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terça-feira, 2 de abril de 2013

Iniciando a jornada ao Mundo Espiritual


                               Todas as glórias á Sri Sri Guru e Gouranga!!!





Iniciando a jornada ao

Mundo Espiritual













Jiva Tattva e Guru Tattva






Sri Srimad Bhaktivedanta Narayan Goswami Maharaj








Prefácio

  
   Banhando com a poeira dos pés de lótus de Sri Guru Pad Padma Om Vishnu Pad Paramahamsa Parivrajakacharya-varya 108 Sri Srimad Bhaktivedanta Narayan Goswami Maharaj, apresentamos este livro aos sinceros aspirantes pelo bem último da vida, isto é, devoção pura por Deus (suddha bhakti).
   Os assuntos tratados a seguir são de muita importância para aqueles que desejam trilhar o caminho que leva ao mundo espiritual. Primeiramente, Sri Gurudev explica quem somos nós, porque estamos neste mundo, qual a nossa relação com Deus e qual é o processo para nos livrar-nos deste plano material de existência. Este tópico é classificado com o nome de Jiva-tattva.    Várias concepções errôneas sobre este tópico estão sendo propagadas ao público leigo, porém com referências das escrituras, Sri Gurudev desmantela todas estas falsas concepções e nos ilumina com o significado profundo das palavras emanadas de Acharyas – Mestres Espirituais fidedignos, assim como de textos Védicos. Aqui, o aspirante encontrará uma espécie de almanaque completo sobre o começo do processo de sudha bhakti, o acordar do amor puro á Deus, que por si só libera as entidades vivas de kali yuga de todo tipo de sofrimento e lamentaçao e as concede o ‘vinho entorpecedor’ na forma do cantar dos santos nomes de Radha e Krishna. A feliciddade e êxtase encontrado na prática de suddha bhakti (devoção pura) são transcendentais e está livre de toda contaminação mundana.
   Na segunda parte Sri Gurudev explica detalhadamente as qualidades de um Sad-Guru fidedigno, as quatro manifestações de Sri Guru, como reconhecer um Maha Bhagavata Sad Gurudev, qual o dever de um discípulo, quando se deve abandonar um guru desqualificado e a importância de se ter um Siksha Guru. Também descreve as glórias da associação com o devoto puro de Deus. Sobre a importância de um guardião fidedigno, apresentamos também um artigo escrito por Sua Santidade Sri Srimad Bhakti Rakshak Sridhar-dev Goswami Maharaj.
   Na terceira e última parte, apresentamos um artigo escrito pelo fundador do movimento para a Consciência de Krishna no século dezoito – Srila Sachidananda Bhaktivinoda Thakur Mahasay, o grande arquiteto da missão mundial dos ensinamentos de Sri Chaitanya Mahaprabhu. Ali ele descreve os diferentes níveis de devotos, quais são seus respectivos sintomas de acordo com a qualidade do cantar dos santos nomes, e como devemos nos relacionar com cada um deles. Também descreve o perigo de se cometer Vaishnava Ninda (ofensa ao Vaishnava) assim como os motivos apropriados para se refletir nas suas falhas. Ainda neste tópico, finalizamos com as instruções de Srila Vrindavan Das Thakur extraídas do seu famoso livro chamado Sri Chaitanya Bhagavata com a tradução de Sua Santidade Sri Srimad Bhakti Vaibhav Puri Goswami Maharaj.
   O autor e a fonte exata das leituras que compõe o livro estão indicados logo após o título principal de cada parte. Para a leitura dos textos, livros e artigos originais em inglês, favor ver os links na última página do livro. Que Sri Guru Pad Padma fique satisfeito com esta publicação e nos conceda a sinceridade necessária para servir seus confortantes pés de lótus de maneira digna e amorosa.


         Baladev Das Brahmachari      


        6 de Novembro – 2012- Auspicioso dia do Aparecimento de Sri Radha Kunda.
























Om Vishnu Pad Srila Bhaktivedanta Narayan Goswami Maharaj




























Jiva-Tattva

A verdade sobre o eu, (a alma).

(Extraído do livro de Srila Gurudev chamado ‘Jiva tattva’- The Journey of the soul).


   O tema a seguir, refere-se às verdades filosóficas estabelecidas nas escrituras sagradas, sobre a natureza das entidades vivas (jiva-tattva) e este tema é bastante profundo. Ainda sim, é essencial saber este tópico, especialmente para aqueles que ativamente compartilham tópicos espirituais com outras pessoas. Conhecimento lúcido das verdades filosóficas é a fundação de uma vida espiritual forte.

Siddhanta baliya citte na kara alasa
Iha há-ite krsne lage sudrddha manasa
(Sri Chaitanya-caritamrta, Ai-lila 2.117)

“O estudante sincero não deve negligenciar a discussão de tais conclusões, considerando-as controversiais, pois tais discussões fortalecem a mente. Então, a mente do estudante fica atraída á Sri Krishna.”

   Em toda literatura devocional ou Vaishnava, encontramos alguém que pergunta e alguém que responde estas questões. Este requerimento lidera até a fundação da vida espiritual: questionamento humilde visando saber a Verdade. O próprio Senhor Deus dá este exemplo, como foi visto nas conversas entre o Deus Supremo Sri Chaitanya Mahaprabhu e seus associados Srila Roy Ramananda e Srila Sanatana Goswami.
   Neste humor, o grande Rei Parikshit Maharaj faz perguntas ao santo, Sri Sukadev Goswami: “A constituição transcendental da entidade viva é espiritual e consciente, enquanto que a ilusória energia material de Deus (maya) é inerte e mundana. Como é então que a entidade viva fica enredada em maya? Isto é incrível.”
   Srila Sukadev Goswami responde:

Bhayam dvitiyabhinivesatah syad
Isad apetasya viparyayo ´smrtih
Tan-mayayato buddha abhajet tam
Bhaktyaikayesam guru-devatatma

(Srimad Bhagavatam 11.2.37)

   “O medo vêm quando a entidade viva identifica a si mesmo com o corpo material devido a sua absorção nas coisas externas - energia ilusória de Deus. Quando ele se afasta do Deus Supremo, ele também se esquece sua própria posição constitucional como um servo de Deus. Esta confusa e temerosa situação é o efeito da energia ilusória, chamada maya. Então, a pessoa inteligente deve engajar-se firmemente no unidirecionado serviço devocional a Deus sob a guia de um mestre espiritual fidedigno, quem ele deve aceitar como sua deidade adorável e como sua própria vida e alma.”

   Este verso indica que Sri Krishna é a causa de toda existência. Ele é a Verdade Absoluta, É um sem haver um segundo. Ele é a Verdade Última. Ele é o primeiro, e não há um segundo. Ele é a personificação da completa existência. Ele manifesta várias potências, ilimatadas entidades vivas (jivas ou almas), e inumeráveis mundos e universos; até mesmo seu pai Nanda Maharaj e sua mãe Yashoda, e todos os seus associados são suas manifestações. Ele é então, a deidade adorável de todos.
   Pela constituição da entidade viva, ela é uma serva eterna deste Supremo Deus adorável, Sri Krishna. Como foi dito no Sri Chaitanya-charitamrta (Madhya-lila 20.108):

Jivera svarupa haya – krsnera nitya dasa
Krsnera ‘tatastha sakti’ bhedabheda-prakasa

“A posição natural e constitucional da entidade viva é que ela é uma eterna serva de Krishna, porque ela é uma energia marginal de Krishna e uma manifestação simultaneamente igual e diferente Dele.”

   Como uma serva eterna de Sri Krishna, a alma (jiva) é bem aventurada por natureza. Porém em algum momento crucial ela olhou para a energia externa de Deus, pensando que existe algo além de Deus.
   Sendo uma parte e parcela de Krishna, a intrísica natureza da jiva é de olhar para Sri Krishna, então, porque então ela olhou para maya? A resposta é que Krishna deu uma certa independência a ela. Se ela faz mal uso desta independência, ela cai na jurisdição de maya (energia ilusória) e é punida. Confundida por maya, ela se torna materialmente absorta, e neste predicamento, nenhuma outra pessoa materialmente absorvida pode salva-la.
   No penúltimo verso acima mencionado por Sri Sukadev Goswami, confirma-se que a entidade viva estava situada na linha entre o mundo transcedental e o inerte mundo material. Pela nossa escolha, olhamos para a ‘dôce’ maya, que por sua vez nos mostrou o caminho pelo qual poderíamos desfrutar por conta própria, aparte de Krishna.
   Enamorada por maya, a jiva pensa: “Desfrutar é um direito meu”. Então, imediatamente maya à supre com o corpo sutil (composto pela mente material, inteligência e falso ego) e o corpo grosseiro (composto por osso, sangue, pele, urina e fezes etc...) e então ela começa a pensar: “Eu sou este corpo e tudo que está relacionado com com este meu corpo é meu”.
   Assim, quando a jiva vira as costas para Krishna devido ao seu livre arbítrio e independência, ela fica encoberta pela concepção errônea deste conceito material e corpóreo da vida e se torna enamorada pelas bonitas formas manufaturadas por maya. Estando neste campo de existência, ela não consegue encontrar a saída por si mesma. A única escapatória é o refúgio daqueles que conhecem o caminho de saída. Após um longo tempo presa neste mundo de nascimentos e mortes, as almas afortunadas podem ser abordadas por um devoto puro, quem dirá: “O que estão fazendo irmãos e irmãs? Vocês estão sem rumo. Vocês se desviaram do caminho da verdadeira felicidade. Vocês se desviaram do caminho do amor á Deus. Venha comigo; guiarei voçês na estrada da verdadeira felicidade”.
   Apenas mantendo boas companias, a pessoa poderá desenvolver consciência espiritual e considerar esta verdade: “Sou um servo eterno de Krishna, e também posso servi-lo com amor e afeição, como aqueles que estão no mundo transcendental. Este mundo é apenas uma sombra daquela sublime consciência espiritual de amor e serviço”.
   Srila Sukadeva Goswami explica ao rei Parikshit, a importância de associar com os exaltados e santos devotos de Deus. Um devoto santo pode mudar o coração de uma alma miserável em um só instante.

Sadhu sanga sadhu sanga sarva sastre kaya
Lava matra sadhu sanga sarva siddhi haya

O veredito de todas as escrituras reveladas é que até mesmo um instante de associação com o devoto puro, todo sucesso pode ser alcançado.

   O Srimad Bhagavatam também declara que qualquer um que sinceramente canta e lembra de Krishna sob a guia de um santo fidedigno, é destinado a se tornar feliz. Se até mesmo um devoto neófito está sinceramente cantando e chorando por Krishna, lamentando a sua caída condição, ele está destinado a ser feliz ataravés da associação santa. A pessoa pode estar afligida por inúmeros pensamentos e hábitos indesejáveis, mas se ela canta sinceramente, com certeza se tornará feliz.
   Aquele devoto feliz mostrará aos outros, o caminho espiritual e dirá: “Eu conheço um real santo, uma alma auto-realizada, um verdadeiro Guru, e pela ajuda Dele, me tornei tão jubilante. Venha comigo, vou levá-lo até Ele”. Esta pessoa é chamada de vartma-pradarsaka-guru, o Guru que mostra o caminho.
   Sri Krishna é muito misericordioso; Ele é o Guru situado no coração (chaitya-guru). Juntamente com o vartma-pradarsaka-guru, Ele guia a pessoa até o fidedigno e auto-realizado Guru. Aceitando este guru fidedigno, a pessoa começa sua prática de atividades devocionais no serviço a Sri Krishna e gradualmente todos seus maus hábitos e mentalidades desaparecem.




Somos infinitesimais, Ele é infinito


Ekah suddhah svayam-jyotir
Nirguno sal gunasrayah
Sarva go navrtah saksi
Niratmatmatmanah parah

(Srimad-Bhagavatam 4.20.7)

Existe uma alma Suprema. Ele é puro, não-material e auto-manifesto. Ele é o reservatório de todas as boas qualidades e é auto-penetrante. Ele não possui coberturas materiais e é o testemunho de todas atividades. Ele é completamente distinto das outras entidades vivas e é transcendental à todas as almas condicionadas.

   Este verso descreve as qualidades da Suprema Personalidade de Deus e então aponta várias diferenças entre ele e a alma individual. Alguns dizem que todas as entidades vivas são Deus, e os que acreditam nisto interpretam de maneira errônea o aforismo védico ‘tat tvam asi’ como ‘voçê é o Deus impessoal’. O significado correto seria: ‘a entidade viva é uma partícula espiritual do espírito supremo’. Também no aforismo ‘aham brahmasmi’ que significa ‘Eu não sou este corpo, sou uma alma espiritual’, eles interpretam como ‘Sou aquele espírito supremo, sou brahma’.
   O líder desta doutrina, Sankaracharya, é uma encarnação de Sankara, Shiva. Ele era muito inteligente. Apesar de ser o líder do caminho impessoal, seu verdadeiro intuíto era satisfazer Sri Krishna. Krishna instruiu Shankara: “Vá ao mundo material e me esconda de todos aqueles que se opõe à minha devoção pura, aqueles que me servem e me adoram com o desejo de tornar-se poderoso como os demônios Ravana e Hiranyakashipu. Estes falsos devotos irão criar perturbações, então mantenha-nos longe de mim. Vá e iluda eles impartindo errôneas interpretações dos Vedas. Diga a eles:’Porque estão adorando Krishna? Vocês são Deus em todos os aspectos. Somos todos um com o Deus impessoal’”.
   Assim, o impersonalismo não é a idéia do significado dos Vedas. Na verdade, nós não somos Deus, nem tampouco Deus é impessoal. Ele é uma pessoa, e nós somos Suas partes e parcelas, Seus eternos servos. A Suprema Personalidade de Deus é apenas Um sem um segundo, enquanto que as entidades vivas são inúmeras.
   Considere esta distinção primária: a alma individual não se faz presente em um objeto como um microfone, mas o Paramatma, a forma de Sri Krishna como a Superalma, está presente ali. Nada neste mundo existe sem a presença do Paramatma.
   Há duas almas dentro de cada corpo – a infinitesimal entidade viva (jiva - alma) e a manifestação de Deus – Paramatma. A jiva enredada nas atividades fruitivas (karma), tenta saborear os frutos do seu esforço. O Deus Supremo não é uma alma condicionada e também não está enamorado pela energia material. Ele é simplesmente aquele que testemunha as ações da jiva, situando-se no coração da mesma.
   O Senhor supremo é eternamente puro, e maya, ou ilusão, está bem longe Dele e de Sua morada. Maya não pode atrair Deus, mas a jiva, sendo diminuta, pode atrair-se por maya a qualquer momento. Sri Krishna é sempre puro e auto-iluminado, enquanto que a jiva está sujeita á ser influenciada pela escuridão da ilusão e assim pode vir a ser coberta pela identidade errônea da identificação corpórea.
   Krishna aparece pessoalmente na sua mais linda forma como Vrajendra-nandana, o filho de Nanda Maharaj, para aqueles que performam bhajan, meditação devocional e serviço á ele. Para aqueles que servem Deus na sua opulenta forma de quatro braços como Vaikuntha Narayana, Ele aparece como O Senhor Narayana. Aqui neste mundo ele reside como a testemunha situada no coração de toda entidade viva (incluindo animais, vegetais, insetos, etc...) como também em todo e qualquer átomo, como Paramatma. Deus manifesta uma ilimitada multi-diversidade de formas e energias, enquanto que a jiva é bem limitada, localizada e diminuta.
   Sri Krishna é a eterna Verdade Absoluta. Katha Upanisad (2.2.13) diz: “nityo nityanam cetanas cetananam - das entidades vivas, Ele é a Suprema Entidade Viva e dentre tudo que é eterno, Ele é o Eterno Supremo”. Ainda que a jiva seja conhecida como sendo parte e parcela separada de Krishna, na verdade ela não separada. A jiva não pussui existência separada de Krishna e sempre será subordinada a Ele, tanto neste mundo, quanto no mundo espiritual.
   Krishna está livre de qualidades materiais e ao mesmo tempo possui todas as qualidades transcendentais. As jivas podem ter as mesmas qualidades de Sri Krishna, quando pela graça de Deus e de Sri Guru, ela realiza sua natureza eterna de subordinação a ele.
   Uma vez, o grande santo Vidura foi até Badrikasram nos Himalayas encontrar-se com Maitreya Rsi, um erudito sábio e recipiente da misericórdia de Sri Krishna. Vidura aproximou de Maitreya Rsi e perguntou: “É incrível! A jiva mesmo sendo uma entidade consciente que está sempre conectada com o Deus Supremo em sua forma como Super-alma, ainda sim continua iludida por maya. Como isto é possível?”
   Maitreya Rsi respondeu: “Vou lhe dizer brevemente a única razão disto. Sri Krishna é possuidor de um poder inconcebível conhecido como aghatana-ghatana-patiyasi-sakti, o poder que faz o impossível se tornar possível. É este poder que retira a misericórdia de Krishna para com a jiva que escolhe Lhe dar as costas. Assim este poder faz com que a jiva se torne uma alma condicionada.”
   Considere que maya é também uma das potências de Krishna e por isto não pode fazer qualquer coisa que vai de encontro ao Seu desejo. Certamente então, Krishna é a causa da ação de maya. Por que então, Krishna criou tal situação que causa tanto sofrimento ás jivas? A resposta é que criar o mundo material é um dos seus ilimitados passatempos. Não há absência de variedade nos Seus ilimitados passatempos e este é um deles. Deus é completamente independente para fazer o que deseja. Não podemos desafiá-lo e como descrito nas escrituras Védicas, não podemos compreendê-lo através de argumento ou lógica.

Acintyah khalu ye bhava
Na tams tarkena yojayet

(Mahabharata, Bhisma-parvata 5.22)

   “Não devemos tentar compreender assuntos que estão além da nossa concepção material através de argumento e lógica.”

