Todas as
glórias á Sri Sri Guru e Gouranga!!!
Iniciando a
jornada ao
Mundo Espiritual
Jiva Tattva e
Guru Tattva
Sri Srimad
Bhaktivedanta Narayan Goswami Maharaj
Prefácio
Banhando com a poeira dos pés de lótus de Sri
Guru Pad Padma Om Vishnu Pad Paramahamsa Parivrajakacharya-varya 108 Sri Srimad
Bhaktivedanta Narayan Goswami Maharaj, apresentamos este livro aos sinceros
aspirantes pelo bem último da vida, isto é, devoção pura por Deus (suddha bhakti).
Os assuntos tratados a seguir são de muita
importância para aqueles que desejam trilhar o caminho que leva ao mundo
espiritual. Primeiramente, Sri Gurudev explica quem somos nós, porque estamos
neste mundo, qual a nossa relação com Deus e qual é o processo para nos livrar-nos
deste plano material de existência. Este tópico é classificado com o nome de Jiva-tattva. Várias concepções errôneas sobre este
tópico estão sendo propagadas ao público leigo, porém com referências das
escrituras, Sri Gurudev desmantela todas estas falsas concepções e nos ilumina com
o significado profundo das palavras emanadas de Acharyas – Mestres Espirituais
fidedignos, assim como de textos Védicos. Aqui, o aspirante encontrará uma
espécie de almanaque completo sobre o começo do processo de sudha bhakti, o acordar do amor puro á
Deus, que por si só libera as entidades vivas de kali yuga de todo tipo de sofrimento e lamentaçao e as concede o
‘vinho entorpecedor’ na forma do cantar dos santos nomes de Radha e Krishna. A
feliciddade e êxtase encontrado na prática de suddha bhakti (devoção pura) são transcendentais e está livre de
toda contaminação mundana.
Na segunda parte Sri Gurudev explica
detalhadamente as qualidades de um Sad-Guru fidedigno, as quatro manifestações
de Sri Guru, como reconhecer um Maha Bhagavata Sad Gurudev, qual o dever de um
discípulo, quando se deve abandonar um guru desqualificado e a importância de se
ter um Siksha Guru. Também descreve as glórias da associação com o devoto puro
de Deus. Sobre a importância de um guardião fidedigno, apresentamos também um
artigo escrito por Sua Santidade Sri Srimad Bhakti Rakshak Sridhar-dev Goswami
Maharaj.
Na terceira e última parte, apresentamos um
artigo escrito pelo fundador do movimento para a Consciência de Krishna no
século dezoito – Srila Sachidananda Bhaktivinoda Thakur Mahasay, o grande
arquiteto da missão mundial dos ensinamentos de Sri Chaitanya Mahaprabhu. Ali
ele descreve os diferentes níveis de devotos, quais são seus respectivos
sintomas de acordo com a qualidade do cantar dos santos nomes, e como devemos
nos relacionar com cada um deles. Também descreve o perigo de se cometer Vaishnava Ninda (ofensa ao Vaishnava)
assim como os motivos apropriados para se refletir nas suas falhas. Ainda neste
tópico, finalizamos com as instruções de Srila Vrindavan Das Thakur extraídas
do seu famoso livro chamado Sri Chaitanya Bhagavata com a tradução de Sua
Santidade Sri Srimad Bhakti Vaibhav Puri Goswami Maharaj.
O autor e a fonte exata das leituras que
compõe o livro estão indicados logo após o título principal de cada parte. Para
a leitura dos textos, livros e artigos originais em inglês, favor ver os links
na última página do livro. Que Sri Guru
Pad Padma fique satisfeito com esta publicação e nos conceda a sinceridade necessária
para servir seus confortantes pés de lótus de maneira digna e amorosa.
Baladev Das Brahmachari
6 de Novembro – 2012- Auspicioso dia do Aparecimento
de Sri Radha Kunda.
Om Vishnu Pad Srila
Bhaktivedanta Narayan Goswami Maharaj
Jiva-Tattva
A verdade sobre o eu, (a alma).
(Extraído do livro de Srila
Gurudev chamado ‘Jiva tattva’- The Journey of the soul).
O tema a seguir, refere-se às verdades
filosóficas estabelecidas nas escrituras sagradas, sobre a natureza das
entidades vivas (jiva-tattva) e este
tema é bastante profundo. Ainda sim, é essencial saber este tópico,
especialmente para aqueles que ativamente compartilham tópicos espirituais com
outras pessoas. Conhecimento lúcido das verdades filosóficas é a fundação de
uma vida espiritual forte.
Siddhanta baliya
citte na kara alasa
Iha há-ite krsne lage sudrddha manasa
(Sri Chaitanya-caritamrta, Ai-lila 2.117)
“O estudante
sincero não deve negligenciar a discussão de tais conclusões, considerando-as
controversiais, pois tais discussões fortalecem a mente. Então, a mente do
estudante fica atraída á Sri Krishna.”
Em toda literatura devocional ou Vaishnava,
encontramos alguém que pergunta e alguém que responde estas questões. Este
requerimento lidera até a fundação da vida espiritual: questionamento humilde
visando saber a Verdade. O próprio Senhor Deus dá este exemplo, como foi visto
nas conversas entre o Deus Supremo Sri Chaitanya Mahaprabhu e seus associados Srila
Roy Ramananda e Srila Sanatana Goswami.
Neste humor, o grande Rei Parikshit Maharaj
faz perguntas ao santo, Sri Sukadev Goswami: “A constituição transcendental da
entidade viva é espiritual e consciente, enquanto que a ilusória energia
material de Deus (maya) é inerte e
mundana. Como é então que a entidade viva fica enredada em maya? Isto é incrível.”
Srila Sukadev Goswami responde:
Bhayam
dvitiyabhinivesatah syad
Isad apetasya viparyayo ´smrtih
Tan-mayayato buddha abhajet tam
Bhaktyaikayesam guru-devatatma
(Srimad
Bhagavatam 11.2.37)
“O medo vêm quando a entidade viva
identifica a si mesmo com o corpo material devido a sua absorção nas coisas
externas - energia ilusória de Deus. Quando ele se afasta do Deus Supremo, ele
também se esquece sua própria posição constitucional como um servo de Deus.
Esta confusa e temerosa situação é o efeito da energia ilusória, chamada maya. Então, a pessoa inteligente deve
engajar-se firmemente no unidirecionado serviço devocional a Deus sob a guia de
um mestre espiritual fidedigno, quem ele deve aceitar como sua deidade adorável
e como sua própria vida e alma.”
Este verso indica que Sri Krishna é a causa
de toda existência. Ele é a Verdade Absoluta, É um sem haver um segundo. Ele é
a Verdade Última. Ele é o primeiro, e não há um segundo. Ele é a personificação
da completa existência. Ele manifesta várias potências, ilimatadas entidades
vivas (jivas ou almas), e inumeráveis
mundos e universos; até mesmo seu pai Nanda Maharaj e sua mãe Yashoda, e todos
os seus associados são suas manifestações. Ele é então, a deidade adorável de
todos.
Pela constituição da entidade viva, ela é
uma serva eterna deste Supremo Deus adorável, Sri Krishna. Como foi dito no Sri
Chaitanya-charitamrta (Madhya-lila 20.108):
Jivera svarupa haya
– krsnera nitya dasa
Krsnera ‘tatastha sakti’ bhedabheda-prakasa
“A posição
natural e constitucional da entidade viva é que ela é uma eterna serva de
Krishna, porque ela é uma energia marginal de Krishna e uma manifestação
simultaneamente igual e diferente Dele.”
Como uma serva eterna de Sri Krishna, a alma
(jiva) é bem aventurada por natureza.
Porém em algum momento crucial ela olhou para a energia externa de Deus,
pensando que existe algo além de Deus.
Sendo uma parte e parcela de Krishna, a
intrísica natureza da jiva é de olhar para Sri Krishna, então, porque então ela
olhou para maya? A resposta é que Krishna deu uma certa independência a ela. Se
ela faz mal uso desta independência, ela cai na jurisdição de maya (energia
ilusória) e é punida. Confundida por maya, ela se torna materialmente absorta,
e neste predicamento, nenhuma outra pessoa materialmente absorvida pode
salva-la.
No penúltimo verso acima mencionado por Sri
Sukadev Goswami, confirma-se que a entidade viva estava situada na linha entre
o mundo transcedental e o inerte mundo material. Pela nossa escolha, olhamos
para a ‘dôce’ maya, que por sua vez
nos mostrou o caminho pelo qual poderíamos desfrutar por conta própria, aparte
de Krishna.
Enamorada por maya, a jiva pensa:
“Desfrutar é um direito meu”. Então, imediatamente maya à supre com o corpo sutil (composto pela mente material,
inteligência e falso ego) e o corpo grosseiro (composto por osso, sangue, pele,
urina e fezes etc...) e então ela começa a pensar: “Eu sou este corpo e tudo
que está relacionado com com este meu corpo é meu”.
Assim, quando a jiva vira as costas para Krishna devido ao seu livre arbítrio e
independência, ela fica encoberta pela concepção errônea deste conceito
material e corpóreo da vida e se torna enamorada pelas bonitas formas
manufaturadas por maya. Estando neste
campo de existência, ela não consegue encontrar a saída por si mesma. A única
escapatória é o refúgio daqueles que conhecem o caminho de saída. Após um longo
tempo presa neste mundo de nascimentos e mortes, as almas afortunadas podem ser
abordadas por um devoto puro, quem dirá: “O que estão fazendo irmãos e irmãs?
Vocês estão sem rumo. Vocês se desviaram do caminho da verdadeira felicidade.
Vocês se desviaram do caminho do amor á Deus. Venha comigo; guiarei voçês na
estrada da verdadeira felicidade”.
Apenas mantendo boas companias, a pessoa
poderá desenvolver consciência espiritual e considerar esta verdade: “Sou um
servo eterno de Krishna, e também posso servi-lo com amor e afeição, como
aqueles que estão no mundo transcendental. Este mundo é apenas uma sombra
daquela sublime consciência espiritual de amor e serviço”.
Srila Sukadeva Goswami explica ao rei
Parikshit, a importância de associar com os exaltados e santos devotos de Deus.
Um devoto santo pode mudar o coração de uma alma miserável em um só instante.
Sadhu sanga sadhu sanga sarva sastre kaya
Lava matra sadhu sanga sarva siddhi haya
O
veredito de todas as escrituras reveladas é que até mesmo um instante de
associação com o devoto puro, todo sucesso pode ser alcançado.
O Srimad Bhagavatam também declara que
qualquer um que sinceramente canta e lembra de Krishna sob a guia de um santo
fidedigno, é destinado a se tornar feliz. Se até mesmo um devoto neófito está
sinceramente cantando e chorando por Krishna, lamentando a sua caída condição,
ele está destinado a ser feliz ataravés da associação santa. A pessoa pode
estar afligida por inúmeros pensamentos e hábitos indesejáveis, mas se ela
canta sinceramente, com certeza se tornará feliz.
Aquele devoto feliz mostrará aos outros, o
caminho espiritual e dirá: “Eu conheço um real santo, uma alma auto-realizada,
um verdadeiro Guru, e pela ajuda Dele, me tornei tão jubilante. Venha comigo,
vou levá-lo até Ele”. Esta pessoa é chamada de vartma-pradarsaka-guru, o Guru que mostra o caminho.
Sri Krishna é muito misericordioso; Ele é o
Guru situado no coração (chaitya-guru).
Juntamente com o vartma-pradarsaka-guru,
Ele guia a pessoa até o fidedigno e auto-realizado Guru. Aceitando este guru
fidedigno, a pessoa começa sua prática de atividades devocionais no serviço a
Sri Krishna e gradualmente todos seus maus hábitos e mentalidades desaparecem.
Somos
infinitesimais, Ele é infinito
Ekah suddhah svayam-jyotir
Nirguno sal gunasrayah
Sarva go navrtah saksi
Niratmatmatmanah parah
(Srimad-Bhagavatam 4.20.7)
Existe
uma alma Suprema. Ele é puro, não-material e auto-manifesto. Ele é o
reservatório de todas as boas qualidades e é auto-penetrante. Ele não possui
coberturas materiais e é o testemunho de todas atividades. Ele é completamente
distinto das outras entidades vivas e é transcendental à todas as almas
condicionadas.
Este verso descreve as qualidades da Suprema
Personalidade de Deus e então aponta várias diferenças entre ele e a alma
individual. Alguns dizem que todas as entidades vivas são Deus, e os que
acreditam nisto interpretam de maneira errônea o aforismo védico ‘tat tvam asi’ como ‘voçê é o Deus
impessoal’. O significado correto seria: ‘a entidade viva é uma partícula
espiritual do espírito supremo’. Também no aforismo ‘aham brahmasmi’ que significa ‘Eu não sou este corpo, sou uma alma
espiritual’, eles interpretam como ‘Sou aquele espírito supremo, sou brahma’.
O líder desta doutrina, Sankaracharya, é uma
encarnação de Sankara, Shiva. Ele era muito inteligente. Apesar de ser o líder
do caminho impessoal, seu verdadeiro intuíto era satisfazer Sri Krishna.
Krishna instruiu Shankara: “Vá ao mundo material e me esconda de todos aqueles
que se opõe à minha devoção pura, aqueles que me servem e me adoram com o
desejo de tornar-se poderoso como os demônios Ravana e Hiranyakashipu. Estes
falsos devotos irão criar perturbações, então mantenha-nos longe de mim. Vá e
iluda eles impartindo errôneas interpretações dos Vedas. Diga a eles:’Porque
estão adorando Krishna? Vocês são Deus em todos os aspectos. Somos todos um com
o Deus impessoal’”.
Assim, o impersonalismo não é a idéia do
significado dos Vedas. Na verdade, nós não somos Deus, nem tampouco Deus é
impessoal. Ele é uma pessoa, e nós somos Suas partes e parcelas, Seus eternos
servos. A Suprema Personalidade de Deus é apenas Um sem um segundo, enquanto
que as entidades vivas são inúmeras.
Considere esta distinção primária: a alma
individual não se faz presente em um objeto como um microfone, mas o Paramatma,
a forma de Sri Krishna como a Superalma, está presente ali. Nada neste mundo
existe sem a presença do Paramatma.
Há duas almas dentro de cada corpo – a
infinitesimal entidade viva (jiva -
alma) e a manifestação de Deus – Paramatma. A jiva enredada nas atividades fruitivas (karma), tenta saborear os
frutos do seu esforço. O Deus Supremo não é uma alma condicionada e também não
está enamorado pela energia material. Ele é simplesmente aquele que testemunha
as ações da jiva, situando-se no coração da mesma.
O Senhor supremo é eternamente puro, e maya,
ou ilusão, está bem longe Dele e de Sua morada. Maya não pode atrair Deus, mas a jiva, sendo diminuta, pode atrair-se por maya a qualquer momento. Sri Krishna é sempre puro e
auto-iluminado, enquanto que a jiva está
sujeita á ser influenciada pela escuridão da ilusão e assim pode vir a ser
coberta pela identidade errônea da identificação corpórea.
Krishna aparece pessoalmente na sua mais
linda forma como Vrajendra-nandana, o filho de Nanda Maharaj, para aqueles que
performam bhajan, meditação
devocional e serviço á ele. Para aqueles que servem Deus na sua opulenta forma
de quatro braços como Vaikuntha Narayana, Ele aparece como O Senhor Narayana.
Aqui neste mundo ele reside como a testemunha situada no coração de toda
entidade viva (incluindo animais, vegetais, insetos, etc...) como também em
todo e qualquer átomo, como Paramatma. Deus manifesta uma ilimitada
multi-diversidade de formas e energias, enquanto que a jiva é bem limitada, localizada e diminuta.
Sri Krishna é a eterna Verdade Absoluta. Katha Upanisad (2.2.13) diz: “nityo nityanam cetanas cetananam - das
entidades vivas, Ele é a Suprema Entidade Viva e dentre tudo que é eterno, Ele
é o Eterno Supremo”. Ainda que a jiva seja conhecida como sendo parte e parcela
separada de Krishna, na verdade ela não separada. A jiva não pussui existência separada de Krishna e sempre será
subordinada a Ele, tanto neste mundo, quanto no mundo espiritual.
Krishna está livre de qualidades materiais e
ao mesmo tempo possui todas as qualidades transcendentais. As jivas podem ter
as mesmas qualidades de Sri Krishna, quando pela graça de Deus e de Sri Guru,
ela realiza sua natureza eterna de subordinação a ele.
Uma vez, o grande santo Vidura foi até
Badrikasram nos Himalayas encontrar-se com Maitreya Rsi, um erudito sábio e
recipiente da misericórdia de Sri Krishna. Vidura aproximou de Maitreya Rsi e
perguntou: “É incrível! A jiva mesmo
sendo uma entidade consciente que está sempre conectada com o Deus Supremo em
sua forma como Super-alma, ainda sim continua iludida por maya. Como isto é possível?”
Maitreya Rsi respondeu: “Vou lhe dizer
brevemente a única razão disto. Sri Krishna é possuidor de um poder
inconcebível conhecido como aghatana-ghatana-patiyasi-sakti,
o poder que faz o impossível se tornar possível. É este poder que retira a
misericórdia de Krishna para com a jiva que escolhe Lhe dar as costas. Assim
este poder faz com que a jiva se
torne uma alma condicionada.”
Considere que maya é também uma das potências de Krishna e por isto não pode
fazer qualquer coisa que vai de encontro ao Seu desejo. Certamente então,
Krishna é a causa da ação de maya.
Por que então, Krishna criou tal situação que causa tanto sofrimento ás jivas? A resposta é que criar o mundo
material é um dos seus ilimitados passatempos. Não há absência de variedade nos
Seus ilimitados passatempos e este é um deles. Deus é completamente
independente para fazer o que deseja. Não podemos desafiá-lo e como descrito
nas escrituras Védicas, não podemos compreendê-lo através de argumento ou
lógica.
Acintyah khalu ye bhava
Na tams tarkena yojayet
(Mahabharata, Bhisma-parvata 5.22)
“Não devemos tentar compreender assuntos que
estão além da nossa concepção material através de argumento e lógica.”
Não é possível entender assuntos
transcendentais através da limitada mente material, então consultamos as
escrituras que descrevem sobre aquele plano, os Vedas. Consultamos o Srimad
Bhagavatam, que é a essência de todos os Vedas e principalmente os grandes
santos conhecidos como os Seis Goswamis, que nos deram a essência do Bhagavata
nos seus próprios livros.
Como foi mencionado acima, é apenas pela
influência da inconcebível energia de Krishna que faz com que o impossível se
torne possível, que a jiva se torna iludida por maya, sob a concepção errônea
de ‘Eu’ e ‘Meu’, a qual é baseada na ilusão da identificação com o corpo
material. No seu estado natural, na sua forma constitucional, a jiva é pura. Mesmo sendo diminuta, ela é
uma porção atômica de cit-sakti, a
potência transcendental pessoal de Sri Krishna. A jiva está agora condicionada pelo corpo material, mas na sua
natural constituição espiritual, não há nada material, não há ilusão.
