhih
kintu prabhor yah priya eva tasya
vande guroh sri-caranaravindam
"As escrituras reveladas declaram que o mestre espiritual deve ser adorado como a Suprema Personalidade de Deus, e este preceito é obedecido pelos devotos puros do Senhor. O mestre espiritual é o servo mais íntimo do Senhor. Assim, oferecemos nossas respeitosas reverências aos pés de lótus de nosso mestre espiritual".
Senhoras e senhores, sejam bem-vindos em nome dos membros da Gaudiya Matha de Bombaim todos que vieram prestigiar nossas oferendas comunitárias em homenagem aos pés de lótus de nosso mestre universal, Acharyadev, fundador desta Missão Gaudiya e presidente-acharya da Sri Sri Visva-vaisnava Raja-sabha, eu quero dizer meu mestre divino eterno, Paramahamsa Parivrajakacharya Sri Srimad Bhaktisiddhanta Sarasvati Goswami Maharaj Prabhupad.
Há sessenta e dois anos, neste dia auspicioso, Acharyadev nasceu neste mundo pelo chamado de Thakur Bhaktivinoda, em Sri-kshetra Jagannatha-dhama, em Puri.
Cavalheiros, o oferecimento desta homenagem ao Acharyadev como foi organizada hoje à noite não é uma preocupação sectária, quando falamos do princípio fundamental de gurudev, ou acharyadev, falamos de algo que é de aplicação universal. Que não surja qualquer dúvida sobre separar meu guru do seu ou de qualquer outro. Há só um guru que aparece em uma infinidade de formas para ensinar a mim, e a todos outros.
O guru, ou acharyadev, como aprendemos das escrituras autênticas, distribui a mensagem do mundo absoluto, o domicílio transcendental da Personalidade Absoluta onde tudo indistintamente serve à Verdade Absoluta. Nós ouvimos tantas vezes: mahajano yena gatah sa panthah ("ande no rastro que seu acharya prévio deixou"), mas nós quase nunca tentamos entender o sentido real desse sloka. Se estudarmos essa proposta com cuidado, entenderemos que o mahajana é um, e a estrada real para o mundo transcendental também é uma. No Mundaka Upanisad (1.2.12) é dito:
tad-vijnanartham sa gurum evabhigacchet
samit-panih srotriyam brahma-nistham
"Para aprender a ciência transcendental, a pessoa tem que se aproximar do mestre espiritual autêntico na sucessão discipular, que é fixo na Verdade Absoluta".
Aqui se estabelece que para recebermos esse conhecimento transcendental, devemos nos aproximar do guru. Portanto, se a Verdade Absoluta é uma só, sobre o que não há divergência de opinião, o guru também não pode ser dois. O Acharyadev, em cuja honra nos reunimos hoje à noite a fim de oferecer nossas humildes homenagens, não é o guru de uma instituição sectária ou um dos muitos diferentes expoentes da verdade. Pelo contrário, ele é Jagad-guru, ou o guru de todos nós; a única diferença é que alguns o seguem sinceramente, ao passo que outros não o seguem diretamente.
No Srimad Bhagavatam (17.27) se diz:
acaryam mam vijaniyan
navamanyeta karhicit
na martya-buddhyasuyeta
sarva-devamayo guruh
"Deve-se entender que o mestre espiritual é tão bom quanto Eu", disse o bem-aventurado Senhor. "Ninguém deve ter inveja do mestre espiritual ou pensar que ele é uma pessoa comum, porque o mestre espiritual é a soma de todos os semideuses".
Isto é, o acharya se identifica com o próprio Deus. Ele nada tem a ver com os afazeres deste mundo mortal. Ele não desce aqui para se envolver em assuntos de demandas temporárias, mas para salvar os seres condicionados caídos, as almas ou entidades viventes, que vieram ao mundo material à procura do prazer por meio da mente e dos cinco órgãos de percepção dos sentidos. Ele aparece ante nós para revelar a luz dos Vedas e nos dar as bênçãos da liberdade completa, pela qual devemos ansiar a cada passo da jornada de nossa vida.