   Não é possível entender assuntos transcendentais através da limitada mente material, então consultamos as escrituras que descrevem sobre aquele plano, os Vedas. Consultamos o Srimad Bhagavatam, que é a essência de todos os Vedas e principalmente os grandes santos conhecidos como os Seis Goswamis, que nos deram a essência do Bhagavata nos seus próprios livros.
   Como foi mencionado acima, é apenas pela influência da inconcebível energia de Krishna que faz com que o impossível se torne possível, que a jiva se torna iludida por maya, sob a concepção errônea de ‘Eu’ e ‘Meu’, a qual é baseada na ilusão da identificação com o corpo material. No seu estado natural, na sua forma constitucional, a jiva é pura. Mesmo sendo diminuta, ela é uma porção atômica de cit-sakti, a potência transcendental pessoal de Sri Krishna. A jiva está agora condicionada pelo corpo material, mas na sua natural constituição espiritual, não há nada material, não há ilusão.
   Condicionamento material é chamado de ‘prisão’, mas esta prisão não é real. Não é realidade porque não toca a alma transcendental. Quando um homem dorme a noite, ele pode sonhar que sua cabeça está sendo cortada, mas quando ele acorda, vê que nada daquilo aconteceu. Similarmente, pela misericórdia de Sri Guru e Sri Krishna, quando acordamos para a Consciência de Krishna, pensamos: “O que estava vendo todo este tempo? Era justo como um sonho.” Se algum sofrimento vem até vocês, não há necessidade de ficarem agitados ou nervosos. Apenas lembre-se que este aparente sofrimento é devido ao estado ilusório, como vivendo em um sonho.
   Maitreya Rsi continuou explicando á Vidura que onde não há sol, há escuridão; mas na verdade escuridão não existe, pois ela é simplesmente a ausência de luz. Similarmente, onde não há o serviço á Krishna, que é como o sol, não há maya, escuridão.
   Mesmo que não seja possível compreender isto através de sentidos materiais ou através da mente, a jiva é realmente uma eterna serva de Krishna mesmo que em seu estado condicionado, pareça que não. Aqui, uma analogia: Se alguém coloca uma roupa sobre um relógio, não poderá ver nenhum movimento dos ponteiros, mesmo assim o ponteiro está se movimentando. Similarmente, vemos apenas nossas atividades corpóreas e mentais. Não podemos compreender que dentro do corpo, existe uma alma eterna, e que sem esta alma o corpo não seria capaz de funcionar. Somos seres conscientes, infinitesimais partes e parcelas de Deus, de algum jeito servindo Deus até mesmo no estado condicionado, mesmo que agora não realizemos isto.
   Por exemplo, o demônio Kamsa estava servindo Krishna de maneira indireta. As atrocidades de Kamsa foram uma das causas do aparecimento de Krishna neste mundo. Se Kamsa não existisse, não haveria os doces passatempos de Krishna em Vrindavan. Similarmente, as atrocidades de Ravana foi a causa do aparecimento do Senhor Rama; se não houvesse Ravana, o inimigo de Rama, os doces passatempos de Rama não ocorrerião.
   Similarmente, a jiva condicionada está servindo Deus, porém faz isto indiretamente. No momento, ela serve a potência ilusória de Deus, maya. Agora ela está em um sonho, sonhando que possui vários corpos materiais.



Nosso despertar


   Escondido no coração do corpo material, toda jiva possui uma forma maravilhosa. È com esta forma transcendental (siddha deha) que a jiva pode servir Krishna diretamente. Mesmo que esta forma espiritual esteja agora coberta, pela misericórdia de Sri Guru e Sri Krishna, todos os hábitos e mentalidades indesejáveis gradualmente desaparecem e então esta forma eterna é gradualmente revelada. Quando um praticante atinge o estágio de bhava (emoções espirituais), caracterizada pela devoção que é transcendental aos modos materiais, seu ou sua divina forma espiritual manifesta no coração e então a jiva pode realizar sua siddha deha.
   Então, recebendo a misericórdia de Sri Krishna, o praticante torna-se completamente livre do seu corpo material grosseiro, mente, inteligência, falso ego e consciência contaminada.
   Sobre o próprio Sri Krishna, Ele nunca tem um corpo material. Ele nunca deixa um corpo material aqui quando parte deste mundo, desaparecendo da visão de todos. A forma de Krishna não é apenas transcendental a todo tipo de corpo material, mas também é a verdadeira causa de todos os mundos, tanto materiais, quanto espirituais.
   Para compreender estes profundos tópicos espirituais e realizar nosso ser interno e original, aspiramos obter a misericórdia de um mestre espiritual genuíno da mais alta classe e pela graça Dele, aspiramos performar bhajan.

Evam-vratah sva-priya-nama-kirtya
Jatanurago druta-citta uccaih
Hasaty atho roditi rauti gayaty
Unmada-van nrtyati loka-bahyah

(Srimad Bhagavatam 11.2.4)

“Por cantar os santos nomes de Deus, a pessoa atinge o estágio de amor a Deus. Então, o devoto se fixa no voto de que é um servo eterno de Deus e gradualmente se torna muito atraído a uma particular forma e nome de Deus. Como seu coração derrete em êxtase amoroso, ele dá risadas em um tom bem alto ou então chora. Às vezes ele canta e dança como um homem louco, pois está indiferente à opinião pública.”

   Tal devoto puro não é tímido ao expressar sua devoção. Ele canta bem alto, sem se importar com o ambiente, ou se está ou não vestido. Lembrando constantemente os passatempos de Krishna, as vezes Ele chora, “Ó Krishna, onde está você?” e as vezes rola no chão, dando risadas como um louco. Pessoas comuns consideram-no como um louco, mas Ele simplesmente experimenta os sintomas do amor a Deus. Esta realização espiritual é nossa real posição e este é o objetivo da nossa vida. Esforçêmos em engajar nossa mente em escutar, adorar e especialmente cantar os santos nomes de Deus.



Duas classes de jivas



   Há duas categorias de jivas, como descrito no Sri Chaitanya Charitamrta (Madhya-lila 22.10-13)

Sei vibhinnamsa jiva – dui ta prakara
Eka – nitya-mukta eka nitya samsara

“As entidades vivas (jivas), estão divididas em duas categorias. Algumas são nitya-muktas – eternamente liberadas, nunca foram condicionadas. As outras são as nitya baddhas ou nitya samsara- condicionadas desde tempo imemorial.”

   As nitya muktas jivas são eternamente liberadas e são manifestadas no mundo espiritual. Já as nitya baddhas são manifestadas na potência marginal (tatastha sakti) e por que olharam para o mundo material, estão condicionadas desde tempo inimaginável, por isso são chamadas de nitya samsara. Nitya aqui não significa ‘eternamente’ e sim ‘um tempo incalculável’.
   As jivas manifestadas em tatastha sakti que olharam para o mundo espiritual também são consideradas nitya mukta jivas.

Nitya mukta nitya krsna carane unmukha
Krsna parisada nama bhunje seva sukha

(Chaitanya Charitamrta, Madhya-lila 22.11)

“Aqueles que são eternamente liberados estão sempre despertos para a consciência de Krishna, e sempre rendem serviço devocional amoroso aos pés de lótus de Krishna. Eles são considerados associados eternos de Krishna e desfrutam eternamente do êxtase transcendental do Seu serviço.”

   É muito importante compreender este ponto. As almas liberadas são associadas eternas de Sri Krishna em Sua morada, sempre engajadas em servi-lo e testar a doçura do Seu serviço. Na morada de Deus, a potência que ilude as almas condicionadas (maya), não está presente. Em seu comentário do Srimad Bhagavatam (3.16.26), Srila Bhaktivedanta Swami Maharaj diz: “A conclusão é que ninguém cai do mundo espiritual, Goloka ou planetas Vaikuntha, pois Estas são suas eternas moradas”.
   Pergunta: Alguém pode dizer, “Sim, aceitamos o que Krishna disse no Bhagavad Gita – que uma vez saindo deste mundo e indo a Vaikuntha, jamais retornamos”. Mas nós caímos de lá antes de primeiramente vir a este mundo.

   Srila Narayan Goswami Maharaj: Se isto fosse verdade, o princípio propagado no Bhagavad Gita e outras escrituras seria um equívoco. Nossas escrituras lidam apenas com a realidade. Aquelas almas que já estão servindo naquele plano transcendental, não podem vir a ser iludidas por maya de forma alguma. Não há a possibilidade de se tornarem aversas a Krishna. Elas nunca caem, pois não há maya na morada de Deus.

   Nesta conexão, devemos tentar seguir os ensinamentos de Srola Jiva Goswami, nosso tattva-acharya, como também os ensinamentos da nossa sucessão discipular como Srila Baladeva Vidyabhusana, Srila Viswanath Chakravati Thakur e especialmente Srila Bhaktivinoda Thakur. Quiando existe qualquer confusão ao ler um livro de um particular guru fidedigno, podemos reconciliar e harmonizar nosso entendimento por aceitar ajuda dos livros de outros gurus fidedignos na nossa sucessão discipular.
   Srila Jiva Goswami é um exaltado guru fidedigno. Ele explicou este tópico nos seus sandarbhas e não deixou nenhuma sombra de dúvida quanto á isso. Temos que ler seus livros para reconciliar e poder harmonizar as aparentes ‘contradições’ nos ensinamentos de todos nossos Acharyas.
   Srila Bhaktivedanta Swami Maharaj aceitou esta linha do guru parampara mais do que nós. Ele é uma alma realizada. Ele nunca disse nada diferente dos acharyas prévios. Srila Bhaktivinoda Thakur aceitou todos os prévios acharyas na linha de Sri Rupa Goswami. Srila Bhaktissidhanta Saraswati Goswami Thakur aceitou Srila Bhaktivinoda Thakur e Srila Bhaktivedanta Swami Maharaj aceitou seu Gurudeva, Srila Bhaktissidhanta Saraswati Thakur. Com este entendimento, podemos reconciliar tudo.
   Sobre este mesmo tópico, (que também pode parecer uma ‘contradição’), é dito no Chaitanya Charitamrta (Madhya lila 20.117):

Krsna bhuli sei jiva anadi-bahirmukha
Ataeva maya tare deya samsara dunkha

“Esquecendo-se de Krishna, a entidade viva tem sido atraída pela externa forma desde tempo imemorial. Então, a energia ilusória maya á concede todo tipo de miséria nesta existência material”.

   No verso acima, as palavras ‘krsna bhuli’ aparentemente significa ‘Esquecendo-se de Krishna’. Mas, qual é o seu significado profundo? Isto realmente significa que uma vez ela estava engajada no serviço a Sri Krishna na sua eterna e espiritual morada, e agora ela se esqueceu deste serviço?
   A indicação das palavras ‘krsna bhuli’ aqui é bem diferente. Todas as linguas mundanas apresentam defeitos e assim elas não podem expressar puramente tópicos transcendentais, como a natureza da nossa forma constitucional (swarupa). Para clarear o significado, Srila Krsna Das Kaviraja Goswami escreveu; ‘krsnera tatastha sakti-bhedabheda-prakasa, que significa que a jiva é manifestação da energia marginal de Krishna.
     Almas liberadas sempre permanecem liberadas.   É completamente absurdo pensar que as almas liberadas em Goloka Vrindavan ou Vaikuntha podem ser coberta por maya. Sobre isto, O Srimad Bhagavatam descreve várias histórias dos associados de Deus, como a história de Jaya e Vijaya, Chitraketu Maharaj, Bharata Maharaj e outros. Uma leitura casual destes passatempos pode dar a impressão que eles caíram do mundo espiritual e pode-se ter esta impressão com prova de que a entidade viva cai de lá. Porém, nenhum destes associados de Deus caiu de suas posições, mas propositalmente vieram á este mundo para estabelecer certos princípios e ensinamentos para as almas condicionadas. (Como no caso de Shakaracharya; pode alguém falar que Shiva Shankar é um impersonalista por que pregou mayavada?)
   Há um grande erro ao deliberar sobre a ‘queda’ de Jaya e Vijaya e outros. Jaya e Vijaya eram porteiros guardiões em Vaikuntha. Eles desejaram satisfazer o desejo de Sri Narayana de testar o humor de combate. Deus Narayana então atraiu os quatro Kumaras para visitá-lo em Vaikuntha e especificamente amaldiçoar Jaya e Vijaya á descender neste mundo e então Narayana poderia ter a oportunidade de lutar contra oponentes fortes como ele. Os associados de Deus são também bastante poderosos. Apenas eles poderiam ser bons oponentes para Narayana, ninguém mais.
   Ira, luxúria ou qualquer má qualidade nunca se faz presente em Vaikuntha. No caso da ‘maldição’ de Jaya e Vijaya, por exemplo, Sri Narayana inspirou pessoalmente sua potência transcendental yogamaya para deixar os quatro Kumaras irados, e assim amaldiçoar Jaya e Vijaya. Após amaldiçoar Jaya e Vijaya, os Kumaras imediatamente lamentaram, mas Sri Narayana disse á eles: “Não se preocupem. Eu mesmo queria que isto acontecesse, Jaya e Vijaya manifestarão como demônios no mundo material por três vidas, e assim performarei passatempos de combate com eles. Durante este tempo, eles permanecerão simultâneamente em suas forma originais no mundo espiritual.”
   Assim, Jaya e Vijaya continuaram residindo em Vaikuntha nas suas forma originais, e suas manifestações vieram á este mundo fenomenal para atuar como demônios.
   Sendo devotos puros, Jaya e Vijaya são capazes de manifestar ilimitadas formas, assim como mãe Yashoda, a mãe de Krishna, possui ilimitadas formas. Narada Rsi também pussui ilimitadas formas em Vaikuntha, em Dwaraka e em infinitos universos. Brahma disse uma vez que uma pessoa pode ser capaz de contar as estrelas no céu ou os grãos de areia da terra, mas nunca será capaz de glorificar completamente os doces passatempos de Krishna e Seus associados. Não podemos até mesmo imaginar estas coisas.   Enquanto nenhuma alma cai de Goloka Vrindavan ou Vaikuntha em nenhum momento, elas podem vir á este mundo para performar passatempos com Krishna, como no caso dos amigos vaqueiros Sridama e Subala. Ou também, Krishna pode enviar uma alma liberada, um dos seus associados, á este mundo, dizendo á ele: “Vai lá e ajude as almas condicionadas.” Uma alma liberada neste mundo tem mais entendimento das ansiedades e sofrimentos das almas condicionadas do que aquelas que estão em Goloka, pois realiza a realidade do mundo espiritual e simultaneamente vê este mundo.
   Ninguém é feliz neste mundo. Até mesmo aqueles que estão nos primórdios da juventude estão insatisfeitos, e eles nunca ficarão satisfeitos. Eles terão que ficar velhos e morrer, e quando morrerem não poderão levar nada do que coletaram em suas vidas. Então, tente lembrar de Krishna e seguir isto: “Só existe um deus, uma religião, e esta única religião é amor e afeição pelo Supremo senhor do universo, Sri Krishna.”



Liberação em um instante

   Pergunta: Por que a entidade viva possui diminuta independência?

   Srila Narayan Goswami Maharaj: É por que ela é uma entidade consciente. Ela não é inconsciente. Independência é um sintoma de uma entidade consciente, quem sempre possui independência, esteja ela condicionada neste mundo ou liberada no mundo espiritual. Krishna quer que todos vão até Ele e o sirva no mundo espiritual. Ele nunca deseja que as pessoas vivam separadamente dele e então sejam infelizes. Se Ele vê que alguém tem um pequeno, porém sincero desejo de servi-lo, ele arranja tudo de tal maneira que esta pessoa vá ao mundo espiritual e associe com ele. No livro de Sanatana Goswami- Brhad Bhagavatamrta, descreve-se como Deus elabora os arranjos para a entidade viva ir até o mundo espiritual.

   Pergunta: Se nós almas espirituais não caímos de Goloka Vrindavan, porque as escrituras dizem  que nós ‘revivemos’ nossa relação com Krishna, ou que ‘esquecemos’ desta relação? Se nós nunca experienciamos isto, por que termos como ‘De volta ao Supremo’ ou ‘esquecemos’ foram usadas?

   Srila Narayan Goswami Maharaj: Podemos entender isto pelo verso seguinte:
Krsna bhuli sei jiva anadi-bahirmukha
Ataeva maya tare deya samsara duhkha

(Sri Chaitanya-charitamrta- Madhya-lila 20.117)

“Esquecendo-se de Krishna, a entidade viva tem sido atraída pela energia externa desde tempos imemoriais (anadi). Então, a energia ilusória – maya- concede a ela, todos os tipos de miséria no mundo material.”

   A resposta para sua pergunta foi indicada pela palavra ‘anadi’. Anadi significa ‘sem começo’. Isto significa que a entidade viva nunca esteve com Krishna.

   Pergunta: Por que então a palavra ‘esqueceu’ é usada frequentemente?

   Srila Narayan Goswami Maharaj: Esta palavra e outras semelhantes são usadas para neófitos que não possuem um entendimento substancial da consciência espiritual. Alguém pode dizer, “O sol está se pondo atrás daquela árvore.” Isto é dito apenas para dar uma indicação sobre a direção na qual o sol pode ser percebido. Se o sol estivesse realmente se pondo na árvore, a árvore se reduziria a cinzas em menos de um segundo. Similarmente, estas e outras palavras (Como Srila Swami Prabhupada usava ‘De Volta ao Supremo’) nos dá uma mera indicação da realidade espiritual. É como ‘comida para crianças’. No estágio inicial, tais indicações são necessárias para a alma condicionada ter uma ‘idéia’ da realidade. Se um real praticante avançado em bhakti (sadhaka) nunca cai nas armadilhas de maya, então o que falar de um siddha, uma alma liberada perfeita, que está sempre imersa em saborear o néctar do serviço pessoal á Sri Krishna?
    Se a jiva está em Goloka Vrindavan, como é possível ela se esquecer de Krishna? O seguinte verso do Bhagavad Gita descreve as qualidades de um devoto situado em prema-bhakti, que, em sua siddha-rupa, é um associado de Krishna em sua morada espiritual.

Visaya vinivartante niraharasya dehinah
Rasa-varjam raso py asya param drstva nivartate

(Bhagavad Gita – 2.59)

“A alma condicionada pode artificialmente restringir a gratificação sensorial por desviar os sentidos dos seus objetos, ainda sim seu gosto pelos objetos sensoriais permanece. Porém, aquele que experiência um gosto superior está sempre consciente. Um devoto de Deus, restringe os sentidos automaticamente devido á este gosto superior.”

   Se alguém vê um bonito objeto, mas logo depois comtempla algo que considera mais bonito ainda, ele será atraído pelo último. Se a pessoa tem o desejo de desfrutar de certas coisas, mas depois adquire um maior gosto por um objeto superior, seu gosto pelo objeto inferior desaparecerá automaticamente.
   É devido á este gosto superior que os puros gaudiya Vaishnavas, que seguem os passos de Sri Chaitanya Mahaprabhu, não necessitam se esforçar-se nem um pouco para controlar a mente. Eles controlam a mente muito facilmente, pois estão sempre engajados em escutar hari-katha, cantar e lembrar de Sri Krishna.
   A doçura que surge da relação com Krishna é muito mais saborosa do que o gosto que surge de relações mundanas. A mente também é material e assim está sempre engajada em saborear relações mundanas. Porém, se alguém experimenta algo superior, como o serviço amoroso a Sri Krishna, não há questão de pensar neste mundo. O mundo material é de algum jeito bonito, mas Sri Krishna, as Gopis e Goloka Vrindavan são muito mais bonitos.
   Neste mundo há tantas coisas que pensamos ser boas, mas na verdade tudo isso é como veneno. No começo pode testar doce, mas depois se torna amargo. Por exemplo, quando um homen e uma mulher começam uma relação íntima, a relação parece dôçe no começo, mas invariavelmente se torna salgada. Este fenômeno acontece em qualquer coisa que tentamos desfrutar neste mundo. Se alguém sempre engaja sua mente em Sri Krishna, sua mente vai automaticamente ser controlada e ela nunca será iludida por maya.