Condicionamento material é chamado de
‘prisão’, mas esta prisão não é real. Não é realidade porque não toca a alma
transcendental. Quando um homem dorme a noite, ele pode sonhar que sua cabeça
está sendo cortada, mas quando ele acorda, vê que nada daquilo aconteceu.
Similarmente, pela misericórdia de Sri Guru e Sri Krishna, quando acordamos
para a Consciência de Krishna, pensamos: “O que estava vendo todo este tempo?
Era justo como um sonho.” Se algum sofrimento vem até vocês, não há necessidade
de ficarem agitados ou nervosos. Apenas lembre-se que este aparente sofrimento
é devido ao estado ilusório, como vivendo em um sonho.
Maitreya Rsi continuou explicando á Vidura
que onde não há sol, há escuridão; mas na verdade escuridão não existe, pois
ela é simplesmente a ausência de luz. Similarmente, onde não há o serviço á
Krishna, que é como o sol, não há maya,
escuridão.
Mesmo que não seja possível compreender isto
através de sentidos materiais ou através da mente, a jiva é realmente uma
eterna serva de Krishna mesmo que em seu estado condicionado, pareça que não.
Aqui, uma analogia: Se alguém coloca uma roupa sobre um relógio, não poderá ver
nenhum movimento dos ponteiros, mesmo assim o ponteiro está se movimentando.
Similarmente, vemos apenas nossas atividades corpóreas e mentais. Não podemos
compreender que dentro do corpo, existe uma alma eterna, e que sem esta alma o
corpo não seria capaz de funcionar. Somos seres conscientes, infinitesimais
partes e parcelas de Deus, de algum jeito servindo Deus até mesmo no estado
condicionado, mesmo que agora não realizemos isto.
Por exemplo, o demônio Kamsa estava servindo
Krishna de maneira indireta. As atrocidades de Kamsa foram uma das causas do
aparecimento de Krishna neste mundo. Se Kamsa não existisse, não haveria os
doces passatempos de Krishna em Vrindavan. Similarmente ,
as atrocidades de Ravana foi a causa do aparecimento do Senhor Rama; se não
houvesse Ravana, o inimigo de Rama, os doces passatempos de Rama não
ocorrerião.
Similarmente, a jiva condicionada está servindo Deus, porém faz isto indiretamente.
No momento, ela serve a potência ilusória de Deus, maya. Agora ela está em um sonho, sonhando que possui vários corpos
materiais.
Nosso
despertar
Escondido no coração do corpo material, toda
jiva possui uma forma maravilhosa. È com esta forma transcendental (siddha deha) que a jiva pode servir Krishna diretamente. Mesmo que esta forma
espiritual esteja agora coberta, pela misericórdia de Sri Guru e Sri Krishna,
todos os hábitos e mentalidades indesejáveis gradualmente desaparecem e então
esta forma eterna é gradualmente revelada. Quando um praticante atinge o
estágio de bhava (emoções
espirituais), caracterizada pela devoção que é transcendental aos modos
materiais, seu ou sua divina forma espiritual manifesta no coração e então a jiva pode realizar sua siddha deha.
Então, recebendo a misericórdia de Sri
Krishna, o praticante torna-se completamente livre do seu corpo material
grosseiro, mente, inteligência, falso ego e consciência contaminada.
Sobre o próprio Sri Krishna, Ele nunca tem
um corpo material. Ele nunca deixa um corpo material aqui quando parte deste
mundo, desaparecendo da visão de todos. A forma de Krishna não é apenas
transcendental a todo tipo de corpo material, mas também é a verdadeira causa
de todos os mundos, tanto materiais, quanto espirituais.
Para compreender estes profundos tópicos
espirituais e realizar nosso ser interno e original, aspiramos obter a
misericórdia de um mestre espiritual genuíno da mais alta classe e pela graça
Dele, aspiramos performar bhajan.
Evam-vratah sva-priya-nama-kirtya
Jatanurago druta-citta uccaih
Hasaty atho roditi rauti gayaty
Unmada-van nrtyati loka-bahyah
(Srimad Bhagavatam 11.2.4)
“Por
cantar os santos nomes de Deus, a pessoa atinge o estágio de amor a Deus.
Então, o devoto se fixa no voto de que é um servo eterno de Deus e gradualmente
se torna muito atraído a uma particular forma e nome de Deus. Como seu coração
derrete em êxtase amoroso, ele dá risadas em um tom bem alto ou então chora. Às
vezes ele canta e dança como um homem louco, pois está indiferente à opinião
pública.”
Tal devoto puro não é tímido ao expressar
sua devoção. Ele canta bem alto, sem se importar com o ambiente, ou se está ou
não vestido. Lembrando constantemente os passatempos de Krishna, as vezes Ele
chora, “Ó Krishna, onde está você?” e as vezes rola no chão, dando risadas como
um louco. Pessoas comuns consideram-no como um louco, mas Ele simplesmente
experimenta os sintomas do amor a Deus. Esta realização espiritual é nossa real
posição e este é o objetivo da nossa vida. Esforçêmos em engajar nossa mente em
escutar, adorar e especialmente cantar os santos nomes de Deus.
Duas classes
de jivas
Há duas categorias de jivas, como descrito
no Sri Chaitanya Charitamrta (Madhya-lila 22.10-13)
Sei vibhinnamsa jiva – dui ta prakara
Eka – nitya-mukta eka nitya samsara
“As
entidades vivas (jivas), estão
divididas em duas categorias. Algumas são nitya-muktas
– eternamente liberadas, nunca foram condicionadas. As outras são as nitya baddhas ou nitya samsara- condicionadas desde tempo imemorial.”
As nitya
muktas jivas são eternamente liberadas e são manifestadas no mundo
espiritual. Já as nitya baddhas são
manifestadas na potência marginal (tatastha
sakti) e por que olharam para o mundo material, estão condicionadas desde
tempo inimaginável, por isso são chamadas de nitya samsara. Nitya aqui
não significa ‘eternamente’ e sim ‘um tempo incalculável’.
As jivas
manifestadas em tatastha sakti
que olharam para o mundo espiritual também são consideradas nitya mukta jivas.
Nitya mukta nitya krsna carane unmukha
Krsna parisada nama bhunje seva sukha
(Chaitanya Charitamrta, Madhya-lila 22.11)
“Aqueles
que são eternamente liberados estão sempre despertos para a consciência de
Krishna, e sempre rendem serviço devocional amoroso aos pés de lótus de
Krishna. Eles são considerados associados eternos de Krishna e desfrutam
eternamente do êxtase transcendental do Seu serviço.”
É muito importante compreender este ponto.
As almas liberadas são associadas eternas de Sri Krishna em Sua morada, sempre
engajadas em servi-lo e testar a doçura do Seu serviço. Na morada de Deus, a
potência que ilude as almas condicionadas (maya),
não está presente. Em seu comentário do Srimad Bhagavatam (3.16.26), Srila
Bhaktivedanta Swami Maharaj diz: “A conclusão é que ninguém cai do mundo
espiritual, Goloka ou planetas Vaikuntha, pois Estas são suas eternas moradas”.
Pergunta:
Alguém pode dizer, “Sim, aceitamos o que Krishna disse no Bhagavad Gita – que
uma vez saindo deste mundo e indo a Vaikuntha, jamais retornamos”. Mas nós
caímos de lá antes de primeiramente vir a este mundo.
Srila
Narayan Goswami Maharaj: Se isto fosse verdade, o princípio propagado no
Bhagavad Gita e outras escrituras seria um equívoco. Nossas escrituras lidam
apenas com a realidade. Aquelas almas que já estão servindo naquele plano
transcendental, não podem vir a ser iludidas por maya de forma alguma. Não há a
possibilidade de se tornarem aversas a Krishna. Elas nunca caem, pois não há maya na morada de Deus.
Nesta conexão, devemos tentar seguir os
ensinamentos de Srola Jiva Goswami, nosso tattva-acharya,
como também os ensinamentos da nossa sucessão discipular como Srila Baladeva
Vidyabhusana, Srila Viswanath Chakravati Thakur e especialmente Srila
Bhaktivinoda Thakur. Quiando existe qualquer confusão ao ler um livro de um
particular guru fidedigno, podemos reconciliar e harmonizar nosso entendimento
por aceitar ajuda dos livros de outros gurus fidedignos na nossa sucessão
discipular.
Srila Jiva Goswami é um exaltado guru
fidedigno. Ele explicou este tópico nos seus sandarbhas e não deixou nenhuma sombra de dúvida quanto á isso.
Temos que ler seus livros para reconciliar e poder harmonizar as aparentes
‘contradições’ nos ensinamentos de todos nossos Acharyas.
Srila Bhaktivedanta Swami Maharaj aceitou
esta linha do guru parampara mais do
que nós. Ele é uma alma realizada. Ele nunca disse nada diferente dos acharyas prévios. Srila Bhaktivinoda
Thakur aceitou todos os prévios acharyas
na linha de Sri Rupa Goswami. Srila Bhaktissidhanta Saraswati Goswami Thakur
aceitou Srila Bhaktivinoda Thakur e Srila Bhaktivedanta Swami Maharaj aceitou
seu Gurudeva, Srila Bhaktissidhanta Saraswati Thakur. Com este entendimento,
podemos reconciliar tudo.
Sobre este mesmo tópico, (que também pode
parecer uma ‘contradição’), é dito no Chaitanya Charitamrta (Madhya lila
20.117):
Krsna bhuli sei jiva anadi-bahirmukha
Ataeva maya tare deya samsara dunkha
“Esquecendo-se
de Krishna, a entidade viva tem sido atraída pela externa forma desde tempo
imemorial. Então, a energia ilusória maya
á concede todo tipo de miséria nesta existência material”.
No verso acima, as palavras ‘krsna bhuli’ aparentemente significa
‘Esquecendo-se de Krishna’. Mas, qual é o seu significado profundo? Isto
realmente significa que uma vez ela estava engajada no serviço a Sri Krishna na
sua eterna e espiritual morada, e agora ela se esqueceu deste serviço?
A indicação das palavras ‘krsna bhuli’ aqui é bem diferente. Todas
as linguas mundanas apresentam defeitos e assim elas não podem expressar
puramente tópicos transcendentais, como a natureza da nossa forma
constitucional (swarupa). Para clarear o significado, Srila Krsna Das Kaviraja
Goswami escreveu; ‘krsnera tatastha
sakti-bhedabheda-prakasa, que
significa que a jiva é manifestação
da energia marginal de Krishna.
Almas liberadas sempre permanecem
liberadas. É completamente absurdo
pensar que as almas liberadas em Goloka Vrindavan ou Vaikuntha podem ser coberta
por maya. Sobre isto, O Srimad Bhagavatam descreve várias histórias dos
associados de Deus, como a história de Jaya e Vijaya, Chitraketu Maharaj,
Bharata Maharaj e outros. Uma leitura casual destes passatempos pode dar a
impressão que eles caíram do mundo espiritual e pode-se ter esta impressão com
prova de que a entidade viva cai de lá. Porém, nenhum destes associados de Deus
caiu de suas posições, mas propositalmente vieram á este mundo para estabelecer
certos princípios e ensinamentos para as almas condicionadas. (Como no caso de
Shakaracharya; pode alguém falar que Shiva Shankar é um impersonalista por que
pregou mayavada?)
Há um grande erro ao deliberar sobre a
‘queda’ de Jaya e Vijaya e outros. Jaya e Vijaya eram porteiros guardiões em Vaikuntha. Eles
desejaram satisfazer o desejo de Sri Narayana de testar o humor de combate.
Deus Narayana então atraiu os quatro Kumaras para visitá-lo em Vaikuntha e
especificamente amaldiçoar Jaya e Vijaya á descender neste mundo e então
Narayana poderia ter a oportunidade de lutar contra oponentes fortes como ele.
Os associados de Deus são também bastante poderosos. Apenas eles poderiam ser
bons oponentes para Narayana, ninguém mais.
Ira, luxúria ou qualquer má qualidade nunca
se faz presente em Vaikuntha.
No caso da ‘maldição’ de Jaya e Vijaya, por exemplo, Sri
Narayana inspirou pessoalmente sua potência transcendental yogamaya para deixar os quatro Kumaras irados, e assim amaldiçoar
Jaya e Vijaya. Após amaldiçoar Jaya e Vijaya, os Kumaras imediatamente
lamentaram, mas Sri Narayana disse á eles: “Não se preocupem. Eu mesmo queria
que isto acontecesse, Jaya e Vijaya manifestarão como demônios no mundo
material por três vidas, e assim performarei passatempos de combate com eles.
Durante este tempo, eles permanecerão simultâneamente em suas forma originais
no mundo espiritual.”
Assim, Jaya e Vijaya continuaram residindo
em Vaikuntha nas suas forma originais, e suas manifestações vieram á este mundo
fenomenal para atuar como demônios.
Sendo devotos puros, Jaya e Vijaya são
capazes de manifestar ilimitadas formas, assim como mãe Yashoda, a mãe de
Krishna, possui ilimitadas formas. Narada Rsi também pussui ilimitadas formas
em Vaikuntha, em Dwaraka e em infinitos universos. Brahma disse uma vez que uma
pessoa pode ser capaz de contar as estrelas no céu ou os grãos de areia da
terra, mas nunca será capaz de glorificar completamente os doces passatempos de
Krishna e Seus associados. Não podemos até mesmo imaginar estas coisas. Enquanto nenhuma alma cai de Goloka
Vrindavan ou Vaikuntha em nenhum momento, elas podem vir á este mundo para
performar passatempos com Krishna, como no caso dos amigos vaqueiros Sridama e
Subala. Ou também, Krishna pode enviar
uma alma liberada, um dos seus associados, á este mundo, dizendo á ele: “Vai lá
e ajude as almas condicionadas.” Uma alma liberada neste mundo tem mais
entendimento das ansiedades e sofrimentos das almas condicionadas do que
aquelas que estão em Goloka, pois realiza a realidade do mundo espiritual e simultaneamente
vê este mundo.
Ninguém é feliz neste mundo. Até mesmo
aqueles que estão nos primórdios da juventude estão insatisfeitos, e eles nunca
ficarão satisfeitos. Eles terão que ficar velhos e morrer, e quando morrerem
não poderão levar nada do que coletaram em suas vidas. Então, tente lembrar de
Krishna e seguir isto: “Só existe um deus, uma religião, e esta única religião
é amor e afeição pelo Supremo senhor do universo, Sri Krishna.”
Liberação em
um instante
Pergunta: Por que a entidade viva possui diminuta independência?
Srila
Narayan Goswami Maharaj: É por que ela é uma entidade consciente. Ela não é
inconsciente. Independência é um sintoma de uma entidade consciente, quem
sempre possui independência, esteja ela condicionada neste mundo ou liberada no
mundo espiritual. Krishna quer que todos vão até Ele e o sirva no mundo
espiritual. Ele nunca deseja que as pessoas vivam separadamente dele e então
sejam infelizes. Se Ele vê que alguém tem um pequeno, porém sincero desejo de
servi-lo, ele arranja tudo de tal maneira que esta pessoa vá ao mundo
espiritual e associe com ele. No livro de Sanatana Goswami- Brhad
Bhagavatamrta, descreve-se como Deus elabora os arranjos para a entidade viva
ir até o mundo espiritual.
Pergunta: Se nós almas espirituais não caímos de Goloka Vrindavan,
porque as escrituras dizem que nós
‘revivemos’ nossa relação com Krishna, ou que ‘esquecemos’ desta relação? Se
nós nunca experienciamos isto, por que termos como ‘De volta ao Supremo’ ou
‘esquecemos’ foram usadas?
Srila
Narayan Goswami Maharaj: Podemos entender isto pelo verso seguinte:
Krsna bhuli sei jiva anadi-bahirmukha
Ataeva maya tare deya samsara duhkha
(Sri
Chaitanya-charitamrta- Madhya-lila 20.117)
“Esquecendo-se
de Krishna, a entidade viva tem sido atraída pela energia externa desde tempos
imemoriais (anadi). Então, a energia
ilusória – maya- concede a ela, todos os tipos de miséria no mundo material.”
A resposta para sua pergunta foi indicada
pela palavra ‘anadi’. Anadi significa ‘sem começo’. Isto
significa que a entidade viva nunca esteve com Krishna.
Pergunta: Por que então a palavra ‘esqueceu’ é usada frequentemente?
Srila Narayan Goswami Maharaj: Esta palavra e outras semelhantes são
usadas para neófitos que não possuem um entendimento substancial da consciência
espiritual. Alguém pode dizer, “O sol está se pondo atrás daquela árvore.” Isto
é dito apenas para dar uma indicação sobre a direção na qual o sol pode ser
percebido. Se o sol estivesse realmente se pondo na árvore, a árvore se
reduziria a cinzas em menos de um segundo. Similarmente, estas e outras
palavras (Como Srila Swami Prabhupada usava ‘De Volta ao Supremo’) nos dá uma
mera indicação da realidade espiritual. É como ‘comida para crianças’. No
estágio inicial, tais indicações são necessárias para a alma condicionada ter
uma ‘idéia’ da realidade. Se um real praticante avançado em bhakti (sadhaka) nunca cai nas armadilhas de maya, então o que falar de um siddha,
uma alma liberada perfeita, que está sempre imersa em saborear o néctar do
serviço pessoal á Sri Krishna?
Se
a jiva está em Goloka
Vrindavan , como é possível ela se esquecer de Krishna? O
seguinte verso do Bhagavad Gita descreve as qualidades de um devoto situado em prema-bhakti, que, em sua siddha-rupa, é um associado de Krishna
em sua morada espiritual.
Visaya vinivartante niraharasya dehinah
Rasa-varjam raso py asya param drstva
nivartate
(Bhagavad Gita – 2.59)
“A
alma condicionada pode artificialmente restringir a gratificação sensorial por
desviar os sentidos dos seus objetos, ainda sim seu gosto pelos objetos
sensoriais permanece. Porém, aquele que experiência um gosto superior está
sempre consciente. Um devoto de Deus, restringe os sentidos automaticamente
devido á este gosto superior.”
Se alguém vê um bonito objeto, mas logo
depois comtempla algo que considera mais bonito ainda, ele será atraído pelo
último. Se a pessoa tem o desejo de desfrutar de certas coisas, mas depois
adquire um maior gosto por um objeto superior, seu gosto pelo objeto inferior
desaparecerá automaticamente.
É devido á este gosto superior que os puros
gaudiya Vaishnavas, que seguem os passos de Sri Chaitanya Mahaprabhu, não
necessitam se esforçar-se nem um pouco para controlar a mente. Eles controlam a
mente muito facilmente, pois estão sempre engajados em escutar hari-katha, cantar e lembrar de Sri
Krishna.
A doçura que surge da relação com Krishna é
muito mais saborosa do que o gosto que surge de relações mundanas. A mente
também é material e assim está sempre engajada em saborear relações mundanas.
Porém, se alguém experimenta algo superior, como o serviço amoroso a Sri
Krishna, não há questão de pensar neste mundo. O mundo material é de algum
jeito bonito, mas Sri Krishna, as Gopis e Goloka Vrindavan são muito mais bonitos.