O conhecimento transcendental dos Vedas foi primeiramente comunicado por Deus a Brahma, o criador deste universo particular. De Brahma, o conhecimento desceu para Narada, de Narada para Vyasadeva, de Vyasadeva para Madhwa, e, nesse processo de sucessão discipular, o conhecimento transcendental foi transmitido de um discípulo a outro até chegar ao Senhor Gauranga, Sri Krishna Chaitanya, que representou o papel de discípulo e sucessor de Sri Isvara Puri. O atual Acharyadev é o décimo representante discipular de Sri Rupa Goswami, o representante original do Senhor Chaitanya que pregou esta tradição transcendental em sua plenitude; o conhecimento que recebemos de nosso Gurudev não é diferente daquele comunicado pelo próprio Deus e pela sucessão dos acharyas na linha preceptoral de Brahma. Adoramos este dia auspicioso como Sri Vyasa-puja-tithi, porque o acharya é o representante vivo de Vyasadeva, o divino compilador dos Vedas, Puranas, Bhagavad-gita, Mahabharata e Srimad Bhagavatam.
Aquele que interpreta o som divino, ou sabda-brahma, pela sua imperfeita percepção dos sentidos não pode ser um guru verdadeiro, porque, na ausência do devido treinamento disciplinar sob o acharya autêntico, o intérprete certamente diverge de Vyasadeva. Srila Vyasadeva é a autoridade primordial da revelação védica, e por isso tal intérprete irrelevante não pode ser aceito como guru, ou acharya, por mais dotado que esteja com todas as aquisições de conhecimento material. Como se diz no Padma Purana:
sampradaya-vihina ye
mantras te nisphala matah
"A menos que seja iniciado por um mestre espiritual autêntico na sucessão discipular, o mantra que recebeu não terá nenhum efeito".
Por outro lado, aquele que recebeu o conhecimento transcendental através da recepção auditiva de mestre autêntico na corrente discipular, e que tem consideração sincera pelo verdadeiro acharya, deve certamente se iluminar com o conhecimento revelado dos Vedas. Mas, esse conhecimento é permanentemente vedado para a abordagem cognitiva dos empíricos. Como se diz no Svetasvatara Upanisad (6.23):
yasya deve para bhaktir
yatha deve tatha gurau
tasyaite kathita hy arthah
prakasante mahatmanah
"Apenas àquelas grandes almas que simultaneamente têm fé implícita tanto no Senhor quanto no mestre espiritual é que todos os significados do conhecimento védico são automaticamente revelados".
Cavalheiros, nosso conhecimento é tão pobre, nossos sentidos são tão imperfeitos e nossas fontes são tão limitadas que não é possível termos um pouco sequer de conhecimento da região absoluta sem nos rendermos aos pés de lótus de Sri Vyasadeva ou de seu representante autêntico. À cada momento somos enganados pelo conhecimento de nossa percepção direta. Tudo não passa de criação ou invenção da mente, que é sempre enganadora, mutante e oscilante. Nada podemos conhecer a respeito da região transcendental através de nosso método limitado e pervertido de observação e experimentação. Mas todos nós podemos ouvir com ávida atenção o som transcendental transmitido daquela região para esta pelo meio translúcido de Sri Gurudev ou Sri Vyasadeva. Portanto cavalheiros, devemos nos render hoje aos pés do representante de Sri Vyasadeva para eliminarmos todas as nossas divergências geradas por nossa atitude não submissa. Dessa maneira, está dito no Sri Gita (4.34):
tad viddhi pranipatena
pariprasnena sevaya
upadeksyanti te jnanam
jnaninas tattva-darsinah
"Aproxime-se somente do mestre espiritual autêntico e realizado. Primeiramente, renda-se a ele e tente entendê-lo com perguntas relevantes e serviço dedicado. Esse mestre espiritual sábio pode iluminar com o conhecimento transcendental, pois ele vê a Verdade Absoluta".