Segunda Parte – Guru Tattva


As glórias de Sadhu Sanga

(Extraído dos capítulos do livro de Srila Gurudev chamado ‘Pinnacle of Devotion’ que tratam de Guru-tattva)


   Venha comigo á Vrindavana. Aqui, na solitária atmosfera do templo de Radha Damodara em Seva-kunja, Krishna das Kaviraja Goswami costumava escrever seus livros. Seva kunja é um lugar para a perfeição (siddha sthali), porque Krishna costumava vir aqui servir Srimat Radhika. Aqui ele desfrutou de seus passatempos transcendentais, e aqui também encontramos as poeiras dos pés de lótus das gopis. Krishna também serviu Srimat Radhika em Vamsivata e Nidhuvana. Nestes lugares, Sri Krishna, Radhika e as gopis são controlados pelo amor personificado. Não aspiramos obter Krishna, e sim amor por Ele. Kamsa, Jarasandha, Sisupala e outros demônios também queriam Krishna, mas não tinham amor ou afeto por Ele.

Krsna, guru, bhakta, sakti, avatara, prakasa
Krsna ei chaya-rupe karena vilasa

“O Senhor Krishna desfruta em sua própria forma, na forma dos mestres espirituais, dos devotos, das diversas energias, das encarnações e porções plenárias. Todos eles são seis em um.”

(Chaitanya Caritamrta Adi 1.32)

   Srila Krishna das Kaviraja Goswami explica aquí que Sri Krishna se manifesta neste mundo de seis formas: como o próprio Krishna, como dois tipos de mestre espiritual, como seus devotos, como suas energias, como suas encarnações e como suas porções plenárias. Para entender as manifestações de Krishna, é preciso esclarecer alguns conceitos.
   Em um dos primeiros versos do Sri Caitanya Caritamrta, Srila Krishna das Kaviraja diz:

“Antes de tudo, ofereço minhas respeitosas reverências aos pés de lótus do meu mestre espiritual iniciador e também aos pés de lótus de todos os meus mestres espirituais instrutores.”

   Mantra guru indica o mestre espiritual iniciador, o que concede o gayatri mantra. O mestre espiritual instrutor (siksa guru) nos ensina como devemos servir Sri Krishna, quem somos nós, o que é devoção (Bhakti), qual é a realidade sobre a entidade viva e como a alma condicionada pode alcançar a perfeição em bhakti.
   No Bhakti-rasamrta-sindhu, Srila Rupa Goswami declara:

Anyabhilasita-sunyam jnana-karmadi-anavrtam
Anukulyena krsnanu-silanam bhaktir-uttama

“Serviço devocional puro é executado com amor e afeição, adotando tudo que é favorável e rejeitando tudo que é desfavorável á bhakti. Tal serviço não deve ser mesclado com atividades fruitivas ou especulações filosóficas.”

   A pessoa que deseja devoção pura deve lembrar e recitar este verso todos os dias e tentar compreender seu significado. Esta prática é denominada sadhana-bhakti. Quando praticada através dos sentidos culminando na manifestação de sentimentos espirituais, é chamada de bhava-bhakti, e quando aprofunda ainda mais se converte em prema-bhakti. Dependendo do nível de cada devoto, pratica-se um destes níveis de bhakti. Um mestre espiritual que não experimenta sadhana-bhakti, bhava-bhakti e prema-bhakti não pode dar devoção, mesmo que externamente pareça um guru. Isto é dito não apenas no Srimad Bhagavatam, mas também nos Upanisads e no Caitanya Caritamrta. Devemos entender o seguinte princípio:

Tasmad gurum prapadyeta
Jijnasuh sreya uttamam
Sabde pare ca nisnatam
Brahmany upasamasrayam

Toda pessoa que deseja sinceramente a verdadeira felicidade, deve buscar por um mestre espiritual fidedigno e refugiar-se nele através da iniciação. O mestre espiritual deve ter compreensão das conclusões filosóficas das escrituras através da reflexão e deve ter a capacidade de convencer outros destas conclusões. Estas grandes personalidades, que se refugiaram no Senhor Supremo e abandonaram toda consideração material, são mestres espirituais genuínos.

                            (Srimad Bhagavatam- 11.3.21)

   Para alcançar a verdadeira devoção (bhakti) por Sri Krishna, ser verdadeiramente feliz e compreender quem são e como podem avançar nesta vida, devem dirigir-se á uma alma auto realizada escutar dele as conclusões sástricas. Tal mestre certamente os ajudará.
   Pode-se distinguir três sintomas em um mestre espiritual fidedigno. O primeiro é sabde. Sabde quer dizer que seu conhecimento dos Vedas, Upanisads, Srimad Bhagavatam etc... é perfeito. Mesmo assim, este conhecimento das escrituras e a habilidade de argumentar baseando-se neles são insuficientes para dizer que tal pessoa é um guru fidedigno. Se esta pessoa não experimenta Krishna, não está absorta em bhajana e sua bhakti não está muito desenvolvida, então não é um guru.
   O segundo sintoma é que ele está desapegado dos desejos mundanos. Estes primeiros dois sintomas são externos. O sintoma interno de um mestre espiritual genuíno é pare ca nisnatam brahmany. Parambrahman é Krishna. O guru deve ter uma compreensão interna disto, porque se não poderá cair de sua posição. Deve estar absorto em bhajana, porque o conhecimento dos argumentos das escrituras não é suficiente para se previnir de uma eventual queda. Pode ser que alguém conheça todos os argumentos para fundamentar os pontos de vista das escrituras, e algumas vezes pratica serviço devocional, mas se não está desapegado de seus desejos e dos objetos materiais, ele cairá. A queda do mestre espiritual é algo muito sério que afetará o discípulo durante toda sua vida. Devemos por tanto, ser muito cuidadosos associando com devotos que não podem cair. O que Swamiji escreveu sobre isto? Escutem com atenção, pois é muito importante:

   Devoto: “Antes de qualquer coisa ofereço minhas respeitosas reverências aos pés de lótus do meu mestre espiritual iniciador e de todos meus mestres espirituais instrutores.”

   Significado – “Em suas teses no Sri Bhakti-sandarbha (202), Srila Jiva Goswami declara que o objetivo dos vaishnavas é o serviço devocional puro, e que se deve executa-lo na associação com outros devotos. Por associar-se com os devotos do Senhor Krishna, a pessoa desenvolve um tipo especial de consciência que lhe faz ficar atraída pelo serviço amoroso ao Senhor. Tal é o processo de se aproximar do Senhor Supremo pela apreciação gradual do serviço devocional. Se alguém deseja serviço devocional puro, deve associar-se com devotos. (Cc. Adi 1.35)”

   Srila Narayana Maharaja: Sim. Reflitam profundamente sobre isto. Se vocês realmente desejam serviço devocional puro, devem procurar a associação com vaishnavas. De outro modo, terão asat-sanga, associação com materialistas. Sigam a linha de pensamento de Srila Swami Maharaja, tal como eu faço. Se alguém diz que não estou nessa mesma linha, ela mesma é que não está. Eu jamais digo algo diferente de Sri Chaitanya Mahaprabhu e Swamiji.
   Se desejam serviço devocional puro por Krishna, devem seguir de forma resoluta as diretrizes e instruções que foram mencionadas. Se, ao invés disso, eles preferem ganhar dinheiro e pensam que a associação com um vaishnava elevado é um obstáculo para suas aspirações, não se sentirão inclinados á seguirem suas instruções. Se desejarem ser como Prahlada Maharaja, devem meditar muito nas afirmações dos significados de Swamiji. Agora, lê de novo a última frase e depois siga adiante.

   Devoto: Se alguém deseja serviço devocional puro, deve associar-se com devotos de Krishna. Apenas através desta associação, a alma condicionada pode desenvolver gosto pelo amor transcendental e assim reviver sua relação eterna com Deus, com uma manifestação específica e com uma doçura de rasa transcendental particular que cada pessoa tem inerente em seu coração.

   Srila Narayana Maharaja: Se vocês seguem esta instrução de associar-se com devotos puros, Sri Krishna fornecerá tudo á vocês. Não tenham medo. Krishna criou vocês. Ele é o controlador Supremo, de modo que vocês não devem ter medo. Se alguém segue esta instrução, Krishna tomará conta de tudo e todos os seus problemas serão resolvidos.
Se desejam serviço devocional puro á Krishna, sejam fortes e determinados, e associem-se com vaishnavas elevados. Esta recomendação é tão importante que é dita três vezes:

Sadhu sanga sadhu sanga sarva sastre kaya
Lava matra sadhu sanga sarva siddhi haya

O veredito de todas as escrituras reveladas é que a associação com um devoto puro, mesmo que só por um instante, pode-se alcançar o êxito completo na vida espiritual.

(Cc. Madhya 22.54)

   O que este verso quer dizer? Que o serviço devocional puro pode ser obtido apenas com associação de devotos puros (sadhu sanga), e que esta instrução é nosso primeiro dever. Siga.

   Devoto: O segredo desta instrução é que se deve escutar submissamente da boca daqueles que conhecem perfeitamente a ciência de Deus e prestar o serviço indicado pelo mestre espiritual. O devoto que já se sente atraído pelo nome, forma, qualidades, etc.. do Senhor Supremo, pode ser guiado até a prática do serviço devocional segundo um sentimento específico; não é necessário que perca tempo tentando chegar á Deus através da lógica.

   Srila Narayana Maharaja: Sim. Não tentem alcançar Krishna através da lógica. A lógica por si só é insuficiente. Só é aceitável quando se trata da lógica relacionada ás escrituras como o Srimad Bhagavatam, o Sri Caitanya Caritamrta, e que está relacionada com a devoção, de outro modo ela não é aceitável.

   Devoto: O mestre espiritual é expert em ocupar o discípulo no serviço amoroso e transcendental ao Senhor, de acordo com sua tendência específica.

   Srila Narayana Maharaja: Um dos sintomas do mestre espiritual genuíno (tanto o instrutor quanto o iniciador) é que cada um dos seus discípulos sente um afeto tão profundo por seu Gurudev, que pensam que seu Sri-Guru o ama mais que todo mundo. Na presença do Sad-Guru, todos os vaishnavas, mesmo que não sejam seus discípulos diretos, sentem que este Guru o ama maisdo que todos os outros. Vi esta qualidade em meu Guru Maharaja e em Swamiji, e penso que muitos discípulos de Swamiji também experimentaram isto.
   Os discípulos de Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura Prabhupada nos contaram que todo mundo, dos meninos até os adultos, todos pensavam: “Meu Guru Maharaja me ama muito.” Os discípulos experimentam isto no guru genuíno porque ele não deseja obter nada material deles. A única coisa que ele quer é residir em seus corações e injetar-lhes Krishna-prema. E se ele mesmo não experimenta Krishna-prema, é impossível que transmita á outros. O Guru nunca toma o coração do discípulo como sendo sua propriedade, mas o suaviza e o torna doce para oferece-lo ao casal divino Sri Sri Radha Krishna. Primeiro, o discípulo oferece seu coração aos pés de lótus de seu amado Guru, até que um dia este guru o situará nos pés de lótus de Rupa manjari. Ele o colocará nas mãos de Lalita e Visakha, e elas por sua vez o levarão aos pés de lótus de Srimati Radhika. Então, Srimati Radhika qualificará esta pessoa para servir Krishna e ela mesma.
   Se um mestre espiritual não possui estas características, o discípulo deve pedir-lhe humildemente que lhe permita associar-se com uma alma elevada. Sem inveja, e admitindo que ele não pode satisfazer seu discípulo, este mestre o aconselhará á se refugiar em vaishnavas do calibre de Srila Jiva Goswami, Srila Rupa Goswami e Narottama das Thakura. Ele não importará que seu discípulo se refugie em um vaishnava superior. Um guru alto realizado (sad-guru) não deseja ganâncias materiais. Syamananda Prabhu recebeu instruções de seu diksa guru Hrdaya Caitanya para que fosse até seva-kunja (Vrindavana) e se refugiasse nos pés de lótus de Srila Jiva Goswami. “Ele irá te preparar para servir Sri Sri Radha Krishna”. Srila Jiva Goswami aparentemente não tinha discípulos, mas na realidade ele instruiu todos os habitantes da terra. Este é o sintoma do mestre espiritual autêntico.

   Devoto: O devoto deve ter apenas um mestre espiritual iniciador, as escrituras proíbem aceitar mais de um, mas não há limite quanto ao número de mestres instrutores que se pode aceitar. No geral, um mestre espiritual que está sempre instruindo um discípulo na ciência espiritual, com o tempo se torna seu mestre iniciador.
   Deve-se recordar sempre que quem se nega á aceitar um mestre espiritual e á ser iniciado, se tornará totalmente frustrado em seus esforços para relacionar-se com Deus. Se alguém que não é devidamente iniciado se apresenta como um grande devoto, encontrará muitos e muitos obstáculos no seu caminho rumo á compreensão espiritual e finalmente, deverá continuar sua existência na vida material sem nenhum alívio. Se alguém possui o desejo de receber a benção de Sri Krishna, deve aceitar um mestre espiritual fidedigno.
   Se um devoto não tem a oportunidade de servir seu mestre espiritual diretamente, deve servi-lo lembrando seus passatempos. Não há nenhuma diferença entre seus passatempos e sua pessoa. Por tanto, na sua ausência, suas palavras e instruções devem ser o orgulho do discípulo. Se alguém pensa que não precisa se consultar com ninguém, incluindo um mestre espiritual, é um ofensor do Senhor e nunca voltará para Deus. Um aspirante sério deve aceitar um mestre espiritual seguindo as normas das escrituras. Srila Jiva Goswami aconselha á não se aceitar um mestre espiritual baseando-se em critérios hereditários, costumistas, sociais ou eclesiáticos. Para que haja um real avanço na compreensão espiritual, deve-se apenas encontrar um mestre espiritual que está verdadeiramente capacitado para tal.

   Srila Narayana Maharaja: Podemos ver que Swamiji é um seguidor de Jiva Goswami. É muito difícil ter um Guru tão elevado. É excepcional. Se por algum crédito piedoso aceitamos até mesmo um mestre espiritual neófito, através de algumas impressões criadas no nosso coração, em nossa próxima vida estaremos aptos á conhecer um guru genuíno. Como vamos descobrir se é um guru fidedigno? Rendendo-se aos pés de lótus do caitya-guru (Krishna, situado no coração) e orando á Ele. Ele reside no nosso coração e escutará nossa prece. Se alguém ora dizendo: “Ó Krishna! Desejo de coração ser teu servo. Por favor, conduza-me até os pés de lótus de um Guru genuíno.” Sem dúvida, Krishna arranjará tudo. E aqueles que não oram desta maneira, acreditando e confiando na própria capacidade para eleger e examinar um Guru, com certeza vai ter problemas na sua vida espiritual. Krishna diz:

Sarva-dharman  parityajya
Mam ekam saranam vraja
Aham tvam sarva-papebhyo
Moksayisyami ma sucah

Abandona toda classe de religião e apenas rende-te á min. Eu te libertarei de todas as reações pecaminosas. Não se preocupe.
(Bg.18.66)

   Quando uma pessoa se rende sinceramente sem buscar por ganâncias materiais, Krishna arranja tudo pra que ele encontre um mestre espiritual. Se o aspirante comporta desta forma, receberá facilmente a misericórdia deste excepcional guru. Tudo depende de Krishna. Neste mundo é muito difícil encontrar um mestre espiritual genuíno, mas as escrituras dizem que é ainda mais difícil encontrar um discípulo genuíno capaz de se entregar completamente, tal como fizeram Arjuna ou Sudama Vipra com Krishna. Os Vedas, Upanisads e Puranas citam numerosos exemplos do guru ideal e do discípulo ideal. O exemplo mais elevado de rendição absoluta aos pés de lótus de Srila Rupa Goswami e Srila Sanatana é Srila Jiva Goswami. Quem é o mestre espiritual de Srila Sanatana Goswami e de Srila Rupa Goswami? Srila Rupa Goswami ora á Sri Caitanya Mahaprabhu na invocação auspiciosa (mangalacharana) em cada um dos seus livros, mas quando foi que Sri Caitanya Mahaprabhu iniciou Rupa e Sanatana Goswami? Temos dados ou lembranças de que foi celebrado algum sacrifício de fogo para suas iniciações ou de que eles ganharam algum mantra?   Sri Caitanya Mahaprabhu depositou tudo em seus corações, e eles também o aceitaram como seu guru em seus corações. Isto é muito importante, seguir Sri Gurudeva interna e externamente. Se entregarmos nosso coração de forma natural aos pés de lótus de um Vaishnava, significa que ele é nosso guru, tanto se nos dá mantras e faz um sacrifício de fogo, quanto se não faz nada disto. Estas coisas são externas e não são tão importantes como a rendição do coração. Srila Jiva Goswami deu vários exemplos disto em seus livros.
   Há duas classes de discípulos, consequentemente há dois tipos de iniciação (diksa). Uma está relacionada com a formalidade externa de realizar a cerimônia de fogo e dar os mantras gayatri. Mas não se deve pensar: “Me sacrifiquei muito. Raspei a cabeça e recebi meus mantras, então já fui iniciado.” Isto é apenas um aspecto externo. A iniciação formal é essencial, mas não é completa sem a iniciação interna na qual o discípulo entrega por completo seu coração aos pés de lótus de seu Guru sabendo que ele o capacitará á servir Sri Sri Radha e Krishna.
   O mestre espiritual dá ao discípulo todo o conhecimento transcendental (divya- jnana) referente á Verdade Absoluta (Krishna- tattva), ao mestre espiritual (Guru- tattva) e ao amor puro por Krishna (Prema-tattva), e também ensina o que é a energia ilusória (maya), na qual vemos o homem e a mulher como objetos de desfrute sensorial. Tal visão tem causado infinitos problemas nos matrimônios, sobre tudo nos países ocidentais. As pessoas se casam e divorciam várias vezes sem pensar em nenhum momento nos filhos. Matrimônio significa que o homem e a mulher devem permanecer juntos toda vida, os pequenos problemas não devem ser a causa do divórcio. O mestre espiritual instrui seus seguidores sobre o que fazer para desenvolver sua consciência de Krishna e lhes ensina a não ser apegados nem desapegados, sempre vendo á si próprio, filhos e esposa, como sendo servos de Krishna. O guru nos diz como devemos praticar bhakti e desenvolver nosso respeito, afeto e serviço á Krishna. Isto é divya-jnana. Por outro lado, Sri Guru destrói todas as nossas reações pecaminosas:

Divyam jnanam yato dadyat
Kuryat papasya sanksayam
Tasmat dikseti sa prokta
Desikais tattva-kovidaih

   Kuryat papasya sanksayam. A vida material não é mais que um acúmulo de problemas derivados do apego ás coisas mundanas. Na vida material a pessoa considera-se a desfrutadora e está cheia de luxúria, ira, cobiça, loucura, ilusão e inveja. Gurudeva destrói as quatro etapas do pecado.