Neste mundo há tantas coisas que pensamos
ser boas, mas na verdade tudo isso é como veneno. No começo pode testar doce,
mas depois se torna amargo. Por exemplo, quando um homen e uma mulher começam
uma relação íntima, a relação parece dôçe no começo, mas invariavelmente se
torna salgada. Este fenômeno acontece em qualquer coisa que tentamos desfrutar
neste mundo. Se alguém sempre engaja sua mente em Sri Krishna , sua mente
vai automaticamente ser controlada e ela nunca será iludida por maya.
Segunda Parte – Guru Tattva
As glórias de Sadhu Sanga
(Extraído dos capítulos do
livro de Srila Gurudev chamado ‘Pinnacle
of Devotion’ que tratam de Guru-tattva)
Venha comigo á Vrindavana. Aqui, na
solitária atmosfera do templo de Radha Damodara em Seva-kunja, Krishna das
Kaviraja Goswami costumava escrever seus livros. Seva kunja é um lugar para a
perfeição (siddha sthali), porque
Krishna costumava vir aqui servir Srimat Radhika. Aqui ele desfrutou de seus
passatempos transcendentais, e aqui também encontramos as poeiras dos pés de
lótus das gopis. Krishna também serviu Srimat Radhika em Vamsivata e Nidhuvana.
Nestes lugares, Sri Krishna, Radhika e as gopis são controlados pelo amor
personificado. Não aspiramos obter Krishna, e sim amor por Ele. Kamsa, Jarasandha,
Sisupala e outros demônios também queriam Krishna, mas não tinham amor ou afeto
por Ele.
Krsna, guru, bhakta,
sakti, avatara, prakasa
Krsna ei chaya-rupe karena vilasa
“O
Senhor Krishna desfruta em sua própria forma, na forma dos mestres espirituais,
dos devotos, das diversas energias, das encarnações e porções plenárias. Todos
eles são seis em um.”
(Chaitanya
Caritamrta Adi 1.32)
Srila Krishna das Kaviraja Goswami explica
aquí que Sri Krishna se manifesta neste mundo de seis formas: como o próprio
Krishna, como dois tipos de mestre espiritual, como seus devotos, como suas
energias, como suas encarnações e como suas porções plenárias. Para entender as
manifestações de Krishna, é preciso esclarecer alguns conceitos.
Em um dos primeiros versos do Sri Caitanya
Caritamrta, Srila Krishna das Kaviraja diz:
“Antes
de tudo, ofereço minhas respeitosas reverências aos pés de lótus do meu mestre
espiritual iniciador e também aos pés de lótus de todos os meus mestres
espirituais instrutores.”
Mantra guru indica o mestre espiritual
iniciador, o que concede o gayatri mantra.
O mestre espiritual instrutor (siksa guru)
nos ensina como devemos servir Sri Krishna, quem somos nós, o que é devoção
(Bhakti), qual é a realidade sobre a entidade viva e como a alma condicionada
pode alcançar a perfeição em bhakti.
No Bhakti-rasamrta-sindhu, Srila Rupa
Goswami declara:
Anyabhilasita-sunyam
jnana-karmadi-anavrtam
Anukulyena krsnanu-silanam bhaktir-uttama
“Serviço
devocional puro é executado com amor e afeição, adotando tudo que é favorável e
rejeitando tudo que é desfavorável á bhakti.
Tal serviço não deve ser mesclado com atividades fruitivas ou especulações
filosóficas.”
A pessoa que deseja devoção pura deve
lembrar e recitar este verso todos os dias e tentar compreender seu
significado. Esta prática é denominada sadhana-bhakti.
Quando praticada através dos sentidos culminando na manifestação de sentimentos
espirituais, é chamada de bhava-bhakti,
e quando aprofunda ainda mais se converte em prema-bhakti. Dependendo do nível de cada devoto,
pratica-se um destes níveis de bhakti.
Um mestre espiritual que não experimenta sadhana-bhakti,
bhava-bhakti e prema-bhakti não pode dar devoção, mesmo que externamente pareça um
guru. Isto é dito não apenas no Srimad Bhagavatam, mas também nos Upanisads e
no Caitanya Caritamrta. Devemos entender o seguinte princípio:
Tasmad gurum
prapadyeta
Jijnasuh sreya uttamam
Sabde pare ca nisnatam
Brahmany upasamasrayam
Toda
pessoa que deseja sinceramente a verdadeira felicidade, deve buscar por um
mestre espiritual fidedigno e refugiar-se nele através da iniciação. O mestre
espiritual deve ter compreensão das conclusões filosóficas das escrituras
através da reflexão e deve ter a capacidade de convencer outros destas
conclusões. Estas grandes personalidades, que se refugiaram no Senhor Supremo e
abandonaram toda consideração material, são mestres espirituais genuínos.
(Srimad Bhagavatam- 11.3.21)
Para alcançar a verdadeira devoção (bhakti) por Sri Krishna, ser
verdadeiramente feliz e compreender quem são e como podem avançar nesta vida,
devem dirigir-se á uma alma auto realizada escutar dele as conclusões
sástricas. Tal mestre certamente os ajudará.
Pode-se distinguir três sintomas em um
mestre espiritual fidedigno. O primeiro é sabde.
Sabde quer dizer que seu conhecimento dos Vedas, Upanisads, Srimad
Bhagavatam etc... é perfeito. Mesmo assim, este conhecimento das escrituras e a
habilidade de argumentar baseando-se neles são insuficientes para dizer que tal
pessoa é um guru fidedigno. Se esta pessoa não experimenta Krishna, não está
absorta em bhajana e sua bhakti não está muito desenvolvida,
então não é um guru.
O segundo sintoma é que ele está desapegado
dos desejos mundanos. Estes primeiros dois sintomas são externos. O sintoma
interno de um mestre espiritual genuíno é pare
ca nisnatam brahmany. Parambrahman
é Krishna. O guru deve ter uma compreensão interna disto, porque se não poderá
cair de sua posição. Deve estar absorto em bhajana,
porque o conhecimento dos argumentos das escrituras não é suficiente para se
previnir de uma eventual queda. Pode ser que alguém conheça todos os argumentos
para fundamentar os pontos de vista das escrituras, e algumas vezes pratica
serviço devocional, mas se não está desapegado de seus desejos e dos objetos
materiais, ele cairá. A queda do mestre espiritual é algo muito sério que
afetará o discípulo durante toda sua vida. Devemos por tanto, ser muito
cuidadosos associando com devotos que não podem cair. O que Swamiji escreveu
sobre isto? Escutem com atenção, pois é muito importante:
Devoto: “Antes de qualquer coisa ofereço minhas respeitosas
reverências aos pés de lótus do meu mestre espiritual iniciador e de todos meus
mestres espirituais instrutores.”
Significado – “Em suas teses no Sri
Bhakti-sandarbha (202), Srila Jiva Goswami declara que o objetivo dos
vaishnavas é o serviço devocional puro, e que se deve executa-lo na associação
com outros devotos. Por associar-se com os devotos do Senhor Krishna, a pessoa
desenvolve um tipo especial de consciência que lhe faz ficar atraída pelo
serviço amoroso ao Senhor. Tal é o processo de se aproximar do Senhor Supremo
pela apreciação gradual do serviço devocional. Se alguém deseja serviço
devocional puro, deve associar-se com devotos. (Cc. Adi 1.35)”
Srila
Narayana Maharaja: Sim. Reflitam profundamente sobre isto. Se vocês
realmente desejam serviço devocional puro, devem procurar a associação com
vaishnavas. De outro modo, terão asat-sanga,
associação com materialistas. Sigam a linha de pensamento de Srila Swami
Maharaja, tal como eu faço. Se alguém diz que não estou nessa mesma linha, ela
mesma é que não está. Eu jamais digo algo diferente de Sri Chaitanya Mahaprabhu
e Swamiji.
Se desejam serviço devocional puro por
Krishna, devem seguir de forma resoluta as diretrizes e instruções que foram
mencionadas. Se, ao invés disso, eles preferem ganhar dinheiro e pensam que a
associação com um vaishnava elevado é um obstáculo para suas aspirações, não se
sentirão inclinados á seguirem suas instruções. Se desejarem ser como Prahlada
Maharaja, devem meditar muito nas afirmações dos significados de Swamiji.
Agora, lê de novo a última frase e depois siga adiante.
Devoto: Se alguém deseja serviço devocional puro, deve associar-se
com devotos de Krishna. Apenas através desta associação, a alma condicionada
pode desenvolver gosto pelo amor transcendental e assim reviver sua relação
eterna com Deus, com uma manifestação específica e com uma doçura de rasa
transcendental particular que cada pessoa tem inerente em seu coração.
Srila Narayana Maharaja: Se vocês seguem esta instrução de
associar-se com devotos puros, Sri Krishna fornecerá tudo á vocês. Não tenham
medo. Krishna criou vocês. Ele é o controlador Supremo, de modo que vocês não
devem ter medo. Se alguém segue esta instrução, Krishna tomará conta de tudo e
todos os seus problemas serão resolvidos.
Se desejam
serviço devocional puro á Krishna, sejam fortes e determinados, e associem-se
com vaishnavas elevados. Esta recomendação é tão importante que é dita três
vezes:
Sadhu sanga sadhu
sanga sarva sastre kaya
Lava matra sadhu sanga sarva siddhi haya
O
veredito de todas as escrituras reveladas é que a associação com um devoto
puro, mesmo que só por um instante, pode-se alcançar o êxito completo na vida
espiritual.
(Cc.
Madhya 22.54)
O que este verso quer dizer? Que o serviço
devocional puro pode ser obtido apenas com associação de devotos puros (sadhu sanga), e que esta instrução é
nosso primeiro dever. Siga.
Devoto:
O segredo desta instrução é que se deve escutar submissamente da boca
daqueles que conhecem perfeitamente a ciência de Deus e prestar o serviço
indicado pelo mestre espiritual. O devoto que já se sente atraído pelo nome,
forma, qualidades, etc.. do Senhor Supremo, pode ser guiado até a prática do
serviço devocional segundo um sentimento específico; não é necessário que perca
tempo tentando chegar á Deus através da lógica.
Srila Narayana Maharaja: Sim. Não tentem alcançar Krishna através da
lógica. A lógica por si só é insuficiente. Só é aceitável quando se trata da
lógica relacionada ás escrituras como o Srimad Bhagavatam, o Sri Caitanya
Caritamrta, e que está relacionada com a devoção, de outro modo ela não é
aceitável.
Devoto: O mestre espiritual é expert
em ocupar o discípulo no serviço amoroso e transcendental ao Senhor, de acordo
com sua tendência específica.
Srila Narayana Maharaja: Um dos sintomas do mestre espiritual
genuíno (tanto o instrutor quanto o iniciador) é que cada um dos seus
discípulos sente um afeto tão profundo por seu Gurudev, que pensam que seu Sri-Guru
o ama mais que todo mundo. Na presença do Sad-Guru, todos os vaishnavas, mesmo
que não sejam seus discípulos diretos, sentem que este Guru o ama maisdo que
todos os outros. Vi esta qualidade em meu Guru Maharaja
e em Swamiji, e penso que muitos discípulos de Swamiji também experimentaram
isto.
Os discípulos de Srila Bhaktisiddhanta
Sarasvati Thakura Prabhupada nos contaram que todo mundo, dos meninos até os
adultos, todos pensavam: “Meu Guru Maharaja me ama muito.” Os discípulos
experimentam isto no guru genuíno porque ele não deseja obter nada material
deles. A única coisa que ele quer é residir em seus corações e injetar-lhes Krishna-prema. E se ele mesmo não experimenta
Krishna-prema, é impossível que
transmita á outros. O Guru nunca toma o coração do discípulo como sendo sua
propriedade, mas o suaviza e o torna doce para oferece-lo ao casal divino Sri
Sri Radha Krishna. Primeiro, o discípulo oferece seu coração aos pés de lótus
de seu amado Guru, até que um dia este guru o situará nos pés de lótus de Rupa
manjari. Ele o colocará nas mãos de Lalita e Visakha, e elas por sua vez o
levarão aos pés de lótus de Srimati Radhika. Então, Srimati Radhika qualificará
esta pessoa para servir Krishna e ela mesma.
Se um mestre espiritual não possui estas
características, o discípulo deve pedir-lhe humildemente que lhe permita
associar-se com uma alma elevada. Sem inveja, e admitindo que ele não pode
satisfazer seu discípulo, este mestre o aconselhará á se refugiar em vaishnavas
do calibre de Srila Jiva Goswami, Srila Rupa Goswami e Narottama das Thakura.
Ele não importará que seu discípulo se refugie em um vaishnava superior. Um
guru alto realizado (sad-guru) não
deseja ganâncias materiais. Syamananda Prabhu recebeu instruções de seu diksa
guru Hrdaya Caitanya para que fosse até seva-kunja (Vrindavana) e se refugiasse
nos pés de lótus de Srila Jiva Goswami. “Ele irá te preparar para servir Sri
Sri Radha Krishna”. Srila Jiva Goswami aparentemente não tinha discípulos, mas
na realidade ele instruiu todos os habitantes da terra. Este é o sintoma do
mestre espiritual autêntico.
Devoto: O devoto deve ter apenas um mestre espiritual iniciador, as
escrituras proíbem aceitar mais de um, mas não há limite quanto ao número de
mestres instrutores que se pode aceitar. No geral, um mestre espiritual que
está sempre instruindo um discípulo na ciência espiritual, com o tempo se torna
seu mestre iniciador.
Deve-se recordar sempre que quem se nega á
aceitar um mestre espiritual e á ser iniciado, se tornará totalmente frustrado
em seus esforços para relacionar-se com Deus. Se alguém que não é devidamente
iniciado se apresenta como um grande devoto, encontrará muitos e muitos
obstáculos no seu caminho rumo á compreensão espiritual e finalmente, deverá
continuar sua existência na vida material sem nenhum alívio. Se alguém possui o
desejo de receber a benção de Sri Krishna, deve aceitar um mestre espiritual
fidedigno.
Se um devoto não tem a oportunidade de
servir seu mestre espiritual diretamente, deve servi-lo lembrando seus
passatempos. Não há nenhuma diferença entre seus passatempos e sua pessoa. Por
tanto, na sua ausência, suas palavras e instruções devem ser o orgulho do
discípulo. Se alguém pensa que não precisa se consultar com ninguém, incluindo
um mestre espiritual, é um ofensor do Senhor e nunca voltará para Deus. Um
aspirante sério deve aceitar um mestre espiritual seguindo as normas das
escrituras. Srila Jiva Goswami aconselha á não se aceitar um mestre espiritual
baseando-se em critérios hereditários, costumistas, sociais ou eclesiáticos.
Para que haja um real avanço na compreensão espiritual, deve-se apenas
encontrar um mestre espiritual que está verdadeiramente capacitado para tal.
Srila Narayana Maharaja: Podemos ver que Swamiji é um seguidor de
Jiva Goswami. É muito difícil ter um Guru tão elevado. É excepcional. Se por
algum crédito piedoso aceitamos até mesmo um mestre espiritual neófito, através
de algumas impressões criadas no nosso coração, em nossa próxima vida estaremos
aptos á conhecer um guru genuíno. Como vamos descobrir se é um guru fidedigno?
Rendendo-se aos pés de lótus do caitya-guru
(Krishna, situado no coração) e orando á Ele. Ele reside no nosso coração e escutará
nossa prece. Se alguém ora dizendo: “Ó Krishna! Desejo de coração ser teu
servo. Por favor, conduza-me até os pés de lótus de um Guru genuíno.” Sem
dúvida, Krishna arranjará tudo. E aqueles que não oram desta maneira,
acreditando e confiando na própria capacidade para eleger e examinar um Guru,
com certeza vai ter problemas na sua vida espiritual. Krishna diz:
Sarva-dharman parityajya
Mam ekam saranam vraja
Aham tvam sarva-papebhyo
Moksayisyami ma sucah
Abandona
toda classe de religião e apenas rende-te á min. Eu te libertarei de todas as
reações pecaminosas. Não se preocupe.
(Bg.18.66)
Quando uma pessoa se rende sinceramente sem
buscar por ganâncias materiais, Krishna arranja tudo pra que ele encontre um
mestre espiritual. Se o aspirante comporta desta forma, receberá facilmente a
misericórdia deste excepcional guru. Tudo depende de Krishna. Neste mundo é
muito difícil encontrar um mestre espiritual genuíno, mas as escrituras dizem
que é ainda mais difícil encontrar um discípulo genuíno capaz de se entregar
completamente, tal como fizeram Arjuna ou Sudama Vipra com Krishna. Os Vedas,
Upanisads e Puranas citam numerosos exemplos do guru ideal e do discípulo
ideal. O exemplo mais elevado de rendição absoluta aos pés de lótus de Srila
Rupa Goswami e Srila Sanatana é Srila Jiva Goswami. Quem é o mestre espiritual
de Srila Sanatana Goswami e de Srila Rupa Goswami? Srila Rupa Goswami ora á Sri
Caitanya Mahaprabhu na invocação auspiciosa (mangalacharana) em cada um dos seus livros, mas quando foi que Sri
Caitanya Mahaprabhu iniciou Rupa e Sanatana Goswami? Temos dados ou lembranças
de que foi celebrado algum sacrifício de fogo para suas iniciações ou de que
eles ganharam algum mantra? Sri
Caitanya Mahaprabhu depositou tudo em seus corações, e eles também o aceitaram
como seu guru em seus corações. Isto é muito importante, seguir Sri Gurudeva
interna e externamente. Se entregarmos nosso coração de forma natural aos pés
de lótus de um Vaishnava, significa que ele é nosso guru, tanto se nos dá
mantras e faz um sacrifício de fogo, quanto se não faz nada disto. Estas coisas
são externas e não são tão importantes como a rendição do coração. Srila Jiva
Goswami deu vários exemplos disto em seus livros.
Há duas classes de discípulos,
consequentemente há dois tipos de iniciação (diksa). Uma está relacionada com a
formalidade externa de realizar a cerimônia de fogo e dar os mantras gayatri.
Mas não se deve pensar: “Me sacrifiquei muito. Raspei a cabeça e recebi meus
mantras, então já fui iniciado.” Isto é apenas um aspecto externo. A iniciação
formal é essencial, mas não é completa sem a iniciação interna na qual o
discípulo entrega por completo seu coração aos pés de lótus de seu Guru sabendo
que ele o capacitará á servir Sri Sri Radha e Krishna.
O mestre espiritual dá ao discípulo todo o
conhecimento transcendental (divya- jnana)
referente á Verdade Absoluta (Krishna- tattva), ao mestre espiritual (Guru- tattva) e ao amor puro por Krishna
(Prema-tattva), e também ensina o que
é a energia ilusória (maya), na qual
vemos o homem e a mulher como objetos de desfrute sensorial. Tal visão tem
causado infinitos problemas nos matrimônios, sobre tudo nos países ocidentais.