Para recebermos conhecimento transcendental, devemos nos render completamente ao verdadeiro acharya em espírito de indagação e serviço ardentes. Real execução de serviço ao Absoluto sob a orientação do acharya é o único veículo pelo qual podemos assimilar o conhecimento transcendental. O encontro de hoje para oferecermos nossos humildes serviços e homenagens aos pés do Acharyadev possibilitará que sejamos agraciados com a capacidade de assimilar o conhecimento transcendental tão bondosamente transmitido por ele a todas as pessoas, sem distinção.
Cavalheiros, somos todos mais ou menos orgulhosos de nossa antiga civilização indiana, mas, de fato, não conhecemos a verdadeira natureza dessa civilização. Não podemos ter orgulho de nossa civilização material passada, que agora está milhares de vezes mais avançada que em tempos anteriores. Diz-se que atravessamos a era da escuridão, Kali-yuga. O que é essa escuridão? A escuridão não pode ser devida ao atraso em conhecimento material, porque atualmente o temos em maior grau do que antigamente. Se nós mesmos não temos, pelo menos nossos vizinhos o têm em bastante quantidade. Portanto, devemos concluir que a escuridão da atual era não é devida à falta de avanço material, mas sim ao fato de que perdemos a base de nosso avanço espiritual, que é a necessidade primordial da vida humana e o critério para o tipo mais elevado de civilização humana. Atirar bombas de aviões não significa que a civilização avançou desde a primitiva e incivilizada prática de jogar grandes pedras sobre as cabeças dos inimigos dos topos das montanhas. Com certeza, o aprimoramento da arte de matar nossos vizinhos com metralhadoras e gases venenosos não indica avanço sobre o barbarismo primitivo, que se orgulhava de sua arte de matar com arcos e flechas. Tampouco, o desenvolvimento de um senso de egoísmo abundante mostra ser algo superior a mero animalismo intelectual. A verdadeira civilização humana é muito diferente de todos esses estados, e por isso no Ka!ha Upanisad (1.3.14) encontramos o enfático apelo:
uttisthata jagrata
prapya varan nibodhata
ksurasya dhara nisita duratyaya
durgam pathas tat kavayo vadanti
"Por favor, desperte e tente entender a dádiva que agora tem sob esta forma humana de vida. O caminho da realização espiritual é muito difícil; é afiado como o fio da navalha. Esta é a opinião de sábios eruditos transcendentais".
Assim, enquanto outros estavam ainda no ventre do esquecimento histórico, os sábios da Índia já haviam desenvolvido um tipo diferente de civilização, que os capacitou a se conhecerem a si próprios. Eles haviam descoberto que não são absolutamente entidades materiais, mas que são, sim, servos espirituais, permanentes e indestrutíveis do Absoluto. Mas, porque escolhemos, em desabono de melhor julgamento, nos identificar completamente com esta existência material, nossos sofrimentos têm se multiplicado de acordo com a inexorável lei de nascimento e morte, com suas conseqüentes doenças e ansiedades. Estes sofrimentos não poderão ser realmente mitigados por nenhum acúmulo de felicidade material, porque matéria e espírito são elementos completamente diferentes. É como se alguém tirasse um animal aquático da água e o pusesse na terra, fornecendo-lhe toda a espécie de felicidade possível em terra. Os terríveis sofrimentos do animal não poderão ser aliviados a não ser que ele seja tirado do ambiente estranho a ele. Espírito e matéria são coisas completamente contraditórias. Todos nós somos entidades espirituais. Não poderemos ter felicidade perfeita, que é o nosso direito natural, por mais que nos envolvamos em assuntos de coisas mundanas. Só obteremos felicidade perfeita quando formos restabelecidos em nosso estado natural de existência espiritual. Essa é a mensagem distintiva de nossa antiga civilização indiana, essa é a mensagem do Gita, essa é a mensagem dos Vedas e dos Puranas, e essa é a mensagem de todos os verdadeiros acharyas, inclusive de nosso atual Acharyadev, na linha do Senhor Chaitanya.