1-      Prarabdha é o karma que deu fruto. Reações aos atos prévios que são a causa do sofrimento atual.
2-      Kuta bija são pecados que não foram cometidos ainda, mas o coração tem a tendência de cometê-los.
3-      Aprarabdha são as reações que frutificarão no nosso próximo corpo
4-      Avidya é a ignorância que faz com que uma pessoa tenha inveja de Krishna e se considere a desfrutadora. Esta é a raiz de todos os problemas.

    Se nosso diksa-guru não está capacitado para fazer isto por nós, devemos aceitar um siksa-guru mais avançado. Orem á Krishna e á Sri Gurudeva para que lhes ajudem a resolver seus problemas. Um guru genuíno lhes aconselhará a se refugiarem em vaishnavas avançados do calibre de Srila Jiva e Rupa Goswami e Narottama das Thakur. Se o guru sentir inveja dos discípulos que se associam com um siksa-guru, ou tem alguma oposição aos vaishnavas, o discípulo deve abandona-lo.

Sri-rupa, sanatana, bhatta-raghunatha
Sri jiva, gopala-bhatta, dasa-raghunatha
Ei chaya guru-siksa-guru ye amara
Tan sabará pada-padme koti namaskara

Os mestres espirituais instrutores são Srila Rupa Goswami, Srila Sanatana Goswami, Srila Bhatta Raghunatha Goswami, Srila Jiva Goswami, Srila Gopala Bhatta Goswami e Srila Raghunatha Das Goswami. Estes são meus seis mestres espirituais instrutores e assim sendo, ofereço milhões de respeitosas reverências aos seus pés de lótus.
(C.c. Adi 1.36-37)

Srila Krsnadas Kaviraja Goswami ora em primeiro lugar aos seus siksa-gurus. Nesta parte do Sri Caitanya Caritamrta ele explica muitas coisas sobre guru-tattva. Quem são seus siksa-gurus? Srila Rupa Goswami , Srila Sanatana Goswami, Srila Jiva Goswami, Srila Gopala Bhatta Goswami, Srila Raghunatha Bhatta Goswami e Srila Raghunatha Das Goswami. Aqui há algo que devemos considerar. Srila Krsna das Kaviraja não menciona o nome de seu diksa-guru. Ele tomou siksa diretamente de Rupa Goswami e de Raghunatha das Goswami e no final de cada capítulo ele oferece especiais reverências á eles. Alguns dizem que seu diksa-guru é Raghunatha Bhatta Goswami, mas eu não vi nenhuma prova de que isto esteja certo. Em nenhuma escritura li nada sobre a idêntidade de seu diksa-guru. Minha opinião é que ele tomou diksa quando ainda estava casado e foi viver em Vrindavana. Sem diksa, ele não poderia receber o nome “Krishnadasa”. Pelo motivo que seja, ele não revelou o nome de seu diksa-guru, se não que nomeou os seis Goswamis associados de Mahaprabhu como seus siksa-gurus. Em vraja-lila, a forma de Srila Rupa Goswami é Rupa Manjari, Srila Sanatana Goswami é Labanga Manjari, Srila Raghunatha Bhatta Goswami é Raga Manjari, Srila Jiva Goswami é Vilasa Manjari, Srila Gopala Bhatta é Guna Manjari e Srila Raghunatha Dasa é Rati Manjari. Todos eles possuem duas formas eternas, uma como associado de Krishna e outra como associado de Sri Chaitanya Mahaprabhu.
   O discípulo que tem uma associação direta com um siksa-guru genuíno, sem dúvida alguma se torna um discípulo genuíno. Srila Krishnadasa Kaviraja se sente orgulhoso de ser discípulo dos seis Goswamis. Tan sabara pada padme koti namaskara. Ele oferece inumeráveis reverências aos seus pés de lótus e ora á devotos como Srivasa Pandita, que nos passatempos de Krishna é Narada Muni.

Bhagavanera bhakta yate srivasadi pradhana
Tan sabara pada-padme sahasra pranama

   Entre os inumeráveis devotos do Senhor, Srivasa Thakura é o principal. Ofereço milhões de respeitosas reverências á seus pés de lótus.

(Cc.Adi 1.38)

   Existem duas classes de devotos: as almas auto realizadas e aqueles que praticam sadhana (sadhakas). Na sua vida anterior, Narada havia sido um sadhaka-bhakta, e logo se tornou um bhakta auto realizado (premi bhakta). Aqui, Srila Krishna das Kaviraja Goswami refere-se á todos os bhaktas auto realizados: Svarupa Damodara, Ray Ramananda, Sikhi Mahiti, Madhavi-devi, Sarvabhauma Bhattacharya, etc. Há também os seis siksa-gurus proeminentes (os seis Goswamis) e todos eles são bhaktas auto realizados. Há também, as manifestações diretas do Senhor Supremo: Sri Advaita Acharya é a encarnação plenária de Maha-Vishnu e Sri Nityananda Prabhu é svarupa prakasa. Sri Gadadhara Pandita e Sri Jagadananda Pandita (os quais são Srimati Radhika e Srimati Satyabhama respectivamente) são saktis. “Por que então, Gadadhara Pandita tinha uma atitude tão respeitável e humilde para com Sri Chaitanya Mahaprabhu?” Além do mais, Ele era Srimati Radhika, a principal dentre as gopis que expressam livremente sua ira transcendental para com Krishna. A resposta é que Krishna, na forma de Sriman Mahaprabhu, roubou os sentimentos e a cor de Srimati Radhika, e Gadadhara Pandita simplesmente observava como mestre, para ter certeza de que Mahaprabhu desempenhava o papel de Srimati Radhika corretamente. Se Krishna, na forma de Sri Chaitanya Mahaprabhu, cometia algum erro, Sri Gadadhara Pandita lhe corrigia. Por exemplo, quando Sri Chaitanya Mahaprabhu encontrou-se pela primeira vez com Sri Nityananda Prabhu na casa de Nandanandanacharya, Sriman Mahaprabhu recitou chorando o seguinte verso do décimo canto do Srimad Bhagavatam:

Barhapidam nata-vara-vapuh karnakayoh karnikaram
Bibhrad vasah kanaka-kapisam vaijayantim ca malam
Randhran venor adhara-sudhayapurayan gopa-vrndair
Vrndaranyamsva-pada-ramanam pravisad gita-kirtih

As gopis começaram a ver Krishna dentro de suas mentes. Acompanhado de seus amigos pastorzinhos, Krishna entrou no encantador bosque de Vrindavana. Sua cabeça estava decorada com uma pena de pavão real, tinha flores karnikaras amarelas sobre suas orelhas, roupas amarelas cobriam seu corpo, e ao redor de seu pescoço estava uma charmosa e fragrante guirlanda vaijayanti. Sri Krishna mostrava seu aspecto supramente cativante como o melhor dos bailarinos. Com seus lábios nectários, tocava docemente sua flauta. Os pastorzinhos lhe seguiam cantando suas glórias, as quais purificam o mundo inteiro. Devido ás charmosas marcas deixadas por seus pés de lótus, o bosque de Vrindavana manifestou um esplendor ainda maior que Vaikuntha. (Bhag. 10.21.5)

   Sri Chaitanya Mahaprabhu descreveu a charmosa forma de Krishna, mas não pôde atuar da mesma forma que Srimati Radhika, quando ela recitou este mesmo verso. Foi por isto que quem recitou este verso por detrás da cortina, foi Gadadhara Pandit. Com os olhos cheios de lágrimas, ele interpretou o papel de Srimati Radhika de tal forma que derreteu o coração de todos. Sriman Mahaprabhu, que fazia então, o papel de Sri Radhika, compreendeu então que não havia interpretado corretamente. Depois de falar das outras manifestações de Krishna, Krishnadas Kaviraja Goswami explica que Sri Chaitanya Mahaprabhu é este mesmo Svayam Bhagavan Sri Krishna.

Sri krsna caitanya prabhu svayam bhagavan
Tanhara padaravinde ananta pranama
Savarane prabhure kariya namaskara
Ei chaya tenho yaiche kariye vicara

(Cc.Adi 1.42-43)

   Sri Chaitanya Mahaprabhu é a Personalidade de Deus; por tanto, prostro-me ilimitadas vezes aos seus pés de lótus. Após oferecer reverências ao Senhor e á todos os seus associados, explicarei agora estas seis diversidades em uma.
   Foi assim que Kaviraja Goswami descreveu as seis manifestações de Krishna:

Yadyapi amara guru – caitanyera dasa
Tathapi janiye ami tanhara prakasa

   Embora saiba que meu mestre espiritual é um servo de Sri Chaitanya, também sei que ele é a manifestação direta do Senhor.
                                                        (Cc. Adi. 1.44)

   Saksad dharitvena samasta-sastrair.  O significado profundo de hari-tvena é que o mestre espiritual possui as mesmas qualidade que Krishna, mas não é Krishna-visaya, e sim Krishna dasa. Sri Gurudeva é a personificação da misericórdia de Sri Krishna, mas é incorreto dizer que ele é Krishna-visaya.
   Até mesmo os karmis, os jnanis e os tapasvis, consideram que o guru não é diferente de de Sri Krishna; mas não devemos ter a errada concepção de que o Guru é Deus. Em sânscrito tal suposição é denominada de aropa. É errado supor que o irreal seja o real. Não é correto por exemplo, dizer que uma árvore de manga recém plantada dá frutos doces, e sim que os dará no seu devido tempo.
   Porém, quando se trata do desenvolvimento de nossa bhakti, é essencial praticar aropa. Tecnicamente isto recebe o nome de aropa- siddha- bhakti. A deidade não é diferente de Krishna, é o próprio Krishna. No nosso atual estado condicionado, vemos a deidade como uma estátua de pedra, mas supõe-se que ela é o próprio Krishna. Não podemos servi-la como se ela fosse o próprio Krishna, mas a medida que nosso amor por ela aumenta, perceberemos a deidade da maneira que Sri Chaitanya Mahaprabhu percebia: saksad vrajendra nandana vigraha (a forma pessoal direta de Vrajendra-nandana). A deidade nos revelará sua verdadeira natureza.




A função do mestre espiritual instrutor (siksha-guru)


Krsna, guru, bhakta, sakti, avatara, prakasa
Krsna ei chaya-rupe karena vilasa

(Cc.Adi.1.32)

O Senhor Krishna desfruta manifestando-se como os mestres espirituais, os devotos, as diversas energias, as encarnações e as porções plenárias. Todos estes são seis em um.

   Aprofundam-se novamente comigo, no tema que estávamos discutindo, sobre o Sri Chaitanya caritamrta de Krishna das Kaviraja. Ele dizia que mesmo sendo um, Sri Krishna se manifesta em seis aspectos. Isto é chamado de acintya bheda bheda tattva. Também explicou que seus siksa-gurus são os seis Goswamis de Vrindavana. Revelou que Sri Advaita Acarya é uma encarnação de Maha-Vishnu (uma encarnação parcial de Krishna), e que Nityananda Prabhu é uma manifestação eterna tanto de Krishna quanto de Sri Chaitanya Mahaprabhu. Por outro lado, Krishna e Chaitanya Mahaprabhu se manifestam pela misericórdia de Nityananda Prabhu. Assim, sem a misericórdia de Sri Nityananda Prabhu, não se pode compreender Chaitanya Mahaprabhu nem Krishna. Ele é a personificação direta e absoluta de guru-tattva.
   Srila Krishna das Kaviraja Goswami descreve assim sua fortuna espiritual: “Tenho recebido a misericórdia dos seis Goswamis e de outros vaishnavas elevados, também recebi a misericórdia e a visão de Govinda, Gopinatha e Madana Mohana, e também vi e compreendi as glórias de Vrindavana Dhama. E tudo isto foi através da misericórdia de Nityananda Prabhu. Por tanto, sou seu servo e ele é meu guru”. Depois ele explica que a sakti de Krishna se manifesta como Gadadhara. Krishnacandra é o próprio Krishna, e Chaitanya Mahaprabhu é este mesmo Krishna, Vrajendra nandana Shyamasundara, com a beleza dourada de Srimati Radhika. Por tanto, ele é Radha e Krishna combinados.

Guru krsna-rupa hana sastrera pramane
Guru-rupe krsna krpa karena bhakta-gane

 Segundo a conclusão de todas as escrituras reveladas, o mestre espiritual não é diferente de Krishna. O Senhor, na forma do mestre espiritual, libera seus devotos. (Cc.Adi 1.45)

   O diksa-guru e o siksa-guru não são diferentes e se estão no mesmo nível. Srila Rupa Goswami representa o siksa-guru e Srila Sanatana Goswami representa o diksa-guru, porém não há diferença entre eles. Ambos podem atuar como siksa ou diksa-gurus.
   Meu Gurudeva, Nitya-lila-pravista Om Visnupada Srila Bhaktiprajnana Keshava Goswami Maharaja, é meu diksa e também meu siksa-guru. Pujyapada Bhakti Rakshak Sridhar Maharaja e Pujyapada Bhaktivedanta Swami Maharaja também são meus siksa-gurus. Qualquer discípulo de Srila Sridhar Maharaja ou de Srila Swami Maharaja que considera que Srila Bhaktiprajna Keshava Goswami Maharaja não está na nossa linha, não é vaishnava. Não devemos associar intimamente com qualquer pessoa que não oferece o devido respeito á Srila Bhaktiprajnana Keshava Maharaja. Ele é o sanyassa-guru de Srila Swami Maharaja, quem sente um profundo respeito por ele, como guru e como amigo.











Siksa-guruke ta´jani krsnera svarupa
Antaryami bhakta-srestha- ei dui rupa

Deve-se saber que o mestre espiritual instrutor é a Personalidade de Krishna. O Senhor Krishna se manifesta como a Superalma e como o devoto mais elevado. (Cc.Adi 1.47)

   O diksa-guru é a forma de Krishna e o siksa-guru é a natureza pessoal de Krishna. Qual é superior?    Não há diferença entre eles. Nosso diksa-guru é nosso mestre mais adorável porque sentimos veneração por Ele. Oramos á ele e tomamos a poeira dos seus pés de lótus. Mas o siksa-guru é como um irmão ou um amigo.    As vezes podemos abraça-lo e falar com ele com total franqueza. Podemos revelar nossos pensamentos mais íntimos á ele, e dizer-lhe que desejamos associar com Krishna da mesma maneira que as gopis. Isto é algo muito secreto e sagrado. Pode ser que exitemos em falar estas coisas para nosso diksa-guru e por isso precisamos de um siksa-guru. Ele é como um amigo íntimo. Não há um sentimento de temor reverencial para com o siksa-guru e sim um sentimento fraternal. Assim também, nas etapas mais avançadas de bhakti, a pessoa não vê Krishna como a Suprema Personalidade de Deus e sim como seu amigo íntimo, seu filho ou seu amado. Ele sente que Krishna é seu e ao mesmo que ele pertence á Krishna.
   Srila Rupa Goswami explica que o discípulo também deve servir seu diksa-guru com sentimento de intimidade, mas como está constantemente prestando reverências, este sentimento não pode manifestar-se sempre. Podemos confessar ao siksa-guru que sentimos atração por uma jovem e podemos pedir-lhe conselho, mas falar tais assuntos para o diksa-guru será mais difícil. Porque ele é como um pai digno de veneração, talvez a resposta seja muito dura e ele pode até pegar um bastão para bater em nós. Mas o siksa-guru abraçará o discípulo e dizer:
   Querido filho, é melhor que não te ocupe nestas coisas. Tente amar somente Krishna e oferecer seu coração ao serviço aos pés de lótus de Srimati Radhika. Não corra atrás das meninas deste mundo. Não são damas, senão que fogo ardente, um oceano de veneno. Não vá nesta direção.
    Devido á natureza de afeição desta relação, é necessário ter um siksa-guru. Podemos revelar tudo á ele. Nossos siksa-gurus, Sri Krishna, Sri Chaitanya Mahaprabhu, Srila Krishna das Kaviraja Goswami e todos os acaryas que nos precederam, são conscientes dos nossos pensamentos e atos. Eles não morreram; estão dentro do nosso coração e são onipotentes.
   Siksa-guruke ta´jani krsnera svarupa. O siksa guru é a svarupa de Krishna e o diksa é a rupa de Krishna. E sem dúvida, eles são iguais. Não há diferença entre a natureza íntima de Krishna e seu corpo. Quem pensa o contrário é um mayavadi impersonalista. Não devemos associar com tal pessoa.
   Antaryami, bhakta-sresthaei dui rupa. Há duas classes de siksa-guru. Antaryami é o siksa-guru dentro do coração, o chaitya-guru. Ele inspira interiormente. Se alguém ora dizendo: “Ó Krishna! Você é meu chaitya-guru e te entreguei meu coração; por favor, fazei-me refugiar em um mestre espiritual genuíno”. Krishna fará todos os arranjos. Se nos aproximamos de Krishna com o desejo sincero de ter um guru, estamos passando toda a responsabilidade para Ele, e assim não teremos que sofrer o resultado de uma escolha errada. Mas se elegemos nosso mestre espiritual por conta própria, se este cai, teremos desperdiçado nossa vida e vamos nos arrepender para sempre.