As pessoas se casam e divorciam várias vezes sem pensar em nenhum momento nos
filhos. Matrimônio significa que o homem e a mulher devem permanecer juntos
toda vida, os pequenos problemas não devem ser a causa do divórcio. O mestre
espiritual instrui seus seguidores sobre o que fazer para desenvolver sua
consciência de Krishna e lhes ensina a não ser apegados nem desapegados, sempre
vendo á si próprio, filhos e esposa, como sendo servos de Krishna. O guru nos
diz como devemos praticar bhakti e desenvolver nosso respeito, afeto e serviço
á Krishna. Isto é divya-jnana. Por
outro lado, Sri Guru destrói todas as nossas reações pecaminosas:
Divyam jnanam yato dadyat
Kuryat papasya sanksayam
Tasmat dikseti sa prokta
Desikais tattva-kovidaih
Kuryat papasya sanksayam. A
vida material não é mais que um acúmulo de problemas derivados do apego ás
coisas mundanas. Na vida material a pessoa considera-se a desfrutadora e está
cheia de luxúria, ira, cobiça, loucura, ilusão e inveja. Gurudeva destrói as quatro etapas do pecado.
1-
Prarabdha é o
karma que deu fruto. Reações aos atos prévios que são a causa do sofrimento
atual.
2-
Kuta bija são
pecados que não foram cometidos ainda, mas o coração tem a tendência de cometê-los.
3-
Aprarabdha são
as reações que frutificarão no nosso próximo corpo
4-
Avidya é
a ignorância que faz com que uma pessoa tenha inveja de Krishna e se considere
a desfrutadora. Esta é a raiz de todos os problemas.
Se nosso diksa-guru não está capacitado
para fazer isto por nós, devemos aceitar um siksa-guru mais avançado. Orem á
Krishna e á Sri Gurudeva para que lhes ajudem a resolver seus problemas. Um guru
genuíno lhes aconselhará a se refugiarem em vaishnavas avançados do calibre de
Srila Jiva e Rupa Goswami e Narottama das Thakur. Se o guru sentir inveja dos
discípulos que se associam com um siksa-guru, ou tem alguma oposição aos
vaishnavas, o discípulo deve abandona-lo.
Sri-rupa, sanatana,
bhatta-raghunatha
Sri jiva, gopala-bhatta, dasa-raghunatha
Ei chaya guru-siksa-guru ye amara
Tan sabará pada-padme koti namaskara
Os mestres
espirituais instrutores são Srila Rupa Goswami, Srila Sanatana Goswami, Srila
Bhatta Raghunatha Goswami, Srila Jiva Goswami, Srila Gopala Bhatta Goswami e
Srila Raghunatha Das Goswami. Estes são meus seis mestres espirituais
instrutores e assim sendo, ofereço milhões de respeitosas reverências aos seus
pés de lótus.
(C.c. Adi 1.36-37)
Srila
Krsnadas Kaviraja Goswami ora em primeiro lugar aos seus siksa-gurus. Nesta
parte do Sri Caitanya Caritamrta ele explica muitas coisas sobre guru-tattva.
Quem são seus siksa-gurus? Srila Rupa Goswami , Srila Sanatana Goswami, Srila
Jiva Goswami, Srila Gopala Bhatta Goswami, Srila Raghunatha Bhatta Goswami e
Srila Raghunatha Das Goswami. Aqui há algo que devemos considerar. Srila Krsna
das Kaviraja não menciona o nome de seu diksa-guru. Ele tomou siksa diretamente
de Rupa Goswami e de Raghunatha das Goswami e no final de cada capítulo ele
oferece especiais reverências á eles. Alguns dizem que seu diksa-guru é
Raghunatha Bhatta Goswami, mas eu não vi nenhuma prova de que isto esteja
certo. Em nenhuma escritura li nada sobre a idêntidade de seu diksa-guru. Minha
opinião é que ele tomou diksa quando ainda estava casado e foi viver em Vrindavana. Sem
diksa, ele não poderia receber o nome “Krishnadasa”. Pelo motivo que seja, ele
não revelou o nome de seu diksa-guru, se não que nomeou os seis Goswamis
associados de Mahaprabhu como seus siksa-gurus. Em vraja-lila, a forma de Srila Rupa Goswami é Rupa Manjari, Srila
Sanatana Goswami é Labanga Manjari, Srila Raghunatha Bhatta Goswami é Raga
Manjari, Srila Jiva Goswami é Vilasa Manjari, Srila Gopala Bhatta é Guna
Manjari e Srila Raghunatha Dasa é Rati Manjari. Todos eles possuem duas formas
eternas, uma como associado de Krishna e outra como associado de Sri Chaitanya
Mahaprabhu.
O discípulo que tem uma associação direta
com um siksa-guru genuíno, sem dúvida alguma se torna um discípulo genuíno.
Srila Krishnadasa Kaviraja se sente orgulhoso de ser discípulo dos seis
Goswamis. Tan sabara pada padme koti
namaskara. Ele oferece inumeráveis reverências aos seus pés de lótus e ora
á devotos como Srivasa Pandita, que nos passatempos de Krishna é Narada Muni.
Bhagavanera bhakta
yate srivasadi pradhana
Tan sabara pada-padme sahasra pranama
Entre os inumeráveis devotos do Senhor,
Srivasa Thakura é o principal. Ofereço milhões de respeitosas reverências á
seus pés de lótus.
(Cc.Adi
1.38)
Existem duas classes de devotos: as almas
auto realizadas e aqueles que praticam sadhana
(sadhakas). Na sua vida anterior,
Narada havia sido um sadhaka-bhakta,
e logo se tornou um bhakta auto
realizado (premi bhakta). Aqui, Srila
Krishna das Kaviraja Goswami refere-se á todos os bhaktas auto realizados:
Svarupa Damodara, Ray Ramananda, Sikhi Mahiti, Madhavi-devi, Sarvabhauma
Bhattacharya, etc. Há também os seis siksa-gurus proeminentes (os seis
Goswamis) e todos eles são bhaktas auto realizados. Há também, as manifestações
diretas do Senhor Supremo: Sri Advaita Acharya é a encarnação plenária de
Maha-Vishnu e Sri Nityananda Prabhu é svarupa
prakasa. Sri Gadadhara Pandita e Sri Jagadananda Pandita (os quais são
Srimati Radhika e Srimati Satyabhama respectivamente) são saktis. “Por que então, Gadadhara Pandita tinha uma atitude tão
respeitável e humilde para com Sri Chaitanya Mahaprabhu?” Além do mais, Ele era
Srimati Radhika, a principal dentre as gopis que expressam livremente sua ira
transcendental para com Krishna. A resposta é que Krishna, na forma de Sriman
Mahaprabhu, roubou os sentimentos e a cor de Srimati Radhika, e Gadadhara
Pandita simplesmente observava como mestre, para ter certeza de que Mahaprabhu
desempenhava o papel de Srimati Radhika corretamente. Se Krishna, na forma de
Sri Chaitanya Mahaprabhu, cometia algum erro, Sri Gadadhara Pandita lhe
corrigia. Por exemplo, quando Sri Chaitanya Mahaprabhu encontrou-se pela
primeira vez com Sri Nityananda Prabhu na casa de Nandanandanacharya, Sriman
Mahaprabhu recitou chorando o seguinte verso do décimo canto do Srimad
Bhagavatam:
Barhapidam
nata-vara-vapuh karnakayoh karnikaram
Bibhrad vasah kanaka-kapisam vaijayantim ca
malam
Randhran venor adhara-sudhayapurayan gopa-vrndair
Vrndaranyamsva-pada-ramanam pravisad
gita-kirtih
As
gopis começaram a ver Krishna dentro de suas mentes. Acompanhado de seus amigos
pastorzinhos, Krishna entrou no encantador bosque de Vrindavana. Sua cabeça
estava decorada com uma pena de pavão real, tinha flores karnikaras amarelas sobre suas orelhas, roupas amarelas cobriam seu
corpo, e ao redor de seu pescoço estava uma charmosa e fragrante guirlanda vaijayanti. Sri Krishna mostrava seu
aspecto supramente cativante como o melhor dos bailarinos. Com seus lábios
nectários, tocava docemente sua flauta. Os pastorzinhos lhe seguiam cantando
suas glórias, as quais purificam o mundo inteiro. Devido ás charmosas marcas
deixadas por seus pés de lótus, o bosque de Vrindavana manifestou um esplendor
ainda maior que Vaikuntha. (Bhag. 10.21.5)
Sri Chaitanya Mahaprabhu descreveu a
charmosa forma de Krishna, mas não pôde atuar da mesma forma que Srimati
Radhika, quando ela recitou este mesmo verso. Foi por isto que quem recitou
este verso por detrás da cortina, foi Gadadhara Pandit. Com os olhos cheios de
lágrimas, ele interpretou o papel de Srimati Radhika de tal forma que derreteu
o coração de todos. Sriman Mahaprabhu, que fazia então, o papel de Sri Radhika,
compreendeu então que não havia interpretado corretamente. Depois de falar das
outras manifestações de Krishna, Krishnadas Kaviraja Goswami explica que Sri
Chaitanya Mahaprabhu é este mesmo Svayam Bhagavan Sri Krishna.
Sri krsna caitanya
prabhu svayam bhagavan
Tanhara padaravinde ananta pranama
Savarane prabhure kariya namaskara
Ei chaya tenho yaiche kariye vicara
(Cc.Adi
1.42-43)
Sri Chaitanya Mahaprabhu é a Personalidade
de Deus; por tanto, prostro-me ilimitadas vezes aos seus pés de lótus. Após
oferecer reverências ao Senhor e á todos os seus associados, explicarei agora
estas seis diversidades em uma.
Foi assim que Kaviraja Goswami descreveu as
seis manifestações de Krishna:
Yadyapi amara guru –
caitanyera dasa
Tathapi janiye ami tanhara prakasa
Embora saiba que meu mestre espiritual é um
servo de Sri Chaitanya, também sei que ele é a manifestação direta do Senhor.
(Cc. Adi. 1.44)
Saksad
dharitvena samasta-sastrair. O
significado profundo de hari-tvena é
que o mestre espiritual possui as mesmas qualidade que Krishna, mas não é
Krishna-visaya, e sim Krishna dasa.
Sri Gurudeva é a personificação da misericórdia de Sri Krishna, mas é incorreto
dizer que ele é Krishna-visaya.
Até mesmo os karmis, os jnanis e os tapasvis, consideram que o guru não é
diferente de de Sri Krishna; mas não devemos ter a errada concepção de que o
Guru é Deus. Em sânscrito tal suposição é denominada de aropa. É errado supor que o irreal seja o real. Não é correto por
exemplo, dizer que uma árvore de manga recém plantada dá frutos doces, e sim
que os dará no seu devido tempo.
Porém, quando se trata do desenvolvimento de
nossa bhakti, é essencial praticar aropa.
Tecnicamente isto recebe o nome de aropa-
siddha- bhakti. A deidade não é diferente de Krishna, é o próprio Krishna.
No nosso atual estado condicionado, vemos a deidade como uma estátua de pedra,
mas supõe-se que ela é o próprio Krishna. Não podemos servi-la como se ela
fosse o próprio Krishna, mas a medida que nosso amor por ela aumenta, perceberemos
a deidade da maneira que Sri Chaitanya Mahaprabhu percebia: saksad vrajendra nandana vigraha (a
forma pessoal direta de Vrajendra-nandana). A deidade nos revelará sua
verdadeira natureza.
A função do mestre espiritual instrutor (siksha-guru)
Krsna, guru, bhakta,
sakti, avatara, prakasa
Krsna ei chaya-rupe karena vilasa
(Cc.Adi.1.32)
O
Senhor Krishna desfruta manifestando-se como os mestres espirituais, os
devotos, as diversas energias, as encarnações e as porções plenárias. Todos
estes são seis em um.
Aprofundam-se novamente comigo, no tema que
estávamos discutindo, sobre o Sri Chaitanya caritamrta de Krishna das Kaviraja.
Ele dizia que mesmo sendo um, Sri Krishna se manifesta em seis aspectos. Isto é
chamado de acintya bheda bheda tattva. Também
explicou que seus siksa-gurus são os seis Goswamis de Vrindavana. Revelou que
Sri Advaita Acarya é uma encarnação de Maha-Vishnu (uma encarnação parcial de
Krishna), e que Nityananda Prabhu é uma manifestação eterna tanto de Krishna
quanto de Sri Chaitanya Mahaprabhu. Por outro lado, Krishna e Chaitanya
Mahaprabhu se manifestam pela misericórdia de Nityananda Prabhu. Assim, sem a
misericórdia de Sri Nityananda Prabhu, não se pode compreender Chaitanya
Mahaprabhu nem Krishna. Ele é a personificação direta e absoluta de guru-tattva.
Srila Krishna das Kaviraja Goswami descreve
assim sua fortuna espiritual: “Tenho recebido a misericórdia dos seis Goswamis
e de outros vaishnavas elevados, também recebi a misericórdia e a visão de
Govinda, Gopinatha e Madana Mohana, e também vi e compreendi as glórias de
Vrindavana Dhama. E tudo isto foi através da misericórdia de Nityananda Prabhu.
Por tanto, sou seu servo e ele é meu guru”. Depois ele explica que a sakti de Krishna se manifesta como
Gadadhara. Krishnacandra é o próprio Krishna, e Chaitanya Mahaprabhu é este
mesmo Krishna, Vrajendra nandana Shyamasundara, com a beleza dourada de Srimati
Radhika. Por tanto, ele é Radha e Krishna combinados.
Guru krsna-rupa hana
sastrera pramane
Guru-rupe krsna krpa karena bhakta-gane
Segundo a conclusão de todas as escrituras
reveladas, o mestre espiritual não é diferente de Krishna. O Senhor, na forma
do mestre espiritual, libera seus devotos. (Cc.Adi 1.45)
O diksa-guru e o siksa-guru não são
diferentes e se estão no mesmo nível. Srila Rupa Goswami representa o
siksa-guru e Srila Sanatana Goswami representa o diksa-guru, porém não há
diferença entre eles. Ambos podem atuar como siksa ou diksa-gurus.
Meu Gurudeva, Nitya-lila-pravista Om
Visnupada Srila Bhaktiprajnana Keshava Goswami Maharaja, é meu diksa e também
meu siksa-guru. Pujyapada Bhakti Rakshak Sridhar Maharaja e Pujyapada
Bhaktivedanta Swami Maharaja também são meus siksa-gurus. Qualquer discípulo de
Srila Sridhar Maharaja ou de Srila Swami Maharaja que considera que Srila
Bhaktiprajna Keshava Goswami Maharaja não está na nossa linha, não é vaishnava.
Não devemos associar intimamente com qualquer pessoa que não oferece o devido
respeito á Srila Bhaktiprajnana Keshava Maharaja. Ele é o sanyassa-guru de
Srila Swami Maharaja, quem sente um profundo respeito por ele, como guru e como
amigo.
Siksa-guruke ta´jani
krsnera svarupa
Antaryami bhakta-srestha- ei dui rupa
Deve-se
saber que o mestre espiritual instrutor é a Personalidade de Krishna. O Senhor
Krishna se manifesta como a Superalma e como o devoto mais elevado. (Cc.Adi
1.47)
O diksa-guru é a forma de Krishna e o
siksa-guru é a natureza pessoal de Krishna. Qual é superior? Não há diferença entre eles. Nosso
diksa-guru é nosso mestre mais adorável porque sentimos veneração por Ele.
Oramos á ele e tomamos a poeira dos seus pés de lótus. Mas o siksa-guru é como
um irmão ou um amigo. As vezes podemos
abraça-lo e falar com ele com total franqueza. Podemos revelar nossos
pensamentos mais íntimos á ele, e dizer-lhe que desejamos associar com Krishna
da mesma maneira que as gopis. Isto é algo muito secreto e sagrado. Pode ser
que exitemos em falar estas coisas para nosso diksa-guru e por isso precisamos
de um siksa-guru. Ele é como um amigo íntimo. Não há um sentimento de temor
reverencial para com o siksa-guru e sim um sentimento fraternal. Assim também,
nas etapas mais avançadas de bhakti, a pessoa não vê Krishna como a Suprema
Personalidade de Deus e sim como seu amigo íntimo, seu filho ou seu amado. Ele
sente que Krishna é seu e ao mesmo que ele pertence á Krishna.
Srila Rupa Goswami explica que o discípulo
também deve servir seu diksa-guru com sentimento de intimidade, mas como está
constantemente prestando reverências, este sentimento não pode manifestar-se
sempre. Podemos confessar ao siksa-guru que sentimos atração por uma jovem e
podemos pedir-lhe conselho, mas falar tais assuntos para o diksa-guru será mais
difícil. Porque ele é como um pai digno de veneração, talvez a resposta seja muito
dura e ele pode até pegar um bastão para bater em nós. Mas o siksa-guru
abraçará o discípulo e dizer:
Querido filho, é melhor que não te ocupe
nestas coisas. Tente amar somente Krishna e oferecer seu coração ao serviço aos
pés de lótus de Srimati Radhika. Não corra atrás das meninas deste mundo. Não
são damas, senão que fogo ardente, um oceano de veneno. Não vá nesta direção.
Devido á natureza de afeição desta relação,
é necessário ter um siksa-guru. Podemos revelar tudo á ele. Nossos siksa-gurus,
Sri Krishna, Sri Chaitanya Mahaprabhu, Srila Krishna das Kaviraja Goswami e
todos os acaryas que nos precederam,
são conscientes dos nossos pensamentos e atos. Eles não morreram; estão dentro
do nosso coração e são onipotentes.
Siksa-guruke ta´jani krsnera svarupa. O siksa guru é a svarupa de Krishna e o diksa é a rupa de Krishna. E sem dúvida, eles são iguais. Não há diferença
entre a natureza íntima de Krishna e seu corpo. Quem pensa o contrário é um mayavadi impersonalista. Não devemos
associar com tal pessoa.
Antaryami, bhakta-srestha – ei
dui rupa. Há duas classes de siksa-guru. Antaryami é o siksa-guru dentro do coração, o chaitya-guru. Ele inspira interiormente. Se alguém ora dizendo: “Ó
Krishna! Você é meu chaitya-guru e te
entreguei meu coração; por favor, fazei-me refugiar em um mestre espiritual
genuíno”. Krishna fará todos os arranjos. Se nos aproximamos de Krishna com o
desejo sincero de ter um guru, estamos passando toda a responsabilidade para
Ele, e assim não teremos que sofrer o resultado de uma escolha errada. Mas se
elegemos nosso mestre espiritual por conta própria, se este cai, teremos
desperdiçado nossa vida e vamos nos arrepender para sempre.
Tesam
satata-yuktanam
Bhajatam priti-purvakam
Dadami buddhi-yogam tam
Yena mam upayanti te
Aos
que estão constantemente consagrados servindo-me com amor, Eu dou a
inteligência pela qual eles podem vir á mim. (Bg.10.10)
Aquele que está sempre conectado com Sri
Krishna e lhe serve com amor e devoção, Ele próprio dá a inteligência mediante
a qual pode ir á Ele. Que classe de inteligência Ele dá? Inteligência
transcendental; a inteligência que nos conecta com Krishna. “Eles vêm á mim e
eu os ocupo em meu serviço”. Isto mostra que Krishna atua como chaitya-guru.