Cavalheiros, embora de modo tão imperfeito fomos capacitados pela graça dele a compreender as sublimes mensagens de nosso Acharyadev, Om Visnupada Paramahamsa Parivrajakacharya Sri Srimad Bhaktisiddhanta Sarasvati Goswami Maharaj Prabhupad, devemos, contudo, admitir a compreensão definitiva de que a mensagem divina de seus lábios de lótus é coisa inata para a humanidade sofredora. Todos nós devemos ouvi-lo pacientemente. Se ouvirmos o som transcendental sem descabida oposição, certamente a misericórdia cairá sobre nós. A mensagem do Acharyadev é para nos levar de volta a nosso "lar original", de volta a Deus. Repito, portanto, que devemos ouvi-lo pacientemente, segui-lo na medida de nossa convicção e prostrar-nos a seus pés de lótus para nos livrarmos de nossa atual e imotivada falta de vontade de servir ao Absoluto e a todas as almas.
Do Gita, aprendemos que mesmo após a destruição do corpo, a atma, ou alma, não é destruída; ela é sempre a mesma, sempre nova e viçosa. O fogo não pode queimá-la, a água não pode dissolvê-la, o ar não pode secá-la e a espada não pode cortá-la. Ela é duradoura e eterna, e isso também é confirmado no Srimad Bhagavatam (10.84.13):
yasyatma-buddhih kunape tri-dhatuke
sva-dhih kalatradisu bhauma ijya-dhih
yat-tirtha-buddhih salile na karhicij
janesv abhijnesu sa eva go-kharah
"Qualquer um que aceita esta bolsa corpórea de três elementos como sendo o seu eu (ego), que tem inclinação por um relacionamento íntimo com sua esposa e filhos, que considera sua terra natal como adorável, que toma banho nas águas dos locais sagrados de peregrinação mas não aproveita a companhia das pessoas que têm conhecimento verdadeiro, não passa de um asno no meio de vacas, ou seja, um tolo completo".
Infelizmente nos dias de hoje, nós todos somos tolos, pois negligenciamos nosso verdadeiro bem-estar e identificamos a gaiola material como sendo nós mesmos. Concentramos todas nossas energias na manutenção secundária da gaiola material em benefício da própria gaiola, e negligenciamos totalmente a alma, cativa nesta gaiola. A gaiola destina-se à destruição do pássaro; o pássaro não se destina ao bem-estar da gaiola. Meditemos, portanto, profundamente sobre isso. Todas as nossas atividades estão agora voltadas para a manutenção da gaiola, e o máximo que fazemos é tentar dar algum alimento à mente por meio da arte e da literatura mundanas. Mas não sabemos que esta mente também é material com aparência mais sutil. Isso é declarado no Gita (7.4):
bhumir apo 'nalo vayuh
kham mano buddhir eva ca
ahankara itiyam me
bhinna prakrtir astadha
"Terra, água, fogo, ar, céu, inteligência, mente e ego são Minhas oito energias separadas".
Mal tentamos alimentar a alma, que é distinta do corpo e da mente, portanto, estamos todos cometendo suicídio no sentido próprio do termo. A mensagem do Acharyadev é para nos avisar a parar de executar tais atividades erradas. Portanto, prestamos nossas reverências a seus pés de lótus gratos pela imaculada misericórdia e bondade que ele nos concedeu.