Tesam satata-yuktanam
Bhajatam priti-purvakam
Dadami buddhi-yogam tam
Yena mam upayanti te

Aos que estão constantemente consagrados servindo-me com amor, Eu dou a inteligência pela qual eles podem vir á mim. (Bg.10.10)

   Aquele que está sempre conectado com Sri Krishna e lhe serve com amor e devoção, Ele próprio dá a inteligência mediante a qual pode ir á Ele. Que classe de inteligência Ele dá? Inteligência transcendental; a inteligência que nos conecta com Krishna. “Eles vêm á mim e eu os ocupo em meu serviço”. Isto mostra que Krishna atua como chaitya-guru.
   Há algum tempo atrás, no sul da Índia, vivia uma charmosa prostituta chamada Cintamani. Quando ela tinha 16 anos, dançava e cantava kirtans de forma tão doce que todos que á viam ficavam atraídos por ela. Bilvamangala Thakura, um brahmana piedoso casado com uma mulher muito casta, atraiu-se por Chintamani. Apesar de ser prostituta, Chintamani tinha a qualidade de desfrutar cantando canções em glorificação á Sri Krishna. Este era outro motivo pelo qual os homens sentiam tanta atração por ela. Bilvamangala Thakura também caiu em suas redes e como resultado disto, rompeu toda relação com seus pais e desapegou-se da sua esposa e filhos. Ele ia vê-la todas as noites e levava presentes que conseguia vendendo suas terras, jóias da sua esposa ou roubando dinheiro ou quadros valiosos. Esperava que ela lhe amasse em troca disso.
   Após algum tempo, o pai de Bilvamangala morreu e seus familiares organizaram os rituais. No décimo terceiro e último dia da celebração, quando centenas de brahmanas se sentaram no pátio para honrar a maha-prasada, Bilvamangala entrou na cozinha e escondeu algumas preparações dentro de um quadro. No cair da noite, foi mais uma vez ver a prostituta sem preocupar se os convidados haviam tomado prasada ou não, e sem pensar em sua esposa e em sua aflita mãe.
    Aquela noite não parou de chover. Para chegar á casa da prostituta, Bilvamangala Thakura viu que teria que cruzar um rio transbordado e que estava com uma corrente muito forte. Quando ele se perguntava como ia atravessar o rio, viu que algo flutuava diante dele. Sem compreender que se tratava de um corpo morto de uma menina, sentou-se sobre ele e assim atravessou o rio. Depois, andou por caminhos barrentos e rebaldiços, até que finalmente chegou á casa de Chintamani. Lá ele viu que a porta estava fechada e ficou um tempo ali, gritando e esperando para ver se alguém abria a porta. Como ninguém o ouvia, ele tentou outra maneira de entrar no recinto e assim chegou á parte de traz da casa, onde viu uma coisa que parecia uma corda. Quando ele agarrou aquilo para tentar escalar o muro, viu que se tratava de uma serpente. Então soltou a serpente e caiu ao solo, e como resultado do impacto, perdeu o conhecimento. Chintamani ouviu um ruído estranho e mandou sua serva averiguar o que era.
   “Foi Bilvamangala que caiu, comunicou a serva um pouco depois.”
   “Como isto foi possível? Como foi possível ele chegar até aqui?”
   Cintamani e sua serva transportaram o corpo inconsciente de Bilvamangala até a casa e pouco a pouco conseguiram volta-lo á consciência. Quando o brahmana contou o ocorrido á Chintamani, ela disse:
    “Você tem passado vários apuros para vir até mim, e amas este corpo que está cheio de sangue, urina, fezes, bílis e muco. Se tivesse um pouco de amor e afeição por Krishna, tua vida seria exitosa. Mas você é muito luxurioso. Não posso amá-lo, vá embora daqui!”
   Devido ás impressões de bhakti que havia acumulado anteriormente, aquelas palavras atravessaram seu coração mais velozes do que flechas. Se não tivesse estas impressões, a advertência não teria tanto efeito em seu coração e ele cairia aos pés da jovem como um cachorro. Ao invés disto, Bilvamangala compreendeu que devia mudar e desenvolver seu amor por Krishna. Ele já não sentia mais atração por Chintamani nem por sua própria família, mas sentiu um forte desejo de ir á Vrindavana. Ele passou os cinco dias seguintes cantando os santos nomes sem comer nada. Quando ele sentiu sede, se aproximou de um poço e pediu água á uma jovem recém casada que se encontrava ali com um pote na mão. Bilvamangala pediu á ela que botasse um pouco de água na boca dele e enquanto bebia a água, contemplava a beleza da jovem. Ele á seguiu até a sua casa e quando ele entrou, viu um homem na porta que parecia ser o esposo da jovem. Bilvamangala então disse: “Por favor, chama a jovem que acaba de entrar!”. O homen chamou sua mulher e ela veio logo em seguida.
   “Em que posso servi-lo?”
    Bilvamangala pediu á ela dois grampos. Ela não entendeu para que ele queria aquilo, mas mesmo assim lhe deu os grampos.
    “Estes olhos são meus inimigos, porque me fazem prisioneiro da luxúria. Se não há bambu, não há flauta. Se perfuro meus olhos, minha luxúria irá embora. Cortaria minha luxúria pela raiz. Se estou cego, meu olhos não sentirão mais atração por mulheres charmosas e só desejarei desenvolver meu amor por Krishna.”
   Assim, ele perfurou os dois olhos, primeiro veio o sangue e depois ele deixou de ver completamente.
   Cantando Hare Krishna Hare Krishna Krishna Krishna Hare Hare, Bilvamangala se foi dali. Após ter caminhado um curto trecho, um menino se aproximou e lhe perguntou:
   “Que fazes aqui baba?” A voz do menino era muito dôce. Se tratava de um pastorzinho negro diferente de todos os outros.
   “Estou indo á Vrindavana, querido menino. Quem é você?”
   “Sou um pastor e também estou indo á Vrindavana. Se quiser, pode agarrar-se a esta vara e vir comigo. Eu te ajudarei.”
   Vrindavana estava á quase seis meses de distância indo á pé, mas em poucos dias o menino anunciou que haviam chegado. Enquanto caminhavam, Bilvamangala ia compondo alguns poemas muito bonitos sobre a misericórdia de Krishna. Estes poemas são tão lindos que resultaram em um livro chamado Krishna-karnamrta (néctar para o ouvido de Krishna).
   Passado o tempo, Sri Chaitanya Mahaprabhu encontrou este mesmo livro no sul da Índia e o ensinou á seus devotos.

   O primeiro poema, dentro do mangalacharana do livro, diz assim:

Cintamanir jayati somagirir gurur me
Siksa-gurus ca bhagavan sikhi-pincha-maulih
Yat-pada-kalpataru-pallava-sekharesu
Lilá-svayamvara-rasam labhate jayasrih

Todas as glórias á Cintamani e a Somagiri, meu mestre espiritual iniciador. Todas as glórias a meu mestre espiritual instrutor, a Suprema Personalidade de Deus, que leva penas de pavão real em sua coroa. Na sombra de seus pés de lótus, que são como árvores dos desejos, Jayasri (Radharani) desfruta da doçura transcendental de uma eterna consorte.   (Cc.Adi 1.57)

   Bilvamangala Thakura oferece reverências a Cintamani porque ela lhe inspirou á refugiar em Sri Krishna. Que tipo de guru era ela? Um vartma-pradarsaka-guru, alguém que diz: “Vem conhecer um vaishnava auto realizado.” O vartma-pradarsaka-guru mostra o caminho e pode ser um kanistha, mas o guru iniciador não deve ser menos que um madhyama-adhikari.
   Quais são os sintomas do madhyama adhikari? Vocês devem saber disto antes de aceitar um guru diksa ou siksa. Não devem aceitar um guru que não possui estes sintomas. De outro modo, encontrarão muitos obstáculos em sua vida devocional. Se este guru cai, suas vidas serão arruinadas e lamentarão amargamente.
    O primeiro sintoma é:

Tasmad gurum prapadyeta
Jijnasuh sreya uttamam
Sabde pare ca nisnatam
Brahmany upasamasrayam

Se alguém deseja ardentemente encontrar a verdadeira felicidade, deve buscar por um mestre espiritual genuíno e render-se a Ele por meio da iniciação. O mestre espiritual deve ter compreendido a conclusão das escrituras profundamente e por tanto deve ser capaz de convencer outros destas conclusões. Estas grandes personalidades que se refugiaram completamente no Senhor Supremo e deixaram para trás todas as considerações materiais, são considerados mestres espirituais genuínos.

(Bhag.11.3.21)
   Destas qualidades de um mestre espiritual fidedigno, duas são proeminentes. A primeira é que ele tem um conhecimento completo das escrituras e a segunda é que carece de desejos materiais. Ele está sempre feliz servindo Sri Krishna. Se ele é feliz e sente que sua vida está cheia de problemas, ele não está preparado para ser guru. Haridas Thakur foi espancado por vinte duas praças até cair morto, mas não considerou que aquilo era um problema. Seguiu cantando Hare Krishna, Hare Krishna. Prahlada Maharaja foi torturado por seu pai, mas nunca sentiu que tivesse algum problema. Ele botava seus pés sobre a cabeça de todos os problemas. Quando um guru que canta, segue os noves processos de bhakti e tomou diksa se lamenta que tem muitos problemas- sua mulher o engana, seus filhos não estão com ele, não consegue fazer dinheiro, ou não tem um computador ou facilidades materiais, deve ser rejeitado imediatamente. O terceiro sintoma do guru é que ele experimenta krishna-bhakti. Se não tem esta experiência devido ao fato de ter desejos materiais, seguramente ele cairá.
    O uttama-adhikari é superior ao madhyama-adhikari e oferece um resultado superior em bhakti, mas é difícil encontrar um guru deste nível neste mundo. Na ausência de um uttama-guru pode-se aceitar um madhyama-adhikari como siksa e diksa-guru. Este guru deve estar dotado dos três sintomas já mencionados e também é preciso que tenha estas outras quatro qualidades.

1-      Prema – Amor e afeto por Krishna.
2-      Maitri – É amistoso com todos e serve os vaishnavas. Mantém três tipos de relações com as três classes de vaishnavas: respeita e obedesse com sentimento de amizade os que são mais avançados que ele em bhakti, relaciona-se com pessoas do mesmo nível como um amigo e também é amistoso com aqueles cuja bhakti ainda não se desenvolveu.
3-      Krpa – É misericordioso com os que respeitam os vaishnavas e acreditam neles. Pode ser que estas pessoas tenham uma fé mundana e sentimentos materiais em relação ao guru e deidade; pode ser também que sintam mais afeto pelas deidades do que pelos devotos; e pode ser que entendam que se deve acatar os preceitos das escrituras mas são incapazes de atuar como atua um madhyama-adhikari. Ainda que sejam ignorantes, estas pessoas desejam avançar saber como avançar no serviço devocional.
4-      Upeksa – Ignora os ofensores e as pessoas que estão contra os vaishnavas ou não os respeitam. É consciente de que relacionar-se ou associar-se com estas pessoas destrói qualquer sintoma de bhakti.

    Falamos das três qualidades principais e também das quatro adicionais que se encontram em um madhyama-adhikari capacitado para ser guru. Srila Jiva Goswami nos adverte no Bhakti-sandarbha, que se alguém aceita um guru para conseguir fama e ganâncias materiais, e um guru aceita discípulos pelo mesmo motivo, ambos cairão. Seu destino é naraka, o inferno.

   Srila Sanatana Goswami escreveu:

Avaisnava-mukhodgirnam
Putam hari-kathamrta
Sravanam naiva kartavyam
Sarpocchistam yatha prayah


Não se deve escutar nada que esteja relacionado com Krishna de um não vaishnava. O leite tocado pela boca de uma cobra tem efeitos venenosos. Quando alguém que não é um vaishnava fala de Krishna, suas palavras também são venenosas.

(Padma purana: citado no Bhag.6.17.40)

   Se alguém faz alarde de ser vaishnava, mas não respeita os vaishnavas se não que dá importância á fama e ganâncias materiais, deve ser abandonado imediatamente, mesmo se tomou hari-nam e diksa dele. Este suposto guru é guru apenas na aparência. Isto está explicado no Mahabharata e em outras escrituras. Se não rejeitam este guru, terão que ir ao inferno. Preparam-se para ir. Não se deve desrespeitar nenhum vaishnava; mesmo que se trate de uma kanistha-adhikari, e muito menos um madhyama-adhikari ou um uttama-adhikari. Não se deve associar com alguém que não os respeitam ou os critica. Se alguém diz que é um vaishnava genuíno e o único discípulo genuíno de seu guru mas comete esta ofensa, seu próprio guru, se é autêntico, o rejeitará.
   Srila Jiva Goswami dá um exemplo muito importante. Não devemos pensar que porque há brigas no mundo transcendental, como as brigas das seguidoras de Radhika e as de Candravali, nós também podemos brigar. Nunca devemos tomar partido de alguém e nem brigar.
   Mesmo que digam que há diferenças entre Srila Bhakti Prajnana Keshava Goswami Maharaja e Srila Bhakti Vedanta Swami Maharaja, isto não é verdade. Não há nenhuma diferença. Os dois estão na mesma linha de sucessão discipular. Swamiji pregou no ocidente e meu Gurudeva pregou na Índia, mas transmitiram a mesma mensagem. O amor deles por Krishna é o mesmo, seus passatempos são os mesmos e seus serviços á Mahaprabhu são os mesmos. Um estava na Sociedade Internacional para a Consciência de Krishna e o outro na Gaudiya Vedanta Samiti, mas ambos formam parte de uma família de Sri Chaitanya Mahaprabhu, de modo que não há necessidade de discutir. Não se deve faltar-lhes respeito jamais. Devemos seguir as instruções dos Acharyas e tentar desenvolver nossa consciência de Krishna.

  


O mestre espiritual é a manifestação de Krishna.



   Agora continuaremos á falar sobre o Chaitanya Charitamrta. Ontem, recitei um verso do Mangala charana do krishna-karnamrta de Bilvamangala Thakura:

Cintamanir jayati somagirir gurur me
Siksa-gurus ca bhagavan sikhi-pincha-maulih
Yat-pada-kalpataru-pallava-sekharesu
Lilá-svayamvara-rasam labhate jayasrih

Todas as glórias á Cintamani e á Somagiri, meu mestre espiritual iniciador. Todas as glórias á meu mestre espiritual instrutor, A Suprema Personalidade de Deus, que carrega uma pena de pavão na sua coroa. Na  sombra de seus pés de lótus que são como árvores dos desejos, Jayasri (Radharani) desfruta da doçura transcendental de uma consorte eterna.  (Cc.Adi 1.57)
  
   Primeiro ele oferece reverências á Cintamani, que lhe conduziu até Krishna, e depois á Somagiri, seu diksha guru. Chintamani também significa que o guru é uma pedra de toque, porque nos revela Krishna. E Krishna também é seu mestre espiritual instrutor (siksha guru). Este siksha guru se mostra muito charmoso com penas de pavão sobre a cabeça, três linhas na sua barriga, três curvas na cintura e a postura curvada em três pontos. Krishna canta de uma forma muito doce. Seus pés de lótus que são como árvores dos desejos parecem folhas frescas e as unhas de seus pés brilham de maneira muito atrativa. As pontas das unhas dos pés de Krishna são mais belas que os raios da lua e os raios que emanam destas unhas são muito fragrantes. Jayasri refere-se á Srimati Radhika. Ela entrega seu coração, vida e alma á Krishna. Oferecendo sua vida milhões e milhões de vezes, ela faz o arati aos raios que emanam das unhas dos pés de lótus de Krishna, e ao faze-lo, sente a mesma felicidade como se fosse seu svayamvara. O que significa svayamvara?

   Devoto: É uma cerimônia para se eleger o esposo.

   Srila Narayana Maharaja: Não exatamente. Falarei agora do svayamvara de Sri Krishna. Em uma ocasião, Draupadi se encontrou com as rainhas de Krishna- Satyabhama, Rukmini, Laksmana, etc.. em Kuruksetra e lhes pediu que relatassem como elas haviam se casado com Krishna. Laksmana descreveu então o seu caso. Ela era a filha amada de um poderoso Rei que consciente do charme e de muitos talentos que sua filha tinha, partiu em busca de um esposo equivalente. Para isto, botou na terra um pilar bem alto, e na ponta dele colocou um disco giratório com um peixe artificial em cima. O rei prometeu dar a mão da filha em casamento á quem conseguisse acertar o olho do peixe, mirando apenas através de um recipiente de água. Os melhores arqueiros do mundo estavam presentes: Krishna, Baladeva, Karna, Duryodhana, Jarasandha, Sisupala, Bhima, Nakula, Sahadeva, Arjuna e outros.
   Arjuna disparou resolutamente, mas sua flecha tocou apenas as costas do peixe. Então, Krishna se adiantou e fez um movimento tão rápido, que ninguém pôde ver sequer o momento em que ele levantou seu arco. Krishna disparou a flecha exatamente no olho direito do peixe. Lakshmana disse á Draupadi: “Neste momento me senti como sendo muito afortunada”. Depois minhas amigas me deram uma guirlanda para colocar no meu esposo. Então, svayamvara, é uma antiga tradição hindu, na qual se seleciona o noivo entre muitos pretendentes. No svayamvara de Laksmana havia centenas de milhares de jovens e príncipes cheios de boas qualidades, porém ela havia escutado sobre as glórias de Krishna e á Ele entregou seu coração. Quando Krishna disparou a flecha no olho do peixe, o rosto dela iluminou-se e seus véus caíram. Extasiada por uma benção sem precedentes, lançou um olhar de soslaio, e Ele, que está sempre buscando por jovens charmosas, também olhou para Laksmana. O êxtase que ela sentiu foi tão grande que quase perdeu a sua consciência externa e incapaz de levantar até mesmo os braços, necessitou da ajuda de suas amigas para por a guirlanda no seu amado.
   Srila Bilvamangala Thakura explicou que Srimati Radhika também experimenta prazer ilimitado quando serve os raios que emanam das unhas dos pés de lótus de Krishna. Mesmo assim, Srila Prabhodananda Sarasvati, Srila Rupa Goswami e outros vaishnavas da nossa linha de sucessão discipular, não gostam de ouvir que Radhika serve Krishna. Eles preferem que Krishna seja feliz servindo os pés de lótus de Radhika. Eles querem ver Krishna suplicando para ter esta oportunidade. Quem é Krishna? Srila Prabodhananda Sarasvati escreve:

Vamsi karan-nipatitah skhalitam sikhandam
Brastam ca pita-vasanam vraja-raja-sunoh
Yasyah kataksa-sara-phata vimurcchitasya
Tam radhikam paricarami kada rasena

Ferido pelas flechas das olhadas de soslaio de Srimati Radhika, o filho do rei de Vraja perde o conhecimento. A flauta cai de suas mãos, sua pluma de pavão real perde a postura e suas roupas amarelas ficam desalinhadas. “Quando, cheio de devoção, poderei servir Srimati Radhika?”   (Radha-rasa-sudha-nidhi 39)

   Um dia, ao passar por uma bela árvore enquanto pastoreava as vacas, Krishna viu que Radhika o olhava de soslaio. Os olhos de Radhika eram como arcos lançando flechas de prema e fez com que Krishna perdesse o controle de si mesmo. Sua flauta caiu de suas mãos e as penas de pavão real cairam de sua cabeça. Krishna perdeu o conhecimento e seu corpo estremeceu. Ao vê-lo nesta situação, Madhumangala lhe deu um ‘toque’.
   _ “Amigo, Que está fazendo? Nanda Baba, Yashoda Maiya e muitos outros estão aqui. Não pode se comportar assim diante deles”.
   Krishna se recompôs logo.
   Srila Prabodhananda Sarasvati ora: “Desejo servir esta Srimati Radhika. Seu véu transporta a fragância do seu corpo até o nariz de Krishna e ao perceber esta fragrância, Ele perde o controle”.
   O amor e afeto de Radhika é maior que o de Krishna. Mesmo que Bilvamangala Thakura descreva que Krishna é superior, os Acharyas que estão na linha de Rupa Goswami desejam que Radhika sempre saia vitoriosa. “Jay Radhe!”
   Bilvamangala Thakura ora á Sri Krishna como seu siksha-guru. “Que tipo de siksha-guru”? Chaitya-guru. Nos seus passatempos, Krishna descende como siksha-guru. Ele tornou-se guru para Arjuna e para as gopis, por exemplo. Ele é tão misericordioso que escuta todas as orações dos devotos. O primeiro dever dos devotos é ter uma fé inquebrantável nele. Bilvamangala Thakura e Srila Rupa Goswami são exemplos de devotos que possuem este tipo de fé.
   Rupa Goswami e Sanatana Goswami falavam apenas sobre as glórias de Radha e Krishna. Em uma ocasião, Srimati Radhika os adverteu que já era meio dia e não havia comido nada. Apareceu diante eles como uma menina e disse:
   _ Não prepararam nada para comer hoje. Vocês estão jejuando hoje? Minha mãe me deu os ingredientes para que vocês preparem arroz com leite.
    Mas nenhum dos dois tinha tempo para preparar a refeição e a própria Radharani na forma desta menina se ofereceu para fazê-la. Ela pegou um esterco de vaca e em um piscar de olhos um fogo se manifestou. Em um momento, Ela preparou um delicioso ksira e o levou á Rupa Goswami.
   “Por favor, oferece este ksira á sua deidade e depois toma a metade e dá a outra metade á seu irmão.”
   Momentos depois, Sanatana Goswami começou a suspeitar daquela menina. “Rupa, você orou á sua Radhika para que viesse aqui?”.  “Não”.
   Ela veio e cozinhou para nós. Prova esta prasada. Só pode ter sido preparada por ela. Enquanto tomavam a prasada, não paravam de chorar um instante.
   “Agora ela se foi, e perdemos nossa oportunidade de oferecer nossas reverências e de servi-la. Ao invés disto, A fizemos cozinhar para nós”.
   Srila Sanatana Goswami disse ao seu irmão: “Rupa, na próxima vez não faça isto de novo.”
   A devoção deles era tão grande! Vocês devem tentar seguir seus passos. Devemos tentar servir o Casal Divino, Sri Radhika e Sri Krishna, sempre lembrando passatempos como estes.
   Srila Krishna das Kaviraja Goswami explica que o guru iniciador (diksha-guru) é a forma (rupa) de Krishna, e o guru instrutor (siksha-guru) é sua eterna identidade (svarupa). Mesmo que ambos sejam mestres espirituais liberados, pode ser que algumas vezes o siksha ou o diksha-guru seja mais elevado que o outro.
   Agora, explicarei a manifestação de Krishna como devoto:

Isvara-svarupa bhakta tanra adhisthana
Bhaktera hrdaye krsnera satata visrama

Um devoto puro constantemente dedicado ao serviço amoroso ao Senhor é idêntico ao Senhor, pois está sempre em seu coração. 