Há algum tempo atrás, no sul da Índia, vivia
uma charmosa prostituta chamada Cintamani. Quando ela tinha 16 anos, dançava e
cantava kirtans de forma tão doce que
todos que á viam ficavam atraídos por ela. Bilvamangala Thakura, um brahmana
piedoso casado com uma mulher muito casta, atraiu-se por Chintamani. Apesar de
ser prostituta, Chintamani tinha a qualidade de desfrutar cantando canções em
glorificação á Sri Krishna. Este era outro motivo pelo qual os homens sentiam
tanta atração por ela. Bilvamangala Thakura também caiu em suas redes e como
resultado disto, rompeu toda relação com seus pais e desapegou-se da sua esposa
e filhos. Ele ia vê-la todas as noites e levava presentes que conseguia
vendendo suas terras, jóias da sua esposa ou roubando dinheiro ou quadros
valiosos. Esperava que ela lhe amasse em troca disso.
Após algum tempo, o pai de Bilvamangala
morreu e seus familiares organizaram os rituais. No décimo terceiro e último
dia da celebração, quando centenas de brahmanas se sentaram no pátio para
honrar a maha-prasada, Bilvamangala
entrou na cozinha e escondeu algumas preparações dentro de um quadro. No cair
da noite, foi mais uma vez ver a prostituta sem preocupar se os convidados
haviam tomado prasada ou não, e sem
pensar em sua esposa e em sua aflita mãe.
Aquela noite não parou de chover. Para
chegar á casa da prostituta, Bilvamangala Thakura viu que teria que cruzar um
rio transbordado e que estava com uma corrente muito forte. Quando ele se
perguntava como ia atravessar o rio, viu que algo flutuava diante dele. Sem
compreender que se tratava de um corpo morto de uma menina, sentou-se sobre ele
e assim atravessou o rio. Depois, andou por caminhos barrentos e rebaldiços,
até que finalmente chegou á casa de Chintamani. Lá ele viu que a porta estava
fechada e ficou um tempo ali, gritando e esperando para ver se alguém abria a
porta. Como ninguém o ouvia, ele tentou outra maneira de entrar no recinto e
assim chegou á parte de traz da casa, onde viu uma coisa que parecia uma corda.
Quando ele agarrou aquilo para tentar escalar o muro, viu que se tratava de uma
serpente. Então soltou a serpente e caiu ao solo, e como resultado do impacto,
perdeu o conhecimento. Chintamani ouviu um ruído estranho e mandou sua serva
averiguar o que era.
“Foi Bilvamangala que caiu, comunicou a
serva um pouco depois.”
“Como isto foi possível? Como foi possível
ele chegar até aqui?”
Cintamani e sua serva transportaram o corpo
inconsciente de Bilvamangala até a casa e pouco a pouco conseguiram volta-lo á
consciência. Quando o brahmana contou o ocorrido á Chintamani, ela disse:
“Você tem passado vários apuros para vir
até mim, e amas este corpo que está cheio de sangue, urina, fezes, bílis e muco.
Se tivesse um pouco de amor e afeição por Krishna, tua vida seria exitosa. Mas
você é muito luxurioso. Não posso amá-lo, vá embora daqui!”
Devido ás impressões de bhakti que havia acumulado anteriormente, aquelas palavras
atravessaram seu coração mais velozes do que flechas. Se não tivesse estas
impressões, a advertência não teria tanto efeito em seu coração e ele cairia
aos pés da jovem como um cachorro. Ao invés disto, Bilvamangala compreendeu que
devia mudar e desenvolver seu amor por Krishna. Ele já não sentia mais atração
por Chintamani nem por sua própria família, mas sentiu um forte desejo de ir á
Vrindavana. Ele passou os cinco dias seguintes cantando os santos nomes sem
comer nada. Quando ele sentiu sede, se aproximou de um poço e pediu água á uma
jovem recém casada que se encontrava ali com um pote na mão. Bilvamangala pediu
á ela que botasse um pouco de água na boca dele e enquanto bebia a água,
contemplava a beleza da jovem. Ele á seguiu até a sua casa e quando ele entrou,
viu um homem na porta que parecia ser o esposo da jovem. Bilvamangala então
disse: “Por favor, chama a jovem que acaba de entrar!”. O homen chamou sua
mulher e ela veio logo em seguida.
“Em que posso servi-lo?”
Bilvamangala pediu á ela dois grampos. Ela
não entendeu para que ele queria aquilo, mas mesmo assim lhe deu os grampos.
“Estes olhos são meus inimigos, porque me
fazem prisioneiro da luxúria. Se não há bambu, não há flauta. Se perfuro meus olhos,
minha luxúria irá embora. Cortaria minha luxúria pela raiz. Se estou cego, meu
olhos não sentirão mais atração por mulheres charmosas e só desejarei desenvolver
meu amor por Krishna.”
Assim, ele perfurou os dois olhos, primeiro
veio o sangue e depois ele deixou de ver completamente.
Cantando Hare Krishna Hare Krishna Krishna
Krishna Hare Hare, Bilvamangala se foi dali. Após ter caminhado um curto
trecho, um menino se aproximou e lhe perguntou:
“Que fazes aqui baba?” A voz do menino era
muito dôce. Se tratava de um pastorzinho negro diferente de todos os outros.
“Estou indo á Vrindavana, querido menino.
Quem é você?”
“Sou um pastor e também estou indo á
Vrindavana. Se quiser, pode agarrar-se a esta vara e vir comigo. Eu te
ajudarei.”
Vrindavana estava á quase seis meses de
distância indo á pé, mas em poucos dias o menino anunciou que haviam chegado.
Enquanto caminhavam, Bilvamangala ia compondo alguns poemas muito bonitos sobre
a misericórdia de Krishna. Estes poemas são tão lindos que resultaram em um
livro chamado Krishna-karnamrta (néctar para o ouvido de Krishna).
Passado o tempo, Sri Chaitanya Mahaprabhu
encontrou este mesmo livro no sul da Índia e o ensinou á seus devotos.
O primeiro poema, dentro do mangalacharana do livro, diz assim:
Cintamanir jayati
somagirir gurur me
Siksa-gurus ca bhagavan sikhi-pincha-maulih
Yat-pada-kalpataru-pallava-sekharesu
Lilá-svayamvara-rasam labhate jayasrih
Todas
as glórias á Cintamani e a Somagiri, meu mestre espiritual iniciador. Todas as
glórias a meu mestre espiritual instrutor, a Suprema Personalidade de Deus, que
leva penas de pavão real em sua coroa. Na sombra de seus pés de lótus, que são
como árvores dos desejos, Jayasri (Radharani) desfruta da doçura transcendental
de uma eterna consorte. (Cc.Adi 1.57)
Bilvamangala Thakura oferece reverências a
Cintamani porque ela lhe inspirou á refugiar em Sri Krishna. Que
tipo de guru era ela? Um vartma-pradarsaka-guru,
alguém que diz: “Vem conhecer um vaishnava auto realizado.” O vartma-pradarsaka-guru mostra o caminho
e pode ser um kanistha, mas o guru
iniciador não deve ser menos que um madhyama-adhikari.
Quais são os sintomas do madhyama adhikari? Vocês devem saber
disto antes de aceitar um guru diksa
ou siksa. Não devem aceitar um guru
que não possui estes sintomas. De outro modo, encontrarão muitos obstáculos em
sua vida devocional. Se este guru cai, suas vidas serão arruinadas e lamentarão
amargamente.
O primeiro sintoma é:
Tasmad gurum
prapadyeta
Jijnasuh sreya uttamam
Sabde pare ca nisnatam
Brahmany upasamasrayam
Se
alguém deseja ardentemente encontrar a verdadeira felicidade, deve buscar por
um mestre espiritual genuíno e render-se a Ele por meio da iniciação. O mestre
espiritual deve ter compreendido a conclusão das escrituras profundamente e por
tanto deve ser capaz de convencer outros destas conclusões. Estas grandes
personalidades que se refugiaram completamente no Senhor Supremo e deixaram
para trás todas as considerações materiais, são considerados mestres
espirituais genuínos.
(Bhag.11.3.21)
Destas qualidades de um mestre espiritual
fidedigno, duas são proeminentes. A primeira é que ele tem um conhecimento
completo das escrituras e a segunda é que carece de desejos materiais. Ele está
sempre feliz servindo Sri Krishna. Se ele é feliz e sente que sua vida está
cheia de problemas, ele não está preparado para ser guru. Haridas Thakur foi
espancado por vinte duas praças até cair morto, mas não considerou que aquilo
era um problema. Seguiu cantando Hare Krishna, Hare Krishna. Prahlada Maharaja
foi torturado por seu pai, mas nunca sentiu que tivesse algum problema. Ele
botava seus pés sobre a cabeça de todos os problemas. Quando um guru que canta,
segue os noves processos de bhakti e tomou diksa
se lamenta que tem muitos problemas- sua mulher o engana, seus filhos não estão
com ele, não consegue fazer dinheiro, ou não tem um computador ou facilidades
materiais, deve ser rejeitado imediatamente. O terceiro sintoma do guru é que
ele experimenta krishna-bhakti. Se
não tem esta experiência devido ao fato de ter desejos materiais, seguramente
ele cairá.
O uttama-adhikari
é superior ao madhyama-adhikari e
oferece um resultado superior em bhakti, mas é difícil encontrar um guru deste
nível neste mundo. Na ausência de um uttama-guru
pode-se aceitar um madhyama-adhikari como
siksa e diksa-guru. Este guru deve estar dotado dos três sintomas já
mencionados e também é preciso que tenha estas outras quatro qualidades.
1-
Prema – Amor e afeto por Krishna.
2-
Maitri – É amistoso com todos e serve os vaishnavas. Mantém três tipos de
relações com as três classes de vaishnavas: respeita e obedesse com sentimento
de amizade os que são mais avançados que ele em bhakti, relaciona-se com
pessoas do mesmo nível como um amigo e também é amistoso com aqueles cuja
bhakti ainda não se desenvolveu.
3-
Krpa – É misericordioso com os que respeitam os vaishnavas e acreditam
neles. Pode ser que estas pessoas tenham uma fé mundana e sentimentos materiais
em relação ao guru e deidade; pode ser também que sintam mais afeto pelas
deidades do que pelos devotos; e pode ser que entendam que se deve acatar os
preceitos das escrituras mas são incapazes de atuar como atua um madhyama-adhikari. Ainda que sejam
ignorantes, estas pessoas desejam avançar saber como avançar no serviço
devocional.
4-
Upeksa – Ignora os ofensores e as pessoas que estão contra os vaishnavas
ou não os respeitam. É consciente de que relacionar-se ou associar-se com estas
pessoas destrói qualquer sintoma de bhakti.
Falamos das três qualidades principais e
também das quatro adicionais que se encontram em um madhyama-adhikari capacitado para ser guru. Srila Jiva Goswami nos
adverte no Bhakti-sandarbha, que se alguém aceita um guru para conseguir fama e
ganâncias materiais, e um guru aceita discípulos pelo mesmo motivo, ambos
cairão. Seu destino é naraka, o
inferno.
Srila Sanatana Goswami escreveu:
Avaisnava-mukhodgirnam
Putam hari-kathamrta
Sravanam naiva kartavyam
Sarpocchistam yatha prayah
Não
se deve escutar nada que esteja relacionado com Krishna de um não vaishnava. O
leite tocado pela boca de uma cobra tem efeitos venenosos. Quando alguém que
não é um vaishnava fala de Krishna, suas palavras também são venenosas.
(Padma purana: citado no Bhag.6.17.40)
Se alguém faz alarde de ser vaishnava, mas
não respeita os vaishnavas se não que dá importância á fama e ganâncias
materiais, deve ser abandonado imediatamente, mesmo se tomou hari-nam e diksa
dele. Este suposto guru é guru apenas na aparência. Isto está explicado no
Mahabharata e em outras escrituras. Se não rejeitam este guru, terão que ir ao
inferno. Preparam-se para ir. Não se deve desrespeitar nenhum vaishnava; mesmo
que se trate de uma kanistha-adhikari,
e muito menos um madhyama-adhikari ou
um uttama-adhikari. Não se deve
associar com alguém que não os respeitam ou os critica. Se alguém diz que é um
vaishnava genuíno e o único discípulo genuíno de seu guru mas comete esta
ofensa, seu próprio guru, se é autêntico, o rejeitará.
Srila
Jiva Goswami dá um exemplo muito importante. Não devemos pensar que porque há
brigas no mundo transcendental, como as brigas das seguidoras de Radhika e as
de Candravali, nós também podemos brigar. Nunca devemos tomar partido de alguém
e nem brigar.
Mesmo que digam que há diferenças entre
Srila Bhakti Prajnana Keshava Goswami Maharaja e Srila Bhakti Vedanta Swami
Maharaja, isto não é verdade. Não há nenhuma diferença. Os dois estão na mesma
linha de sucessão discipular. Swamiji pregou no ocidente e meu Gurudeva pregou
na Índia, mas transmitiram a mesma mensagem. O amor deles por Krishna é o
mesmo, seus passatempos são os mesmos e seus serviços á Mahaprabhu são os
mesmos. Um estava na Sociedade Internacional para a Consciência de Krishna e o
outro na Gaudiya Vedanta Samiti, mas ambos formam parte de uma família de Sri
Chaitanya Mahaprabhu, de modo que não há necessidade de discutir. Não se deve
faltar-lhes respeito jamais. Devemos seguir as instruções dos Acharyas e tentar desenvolver nossa
consciência de Krishna.
O mestre espiritual é a manifestação de Krishna.
Agora continuaremos á falar sobre o
Chaitanya Charitamrta. Ontem, recitei um verso do Mangala charana do krishna-karnamrta
de Bilvamangala Thakura:
Cintamanir jayati
somagirir gurur me
Siksa-gurus ca bhagavan sikhi-pincha-maulih
Yat-pada-kalpataru-pallava-sekharesu
Lilá-svayamvara-rasam labhate jayasrih
Todas
as glórias á Cintamani e á Somagiri, meu mestre espiritual iniciador. Todas as
glórias á meu mestre espiritual instrutor, A Suprema Personalidade de Deus, que
carrega uma pena de pavão na sua coroa. Na
sombra de seus pés de lótus que são como árvores dos desejos, Jayasri
(Radharani) desfruta da doçura transcendental de uma consorte eterna. (Cc.Adi 1.57)
Primeiro ele oferece reverências á
Cintamani, que lhe conduziu até Krishna, e depois á Somagiri, seu diksha guru.
Chintamani também significa que o guru é uma pedra de toque, porque nos revela
Krishna. E Krishna também é seu mestre espiritual instrutor (siksha guru). Este
siksha guru se mostra muito charmoso com penas de pavão sobre a cabeça, três
linhas na sua barriga, três curvas na cintura e a postura curvada em três
pontos. Krishna canta de uma forma muito doce. Seus pés de lótus que são como
árvores dos desejos parecem folhas frescas e as unhas de seus pés brilham de
maneira muito atrativa. As pontas das unhas dos pés de Krishna são mais belas
que os raios da lua e os raios que emanam destas unhas são muito fragrantes. Jayasri refere-se á Srimati Radhika. Ela
entrega seu coração, vida e alma á Krishna. Oferecendo sua vida milhões e
milhões de vezes, ela faz o arati aos
raios que emanam das unhas dos pés de lótus de Krishna, e ao faze-lo, sente a
mesma felicidade como se fosse seu svayamvara.
O que significa svayamvara?
Devoto: É uma cerimônia para se eleger o esposo.
Srila Narayana Maharaja: Não exatamente. Falarei agora do svayamvara de Sri Krishna. Em uma
ocasião, Draupadi se encontrou com as rainhas de Krishna- Satyabhama, Rukmini,
Laksmana, etc.. em Kuruksetra e lhes pediu que relatassem como elas haviam se
casado com Krishna. Laksmana descreveu então o seu caso. Ela era a filha amada
de um poderoso Rei que consciente do charme e de muitos talentos que sua filha tinha,
partiu em busca de um esposo equivalente. Para isto, botou na terra um pilar
bem alto, e na ponta dele colocou um disco giratório com um peixe artificial em cima. O rei prometeu dar a
mão da filha em casamento á quem conseguisse acertar o olho do peixe, mirando
apenas através de um recipiente de água. Os melhores arqueiros do mundo estavam
presentes: Krishna, Baladeva, Karna, Duryodhana, Jarasandha, Sisupala, Bhima,
Nakula, Sahadeva, Arjuna e outros.
Arjuna disparou resolutamente, mas sua
flecha tocou apenas as costas do peixe. Então, Krishna se adiantou e fez um
movimento tão rápido, que ninguém pôde ver sequer o momento em que ele levantou
seu arco. Krishna disparou a flecha exatamente no olho direito do peixe. Lakshmana
disse á Draupadi: “Neste momento me senti como sendo muito afortunada”. Depois
minhas amigas me deram uma guirlanda para colocar no meu esposo. Então, svayamvara, é uma antiga tradição hindu,
na qual se seleciona o noivo entre muitos pretendentes. No svayamvara de Laksmana havia centenas de milhares de jovens e
príncipes cheios de boas qualidades, porém ela havia escutado sobre as glórias
de Krishna e á Ele entregou seu coração. Quando Krishna disparou a flecha no
olho do peixe, o rosto dela iluminou-se e seus véus caíram. Extasiada por uma
benção sem precedentes, lançou um olhar de soslaio, e Ele, que está sempre
buscando por jovens charmosas, também olhou para Laksmana. O êxtase que ela
sentiu foi tão grande que quase perdeu a sua consciência externa e incapaz de
levantar até mesmo os braços, necessitou da ajuda de suas amigas para por a
guirlanda no seu amado.
Srila Bilvamangala Thakura explicou que
Srimati Radhika também experimenta prazer ilimitado quando serve os raios que
emanam das unhas dos pés de lótus de Krishna. Mesmo assim, Srila Prabhodananda
Sarasvati, Srila Rupa Goswami e outros vaishnavas da nossa linha de sucessão
discipular, não gostam de ouvir que Radhika serve Krishna. Eles preferem que
Krishna seja feliz servindo os pés de lótus de Radhika. Eles querem ver Krishna
suplicando para ter esta oportunidade. Quem é Krishna? Srila Prabodhananda
Sarasvati escreve:
Vamsi
karan-nipatitah skhalitam sikhandam
Brastam ca pita-vasanam vraja-raja-sunoh
Yasyah kataksa-sara-phata vimurcchitasya
Tam radhikam paricarami kada rasena
Ferido
pelas flechas das olhadas de soslaio de Srimati Radhika, o filho do rei de
Vraja perde o conhecimento. A flauta cai de suas mãos, sua pluma de pavão real
perde a postura e suas roupas amarelas ficam desalinhadas. “Quando, cheio de
devoção, poderei servir Srimati Radhika?”
(Radha-rasa-sudha-nidhi 39)
Um dia, ao passar por uma bela árvore
enquanto pastoreava as vacas, Krishna viu que Radhika o olhava de soslaio. Os
olhos de Radhika eram como arcos lançando flechas de prema e fez com que Krishna perdesse o controle de si mesmo. Sua
flauta caiu de suas mãos e as penas de pavão real cairam de sua cabeça. Krishna
perdeu o conhecimento e seu corpo estremeceu. Ao vê-lo nesta situação,
Madhumangala lhe deu um ‘toque’.
_ “Amigo, Que está fazendo? Nanda Baba,
Yashoda Maiya e muitos outros estão aqui. Não pode se comportar assim diante
deles”.