Cavalheiros, não pensem um instante sequer que meu Gurudev quer acabar completamente com a civilização material, um feito impossível. Mas devemos aprender com ele a arte de fazer o melhor uso de um mau negócio, e entender a importância desta vida humana, que é apta para o mais elevado desenvolvimento da consciência verdadeira. O melhor uso desta preciosa vida humana não deve ser desprezado. Como afirma o Srimad Bhagavatam (11.9.29):
labdhva sudurlabham idam bahu-sambhavante
manusyam arthadam anityam apiha dhirah
turnam yateta na pated anu mrtyu yavan
nihsreyasaya visayah khalu sarvatah syat
"Esta forma humana de vida é obtida após muitos e muitos nascimentos, e, apesar de não ser permanente, pode oferecer os mais elevados benefícios. Por isso, a pessoa sóbria e inteligente deve imediatamente tentar cumprir sua missão e alcançar o benefício máximo da vida antes que ocorra outra morte. Ela deve evitar o prazer sensual, a que tem acesso em todas as circunstâncias".
Não abusemos desta vida humana na vã busca do prazer material, ou, em outras palavras, em troca de apenas comer, dormir, temer e atividades sensuais. A mensagem do Acharyadev é confirmada pelas palavras de Sri Rupa Goswami (Bhakti-rasamrta-sindhu 1.2.255-256):
anasaktasya visayan
yatharham upayunjatah
nirbandhah krsna-sambandhe
yuktam vairagyam ucyate
prapancikataya buddhya
hari-sambandhi-vastunah
mumuksubhih parityago
vairagyam phalgu kathyate
"Afirma-se que uma pessoa está situada totalmente na ordem de vida renunciada se ela vive de acordo com a consciência de Krishna. Ela não deve ter apego ao prazer sensual e deve aceitar apenas o que é necessário para a manutenção do corpo. Por outro lado, aquele que renuncia às coisas que poderiam ser usadas no serviço a Krishna, com o pretexto de que tais coisas são materiais, não pratica renúncia verdadeira".
O significado desses slokas só pode ser compreendido quando desenvolvemos completamente a parte racional de nossa vida, e não a parte animal. Sentados aos pés de lótus do Acharyadev, devemos tentar entender desta fonte transcendental de conhecimento o que nós somos, o que é o universo, o que é Deus e qual é o nosso relacionamento com Ele. A mensagem do Senhor Chaitanya é a mensagem para os seres vivos e a mensagem do mundo vivo. O Senhor Chaitanya não Se importou com a exaltação deste mundo morto, que é adequadamente chamado Martyaloka, o mundo onde tudo está destinado a morrer. Ele apareceu perante nós há quatrocentos e cinqüenta anos para nos falar algo do universo transcendental, onde tudo é permanente e tudo é para o serviço ao Absoluto. Porém, recentemente o Senhor Chaitanya tem sido mal representado por algumas pessoas inescrupulosas, e a mais elevada filosofia do Senhor tem sido interpretada erradamente como sendo o culto do tipo mais baixo de sociedade. Temos a satisfação de anunciar hoje à noite que nosso Acharyadev, com sua bondade costumeira nos salvou desse tipo horrível de degradação, e por isso nos prostramos a seus pés de lótus com toda a humildade.
Cavalheiros, tem sido uma das manias da sociedade culta (ou inculta) dos dias atuais atribuir à Personalidade de Deus aspectos meramente impessoais e minimizá-La, com afirmações de que Ele não tem sentidos, nem forma, nem atividade, nem cabeça, nem pernas, nem prazer. Assim é também o prazer dos intelectuais modernos devido à sua completa falta de orientação apropriada e verdadeira introspecção sobre o reino espiritual. Todos esses empiristas pensam da mesma forma: "Todas as coisas desfrutáveis devem ser monopolizadas pela sociedade humana, ou apenas por uma classe particular, e o Deus impessoal deve ser um mero fornecedor de encomendas para suas façanhas caprichosas". Sentimo-nos felizes de estar livre desta horrível espécie de doença graças à misericórdia de Sua Divina Graça Paramahamsa Parivrajakacharya Bhaktisiddhanta Sarasvati Goswami Maharaja Prabhupad. É ele quem abre nossos olhos, nosso pai eterno, nosso preceptor eterno e nosso guia eterno. Prostremo-nos, portanto, a seus pés de lótus neste dia auspicioso.