(Cc.Adi 1.61)

   Os gurus diksha e siksha são manifestações não diferentes de Sri Krishna. Os bhaktas também não são pessoas comuns. Eles são a morada de Sri Krishna. São o assento, a roupa e a cama de Krishna. Krishna pode descansar em seus corações porque são puros e estão livres de desejos mundanos. Em seus corações não há sofrimentos nem problemas, assim como os corações de Rupa e Sanatana Goswami. Eles não desejam nada além de Krishna, e por isso Krishna deseja descansar em seus corações e dormir ali tranquilamente.
   Os corações do jnanis, dos karmis e dos yoguis estão cheios de desejos materiais. “Ó Krishna, dá-me uma bela esposa! Ó Krishna! Não tenho nenhum filho. Ó Krishna! desejo a liberação”. Mas os devotos puros de Krishna não desejam nada para si mesmos. Eles só desejam que sua bhakti aumente cada vez mais. Estas seis manifestações; Krishna, o diksha e o siksha guru, os devotos, as diversas energias, as encarnações e as porções plenárias, são o próprio Krishna que aparecem separadamente para que Ele execute seus passatempos. São bheda e abheda, diferentes e não diferentes. Isto é conhecido como acintya-bhedabheda-tattva.

   Vadanti tat tattva-vidas, tattvam yaj jnanam advayam, brahmeti paramatmeti, bhagavan iti sabdyate. Kaviraja Goswami explica quem é Krishna. Leia porfavor o significado por Srila Swami Maharaj:

    Devoto lê o verso: Os sábios transcedentalistas que experimentam a Verdade Absoluta dizem que Ela é conhecida como brahmam impessoal, Paramatma localizado e como a Personalidade de Deus Sri Krishna.
   Significado: Este verso em sânscrito aparece no segundo capítulo do primeiro canto do Srimad Bhagavatam (verso 11), onde Suta Goswami responde as perguntas dos sábios liderados por Saunaka Rsi, em relação á essência das instruções escriturais. Tattva-vidah refere-se ás pessoas que conhecem a Verdade Absoluta. Elas têm uma perfeita compreensão do conhecimento.

   Srila Narayana Maharaja: Narada,Veda Vyasa, Brahma, Sankara e Sukadeva Goswami são tattva-vit; conhecem a essência das escrituras védicas.

   Devoto segue lendo: Eles podem entender o conhecimento não dual porque estão situados na plataforma espiritual. A Verdade Absoluta é conhecida as vezes como brahman e outras como Bhagavan. Os conhecedores da verdade sabem que aqueles que tentam aproximar do Absoluto através da especulação mental, acaba compreendendo o brahman impessoal, aqueles que praticam yoga experimenta Paramatma, mas aqueles que têm conhecimento espiritual completo experimentam a forma espiritual de Bhagavan, a Personalidade de Deus.
   Os devotos da Personalidade de Deus sabem que Sri Krishna, o filho do rei de vraja, é a Verdade Absoluta. Eles não vêem diferenças entre o nome, a forma, as qualidades e os passatempos de Sri Krishna. Aqueles que separam o nome, forma e qualidades do Senhor, carecem de conhecimento absoluto. Um devoto puro sabe que quando canta o nome transcendental de Krishna, Ele está presente na forma do som transcendental.

   Srila Narayana Maharaja: Sim. Podem lembrar o seguinte:

Yaha, bhagavata pada vaisnavera sthane
Ekanta asraya kara caitanya-carane

“Se desejas entender o Srimad Bhagavatam (disse Svarupa Damodara) , deves aproximar de um vaishnava auto-realizado e escuta-lo. Podes fazer isto após refugiar completamente aos pés de lótus de Sri Chaitanya Mahaprabhu.” (Cc. Antya 5.131)

   Não tentem compreender a vida espiritual apenas através dos livros. O Vedanta, o Srimad Bhagavatam, o Sri Chaitanya Caritamrta e os livros de Swamiji contêm tudo, mas o conhecimento está trancado á sete chaves, chaves muito poderosas. E como não estamos muito preparados, pela simples leitura destes textos não podemos compreender seu significado. Há duas classes de bhagavata, o grantha-bhagavata (as escrituras) e o bhakta-bhagavata (os vaishnavas). O grantha bhagavata está trancado com chave e apenas a alma auto-realizada (bhakta bhagavata) pode revelar seu significado.
   Associação de devotos puros é necessária. Eles são mais misericordiosos do que o Srimad Bhagavatam, e sob sua guia, podemos realizar a misericórdia do Srimad Bhagavatam e Sri Krishna. Sem isto nada é possível.

Vadanti tat-tattva-vidas
Tattvam yat jnanam advayam
Brahmeti paramatmeti
Bhagavan iti sabdyate

(Srimad Bhagavatam 6.2.11)

A verdade absoluta é realizada em três estágios de entendimento pelo conhecedor da verdade absoluta, e todos eles são idênticos.
Estes estágios de compreensão da verdade absoluta são expressos como Brahman, Paramatma e Bhagavan. É essencial por anos escutar muito atentamente e guardara estes ensinamentos nos nossos corações. Aqueles que conhecem esta verdade estabelecida, como, Narada, Vyasa, Sankara, Sanaka, Sanatana, e Srila Rupa Goswami, concluíram que nada está separado de Krsna. Esta verdade estabelecida é chamada de advaya-jnana-tattva, é o principio essencial que Krsna é um sem um segundo.
Todos são subordinados a Krishna. Incluindo Baladeva e todas as outras encarnações, todos os semi-deuses, e todas as entidades vivas, descendo ate os vermes e plantas. A ilusória natureza material, maya é também subordinada a Ele. Nenhuma entidade viva neste ou em qualquer mundo são independentes. Apenas Krishna é independente. Tudo que vemos é manifestação do seu poder.
Srimati Radhika é o poder de Krishna, e Lakshmi Devi é a manifestação de Radhika. Nós Jivas neste mundo material também estamos conectados com Krishna. Este princípio é chamado unidade na diversidade. Conhecedores desta verdade fundamental entenderam que a verdade absoluta é Sri Krishna.
Srila Krishna Das Kaviraj citou o verso acima do Srimad Bhagavatam (1.2.11) Aqueles que possuem conhecimento impessoal vê a verdade absoluta como Brahman. O que é Brahman? É o reflexo pervertido dos raios provindos das unhas dos pés de Sri Krishna. Isto não tem qualidade, forma ou passatempo. Paramatma, a super-alma, que vive no coração de todas as entidades vivas, é uma parte da eternidade de Krishna. Ela é uma pequena fração de Krishna.

Ete camsa-kalah pumsah
Krsnas tu bhagavan svayam
Indrari-vyakulam lokam
Mrdayanti yuge yuge

(Srimad Bhagavantam 1.3.28)

    “Todas as encarnações mencionadas são porções plenárias ou porções das porções plenárias de Deus, mas Deus, Sri Krishna, é a personalidade original de Deus.”

   Todos eles aparecem no planeta quando há um distúrbio provocado pelos ateístas. Deus encarna para proteger os teístas.
   Sri Krishna é a suprema personalidade de Deus, A Suprema Personalidade da Verdade Absoluta Srimad Bhagavatam e outras escrituras confirmam este verso do Brahma Samhita:


Isvarah paramah krsnah
Sac-cid-ananda-vigrahah
Anadir adir govindah
Sarva karana-karanam

“Existem tantas personalidades que possuem as qualidades de Bhagavan, mas Krishna é o Todo Supremo. Ele é a pessoa Suprema, e seu corpo é eterno, cheio de conhecimento e de êxtase. Ele é o Deus primordial, Govinda, e é a causa de todas as causas.”

A primeira manifestação de Krishna é Baladeva Prabhu em vraja. De Baladeva Prabhu em Vrindavana; mulasankarsana (Baladeva em Dvaraka e Mathura), maha-sankarsana (Narayana, Maha-Vishnu, Kshirodakasay Vishnu, Sesa) e assim este mundo material tem se manifestado. Este mesmo Krishna, A Suprema Personalidade da Absoluta Verdade advém como Sri Chaitanya Mahaprabhu, e seu poder supremo Srimati Radhika vêm como Gadadhara Pandit.



Associação com Uttamas é necessário

   Pergunta: Srila Jiva Goswami diz que bhakti é obtida através da associação ou por misericórdia. Você pode me explicar isto?
   Srila Narayan Goswami Maharaj: Isto depende da nossa associação. Depende de qual classe de Vaishnavas nós associamos; kanistha vaisnava, madhyama vaisnava ou uttama Vaisnava.
   Um madhyama vaisnava (devoto intermediário) pode apenas nos dar siddhanta (conclusões filosóficas das escrituras). Ele não pode falar através da experiência de realização espiritual. Se almejamos realização, é necessário escutar e associar com almas realizadas, ou seja, os três diferentes níveis de uttama adhikaris. A associação com um madhyama vaishnava pode nos levar a praticar devoção regulada (sadhana bhakti), e por sua misericórdia, ele pode nos levar até uma alma realizada - um uttama vaishnava.



E se o Guru não for Puro?

(Próximos 3 cap.- Extraído do livro de Gurudev chamado ‘Guru-devatatma’ página 13 a 25)

   Suponhamos que alguém desafortunadamente recebeu inciação de um guru desqualificado, que não estava no nível de um Maha Bhagavata (devoto puro, auto-realizado). Ou seja, aquele guru não estava realizado nas verdades estabelecidas e não tinha realização de Krishna, Seus nomes ou suas glórias como os sastras estabelecem. Ele estava apenas no nível de kanistha-adhikari, mas ainda sim ele pensava que era guru. Ele tinha muitos desejos materiais, tais qual nome, fama e riqueza, e alguém desafortunadamente tomou hari-nama e diksha dele.
   Os versos que glorificam as qualificações de um Guru épode ser aplicável á este guru ou não? O discípulo deve obedecer tal guru com rendição como ordenado nas escrituras? Deve-se seguir este guru ou não? Uma pessoa pode extrair leite puro de um asno macho? Podemos conseguir mangas doces de uma árvore espinhosa? Qual são as obrigações discípulo para com este tipo de guru?
   Devemos considerar que uttama-adhikaris, madhyama-uttama-adhikaris e até mesmo madhyama-madhyama-adhikaris (nível de asakti- ver no livro - Madhurya Kadambini) são muito raros neste mundo. È muito raro então, ter um guru deste alto calibre.
   O que devemos fazer então nestas circunstâncias? Teremos que nos abrigar em um Guru. Se o guru não é ‘sabde pare ca nisnatam’, se não realizou as verdades estabelecidas delineadas nos Vedas, Upanisads e outras escrituras, mas ainda sim tem fé resoluta no seu Uttama Guru e está sinceramente o seguindo, mesmo que seja um madhyama-adhikari, não o rejeite. Podemos abandonar nosso guru apenas sob as considerações dadas por Srila Sanatana Goswami no seu Hari Bhakti Vilas:
Avaisnava-mukhodgirnam
Putam hari-kathamrtam
Sravanam naiva kartavyam
Sarpocchistam yatha payah

“Os nectários tópicos de Sri Hari são sempre purificantes, mas se eles emanam dos lábios de um não-vaishnava, então é proibido escutá-los, pois o leite tocado por uma serpente se torna veneno”.

   Se um guru não está servindo seu próprio Gurudev, se ele deixou o processo dado por seu fidedigno mestre e seu Gurudev não está satisfeito com seu comportamento – apenas neste caso podemos rejeitá-lo. Por outro lado, se o Guru é um madhyama-adhikari e sincero, muito obediente e um seguidor dos ensinamentos do seu Gurudev, então ele gradualmente se tornará um Uttama-adhikari. Neste caso, não devemos rejeitá-lo. Ao mesmo tempo, se ele não é perfeito e então não pode remover todas as nossas dúvidas sobre a consciência de Krishna, o que devemos fazer?   Devemos oferecer reverências á ele e pdir sua permissão para ter a associação de um devoto Maha Bhagavata. O discípulo poderá perguntar: “Posso ir até Srila Jiva Goswami?” ou “Posso me associar com Srila Rupa Goswami?” ou “Posso ir até um devoto de alta classe?” Se o guru disser: “Não, você não pode ir” então devemos abandoná-lo. Porém, se ele diz: “Certamente você pode ir e eu também irei com você” então ele é um real Guru.
   Um Guru que envia seu discípulo para tomar instruções de um Guru superior pode ser também um Uttama Maha Bhagavata, pois existem vários estágios de Uttama Maha Bhagavatas. Este guru certamente não deve ser rejeitado.



Até mesmo Krishna aceitou um Guru.


   Em todas as escrituras como o Vedanta, Upanisads e especialmente no Srimad Bhagavata, o Sad-Guru tem sido glorificado. É verdade que o santo nome é transcendental. Está escrito nas escrituras e também escutamos de muitas pessoas que devemos cantar os santos nomes. Mas alguém pode argumentar: “Tenho lido em todo lugar que devemos cantar Hari Nama e por isso estou cantando. Porque então é necessário ter um Guru, que atua como um agente ou um mediador? Ajamila foi facilmente para Vaikuntha sem inicialmente saber sobre as glórias de hari nama. Isto demonstra que qualquer pessoa pode cantar hari nama até mesmo sem aceitar um Guru.”
   Se alguém está cantando sem a guia de um Sad-Gurudev, qual será o resultado? Esta pessoa poderá apenas cantar nama-aparadha (ofensas ao santo nome), exceto casos raros como no caso de Ajamila, pode-se cantar namabhasa ou suddha nama. Está escrito no Chaitanya Charitamrta que ‘pela misericórdia de Krishna a pessoa aforunada tem a oportunidade de associar com um devoto puro e pela misericórdia deste mestre espiritual puro e de Krishna, ela recebe a semente da trepadeira do serviço devocional’. Krishna não concede a semente de bhakti diretamente á qualquer um. Ao invés disso, ele concede isto através de Sri Guru, ou ele mesmo se torna Guru para dar isto. Sem aceitar um Guru, ninguém pode cantar o transcendental nome de hari. Inicialmente, Ajamila não tinha Guru. Ele nomeou seu filho de Narayana, um dos nomes de Deus. Por acaso, porque viveu a cultura védica, ele nomeou seu filho de Narayana, e pela recitação deste nome ele começou a cantar namabhasa (estágio purificatório do cantar). Este foi seu primeiro cantar de namabhasa, e depois disso ele sempre chamava por seu filho ‘Narayana, Narayana, vêm aqui!’ Por fazer isso continuamente, seu namabhasa continuava. Quando os ferozes mensageiros da morte, os yamadutas,vieram busca-lo no momento de sua morte, o nome do seu filho apareceu automaticamente na sua língua. ‘Narayana, Narayana!” Naquele momento, Narayan enviou seus mensageiros , os Visnudutas, que por sua vez começou a glorificar o nome de Narayana. Ajamila então recebeu a semente de suddha nama (nome puro) dos Visnudutas. Com isto, Ajamila recebeu a semente de bhakti, conseguiu sobreviver e então pensou: “O santo nome que escutei dos Visnudutas é tão poderoso! “Agora que recebi este mantra, devo abandonar minha esposa, todos os meus filhos e minhas posses.” Ele então abandonou tudo e foi á Haridwar, onde tomava banho no ganges, sentava nas suas margens e começava seu canto. Eventualmente, Ajamila começou a cantar suddha nama. Depois de algum tempo, os Visnudutas vieram novamente e disseram: “Venha conosco e sente neste aeroplano.” Neste momento Ajamila havia alcançado o estágio de bhava e logo depois alcançou prema. Por cantar o santo nome de Narayana, ele obteve Vaikuntha-prema. Ajamila disse aos Visnudutas: “Quando vocês dispensaram os Yamadutas, eu quis falar com vocês e tocar seus pés de lótus, mas voçês desaparecerem. Agora vocês aparecem de novo e me dizem para ir com vocês. Como pode isto?”
   Os Visnudutas respoderam: “Nós demos á você a semente do nome puro e também a semente da trepadeira da devoção (bhakti lata). Por cantar este nome e banhar-se regularmente no rio Ganges, você se purificou. Você obteve Vaikuntha rati e está agora qualificado para ir á Vaikuntha.” Assim, eles o levaram até lá.
   No momento em que apareceram para ele pela segunda vez, Ajamila já havia se livrado completamente dos desejos materiais e assim alcançou Vaikuntha.
   Devemos compreender que sem um Guru, seremos obrigados a ter apegos materiais e também seremos obrigados a cometer ofensas ao santo nome (nama-aparadha). Se a semente de bhakti juntamente com a relação da jiva com Krishna (sambandha-jnana) não é concedida por um Guru Puro, então não póde se experimentar o som transcendental (sabda brahma). A aceitação e rendição á um Sad-Guru é essencial.
   Krishna, mesmo sendo a Suprema Personalidade de Deus, também aceitou um Guru. É geralmente aceito que o Guru de Krishna era Sandipani Muni, mas na verdade Sandipani Muni era como um professor. Ele ensinou as sessenta quatro artes para Krishna. Então ele era como um professor colegial . Na verdade, Krishna recebeu o radha-mantra de Bhaguri Rsi e por isso seu verdadeiro Guru é Bhaguri Rsi. Chaitanya Mahaprabhu também aceitou hari-nama e gopala mantra de Isvara Puripad.