Krishna se recompôs logo.
Srila Prabodhananda Sarasvati ora: “Desejo
servir esta Srimati Radhika. Seu véu transporta a fragância do seu corpo até o
nariz de Krishna e ao perceber esta fragrância, Ele perde o controle”.
O amor e afeto de Radhika é maior que o de
Krishna. Mesmo que Bilvamangala Thakura descreva que Krishna é superior, os
Acharyas que estão na linha de Rupa Goswami desejam que Radhika sempre saia
vitoriosa. “Jay Radhe!”
Bilvamangala Thakura ora á Sri Krishna como
seu siksha-guru. “Que tipo de siksha-guru”? Chaitya-guru. Nos seus passatempos,
Krishna descende como siksha-guru. Ele tornou-se guru para Arjuna e para as
gopis, por exemplo. Ele é tão misericordioso que escuta todas as orações dos
devotos. O primeiro dever dos devotos é ter uma fé inquebrantável nele.
Bilvamangala Thakura e Srila Rupa Goswami são exemplos de devotos que possuem
este tipo de fé.
Rupa Goswami e Sanatana Goswami falavam
apenas sobre as glórias de Radha e Krishna. Em uma ocasião, Srimati Radhika os
adverteu que já era meio dia e não havia comido nada. Apareceu diante eles como
uma menina e disse:
_ Não prepararam nada para comer hoje. Vocês
estão jejuando hoje? Minha mãe me deu os ingredientes para que vocês preparem
arroz com leite.
Mas nenhum dos dois tinha tempo para
preparar a refeição e a própria Radharani na forma desta menina se ofereceu para
fazê-la. Ela pegou um esterco de vaca e em um piscar de olhos um fogo se
manifestou. Em um momento, Ela preparou um delicioso ksira e o levou á Rupa Goswami.
“Por favor, oferece este ksira á sua deidade e depois toma a
metade e dá a outra metade á seu irmão.”
Momentos depois, Sanatana Goswami começou a
suspeitar daquela menina. “Rupa, você orou á sua Radhika para que viesse
aqui?”. “Não”.
Ela veio e cozinhou para nós. Prova esta prasada. Só pode ter sido preparada por
ela. Enquanto tomavam a prasada, não
paravam de chorar um instante.
“Agora ela se foi, e perdemos nossa
oportunidade de oferecer nossas reverências e de servi-la. Ao invés disto, A
fizemos cozinhar para nós”.
Srila Sanatana Goswami disse ao seu irmão:
“Rupa, na próxima vez não faça isto de novo.”
A devoção deles era tão grande! Vocês devem
tentar seguir seus passos. Devemos tentar servir o Casal Divino, Sri Radhika e
Sri Krishna, sempre lembrando passatempos como estes.
Srila Krishna das Kaviraja Goswami explica
que o guru iniciador (diksha-guru) é
a forma (rupa) de Krishna, e o guru
instrutor (siksha-guru) é sua eterna
identidade (svarupa). Mesmo que ambos
sejam mestres espirituais liberados, pode ser que algumas vezes o siksha ou o
diksha-guru seja mais elevado que o outro.
Agora, explicarei a manifestação de Krishna
como devoto:
Isvara-svarupa
bhakta tanra adhisthana
Bhaktera hrdaye krsnera satata visrama
Um
devoto puro constantemente dedicado ao serviço amoroso ao Senhor é idêntico ao
Senhor, pois está sempre em seu coração.
(Cc.Adi
1.61)
Os gurus diksha
e siksha são manifestações não diferentes de Sri Krishna. Os bhaktas também não são pessoas comuns.
Eles são a morada de Sri Krishna. São o assento, a roupa e a cama de Krishna.
Krishna pode descansar em seus corações porque são puros e estão livres de
desejos mundanos. Em seus corações não há sofrimentos nem problemas, assim como
os corações de Rupa e Sanatana Goswami. Eles não desejam nada além de Krishna,
e por isso Krishna deseja descansar em seus corações e dormir ali
tranquilamente.
Os corações do jnanis, dos karmis e dos yoguis estão cheios de desejos
materiais. “Ó Krishna, dá-me uma bela esposa! Ó Krishna! Não tenho nenhum
filho. Ó Krishna! desejo a liberação”. Mas os devotos puros de Krishna não
desejam nada para si mesmos. Eles só desejam que sua bhakti aumente cada vez mais. Estas seis manifestações; Krishna, o
diksha e o siksha guru, os devotos, as diversas energias, as encarnações e as
porções plenárias, são o próprio Krishna que aparecem separadamente para que
Ele execute seus passatempos. São bheda e
abheda, diferentes e não diferentes. Isto é conhecido como acintya-bhedabheda-tattva.
Vadanti tat tattva-vidas, tattvam yaj jnanam advayam, brahmeti
paramatmeti, bhagavan iti sabdyate. Kaviraja Goswami explica quem é
Krishna. Leia porfavor o significado por Srila Swami Maharaj:
Devoto lê o verso: Os sábios
transcedentalistas que experimentam a Verdade Absoluta dizem que Ela é
conhecida como brahmam impessoal, Paramatma localizado e como a Personalidade
de Deus Sri Krishna.
Significado: Este verso em sânscrito aparece no segundo capítulo do
primeiro canto do Srimad Bhagavatam (verso 11), onde Suta Goswami responde as
perguntas dos sábios liderados por Saunaka Rsi, em relação á essência das
instruções escriturais. Tattva-vidah
refere-se ás pessoas que conhecem a Verdade Absoluta. Elas têm uma perfeita
compreensão do conhecimento.
Srila
Narayana Maharaja: Narada,Veda Vyasa, Brahma, Sankara e Sukadeva Goswami
são tattva-vit; conhecem a essência
das escrituras védicas.
Devoto segue lendo: Eles podem entender o conhecimento não dual
porque estão situados na plataforma espiritual. A Verdade Absoluta é conhecida
as vezes como brahman e outras como Bhagavan. Os conhecedores da verdade sabem
que aqueles que tentam aproximar do Absoluto através da especulação mental,
acaba compreendendo o brahman impessoal, aqueles que praticam yoga experimenta
Paramatma, mas aqueles que têm conhecimento espiritual completo experimentam a
forma espiritual de Bhagavan, a Personalidade de Deus.
Os devotos da Personalidade de Deus sabem
que Sri Krishna, o filho do rei de vraja, é a Verdade Absoluta. Eles não vêem
diferenças entre o nome, a forma, as qualidades e os passatempos de Sri
Krishna. Aqueles que separam o nome, forma e qualidades do Senhor, carecem de
conhecimento absoluto. Um devoto puro sabe que quando canta o nome
transcendental de Krishna, Ele está presente na forma do som transcendental.
Srila Narayana Maharaja: Sim. Podem lembrar o seguinte:
Yaha, bhagavata pada
vaisnavera sthane
Ekanta asraya kara caitanya-carane
“Se
desejas entender o Srimad Bhagavatam (disse Svarupa Damodara) , deves aproximar
de um vaishnava auto-realizado e escuta-lo. Podes fazer isto após refugiar
completamente aos pés de lótus de Sri Chaitanya Mahaprabhu.” (Cc. Antya 5.131)
Não tentem compreender a vida espiritual
apenas através dos livros. O Vedanta, o Srimad Bhagavatam, o Sri Chaitanya
Caritamrta e os livros de Swamiji contêm tudo, mas o conhecimento está trancado
á sete chaves, chaves muito poderosas. E como não estamos muito preparados,
pela simples leitura destes textos não podemos compreender seu significado. Há
duas classes de bhagavata, o grantha-bhagavata
(as escrituras) e o bhakta-bhagavata
(os vaishnavas). O grantha bhagavata
está trancado com chave e apenas a alma auto-realizada (bhakta bhagavata) pode revelar seu significado.
Associação de devotos puros é necessária.
Eles são mais misericordiosos do que o Srimad Bhagavatam, e sob sua guia,
podemos realizar a misericórdia do Srimad Bhagavatam e Sri Krishna. Sem isto
nada é possível.
Vadanti
tat-tattva-vidas
Tattvam yat jnanam advayam
Brahmeti paramatmeti
Bhagavan iti sabdyate
(Srimad
Bhagavatam 6.2.11)
A verdade absoluta é realizada em três estágios de entendimento pelo
conhecedor da verdade absoluta, e todos eles são idênticos.
Estes
estágios de compreensão da verdade absoluta são expressos como Brahman,
Paramatma e Bhagavan. É essencial por anos escutar muito atentamente e guardara
estes ensinamentos nos nossos corações. Aqueles que conhecem esta verdade
estabelecida, como, Narada, Vyasa, Sankara, Sanaka, Sanatana, e Srila Rupa
Goswami, concluíram que nada está separado de Krsna. Esta verdade estabelecida
é chamada de advaya-jnana-tattva, é o
principio essencial que Krsna é um sem um segundo.
Todos são subordinados a Krishna. Incluindo Baladeva e todas as outras
encarnações, todos os semi-deuses, e todas as entidades vivas, descendo ate os
vermes e plantas. A ilusória natureza material, maya é também subordinada a Ele. Nenhuma entidade viva neste ou em
qualquer mundo são independentes. Apenas Krishna é independente. Tudo que vemos
é manifestação do seu poder.
Srimati Radhika é o poder de Krishna, e Lakshmi Devi é a manifestação
de Radhika. Nós Jivas neste mundo material também estamos conectados com Krishna.
Este princípio é chamado unidade na diversidade. Conhecedores desta verdade
fundamental entenderam que a verdade absoluta é Sri Krishna.
Srila Krishna Das Kaviraj citou o verso acima do Srimad Bhagavatam
(1.2.11) Aqueles que possuem conhecimento impessoal vê a verdade absoluta como
Brahman. O que é Brahman? É o reflexo pervertido dos raios provindos das unhas
dos pés de Sri Krishna. Isto não tem qualidade, forma ou passatempo. Paramatma,
a super-alma, que vive no coração de todas as entidades vivas, é uma parte da
eternidade de Krishna. Ela é uma pequena fração de Krishna.
Ete
camsa-kalah pumsah
Krsnas tu bhagavan
svayam
Indrari-vyakulam
lokam
Mrdayanti yuge yuge
(Srimad Bhagavantam
1.3.28)
“Todas
as encarnações mencionadas são porções plenárias ou porções das porções
plenárias de Deus, mas Deus, Sri Krishna, é a personalidade original de Deus.”
Todos eles aparecem no planeta quando há um
distúrbio provocado pelos ateístas. Deus encarna para proteger os teístas.
Sri Krishna é a suprema personalidade de
Deus, A Suprema Personalidade da Verdade Absoluta Srimad Bhagavatam e outras
escrituras confirmam este verso do Brahma Samhita:
Isvarah
paramah krsnah
Sac-cid-ananda-vigrahah
Anadir adir govindah
Sarva karana-karanam
“Existem tantas personalidades que possuem as qualidades de Bhagavan,
mas Krishna é o Todo Supremo. Ele é a pessoa Suprema, e seu corpo é eterno,
cheio de conhecimento e de êxtase. Ele é o Deus primordial, Govinda, e é a causa de todas as causas.”
A primeira manifestação de Krishna é Baladeva Prabhu em vraja. De Baladeva
Prabhu em Vrindavana; mulasankarsana
(Baladeva em Dvaraka e Mathura), maha-sankarsana (Narayana, Maha-Vishnu,
Kshirodakasay Vishnu, Sesa) e assim este mundo material tem se manifestado. Este
mesmo Krishna, A Suprema Personalidade da Absoluta Verdade advém como Sri
Chaitanya Mahaprabhu, e seu poder supremo Srimati Radhika vêm como Gadadhara
Pandit.
Associação
com Uttamas é necessário
Pergunta:
Srila Jiva Goswami diz que bhakti é
obtida através da associação ou por misericórdia. Você pode me explicar isto?
Srila
Narayan Goswami Maharaj: Isto depende da nossa associação. Depende de qual
classe de Vaishnavas nós associamos; kanistha
vaisnava, madhyama vaisnava ou uttama Vaisnava.
Um madhyama
vaisnava (devoto intermediário) pode apenas nos dar siddhanta (conclusões filosóficas das escrituras). Ele não pode
falar através da experiência de realização espiritual. Se almejamos realização,
é necessário escutar e associar com almas realizadas, ou seja, os três diferentes
níveis de uttama adhikaris. A
associação com um madhyama vaishnava pode
nos levar a praticar devoção regulada (sadhana
bhakti), e por sua misericórdia, ele pode nos levar até uma alma realizada
- um uttama vaishnava.
E se o Guru
não for Puro?
(Próximos 3 cap.- Extraído do livro de Gurudev chamado
‘Guru-devatatma’ página 13 a
25)
Suponhamos
que alguém desafortunadamente recebeu inciação de um guru desqualificado, que
não estava no nível de um Maha Bhagavata
(devoto puro, auto-realizado). Ou seja, aquele guru não estava realizado nas
verdades estabelecidas e não tinha realização de Krishna, Seus nomes ou suas
glórias como os sastras estabelecem. Ele estava apenas no nível de kanistha-adhikari, mas ainda sim ele
pensava que era guru. Ele tinha muitos desejos materiais, tais qual nome, fama
e riqueza, e alguém desafortunadamente tomou hari-nama e diksha dele.
Os versos que glorificam as qualificações de
um Guru épode ser aplicável á este guru ou não? O discípulo deve obedecer tal
guru com rendição como ordenado nas escrituras? Deve-se seguir este guru ou
não? Uma pessoa pode extrair leite puro de um asno macho? Podemos conseguir
mangas doces de uma árvore espinhosa? Qual são as obrigações discípulo para com
este tipo de guru?
Devemos considerar que uttama-adhikaris, madhyama-uttama-adhikaris e até mesmo madhyama-madhyama-adhikaris (nível de asakti- ver no livro - Madhurya
Kadambini) são muito raros neste mundo. È muito raro então, ter um guru deste
alto calibre.
O que devemos fazer então nestas
circunstâncias? Teremos que nos abrigar em um Guru. Se o guru não é ‘sabde pare ca nisnatam’, se não realizou
as verdades estabelecidas delineadas nos Vedas, Upanisads e outras escrituras,
mas ainda sim tem fé resoluta no seu Uttama
Guru e está sinceramente o seguindo, mesmo que seja um madhyama-adhikari, não o rejeite. Podemos abandonar nosso guru
apenas sob as considerações dadas por Srila Sanatana Goswami no seu Hari Bhakti Vilas:
Avaisnava-mukhodgirnam
Putam hari-kathamrtam
Sravanam naiva kartavyam
Sarpocchistam yatha payah
“Os
nectários tópicos de Sri Hari são sempre purificantes, mas se eles emanam dos
lábios de um não-vaishnava, então é proibido escutá-los, pois o leite tocado
por uma serpente se torna veneno”.
Se um guru não está servindo seu próprio
Gurudev, se ele deixou o processo dado por seu fidedigno mestre e seu Gurudev
não está satisfeito com seu comportamento – apenas neste caso podemos
rejeitá-lo. Por outro lado, se o Guru é um madhyama-adhikari
e sincero, muito obediente e um seguidor dos ensinamentos do seu Gurudev, então
ele gradualmente se tornará um Uttama-adhikari.
Neste caso, não devemos rejeitá-lo. Ao mesmo tempo, se ele não é perfeito e
então não pode remover todas as nossas dúvidas sobre a consciência de Krishna,
o que devemos fazer? Devemos oferecer
reverências á ele e pdir sua permissão para ter a associação de um devoto Maha
Bhagavata. O discípulo poderá perguntar: “Posso ir até Srila Jiva Goswami?” ou
“Posso me associar com Srila Rupa Goswami?” ou “Posso ir até um devoto de alta
classe?” Se o guru disser: “Não, você não pode ir” então devemos abandoná-lo.
Porém, se ele diz: “Certamente você pode ir e eu também irei com você” então
ele é um real Guru.
Um Guru que envia seu discípulo para tomar
instruções de um Guru superior pode ser também um Uttama Maha Bhagavata, pois
existem vários estágios de Uttama Maha Bhagavatas. Este guru certamente não
deve ser rejeitado.
Até mesmo Krishna
aceitou um Guru.
Em todas as escrituras como o Vedanta,
Upanisads e especialmente no Srimad Bhagavata, o Sad-Guru tem sido glorificado.
É verdade que o santo nome é transcendental. Está escrito nas escrituras e
também escutamos de muitas pessoas que devemos cantar os santos nomes. Mas
alguém pode argumentar: “Tenho lido em todo lugar que devemos cantar Hari Nama e por isso estou cantando.
Porque então é necessário ter um Guru, que atua como um agente ou um mediador?
Ajamila foi facilmente para Vaikuntha sem inicialmente saber sobre as glórias
de hari nama. Isto demonstra que
qualquer pessoa pode cantar hari nama
até mesmo sem aceitar um Guru.”
Se alguém está cantando sem a guia de um
Sad-Gurudev, qual será o resultado? Esta pessoa poderá apenas cantar nama-aparadha (ofensas ao santo nome),
exceto casos raros como no caso de Ajamila, pode-se cantar namabhasa ou suddha nama.
Está escrito no Chaitanya Charitamrta
que ‘pela misericórdia de Krishna a pessoa aforunada tem a oportunidade de
associar com um devoto puro e pela misericórdia deste mestre espiritual puro e
de Krishna, ela recebe a semente da trepadeira do serviço devocional’. Krishna
não concede a semente de bhakti diretamente
á qualquer um. Ao invés disso, ele concede isto através de Sri Guru, ou ele
mesmo se torna Guru para dar isto. Sem aceitar um Guru, ninguém pode cantar o
transcendental nome de hari. Inicialmente,
Ajamila não tinha Guru. Ele nomeou seu filho de Narayana, um dos nomes de Deus.
Por acaso, porque viveu a cultura védica, ele nomeou seu filho de Narayana, e
pela recitação deste nome ele começou a cantar namabhasa (estágio purificatório do cantar). Este foi seu primeiro
cantar de namabhasa, e depois disso ele sempre chamava por seu filho ‘Narayana,
Narayana, vêm aqui!’ Por fazer isso continuamente, seu namabhasa continuava. Quando os ferozes mensageiros da morte, os yamadutas,vieram busca-lo no momento de
sua morte, o nome do seu filho apareceu automaticamente na sua língua.
‘Narayana, Narayana!” Naquele momento, Narayan enviou seus mensageiros , os
Visnudutas, que por sua vez começou a glorificar o nome de Narayana. Ajamila
então recebeu a semente de suddha nama
(nome puro) dos Visnudutas. Com isto, Ajamila recebeu a semente de bhakti, conseguiu sobreviver e então
pensou: “O santo nome que escutei dos Visnudutas é tão poderoso! “Agora que
recebi este mantra, devo abandonar minha esposa, todos os meus filhos e minhas
posses.” Ele então abandonou tudo e foi á Haridwar, onde tomava banho no
ganges, sentava nas suas margens e começava seu canto. Eventualmente, Ajamila
começou a cantar suddha nama. Depois
de algum tempo, os Visnudutas vieram novamente e disseram: “Venha conosco e
sente neste aeroplano.” Neste momento Ajamila havia alcançado o estágio de bhava e logo depois alcançou prema. Por cantar o santo nome de
Narayana, ele obteve Vaikuntha-prema.