Cavalheiros, embora sejamos como crianças ignorantes sobre o conhecimento da Transcendência, mesmo assim Sua Divina Graça, meu Gurudev, acendeu um pequeno fogo dentro de nós para dissipar a invencível escuridão do conhecimento empírico. Agora estamos tão fixos no lado seguro que nenhuma quantidade de argumentos filosóficos apresentados pelas escolas empíricas de pensamento poderá nos desviar um milímetro sequer da posição de nossa eterna dependência aos pés de lótus de Sua Divina Graça. Além disso, estamos preparados para desafiar os mais eruditos acadêmicos da escola Mayavada e provar que apenas a Personalidade de Deus e Suas atividades transcendentais em Goloka constituem a sublime informação dos Vedas. Há indicações explícitas disso no Chandogya Upanisad (8.13.1):
syamac chavalam prapadye
savalac chyamam prapadye
"Para receber a misericórdia de Krishna, eu me rendo à Sua energia (Radha), e para receber a misericórdia de Sua energia, eu me rendo a Krishna"; Também no Rg Veda (1.22.20):
tad visnoh paramam padam sada
pasyanti surayah diviva caksur atatam
visnor yat paramam padam
"Os pés de lótus do Senhor Vishnu são o objetivo supremo de todos os semideuses. Esses pés de lótus do Senhor são tão brilhantes como o Sol no céu".
A verdade simples tão vividamente explicada no Gita, que é a lição central dos Vedas, não é entendida, ou nem mesmo suspeitada, pelos mais poderosos intelectuais das escolas empíricas. Aqui está o segredo de Sri Vyasa-puja. Quando meditamos nos passatempos transcendentais da Divindade Absoluta, temos orgulho de sentir que somos Seus servos eternos, e ficamos em júbilo, e dançamos em alegria. Toda a glória a meu mestre divino, pois foi ele que, por seu incessante fluxo de misericórdia, despertou dentro de nós tal movimento de existência eterna. Prostremo-nos a seus pés de lótus.
Cavalheiros, se ele não tivesse aparecido diante de nós para nos salvar da escravidão desta ilusão mundana grosseira, certamente teríamos permanecido desamparados por vidas e eras na escuridão do cativeiro. Se ele não tivesse aparecido perante nós, não teríamos capacidade para entender a verdade eterna do ensinamento sublime do Senhor Chaitanya. Se ele não tivesse aparecido perante nós, não seríamos capazes de conhecer o significado do primeiro sloka do Brahma-samhita:
isvarah paramah krsnah
sac-cid-ananda-vigrahah
anadir adir govindah
sarva-karana-karanam
"Krishna, que é conhecido como Govinda, é a Divindade Suprema. Ele tem um corpo espiritual eterno e bem-aventurado, Ele é a origem de tudo. Ele não tem nenhuma origem, e é a causa primordial de todas as causas".
Pessoalmente, não tenho esperança de executar qualquer serviço direto nos vindouros milhões de nascimentos da jornada de minha vida, mas confio que em algum dia serei salvo deste atoleiro de ilusão em que estou tão profundamente afundado atualmente. Por isso, rezo com toda a minha sinceridade aos pés de lótus de meu mestre divino para que me permita sofrer o quinhão a mim destinado devido a meus malfeitos passados, mas que eu possa guardar na memória que não passo de um insignificante servo da todo-poderosa Divindade Absoluta, compreendida graças à firme misericórdia de meu mestre divino. Assim, eu me prostro a seus pés de lótus com toda a humildade possível.
(Jaya Prabhupada!)
Fonte -
http://www.nitaigaura.xpg.com.br/gurudev.html
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