Sri Guru - mais ‘pesado’ que Deus

   Muito rapidamente, em poucos anos, Srila Bhaktivedanta Swami Maharaj pregou em todo o mundo. Nas montanhas, nas ilhas do oceano, no norte, leste, oeste e sul. Eu vejo suas glórias em todos os lugares.
   Parama Pujyapad Srila Swami Maharaj veio a este mundo como um representante do nosso Guru-parampara, mas algumas pessoas querem que ele seja o único Guru fidedigno. Eles querem que exista apenas um Guru, no passado, presente e futuro. Eles querem negar nosso Guru-parampara. Isto é muito ruim; não devemos aceitar isto. Pelo contrário, é imperativo saber o que é guru-tattva. A palavra ‘guru’ significa ‘pesado’, mais do que qualquer um neste mundo. Até mesmo mais do que o próprio Krishna. Ás vezes pode ocorrer que Krishna vem até um Guru e tome a poeira dos seus pés de lótus. Está escrito no Sri Gita Govinda de Jayadev Goswami que Krishna disse á Srimati Radhika: “dehi-pada-pallavam-udharam – Porfavor seja misericordiosa e coloque seus pés de lótus sobre minha cabeça.” Algumas vezes Krishna também diz isto para as gopis que servem mais Srimati Radhika do que Ele. Krishna pode orar á elas: “Porfavor, coloque seus pés de lótus em minha cabeça.” Isto é guru-tattva.
   Em outras palavras, todos os gurus puros na linha de sucessão discípular de Srila Rupa Goswami, são gopis serventes de Srimati Radhika, em suas formas espirituais perfeitas.
   O tópico ‘guru-tattva’ é a essência de toda nossa literatura. É um tópico muito pesado, e então é essencial escuta isto do fundo dos seus corações. Podemos adorar Krishna, apenas depois de adorar Sri Guru.
   Todos neste mundo estão se distanciando de Krishna. Quer aceitemos isto ou não, esta é a verdade. Mesmo sofrendo terrivelmente como estamos agora, não realizamos isto. Porque não? Tomamos uma quantidade tão grande de alchool na forma de maya (ilusão) que nos tornamos completamente loucos, e nesta loucura pensamos que somos bastante felizes. Você deve saber que um dia terá que deixar este corpo e tudo que adquiriu neste mundo. Um dia, você certamente ficará velho. A velhice, muito ansiosamente o espera para abraçar vocês e nenhum de vocês irá escapar. Um devoto do calibre de Narada Muni pode escapar desta ilusão e também da velhice, mas vocês não são como Narada Rsi. Se não forem cuidadosos, terão que sofrer.



Diksha é necessário para se cantar suddha nama

(Guru-devatatma. Página 34 a 39)


   Padmanabha Maharaj pergunta: Gurudeva. Há uma questão sobre a relação entre o gayatri-mantra e iniciação hari-nama. Algumas pessoas têm apresentado declarações de Srila Bhaktivedanta Swami Maharaj e de Srila Bhakti Rakshak Sridhara Maharaj para suportar a idéia, beaseado em seus próprios entendimentos destas citações, que harinama é completo e é suficiente para a alma condicionada, e também que a iniciação no gayatri mantra não é realmente necessária. Por exemplo, Srila Prabhupada disse em uma conversa, em 1973, em Paris que: “Catando o hare krsna maha mantra e praticando, ele se torna purificado. Então a segunda iniciação – gayatri-mantra. De acordo com Jiva Goswami, apenas a primeira iniciação já é suficiente. Mas ainda sim, para purificar mais, a segunda iniciação é concedida”.
   “Eles também citam Srila Sridhara Maharaja em seu livro ‘Sri Guru e sua Graça”, onde ele diz: “Aceitamos o mantra (gayatri) apenas para ajudar no nama-bhajana, a adoração ao santo nome. Se não, isso não seria necessário. O nome sozinho pode fazer tudo para uma pessoa. Ele é completo e perfeito. O gayatri mantra ajuda-nos a nos livrar-nos das ofensas e concepções ofuscadas. O gayatri mantra vem para nos ajudar apenas nisto”.

   Srila Gurudeva: Acho que todos vocês compreenderam o argumento. Agora tente cuidadosamente comreender a resposta para que possam reconciliar todas estas declarações. Algumas pessoas têm apresentado a idéia de que a aceitação de diksha não é essencial e isto tem sido indicado indiretamente através do verso:

Diksa purascarya vidhi apeksa na kare
Jihva sparse a-candala sabare uddhare

(Chaitanya Charitamrta ‘Madhya-lila’ 15.108)

“A pessoa não tem que se sujeitar a iniciação ou executar atividades requeridas antes da iniciação. Ela deve apenas vibrar o santo nome com seus lábios. Então, até mesmo um homem de baixa classe pode ser liberado.”

   O santo nome é suficiente. O santo nome é muito poderoso e pode satisfazer todos os desejos. O nome pode até mesmo dar vraja-prema. Porque então, é necessário tomar iniciação? Foi falado as minhas declarações juntamente com as de Srila Swami Maharaj e Srila Sridhar Maharaj. Então, eu quero reconciliar todas estas declarações. É verdade que iniciação diksha e as atividades purificatórias antes da iniciação não são necessárias em todas as circunstâncias, mas precisamos saber algo mais sobre o real significado deste verso. Srila Bhaktissidhanta Saraswati Thakur Prabhupada escreveu um livro sobre regras e regulações na adoração a deidade chamado Archana Dipika. Ali ele explicou que harinama é bhagavata swarupa, a forma de Radha e Krishna, por esta razão é dito no Sikshastakam que “Param vijayate sri krishna sankirtan”. Por cantar e lembrar os nomes de Krishna, todos os tipos de perfeição como vraja-prema e até mesmo radha-dasya (tornar-se serva de Radharani)- pode ser obtido.
   Porém, nos estágios iniciais, quando um devoto está vibrando o santo nome, ele está cheio de várias aparadhas (ofensas) e outros anarthas como sono, distração, indiferença ou desinteresse em tópicos espirituais e outras coisas. É garantido que tal pessoa não pode vibrar o nome puro. Ao contrário, seu canto é apenas nama-aparadha. É possível cantar o nome puro apenas depois de diksha samskara.
   Srila Jiva Goswami explica o significado de diksha em seu Bhakti-sandarbha (2830):

Divyam jnanam yato dadyat
Kuryat papasya sanksayam
Tasmat dikseti sa prokrta
Desikais tattva-kovidaih

Diksha é o processo pelo qual a pesoa acorda seu conhecimento transcendental e elimina todas as reações causadas por atividades pecaminosas. Uma pessoa inteligente conhece este processo como diksha.”

   O gayatri mantra concede todos os tipos de divya-jnana, conhecimento transcendental, incluindo o conhecimento sobre krsna-tattva e jiva-tattva, e também dá nossa relação com Krishna. O santo nome apenas, não concede esta relação á uma pessoa que está cheia de anarthas. Todos os nossos Acharyas, sem exceção, começaram isto com o objetivo de purificar-nos das nossas reações pecaminosas e limpar nossas ofensas, para que possamos desenvolver a habilidade de cantar o nome puro. Para isto devemos diksha-vidhana (o processo de iniciação). Di-ksha, di significa divya jnana, ou conhecimento realizado da nossa relação com Krishan. Ksa é a purificação de todos os pecados, aparadhas, e outras impurezas. Para isto, diksa-vidhana é essencial. Sem isto, nossa relação com Krishna (sambandha-jnana) não pode se manifestar e a pessoa não poderá cantar suddha nama (nome puro).
   Se não houvesse necessidade de acitar diksha-mantra, porque então Srila Bhaktissidhanta Saraswati Thakur tomou segunda iniciação (diksha) de Srila Goura kishora Das Babaji Maharaj? E porque Srila saraswati Thakur deu iniciação diksha á todos os seus discípulos? Parama Pujyapad Srila Sridhar Goswami Maharaj também tomou diksha dele. Se não há ncessidade, porque Srila Saraswati Thakur deu iniciação diksha e porque seus discípulos aceitaram isto?
   Todos os Acharyas em nosso Guru-parampara aceitaram diksha-mantras. Aqueles que dizem que apenas hari-nama é suficiente para as almas condicionadas, podem nomear qualquer Acharya em nosso Guru-parampara que não tomou iniciação diksha? Srila Goura Kshora Das Babaji Maharaj, Srila Bhaktivinoda Thakur, Srila Viswanath Chakravarti Thakur, os seis Goswamis e todos os outros tomaram segunda iniciação. Srila Bhaktivedanta Swami Maharaj também tomou isto. Se diksha não é essêncial, porque então todos eles aceitaram? Não é que o santo nome não é puro, mas se a pessoa não é um devoto puro, não é possível para ela, cantar o nome puro. Ele pode apenas cantar sílabas que parecem com o santo nome. Ele pode apenas cantar ofensas ao santo nome ou o semblante do santo nome.
   É verdade que simplesmente por tocar a língua, krsna-nama pode dar tudo. Porém, a língua material de uma alma condicionada não pode tocar o transcendental santo nome:

Atah sri krsna namadi
Na bhaved grahyam indriyaih
Sevonmukhe hi jihvadau
Svayam eva sphuraty adah

(Bhakti-rasamrta-sindhu ‘1.2.234’.)

“Nome, forma, qualidades e passatempos de Sri Krishna, não podem ser percebidos através dos sentidos materiais das almas condicionadas. Porém, se alguém que tem um humor favorável para com Sri Krishna, rende serviço devocionlal através destes mesmos sentidos começando pela língua, Sri Krishna certamente revelará a Si mesmo em sua forma pessoal á esta pessoa.”

   Srila Raghunath Dasa Goswami também escreveu no primeiro verso do seu manah-siksha:

Gurau gosthe gostalayisu sujane bhusura gane
Sva mantre sri namni vraja nava yuva dvandva sarane
Sada dambham bitva kuru ratim apurvam atitaram
Aye svantar bhratas caturbhir abhiyace dhrta-padah

“Ó meu querido irmão; minha mente tola! Agarrando-me aos seus pés, eu humildemente oro a você com palavras doces. Porfavor abandone todo o orgulho e rapidamente desenvolva um sublime e incenssante apego por Sri Gurudev, Sri Vraja dham, pelos residentes de Vraja, pelos Vaishnavas, brahmanas, pelos meus diksha-mantras, pelos santos nomes do Senhor Supremo, e assim tome refúgio em Sri Sri Radha Krishna, o eterno e jovial casal divino de Vraja”.
   Se diksha não é nessário, porque Srila Dasa Goswami escreveu a palavra ‘mantra’? Porque ele não disse apenas a palavra ‘sri namni’? O que é sva mantra? Há alguma diferença entre mantra e harinama, e foi por isso que ele disse á sua mente: “Porfavor abandone seu falso ego e tente desenvolver uma sublime atração pelos dois. Tome refúgio nos dois, nama e mantra, e então sua vida será exitosa.” Então, existem duas coisas e não uma. Seu Gurudeva deu á ele o mantra- e isto significa o diksha-mantra. Agora, porfavor reconcilia todos estes pontos. (Neste verso a palavra ‘mantra’ indica – diksha mantra e a palavra ‘sri namni’ indica hari nama.)





A necessidade de um verdadeiro Guardião

Srila Bhakti Rakshak Sridhar-Dev Goswami Maharaj – ‘Siga os anjos’.

                                                                                                                                                           Divya darsana divanbhuti – deve-se fazer um acordo divino e temos que ter ajuda dos santos, que são agentes divinos autênticos. Pode haver muitos agentes impostores também, pseudo-agentes, agentes imitadores (sahajiya). Temos que ir até o agente verdadeiro. E com a ajuda dele, pela graça dele, vamos gradualmente alcançar nosso destino. O grande devoto Prahlada Maharaja também confirma isso: “Enquanto a mente de alguém não entrar em contato com os divinos pés de lótus do Senhor, é indispensável conseguir a ajuda dos Seus devotos, Seus agentes, pois tal associação elimina tudo que é indesejável que está dentro de nós”.
   Nossa vida divina não começa realmente até que chegamos aos pés de lótus do mestre verdadeiro. Aí sim começa. Nosso verdadeiro progresso, vida verdadeira. Nosso verdadeiro avanço em direção à divindade começa quando conseguimos o reconhecimento do agente do Senhor. Alguns podem dizer: “Mas isto é monopólio, é um sistema despótico. Deus é para todos, porque há essa necessidade de um mediador? Ele está aberto à todos e conhece todos nós. Se desejamos com sinceridade, Ele virá até nós”. A concepção deles pode ser essa.
   Somos inconstantes, corremos de lá para cá sem nenhum princípio em nossa vida, e nossa situação é muito triste. Este tipo de vida é muito problemático. Pensar: “Não posso pôr minha fé em nada”, significa que não posso encontrar um amigo em parte alguma. Estou sem amigos, ando no meio de estranhos e talvez até de inimigos.
   Quando sofremos de incerteza ao extremo, devemos desejar a conexão com o Guru, o mestre espiritual. Não podemos simplesmente interroga-lo com fé e confiança, pois o Guru é um guardião bem querente que sabe mais sobre nosso bem estar do que nós mesmos. Assim é que é ter um guardião, um amigo, um guru. Se a pessoa cometer vaishnava-aparadha ou nama-aparadha, ofensas contra o Vaishnava ou ao santo nome, irá se atrasar repetidamente. Não é algo fácil. Ainda sim há a possibilidade de uma alma digna alcançar a posição mais elevada por meio da orientação adequada em uma única vida. Isto não é impossível.
   Narottama Thakur diz: “Se pudermos conseguir um guardião verdadeiro, nosso futuro na vida espiritual está assegurado”. Krishna não pode despedir o guardião com muita facilidade, pois o guardião tem uma posição sólida em sua relação com o Senhor. Se adentrarmos no domínio do guardião, estamos em uma posição segura. Nosso único consolo é que vamos junto com o agente divino. Outros que ainda não foram capazes de se renderem aos pés de lótus do guardião, do Guru fidedigno, estão em uma posição incerta e podem ser desviados por qualquer outro agente. Seu futuro é deplorável. Eles não têm nenhum refúgio. Se pudermos ter um ideal verdadeiro na vida por meio da nossa fé ao guardião verdadeiro, aí certamente nosso futuro está praticamente assegurado. Então nosso Gurudeva, nosso refúgio (asraya), será o comandante do barco que nos levará sobre este interminável ciclo de nascimentos e mortes. Cruzaremos este oceano de misérias, muito facilmente pelo comando de Srila Gurudev.













Terceira parte


Vaishnava Ninda – Criticar um Vaishnava

(Artigo escrito por Srila Bhaktivinod Thakur – ‘Rays of Harmonist’ N: 20. pág.15)

   O resultado de se criticar um Vaishnava.

   De todos os diferentes tipos de ofensas que as entidades vivas podem cometer, nenhuma delas é mais severa do que blasfemar um Vaishnava. É necessário então analizar o significado de vaisnava-ninda de acordo com as escrituras. Isto é descrito no Skanda Purana:


Nindam kurvanti ye mudha
Vaisnavanam mahatmanam
Patanti pitrbhih sardham
Maha-raurava-samjnite

Hanti nindati vai dvesti
Vaisnavan nabhinandati
Krudhyate yati no harsam
Darsane patanani sat

“A pessoa tola que critica um Vaishnava exaltado, cai até o inferno conhecido como Maha-raurava juntamente com seus ancestrais. Aquele que: 1- mata um Vaishnava, 2- blasfema o Vaishnava, 3- usa de malícia contra ele, 4- não o recebe apropriadamente quando o vê, 5- fica irado com ele, ou 6- não se sente feliz ao vê-lo, certamente se degrada como resultado destes seis tipos de má conduta.”

   Também é dito no Srimad Bhagavatam (10.74.40), sobre a reação de se escutar ofensa ao Vaishnava:

Nindam bhagavatah srnvams
Tat-parasya janasya va
Tato napaiti yah so pi
Yaty adhah sukrtac cyutah

“A pessoa que não abandona imediatamente o local onde Bhagavan ou o Vaishnava é blasfemado, incorre em pecado, perde todos os seus créditos espirituais (sukriti) acumulados anteriormente e então se degrada.”





As Três classificações de Vaishnavas de acordo com os ensinamentos de Sriman Mahaprabhu: Vaishnava, Vaishnava-tara e Vaishnava-tama

   A única conclusão que podemos tirar é que quando os devotos que se encontram no estágio de kanistha adhikari adquirem fé nas escrituras (sastriya sraddha), apenas neste momento eles realmente se tornam elegíveis para servir os Vaishnavas. Eles são classificados simplesmente como vaishnava (neófitos que possuem qualidades vaishnavas) até o momento que adquirem as outras qualidades características de um madhyama adhikari vaishnava.
   Correspondentemente, madhyama vaishnavas são descritos como vaishnava-tara (possuem um alto grau de qualidades vaishnavas) enquanto que apenas Uttamas Vaishnavas, os mais elevados Vaishnavas, são descritos como Vaishnava-tama (possuem todas as qualidades vaishnavas).
   É necessário deliberar sobre como Mahaprabhu descreveu estes três tipos de Vaishnavas:


                            Vaishnava.

Ataeva yanra mukhe eka krsna nama
Sei ta vaisnava kariha tanhara sammana

(Sri Chaitanya Charitamrta, Madhya lilá 15.111)

“Aquele que canta o nome de Krishna (significa suddha nama- nome cantado de forma pura) até mesmo uma só vez é Vaishnava (possui qualidades Vaishnavas). Então, deve-se respeita-lo.”


                           Vaishnava-tara.

Krsna nama nirantara yanhara vadane
Sei se vaisnavatara bhaja tanhara carane

(Sri Chaitanya Charitamrta, Madhya lilá. 16.72)

“Aquele que canta o nome de Krishna (puramente) constantemente é vaishnava-tara (possui alto grau de qualidades Vaishnavas) e deve-se oferecer serviço aos seus pés de lótus”.


                          Vaishnava-tama.

Yanhara darsane mukhe aise krsna nama
Tanhare janiha tumi vaisnava pradhana

Krama kari kahe prabhu vaisnava laksana
Vaisnava vaisnavatara ara vaisnavatama
(Sri Chaitanya Charitamrta, Madhya lilá. 16.74-75)

“Aquele que inspira outros a cantar os nomes de Krishna meramente por se fazer visível á eles é vaishnava-tama (possui todas as qualidades Vaishnavas no nível máximo) e é o mais elevado Vaishanava.”