Ajamila disse aos Visnudutas: “Quando vocês dispensaram os Yamadutas, eu quis
falar com vocês e tocar seus pés de lótus, mas voçês desaparecerem. Agora vocês
aparecem de novo e me dizem para ir com vocês. Como pode isto?”
Os Visnudutas respoderam: “Nós demos á você
a semente do nome puro e também a semente da trepadeira da devoção (bhakti lata). Por cantar este nome e
banhar-se regularmente no rio Ganges, você se purificou. Você obteve Vaikuntha rati e está agora qualificado
para ir á Vaikuntha.” Assim, eles o levaram até lá.
No momento em que apareceram para ele pela
segunda vez, Ajamila já havia se livrado completamente dos desejos materiais e
assim alcançou Vaikuntha.
Devemos compreender que sem um Guru, seremos
obrigados a ter apegos materiais e também seremos obrigados a cometer ofensas
ao santo nome (nama-aparadha). Se a
semente de bhakti juntamente com a
relação da jiva com Krishna (sambandha-jnana) não é concedida por um
Guru Puro, então não póde se experimentar o som transcendental (sabda brahma). A aceitação e rendição á
um Sad-Guru é essencial.
Krishna, mesmo sendo a Suprema Personalidade
de Deus, também aceitou um Guru. É geralmente aceito que o Guru de Krishna era
Sandipani Muni, mas na verdade Sandipani Muni era como um professor. Ele
ensinou as sessenta quatro artes para Krishna. Então ele era como um professor colegial
. Na verdade, Krishna recebeu o radha-mantra
de Bhaguri Rsi e por isso seu verdadeiro Guru é Bhaguri Rsi. Chaitanya
Mahaprabhu também aceitou hari-nama e
gopala mantra de Isvara Puripad.
Sri Guru -
mais ‘pesado’ que Deus
Muito rapidamente, em poucos anos, Srila
Bhaktivedanta Swami Maharaj pregou em todo o mundo. Nas montanhas, nas ilhas do
oceano, no norte, leste, oeste e sul. Eu vejo suas glórias em todos os lugares.
Parama Pujyapad Srila Swami Maharaj veio a
este mundo como um representante do nosso Guru-parampara, mas algumas pessoas
querem que ele seja o único Guru fidedigno. Eles querem que exista apenas um
Guru, no passado, presente e futuro. Eles querem negar nosso Guru-parampara.
Isto é muito ruim; não devemos aceitar isto. Pelo contrário, é imperativo saber
o que é guru-tattva. A palavra ‘guru’ significa ‘pesado’, mais do que
qualquer um neste mundo. Até mesmo mais do que o próprio Krishna. Ás vezes pode
ocorrer que Krishna vem até um Guru e tome a poeira dos seus pés de lótus. Está
escrito no Sri Gita Govinda de Jayadev Goswami que Krishna disse á Srimati
Radhika: “dehi-pada-pallavam-udharam
– Porfavor seja misericordiosa e coloque seus pés de lótus sobre minha cabeça.”
Algumas vezes Krishna também diz isto para as gopis que servem mais Srimati
Radhika do que Ele. Krishna pode orar á elas: “Porfavor, coloque seus pés de
lótus em minha cabeça.” Isto é guru-tattva.
Em outras palavras, todos os gurus puros na
linha de sucessão discípular de Srila Rupa Goswami, são gopis serventes de
Srimati Radhika, em suas formas espirituais perfeitas.
O tópico ‘guru-tattva’ é a essência de toda nossa literatura. É um tópico
muito pesado, e então é essencial escuta isto do fundo dos seus corações.
Podemos adorar Krishna, apenas depois de adorar Sri Guru.
Todos neste mundo estão se distanciando de
Krishna. Quer aceitemos isto ou não, esta é a verdade. Mesmo sofrendo
terrivelmente como estamos agora, não realizamos isto. Porque não? Tomamos uma
quantidade tão grande de alchool na forma de maya (ilusão) que nos tornamos completamente loucos, e nesta
loucura pensamos que somos bastante felizes. Você deve saber que um dia terá
que deixar este corpo e tudo que adquiriu neste mundo. Um dia, você certamente
ficará velho. A velhice, muito ansiosamente o espera para abraçar vocês e
nenhum de vocês irá escapar. Um devoto do calibre de Narada Muni pode escapar
desta ilusão e também da velhice, mas vocês não são como Narada Rsi. Se não
forem cuidadosos, terão que sofrer.
Diksha é necessário para se cantar suddha nama
(Guru-devatatma. Página 34 a 39)
Padmanabha Maharaj pergunta: Gurudeva.
Há uma questão sobre a relação entre o gayatri-mantra
e iniciação hari-nama. Algumas
pessoas têm apresentado declarações de Srila Bhaktivedanta Swami Maharaj e de
Srila Bhakti Rakshak Sridhara Maharaj para suportar a idéia, beaseado em seus
próprios entendimentos destas citações, que harinama
é completo e é suficiente para a alma condicionada, e também que a iniciação no
gayatri mantra não é realmente
necessária. Por exemplo, Srila Prabhupada disse em uma conversa, em 1973, em
Paris que: “Catando o hare krsna maha
mantra e praticando, ele se torna purificado. Então a segunda iniciação – gayatri-mantra. De acordo com Jiva
Goswami, apenas a primeira iniciação já é suficiente. Mas ainda sim, para
purificar mais, a segunda iniciação é concedida”.
“Eles
também citam Srila Sridhara Maharaja em seu livro ‘Sri Guru e sua Graça”, onde
ele diz: “Aceitamos o mantra (gayatri)
apenas para ajudar no nama-bhajana, a
adoração ao santo nome. Se não, isso não seria necessário. O nome sozinho pode
fazer tudo para uma pessoa. Ele é completo e perfeito. O gayatri mantra ajuda-nos a nos livrar-nos das ofensas e concepções
ofuscadas. O gayatri mantra vem para
nos ajudar apenas nisto”.
Srila Gurudeva: Acho que todos vocês compreenderam o argumento.
Agora tente cuidadosamente comreender a resposta para que possam reconciliar
todas estas declarações. Algumas pessoas têm apresentado a idéia de que a
aceitação de diksha não é essencial e isto tem sido indicado indiretamente
através do verso:
Diksa purascarya vidhi apeksa na kare
Jihva sparse a-candala sabare uddhare
(Chaitanya Charitamrta ‘Madhya-lila’ 15.108)
“A
pessoa não tem que se sujeitar a iniciação ou executar atividades requeridas
antes da iniciação. Ela deve apenas vibrar o santo nome com seus lábios. Então,
até mesmo um homem de baixa classe pode ser liberado.”
O santo nome é suficiente. O santo nome é
muito poderoso e pode satisfazer todos os desejos. O nome pode até mesmo dar vraja-prema. Porque então, é necessário
tomar iniciação? Foi falado as minhas declarações juntamente com as de Srila
Swami Maharaj e Srila Sridhar Maharaj. Então, eu quero reconciliar todas estas
declarações. É verdade que iniciação diksha
e as atividades purificatórias antes da iniciação não são necessárias em todas
as circunstâncias, mas precisamos saber algo mais sobre o real significado
deste verso. Srila Bhaktissidhanta Saraswati Thakur Prabhupada escreveu um
livro sobre regras e regulações na adoração a deidade chamado Archana Dipika.
Ali ele explicou que harinama é bhagavata
swarupa, a forma de Radha e Krishna, por esta razão é dito no Sikshastakam
que “Param vijayate sri krishna sankirtan”.
Por cantar e lembrar os nomes de Krishna, todos os tipos de perfeição como vraja-prema e até mesmo radha-dasya (tornar-se serva de
Radharani)- pode ser obtido.
Porém, nos estágios iniciais, quando um
devoto está vibrando o santo nome, ele está cheio de várias aparadhas (ofensas) e outros anarthas
como sono, distração, indiferença ou desinteresse em tópicos espirituais e
outras coisas. É garantido que tal pessoa não pode vibrar o nome puro. Ao
contrário, seu canto é apenas nama-aparadha.
É possível cantar o nome puro apenas depois de diksha samskara.
Srila Jiva Goswami explica o significado de diksha em seu Bhakti-sandarbha
(2830):
Divyam jnanam yato dadyat
Kuryat papasya sanksayam
Tasmat dikseti sa prokrta
Desikais tattva-kovidaih
“Diksha é o processo pelo qual a pesoa
acorda seu conhecimento transcendental e elimina todas as reações causadas por
atividades pecaminosas. Uma pessoa inteligente conhece este processo como diksha.”
O gayatri
mantra concede todos os tipos de divya-jnana,
conhecimento transcendental, incluindo o conhecimento sobre krsna-tattva e jiva-tattva, e também dá
nossa relação com Krishna. O santo nome apenas, não concede esta relação á uma
pessoa que está cheia de anarthas. Todos os nossos Acharyas, sem exceção,
começaram isto com o objetivo de purificar-nos das nossas reações pecaminosas e
limpar nossas ofensas, para que possamos desenvolver a habilidade de cantar o
nome puro. Para isto devemos diksha-vidhana
(o processo de iniciação). Di-ksha, di significa divya jnana, ou conhecimento realizado da nossa relação com
Krishan. Ksa é a purificação de todos
os pecados, aparadhas, e outras
impurezas. Para isto, diksa-vidhana é
essencial. Sem isto, nossa relação com Krishna (sambandha-jnana) não pode se manifestar e a pessoa não poderá
cantar suddha nama (nome puro).
Se não houvesse necessidade de acitar diksha-mantra, porque então Srila
Bhaktissidhanta Saraswati Thakur tomou segunda iniciação (diksha) de Srila
Goura kishora Das Babaji Maharaj? E porque Srila saraswati Thakur deu iniciação
diksha á todos os seus discípulos?
Parama Pujyapad Srila Sridhar Goswami Maharaj também tomou diksha dele. Se não há ncessidade, porque Srila Saraswati Thakur
deu iniciação diksha e porque seus
discípulos aceitaram isto?
Todos os Acharyas em nosso Guru-parampara
aceitaram diksha-mantras. Aqueles que dizem que apenas hari-nama é suficiente
para as almas condicionadas, podem nomear qualquer Acharya em nosso Guru-parampara
que não tomou iniciação diksha? Srila
Goura Kshora Das Babaji Maharaj, Srila Bhaktivinoda Thakur, Srila Viswanath
Chakravarti Thakur, os seis Goswamis e todos os outros tomaram segunda
iniciação. Srila Bhaktivedanta Swami Maharaj também tomou isto. Se diksha não é
essêncial, porque então todos eles aceitaram? Não é que o santo nome não é
puro, mas se a pessoa não é um devoto puro, não é possível para ela, cantar o
nome puro. Ele pode apenas cantar sílabas que parecem com o santo nome. Ele
pode apenas cantar ofensas ao santo nome ou o semblante do santo nome.
É verdade que simplesmente por tocar a
língua, krsna-nama pode dar tudo.
Porém, a língua material de uma alma condicionada não pode tocar o
transcendental santo nome:
Atah sri krsna namadi
Na bhaved grahyam indriyaih
Sevonmukhe hi jihvadau
Svayam eva sphuraty adah
(Bhakti-rasamrta-sindhu ‘1.2.234’.)
“Nome,
forma, qualidades e passatempos de Sri Krishna, não podem ser percebidos
através dos sentidos materiais das almas condicionadas. Porém, se alguém que
tem um humor favorável para com Sri Krishna, rende serviço devocionlal através
destes mesmos sentidos começando pela língua, Sri Krishna certamente revelará a
Si mesmo em sua forma pessoal á esta pessoa.”
Srila Raghunath Dasa Goswami também escreveu
no primeiro verso do seu manah-siksha:
Gurau gosthe gostalayisu sujane bhusura gane
Sva mantre sri namni vraja nava yuva dvandva
sarane
Sada dambham bitva kuru ratim apurvam
atitaram
Aye svantar bhratas caturbhir abhiyace
dhrta-padah
“Ó
meu querido irmão; minha mente tola! Agarrando-me aos seus pés, eu humildemente
oro a você com palavras doces. Porfavor abandone todo o orgulho e rapidamente
desenvolva um sublime e incenssante apego por Sri Gurudev, Sri Vraja dham,
pelos residentes de Vraja, pelos Vaishnavas, brahmanas, pelos meus diksha-mantras, pelos santos nomes do
Senhor Supremo, e assim tome refúgio em Sri Sri Radha Krishna, o eterno
e jovial casal divino de Vraja”.
Se diksha não é nessário, porque Srila Dasa
Goswami escreveu a palavra ‘mantra’? Porque ele não disse apenas a palavra ‘sri namni’? O que é sva mantra? Há alguma diferença entre mantra e harinama, e foi
por isso que ele disse á sua mente: “Porfavor abandone seu falso ego e tente
desenvolver uma sublime atração pelos dois. Tome refúgio nos dois, nama e
mantra, e então sua vida será exitosa.” Então, existem duas coisas e não uma.
Seu Gurudeva deu á ele o mantra- e
isto significa o diksha-mantra.
Agora, porfavor reconcilia todos estes pontos. (Neste verso a palavra ‘mantra’ indica – diksha mantra e a palavra ‘sri
namni’ indica hari nama.)
A
necessidade de um verdadeiro Guardião
Srila
Bhakti Rakshak Sridhar-Dev Goswami Maharaj – ‘Siga os anjos’.
Divya darsana divanbhuti – deve-se fazer
um acordo divino e temos que ter ajuda dos santos, que são agentes divinos
autênticos. Pode haver muitos agentes impostores também, pseudo-agentes,
agentes imitadores (sahajiya). Temos
que ir até o agente verdadeiro. E com a ajuda dele, pela graça dele, vamos
gradualmente alcançar nosso destino. O grande devoto Prahlada Maharaja também
confirma isso: “Enquanto a mente de alguém não entrar em contato com os divinos
pés de lótus do Senhor, é indispensável conseguir a ajuda dos Seus devotos,
Seus agentes, pois tal associação elimina tudo que é indesejável que está
dentro de nós”.
Nossa vida divina não começa realmente até
que chegamos aos pés de lótus do mestre verdadeiro. Aí sim começa. Nosso
verdadeiro progresso, vida verdadeira. Nosso verdadeiro avanço em direção à
divindade começa quando conseguimos o reconhecimento do agente do Senhor.
Alguns podem dizer: “Mas isto é monopólio, é um sistema despótico. Deus é para
todos, porque há essa necessidade de um mediador? Ele está aberto à todos e
conhece todos nós. Se desejamos com sinceridade, Ele virá até nós”. A concepção
deles pode ser essa.
Somos inconstantes, corremos de lá para cá
sem nenhum princípio em nossa vida, e nossa situação é muito triste. Este tipo
de vida é muito problemático. Pensar: “Não posso pôr minha fé em nada”,
significa que não posso encontrar um amigo em parte alguma. Estou sem amigos,
ando no meio de estranhos e talvez até de inimigos.
Quando sofremos de incerteza ao extremo,
devemos desejar a conexão com o Guru, o mestre espiritual. Não podemos
simplesmente interroga-lo com fé e confiança, pois o Guru é um guardião bem
querente que sabe mais sobre nosso bem estar do que nós mesmos. Assim é que é
ter um guardião, um amigo, um guru. Se a pessoa cometer vaishnava-aparadha ou nama-aparadha,
ofensas contra o Vaishnava ou ao santo nome, irá se atrasar repetidamente.
Não é algo fácil. Ainda sim há a possibilidade de uma alma digna alcançar a
posição mais elevada por meio da orientação adequada em uma única vida. Isto
não é impossível.
Narottama Thakur diz: “Se pudermos conseguir
um guardião verdadeiro, nosso futuro na vida espiritual está assegurado”.
Krishna não pode despedir o guardião com muita facilidade, pois o guardião tem
uma posição sólida em sua relação com o Senhor. Se adentrarmos no domínio do
guardião, estamos em uma posição segura. Nosso único consolo é que vamos junto
com o agente divino. Outros que ainda não foram capazes de se renderem aos pés
de lótus do guardião, do Guru fidedigno, estão em uma posição incerta e podem
ser desviados por qualquer outro agente. Seu futuro é deplorável. Eles não têm
nenhum refúgio. Se pudermos ter um ideal verdadeiro na vida por meio da nossa
fé ao guardião verdadeiro, aí certamente nosso futuro está praticamente
assegurado. Então nosso Gurudeva, nosso refúgio (asraya), será o comandante do barco que nos levará sobre este
interminável ciclo de nascimentos e mortes. Cruzaremos este oceano de misérias,
muito facilmente pelo comando de Srila Gurudev.
Terceira
parte
Vaishnava Ninda – Criticar um Vaishnava
(Artigo escrito por Srila Bhaktivinod Thakur – ‘Rays
of Harmonist’ N: 20. pág.15)
O
resultado de se criticar um Vaishnava.
De todos os diferentes tipos de ofensas que
as entidades vivas podem cometer, nenhuma delas é mais severa do que blasfemar
um Vaishnava. É necessário então analizar o significado de vaisnava-ninda de acordo com as escrituras. Isto é descrito no Skanda Purana:
Nindam kurvanti ye mudha
Vaisnavanam mahatmanam
Patanti pitrbhih sardham
Maha-raurava-samjnite
Hanti nindati vai dvesti
Vaisnavan nabhinandati
Krudhyate yati no harsam
Darsane patanani sat
“A
pessoa tola que critica um Vaishnava exaltado, cai até o inferno conhecido como
Maha-raurava juntamente com seus ancestrais. Aquele que: 1- mata um Vaishnava,
2- blasfema o Vaishnava, 3- usa de malícia contra ele, 4- não o recebe
apropriadamente quando o vê, 5- fica irado com ele, ou 6- não se sente feliz ao
vê-lo, certamente se degrada como resultado destes seis tipos de má conduta.”
Também é dito no Srimad Bhagavatam
(10.74.40), sobre a reação de se escutar ofensa ao Vaishnava:
Nindam bhagavatah srnvams
Tat-parasya janasya va
Tato napaiti yah so pi
Yaty adhah sukrtac cyutah
“A
pessoa que não abandona imediatamente o local onde Bhagavan ou o Vaishnava é
blasfemado, incorre em pecado, perde todos os seus créditos espirituais
(sukriti) acumulados anteriormente e então se degrada.”
As Três
classificações de Vaishnavas de acordo com os ensinamentos de Sriman Mahaprabhu:
Vaishnava, Vaishnava-tara e Vaishnava-tama
A única conclusão que podemos tirar é que
quando os devotos que se encontram no estágio de kanistha adhikari adquirem fé nas escrituras (sastriya sraddha), apenas neste momento eles realmente se tornam elegíveis
para servir os Vaishnavas. Eles são classificados simplesmente como vaishnava
(neófitos que possuem qualidades vaishnavas) até o momento que adquirem as
outras qualidades características de um madhyama
adhikari vaishnava.
Correspondentemente, madhyama vaishnavas são descritos como vaishnava-tara (possuem um
alto grau de qualidades vaishnavas) enquanto que apenas Uttamas Vaishnavas, os mais elevados Vaishnavas, são descritos como
Vaishnava-tama (possuem todas as
qualidades vaishnavas).