“Sri Chaitanya Mahaprabhu explicou então os diferentes níveis de Uttamas Vaishnavas (Vaishnavas puros) em seqüência – aqueles que são vaishnavas, aqueles que são vaishnavas-tara e aqueles que são vaishnavas-tama – em acordância com os sinomas exibidos por cada um deles”.
   De acordo com estes ensinamentos de Sriman Mahaprabhu, aquele que pronuncia suddha-krsna-nama (nome completamente puro) pelo menos uma vez é digno de ser chamado de Vaishnava. Entre os kanisthas bhakta, que são chamados de vaishnava-praya (parecem ser vaishnava), ou vaishnava-abhasa (semblante de vaishnava) cantam apenas namabhasa (semblante do santo nome). Eles não cantam suddha-nama. Porém, aqueles que de fato são capazes de cantar suddha-nama até mesmo uma só vez, possuem qualidades Vaishnavas e são Suddha Vaishnavas. Aqueles que cantam suddha nama continuamente são vaishnava-tara (possui grande quantidade de qualidades vaishnavas); e Aqueles que simplesmente por se fazer visível ao público, os incita a cantar krsna-nama, são vaishnavas-tama (possui completamente todas as qualidades vaishnavas).
   No dia em que krsna-nama (suddha nama) aparece na língua de alguém, mesmo que seja uma só vez, ele perderá toda propensão de cometer pecado. O que falar de pecado! Ele até mesmo perderá o interesse em performar atividades piedosas.
   Todas as três classificações de Vaishnavas – vaishnava, vaishnava-tara e vaishnava-tama, não possuem nenhuma forma de contaminação material e pecado.
   Se por acaso observa-se que uma pessoa está inclinada a cometer pecado, então ela não deve ser classificada como Vaishnava. Até mesmo kanistha-adhikaris vaishnavas não tem inclinação por atividades pecaminosas ou piedosas.




Criticar as falhas prévias de um Vaishnava é abominável.

   Ó leitores, nunca se deve refletir em qualquer falha que estava presente em um Vaishnava antes do aparecimento de bhakti á não ser que haja alguma bondosa razão nisso. Um Vaishnava não deve ser criticado pelas insignificantes remanescentes de suas falhas anteriores. Por essa razão Krishna disse no Bhagavad Gita (9.30-31):  

Api cet suduracaro
Bhajate mam ananya-bhak
Sadhur eva as mantavyah
Samyag vyavasito hi sah

Ksipram bhavati dharmatma
Sasvac-chantim nigacchati
Kaunteya pratijanihi
Na me bhaktah pranasyati

“Até mesmo um homem de caráter abominável, mas que se engaja com dedicação no serviço amoroso e unidirecionado (ananya bhajana) a Mim, deve ser considerado santo porque está corretamente situado em bhakti. Ele se torna virtuoso muito em breve e obtém paz eterna. Ó Kaunteya, declara isto fortemente, que ‘Meu devoto nunca perece’.

    Pela influência de bhakti, todos os abomináveis tipos de comportamento que pode haver existido no coração do praticante antes do aparecimento de bhakti e tem dimuido gradualemente dia após dia, são finalmente erradicados em um curto período de tempo. Então, criticar um Vaishnava sem um motivo virtuoso resulta em Vaishnava-aparadha. Até mesmo se alguém observa alguma falta acidental no Vaishnava ocoorente da divina providência, ainda sim ninguém deve critica-lo. Neste contexto, o sábio Karabhajana disse:

Sva pada-mulam bhajatah priyasya
Tyaktany abhavasya harih paresah
Vikarma yac cotpatitam kathancid
Dhunoti sarvam hrdi sannivistah

(Srimad Bhagavatam (11.5.42)

“Aquele que se engaja na adoração exclusiva aos pés de lótus de Bhagavan e que deixou todas as outras coisas, é o mais querido á Mim. Até mesmo se a tendência de performar atividades pecaminosas aparece em seu coração, Sri Hari, que reside diretamente no seu coração, não apenas destrói estas tendências, mas também remove qualquer reação que poderia manifestar como resultado de ter cometido algum pecado.”

   O princípio aqui é que culpar falsamente e criticar o Vaishnava por qualquer falta mencionada acima, pode ser classificado em três categorias: nama aparadha (ofensas contra o santo nome), Se alguém comete nama aparadha, a divina relação com o nama (santo nome) nunca manifestará, e sem esta relação é impossível se tornar um Vaishnava.



Três maneiras nas quais pessoas perversas vêem faltas em um Vaishnava.


   Vaishnavas puros não possuem falhas e assim estão acima de qualquer crítica. Mas as degradadas pessoas criticam os Vaishnavas de forma raivosa e em três diferentes maneiras (verso a seguir). Assim estas pessoas sem coração arruínam suas próprias vidas pelo fato de agir errôneamente ao blasfemar um Vaishnava. Está dito no livro Nama-tattva-ratnamala:

Prag bhakterudyaddosah ksayavasista eva ca
Daivotpannasca bhaktanam naivalocyah kadacana
Saduddesyamrte yastu mrsapavadameva ca
Dosanalocayatyeva as sadhu-nindakohadhamah

   “Existem três situações” na qual a pessoa nunca deve refletir em qualquer falha encontrada no devoto; 1- falhas que estavam presente nele antes do aparecimento de bhakti, 2- falhas que permanecem temporariamente durante o tempo que o coração é purificado pela prática de bhakti, 3- falhas que podem surgir acidentalmente devido á providência. A pessoa que reflete em qualquer uma destas falhas sem um motivo apropriado e com má intenção, é ofensora dos santos e se torna extremamente degradada”.


Pode-se refletir sobre as falhas dos outros desde que se tenha um motivo virtuoso apropriado.

   Devemos considerar que sem um motivo apropriado correto, é inapropriado refletir até mesmo parcialmente, nas faltas de qualquer entidade viva, o que falar então dos Vaishnavas? Blasfemar um Vaishnava é ofensa, mas até mesmo blasfemar outras entidades vivas é pecado. Vaishnavas não tem interesse em cometer atos pecaminosos.
   Porém, se há um motivo apropriado, as escrituras não condenam uma crítica cuidadosa sobre as falhas de alguém.


Existem três diferentes e apropriados motivos que não se enquadram em ofensa ao Vaishnava:

1-      Se a intenção de analizar os pecados de alguém é para assegurar-lhe seu bem estar último, então tal reflexão é auspiciosa.
2-      Se o motivo de refletir nos pecados de alguém é beneficiar todo o mundo, então isto pode ser visto como um ato auspicioso.
3-      Se tal reflexão é feita para seu (da pessoa que refletir) próprio benefício espiritual, então isto é também auspicioso. Não há falha nesta reflexão.

      Quando alguém medita nos fatos históricos de personalidades como Valmiki ou Jagai e Madhai na luz de um destes três virtuosos motivos citado acima, então tal reflexão nunca será um ato pecaminoso. Quando um discípulo pede humildemente ao seu mestre espiritual que o ensine à como identificar um Vaishnava, o mestre espiritual desejando o melhor para seu discípulo e para todo mundo, explica que aqueles que se comportam de maneira não santa, não são Vaishnavas. Ele então explica como se deve identificar um verdadeiro Vaishnava através de anti-téses.
   Com a intenção de encorajar alguém a aceitar o refúgio dos pés de lótus de um real Vaishnava, abandonando o falso, ‘os assim chamados pregadores da religião’, a pessoa não corre o risco de Vaishnava aparadha ou sadhu-ninda (ofensa ao Vaishnava). Nestes casos, até mesmo as críticas direcionada á uma pessoa específica está livre de faltas. Estes são exemplos de criticar com motivo apropriado.



  
As aparências enganam


(Chaitanya Bhagavata por Srila Vrindavana Das Thakur ‘Veda Vyasa  em Goura-lila’ - madhya-lila. Pág. 296-297 – Tradução – Srila B.V.Puri Goswami Maharaj)


   “Jagai e Madhai, mesmo tendo cometido todos os pecados imagináveis, ainda sim, estavam livres das ofensas contra os Vaishnavas. Eles estavam sempre bêbados e não tinham oportunidade de criticar os Vaishnavas. Um lugar pode estar repleto de pessoas altamente piedosas, porém se neste mesmo lugar, ofensas ou críticas aos Vaishnavas são cometidas, toda a misericórdia é eliminada. Se Vaishnavas são ofendidos até mesmo por uma assembléia de renunciantes, sanyassis, tal assembléia é mais irreligiosa e pecaminosa do que um grupo de bêbados. Para os bêbados, ainda há uma chance de salvação, mas para aqueles que criticam os Vaishnavas, não há nenhuma esperança de liberação.”


(Sri Chaitanya Bhagavata – Pág. 369-370.)


   “É dito no Padma Purana: “Um pecador facilmente identificado e sem vergonha é, em vários aspectos melhor do que ‘falsos sanyassis’ e mayavadis (que não aceitam O Senhor Chaitanya), pois se corrompem sozinhos, enquanto que um homem pecaminoso que pousa de santo é pior porque além de se afundar, também afunda todos os seus seguidores no mais escuro inferno. Ladrões capturam suas vítimas em um local isolado e as roubam usando armas e outras ferramentas, mas o homem santo hipócrita usa palavras doces para atrair o sentimento das pessoas e então às confunde para gradualmente usurpar suas riquezas.
No Srimad Bhagavata, está dito: “Em kali yuga (era atual, era da hipocrisia, falsidade e desavenças), sudras vão se manter usando roupas de renunciados e assim receberão caridade. Aqueles que não são versados nas escrituras e conhecimento espiritual, vão se sentar na Vyasasana e dar instruções ao povo. As pessoas vão escutar instruções espirituais de um homem o julgando meramente por sua aparência, mas ao contrário, vão inconscientemente escutar o impostor blasfemar os reais santos e devido a esta ofensa, irão ao inferno. Os Vedas claramente descreve que se alguém escuta uma crítica á um devoto Vaishnava, então ele perde todos os seus créditos piedosos e é jogado em condições abomináveis da vida, nascimento após nascimento. Os ladrões sofrem apenas uma vida no inferno, enquanto que os ofensores do Vaishnava sofrem intermináveis misérias. Uma pessoa pode ser bem versada em todos os quatro Vedas, mas se mesmo assim ela mantém uma atitude ofensiva para com os Vaishnavas, ela será condenada a sofrer eternamente no pior dos infernos. A pessoa pode estudar o Srimad Bhagavatam para gratificar os sentidos e assim se desviando, comete ofensa aos pés de lótus do Senhor Nityananda e invoca grande desastre para si mesmo.”                                            Jay Nitai Goura Hari Bol!!!











Notas Adicionais:


“Existem três níveis de Uttama adhikari. 1- Uttama- kanistha, possui algum vestígio de desejo material no modo da bondade, aind sim tal desejo se encontra em um estado adormecido e inconsciente. 2- Uttama-madhyama, não possui nenhum traço de desejo ou samskara, porém ainda não possui siddha-deha- forma eterna espiritual. 3- Uttama- Uttama,  possui sua forma eterna- sac-cid-ananda- e serve Deus como Seu associado eterno. É também chamado de Maha Bhagavata.

(Explicação extraída do livro ‘Guru – devatatma’ Páginas 16 e 17)




Devemos honrar mentalmente um real kanistha adhikari que possui as seguintes qualificações:

   por Param Gurudev Sri Srimad Bhakti Praghyana Keshav Goswami Maharaja (Life and teachings)

   “Tendo em mente a consideração mencionada nos versos acima, Srila Prabhupada Saraswati Thakur impartiu a instrução de honrar em nossa mente, a pessoa que está dotada com sambandha-jnana, que recebeu diksha, está livre de aparadhas, que compreende que Krishna e seu nome são idênticos e que compreende que o aprakrta-nama é o único meio para alcançar a meta. Esta pessoa também se dedica continuamente ao serviço de krsna-nama, (não se associa com gratificadores dos sentidos (karmis) e impersonalistas (mayavadis) e se esforça para alcançar a meta (prayojana)- krsna-prema.”    (Edição em espanhol – Pág.351 e 352)





















Sobre o autor

   Paramaradhyattama Guru Pad Padma Sri Srimad Bhaktivedanta Narayan Goswami Maharaj é discípulo de Nitya-lila Pravista Om Visnupada Sri Srimad Bhaktipraghyana Keshav Goswami Maharaj, quem é um dos discípulos mais proeminentes de Nitya-lila Pravista Om Visnupada Sri Srimad Bhaktisiddhanta Saraswati Prabhupada.
   Srila Narayan Goswami Maharaj nasceu em uma vila chamada Tewaripur, situada ás margens do sagrado rio Ganges, onde o Senhor Ramachandra e Visvamitra Muni foram matar o demônio chamado Taraka. Nasceu no dia de lua nova (amavasya) em fevereiro de 1921 em uma família brahmínica Triveni altamente religiosa. Durante sua infância acompanhava os pais em reuniões e kirtans religiosos.
   Em fevereiro de 1947, deixou sua família para se encontrar-se com seu mestre espiritual em Sri Navadvip-dhama na Bengala. Viajou á Navadvip após conhecer um discípulo de Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura chamado Narottamananda Brahmacari, que havia viajado até sua vila levando á cabo a missão de Sri Chaitanya-deva. Após discutir vários tópicos com Narottamananda Brahmachari, Srila Narayana Maharaja se convenceu da suprema posição da filosofia dada pelos Acaryas na linha de Rupa Goswami Prabhupada, e poucos dias depois deixou sua família para unir-se á missão de seu mestre espiritual e á ele entregar sua vida.
   Chegando a Navadwip-dhama, participou do Parikrama anual que acontecia no momento. No último dia, no dia de Gaura Purnima, recebeu iniciações hari-nama e gayatri (diksha) de Srila Bhaktipraghyana Keshava Goswami Maharaja e passou á se chamar Gaura Narayana. Pouco depois, seu Gurudeva deu-lhe também o título de Bhakta bandhava, que significa “amigo dos devotos”, por ele estar sempre servindo os Vaishnavas. Passou os nove anos seguintes viajando com Srila Bhaktiprajnana Keshava Maharaja em programas de pregação por toda Índia, e em 1952, no dia de Gaura Purnima, seu amado Gurudeva lhe concedeu a sagrada ordem de sanyassa. Em 1945, Srila Bhaktipraghyana Keshava Maharaja, deu-lhe o recém inaugurado templo de Mathura chamado Sri Keshavji Gaudiya Math, para dirigi-lo. Assim, Srila Narayana Maharaja passava a metade do ano em Mathura e metade na Bengala dedicando á numerosos serviços, foi assim por 14 anos. Foi nomeado também como vice - presidente da Gaudiya Vedanta Samiti e editor chefe das publicações devocionais em hindi e da revista mensal chamada Sri Bhagavata Patrika. Em 1968, Srila Bhaktiprajnana Keshava Maharaj deixou este mundo, e Srila Narayan Maharaj realizou todos os rituais necessários para seu samadhi.
   Srila Narayana Maharaja também traduziu vários livros de Srila Bhaktivinoda Thakura do bengali para o hindi, como o Jaiva Dharma, Bhakti tattva Viveka entre outros. Muitos deles já foram traduzidos em diversas línguas pelos seus seguidores.
   Uma relação importante na vida de Srila Narayana Maharaja foi sua associação com sua Divina Graça Srila Bhaktivedanta Swami Maharaj Prabhupada, o famoso pregador mundial do Gaudiya Vaishnavismo no ocidente. Eles se conheceram pela primeira vez em Calcutá em 1947 na ocasião da inauguração de um novo ramo da Gaudiya Vedanta Samiti. Mais tarde, quando Srila Narayana Maharaja acompanhou Srila Bhaktiprajnana Keshav Goswami Maharaj em Jhansi, eles conversaram vários assuntos espirituais e Srila Swami Maharaja ficou muito satisfeito com ele. Anos mais tarde, Srila Swami Maharaj aceitou o convite de Srila Bhaktiprajnana Keshav Maharaj para ir morar na Keshavji Math de Mathura, onde viveram juntos alguns meses. Assim eles conversavam sobre temas profundos relacionados á Bhakti-yoga e desenvolveram muita afeição um pelo outro. Srila Narayana Maharaja considerava Srila Swami Maharaj como seu siksa guru e também seu amigo querido. Em 1959, Srila Bhaktipraghyana Keshav Maharaj concedeu a sagrada ordem de sanyassa á Srila Bhaktivedanta Swami Maharaj e Srila Narayan Maharaj liderou toda a cerimônia ritualística.
   Após receber sanyassa, Swami Maharaj viveu sozinho em Vrindavana e Narayan Maharaj ia visita-lo frequentemente. Eles conversavam assuntos muito íntimos sobre a filosofia Vaishnava.
   Quando Srila Swami Maharaj foi pregar no Ocidente e abria seu primeiro templo, Srila Narayana Maharaja lhe enviou os primeiros tambores (mrdanga), os sinos (kartalas), deidades de Radha e Krishna, e também alguns livros em sânscrito que Swamiji havia deixado na Índia. Alguns dias antes de deixar este mundo mortal, Srila Swami Maharaja pediu á Srila Narayan Maharaj que tomasse conta dos seus discípulos ajudando-os á adentrarem-se ainda mais na filosofia Vaishnava, e também realizar sua cerimônia funeral (samadhi). Ambos os pedidos mostram a confiança que Swami Maharaj depositava em Narayana Maharaja. Desde então, Srila Narayan Maharaj deu uma poderosa guia e um abrigo amoroso ás pessoas que se refugiam nele. Através de livros e excursões mundiais de pregação, ele satisfez os corações de pessoas de todo mundo que estão sinceramente sedentas pela Verdade. Deixou este mundo mortal para se juntar ao Casal Divino Sri Sri Radha Krishna, em dezembro de 2010 na cidade sagrada de Jagannatha Puri.

Yuga Acharya Fundador-  Rupanuga-varya Srimad Bhaktivedanta Narayan Goswami Maharaj

Milhões de respeitos à – Sri Goura Priya Murtaiye Srimad Bhakti Ballabh Tirtha Goswami Maharaj

Autor- Sri Srimad Bhaktivedanta Narayan Goswami Maharaj

Tradução – Baladeva Das Brahmachari

Agradecimentos pelas importantes contribuições – Srila Bhakti Kamala Govinda Maharaj, Sriman Brajanath Prabhu, Lakshmana Das, Krishna Mantra Das, Ujjal Das, Adhoksaja Das (Santos), Tulsi Das, Ludney Garcia, Bhakta Paulo ‘Professor’, Leandro Silva, Mani Kundalika Dasi, Kalavati Dasi, Radha Priya Dasi (Santos).


Sri Keshavji Gaudiya Math (B.H)-  Sociedade Internacional de Suddha Bhakti Yoga
Rua Maranhão, 938 – apto. 1002 – Funcionários - Belo Horizonte - MG -                                         contato - Baladeva Das Brahmachari    (31) 3225-9035 



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