É necessário deliberar sobre como Mahaprabhu
descreveu estes três tipos de Vaishnavas:
Vaishnava.
Ataeva yanra mukhe eka krsna nama
Sei ta vaisnava kariha tanhara sammana
(Sri Chaitanya Charitamrta, Madhya lilá
15.111)
“Aquele
que canta o nome de Krishna (significa suddha
nama- nome cantado de forma pura) até mesmo uma só vez é Vaishnava (possui
qualidades Vaishnavas). Então, deve-se respeita-lo.”
Vaishnava-tara.
Krsna nama nirantara yanhara vadane
Sei se vaisnavatara bhaja tanhara carane
(Sri Chaitanya Charitamrta, Madhya lilá.
16.72)
“Aquele
que canta o nome de Krishna (puramente) constantemente é vaishnava-tara (possui
alto grau de qualidades Vaishnavas) e deve-se oferecer serviço aos seus pés de
lótus”.
Vaishnava-tama.
Yanhara darsane mukhe aise krsna nama
Tanhare janiha tumi vaisnava pradhana
Krama kari kahe prabhu vaisnava laksana
Vaisnava vaisnavatara ara vaisnavatama
(Sri Chaitanya Charitamrta, Madhya lilá.
16.74-75)
“Aquele que
inspira outros a cantar os nomes de Krishna meramente por se fazer visível á
eles é vaishnava-tama (possui todas
as qualidades Vaishnavas no nível máximo) e é o mais elevado Vaishanava.”
“Sri
Chaitanya Mahaprabhu explicou então os diferentes níveis de Uttamas Vaishnavas (Vaishnavas puros) em
seqüência – aqueles que são vaishnavas, aqueles que são vaishnavas-tara e aqueles que são vaishnavas-tama – em acordância com os sinomas exibidos por cada um
deles”.
De acordo com estes ensinamentos de Sriman
Mahaprabhu, aquele que pronuncia suddha-krsna-nama
(nome completamente puro) pelo menos uma vez é digno de ser chamado de
Vaishnava. Entre os kanisthas bhakta,
que são chamados de vaishnava-praya
(parecem ser vaishnava), ou vaishnava-abhasa
(semblante de vaishnava) cantam apenas namabhasa
(semblante do santo nome). Eles não cantam suddha-nama.
Porém, aqueles que de fato são capazes de cantar suddha-nama até mesmo uma só vez, possuem qualidades Vaishnavas e
são Suddha Vaishnavas. Aqueles que
cantam suddha nama continuamente são vaishnava-tara
(possui grande quantidade de qualidades vaishnavas); e Aqueles que simplesmente
por se fazer visível ao público, os incita a cantar krsna-nama, são vaishnavas-tama
(possui completamente todas as qualidades vaishnavas).
No dia em que krsna-nama (suddha nama)
aparece na língua de alguém, mesmo que seja uma só vez, ele perderá toda
propensão de cometer pecado. O que falar de pecado! Ele até mesmo perderá o
interesse em performar atividades piedosas.
Todas as três classificações de Vaishnavas –
vaishnava, vaishnava-tara e
vaishnava-tama, não possuem nenhuma forma de contaminação material e
pecado.
Se por acaso observa-se que uma pessoa está
inclinada a cometer pecado, então ela não deve ser classificada como Vaishnava.
Até mesmo kanistha-adhikaris vaishnavas
não tem inclinação por atividades pecaminosas ou piedosas.
Criticar as
falhas prévias de um Vaishnava é abominável.
Ó leitores, nunca se deve refletir em
qualquer falha que estava presente em um Vaishnava antes do aparecimento de bhakti á não ser que haja alguma bondosa
razão nisso. Um Vaishnava não deve ser criticado pelas insignificantes
remanescentes de suas falhas anteriores. Por essa razão Krishna disse no
Bhagavad Gita (9.30-31):
Api cet suduracaro
Bhajate mam ananya-bhak
Sadhur eva as mantavyah
Samyag vyavasito hi sah
Ksipram bhavati dharmatma
Sasvac-chantim nigacchati
Kaunteya pratijanihi
Na me bhaktah pranasyati
“Até mesmo um
homem de caráter abominável, mas que se engaja com dedicação no serviço amoroso
e unidirecionado (ananya bhajana) a
Mim, deve ser considerado santo porque está corretamente situado em bhakti.
Ele se torna virtuoso muito em breve e obtém paz eterna. Ó
Kaunteya, declara isto fortemente, que ‘Meu devoto nunca perece’.
Pela
influência de bhakti, todos os
abomináveis tipos de comportamento que pode haver existido no coração do
praticante antes do aparecimento de bhakti e tem dimuido gradualemente dia após
dia, são finalmente erradicados em um curto período de tempo. Então, criticar
um Vaishnava sem um motivo virtuoso resulta em Vaishnava-aparadha. Até mesmo se alguém observa
alguma falta acidental no Vaishnava ocoorente da divina providência, ainda sim
ninguém deve critica-lo. Neste contexto, o sábio Karabhajana disse:
Sva pada-mulam bhajatah priyasya
Tyaktany abhavasya harih paresah
Vikarma yac cotpatitam kathancid
Dhunoti sarvam hrdi sannivistah
(Srimad Bhagavatam (11.5.42)
“Aquele que
se engaja na adoração exclusiva aos pés de lótus de Bhagavan e que deixou todas
as outras coisas, é o mais querido á Mim. Até mesmo se a tendência de performar
atividades pecaminosas aparece em seu coração, Sri Hari, que reside diretamente
no seu coração, não apenas destrói estas tendências, mas também remove qualquer
reação que poderia manifestar como resultado de ter cometido algum pecado.”
O princípio aqui é que culpar falsamente e
criticar o Vaishnava por qualquer falta mencionada acima, pode ser classificado
em três categorias: nama aparadha
(ofensas contra o santo nome), Se alguém comete nama aparadha, a divina relação com o nama (santo nome) nunca manifestará, e sem esta relação é
impossível se tornar um Vaishnava.
Três
maneiras nas quais pessoas perversas vêem faltas em um Vaishnava.
Vaishnavas
puros não possuem falhas e assim estão acima de qualquer crítica. Mas as
degradadas pessoas criticam os Vaishnavas de forma raivosa e em três diferentes
maneiras (verso a seguir). Assim estas pessoas sem coração arruínam suas
próprias vidas pelo fato de agir errôneamente ao blasfemar um Vaishnava. Está
dito no livro Nama-tattva-ratnamala:
Prag bhakterudyaddosah ksayavasista eva ca
Daivotpannasca bhaktanam naivalocyah
kadacana
Saduddesyamrte yastu mrsapavadameva ca
Dosanalocayatyeva as sadhu-nindakohadhamah
“Existem três situações” na qual a pessoa
nunca deve refletir em qualquer falha encontrada no devoto; 1- falhas que
estavam presente nele antes do aparecimento de bhakti, 2- falhas que permanecem
temporariamente durante o tempo que o coração é purificado pela prática de
bhakti, 3- falhas que podem surgir acidentalmente devido á providência. A
pessoa que reflete em qualquer uma destas falhas sem um motivo apropriado e com
má intenção, é ofensora dos santos e se torna extremamente degradada”.
Pode-se
refletir sobre as falhas dos outros desde que se tenha um motivo virtuoso
apropriado.
Devemos considerar que sem um motivo
apropriado correto, é inapropriado refletir até mesmo parcialmente, nas faltas
de qualquer entidade viva, o que falar então dos Vaishnavas? Blasfemar um
Vaishnava é ofensa, mas até mesmo blasfemar outras entidades vivas é pecado.
Vaishnavas não tem interesse em cometer atos pecaminosos.
Porém, se há um motivo apropriado, as
escrituras não condenam uma crítica cuidadosa sobre as falhas de alguém.
Existem três
diferentes e apropriados motivos que não se enquadram em ofensa ao Vaishnava:
1-
Se a intenção de analizar os pecados de alguém é para
assegurar-lhe seu bem estar último, então tal reflexão é auspiciosa.
2-
Se o motivo de refletir nos pecados de alguém é
beneficiar todo o mundo, então isto pode ser visto como um ato auspicioso.
3-
Se tal reflexão é feita para seu (da pessoa que
refletir) próprio benefício espiritual, então isto é também auspicioso. Não há
falha nesta reflexão.
Quando alguém medita nos fatos históricos
de personalidades como Valmiki ou Jagai e Madhai na luz de um destes três
virtuosos motivos citado acima, então tal reflexão nunca será um ato
pecaminoso. Quando um discípulo pede humildemente ao seu mestre espiritual que
o ensine à como identificar um Vaishnava, o mestre espiritual desejando o
melhor para seu discípulo e para todo mundo, explica que aqueles que se
comportam de maneira não santa, não são Vaishnavas. Ele então explica como se
deve identificar um verdadeiro Vaishnava através de anti-téses.
Com a intenção de encorajar alguém a aceitar
o refúgio dos pés de lótus de um real Vaishnava, abandonando o falso, ‘os assim
chamados pregadores da religião’, a pessoa não corre o risco de Vaishnava aparadha ou sadhu-ninda (ofensa ao Vaishnava).
Nestes casos, até mesmo as críticas direcionada á uma pessoa específica está
livre de faltas. Estes são exemplos de criticar com motivo apropriado.
As
aparências enganam
(Chaitanya Bhagavata por Srila Vrindavana Das Thakur ‘Veda
Vyasa em Goura-lila’ - madhya-lila. Pág.
296-297 – Tradução – Srila B.V.Puri Goswami Maharaj)
“Jagai e Madhai, mesmo tendo cometido todos
os pecados imagináveis, ainda sim, estavam livres das ofensas contra os
Vaishnavas. Eles estavam sempre bêbados e não tinham oportunidade de criticar
os Vaishnavas. Um lugar pode estar repleto de pessoas altamente piedosas, porém
se neste mesmo lugar, ofensas ou críticas aos Vaishnavas são cometidas, toda a
misericórdia é eliminada. Se Vaishnavas são ofendidos até mesmo por uma
assembléia de renunciantes, sanyassis, tal assembléia é mais irreligiosa e
pecaminosa do que um grupo de bêbados. Para os bêbados, ainda há uma chance de
salvação, mas para aqueles que criticam os Vaishnavas, não há nenhuma esperança
de liberação.”
(Sri Chaitanya Bhagavata – Pág. 369-370.)
“É dito no Padma Purana: “Um pecador
facilmente identificado e sem vergonha é, em vários aspectos melhor do que
‘falsos sanyassis’ e mayavadis (que
não aceitam O Senhor Chaitanya), pois se corrompem sozinhos, enquanto que um
homem pecaminoso que pousa de santo é pior porque além de se afundar, também
afunda todos os seus seguidores no mais escuro inferno. Ladrões capturam suas
vítimas em um local isolado e as roubam usando armas e outras ferramentas, mas
o homem santo hipócrita usa palavras doces para atrair o sentimento das pessoas
e então às confunde para gradualmente usurpar suas riquezas.
No Srimad
Bhagavata, está dito: “Em kali yuga (era
atual, era da hipocrisia, falsidade e desavenças), sudras vão se manter usando
roupas de renunciados e assim receberão caridade. Aqueles que não são versados
nas escrituras e conhecimento espiritual, vão se sentar na Vyasasana e dar instruções ao povo. As pessoas vão escutar instruções
espirituais de um homem o julgando meramente por sua aparência, mas ao
contrário, vão inconscientemente escutar o impostor blasfemar os reais santos e
devido a esta ofensa, irão ao inferno. Os Vedas claramente descreve que se
alguém escuta uma crítica á um devoto Vaishnava, então ele perde todos os seus
créditos piedosos e é jogado em condições abomináveis da vida, nascimento após
nascimento. Os ladrões sofrem apenas uma vida no inferno, enquanto que os
ofensores do Vaishnava sofrem intermináveis misérias. Uma pessoa pode ser bem versada
em todos os quatro Vedas, mas se mesmo assim ela mantém uma atitude ofensiva
para com os Vaishnavas, ela será condenada a sofrer eternamente no pior dos
infernos. A pessoa pode estudar o Srimad Bhagavatam para gratificar os sentidos
e assim se desviando, comete ofensa aos pés de lótus do Senhor Nityananda e
invoca grande desastre para si mesmo.” Jay Nitai Goura Hari Bol!!!
Notas
Adicionais:
“Existem três
níveis de Uttama adhikari. 1- Uttama- kanistha, possui algum vestígio
de desejo material no modo da bondade, aind sim tal desejo se encontra em um
estado adormecido e inconsciente. 2- Uttama-madhyama,
não possui nenhum traço de desejo ou samskara,
porém ainda não possui siddha-deha-
forma eterna espiritual. 3- Uttama-
Uttama, possui sua forma eterna- sac-cid-ananda- e serve Deus como Seu associado
eterno. É também chamado de Maha
Bhagavata.”
(Explicação extraída do livro ‘Guru – devatatma’
Páginas 16 e 17)
Devemos
honrar mentalmente um real kanistha
adhikari que possui as seguintes qualificações:
por Param Gurudev
Sri Srimad Bhakti Praghyana Keshav Goswami Maharaja (Life and teachings)
“Tendo em mente a consideração mencionada
nos versos acima, Srila Prabhupada Saraswati Thakur impartiu a instrução de
honrar em nossa mente, a pessoa que está dotada com sambandha-jnana, que recebeu diksha,
está livre de aparadhas, que
compreende que Krishna e seu nome são idênticos e que compreende que o aprakrta-nama é o único meio para
alcançar a meta. Esta pessoa também se dedica continuamente ao serviço de krsna-nama, (não se associa com
gratificadores dos sentidos (karmis)
e impersonalistas (mayavadis) e se
esforça para alcançar a meta (prayojana)-
krsna-prema.” (Edição em
espanhol – Pág.351 e 352)
Sobre o autor
Paramaradhyattama
Guru Pad Padma Sri Srimad Bhaktivedanta Narayan Goswami Maharaj é discípulo de
Nitya-lila Pravista Om Visnupada Sri Srimad Bhaktipraghyana Keshav Goswami
Maharaj, quem é um dos discípulos mais proeminentes de Nitya-lila Pravista Om
Visnupada Sri Srimad Bhaktisiddhanta Saraswati Prabhupada.
Srila Narayan
Goswami Maharaj nasceu em uma vila chamada Tewaripur, situada ás margens do
sagrado rio Ganges, onde o Senhor Ramachandra e Visvamitra Muni foram matar o
demônio chamado Taraka. Nasceu no dia de lua nova (amavasya) em fevereiro de 1921 em uma família brahmínica Triveni
altamente religiosa. Durante sua infância acompanhava os pais em reuniões e kirtans religiosos.
Em fevereiro
de 1947, deixou sua família para se encontrar-se com seu mestre espiritual em Sri Navadvip-dhama
na Bengala. Viajou á Navadvip após conhecer um discípulo de Srila
Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura chamado Narottamananda Brahmacari, que havia
viajado até sua vila levando á cabo a missão de Sri Chaitanya-deva. Após
discutir vários tópicos com Narottamananda Brahmachari, Srila Narayana Maharaja
se convenceu da suprema posição da filosofia dada pelos Acaryas na linha de
Rupa Goswami Prabhupada, e poucos dias depois deixou sua família para unir-se á
missão de seu mestre espiritual e á ele entregar sua vida.
Chegando a
Navadwip-dhama, participou do Parikrama anual
que acontecia no momento. No último dia, no dia de Gaura Purnima, recebeu
iniciações hari-nama e gayatri (diksha) de Srila Bhaktipraghyana
Keshava Goswami Maharaja e passou á se chamar Gaura Narayana. Pouco depois, seu
Gurudeva deu-lhe também o título de Bhakta
bandhava, que significa “amigo dos devotos”, por ele estar sempre servindo
os Vaishnavas. Passou os nove anos seguintes viajando com Srila Bhaktiprajnana
Keshava Maharaja em programas de pregação por toda Índia, e em 1952, no dia de
Gaura Purnima, seu amado Gurudeva lhe concedeu a sagrada ordem de sanyassa. Em 1945, Srila Bhaktipraghyana
Keshava Maharaja, deu-lhe o recém inaugurado templo de Mathura chamado Sri
Keshavji Gaudiya Math, para dirigi-lo. Assim, Srila Narayana Maharaja passava a
metade do ano em Mathura e metade na Bengala dedicando á numerosos serviços,
foi assim por 14 anos. Foi nomeado também como vice - presidente da Gaudiya
Vedanta Samiti e editor chefe das publicações devocionais em hindi e da revista
mensal chamada Sri Bhagavata Patrika. Em 1968, Srila Bhaktiprajnana Keshava Maharaj
deixou este mundo, e Srila Narayan Maharaj realizou todos os rituais
necessários para seu samadhi.
Srila
Narayana Maharaja também traduziu vários livros de Srila Bhaktivinoda Thakura
do bengali para o hindi, como o Jaiva Dharma, Bhakti tattva Viveka entre
outros. Muitos deles já foram traduzidos em diversas línguas pelos seus
seguidores.
Uma relação
importante na vida de Srila Narayana Maharaja foi sua associação com sua Divina
Graça Srila Bhaktivedanta Swami Maharaj Prabhupada, o famoso pregador mundial
do Gaudiya Vaishnavismo no ocidente. Eles se conheceram pela primeira vez em
Calcutá em 1947 na ocasião da inauguração de um novo ramo da Gaudiya Vedanta
Samiti. Mais tarde, quando Srila Narayana Maharaja acompanhou Srila
Bhaktiprajnana Keshav Goswami Maharaj em Jhansi, eles conversaram vários
assuntos espirituais e Srila Swami Maharaja ficou muito satisfeito com ele.
Anos mais tarde, Srila Swami Maharaj aceitou o convite de Srila Bhaktiprajnana
Keshav Maharaj para ir morar na Keshavji Math de Mathura, onde viveram juntos
alguns meses. Assim eles conversavam sobre temas profundos relacionados á
Bhakti-yoga e desenvolveram muita afeição um pelo outro. Srila Narayana
Maharaja considerava Srila Swami Maharaj como seu siksa guru e também seu amigo querido. Em 1959, Srila Bhaktipraghyana
Keshav Maharaj concedeu a sagrada ordem de sanyassa á Srila Bhaktivedanta Swami
Maharaj e Srila Narayan Maharaj liderou toda a cerimônia ritualística.
Após receber sanyassa, Swami Maharaj viveu sozinho em
Vrindavana e Narayan Maharaj ia visita-lo frequentemente. Eles conversavam
assuntos muito íntimos sobre a filosofia Vaishnava.
Quando Srila
Swami Maharaj foi pregar no Ocidente e abria seu primeiro templo, Srila
Narayana Maharaja lhe enviou os primeiros tambores (mrdanga), os sinos (kartalas),
deidades de Radha e Krishna, e também alguns livros em sânscrito que Swamiji
havia deixado na Índia. Alguns dias antes de deixar este mundo mortal, Srila
Swami Maharaja pediu á Srila Narayan Maharaj que tomasse conta dos seus
discípulos ajudando-os á adentrarem-se ainda mais na filosofia Vaishnava, e
também realizar sua cerimônia funeral (samadhi).
Ambos os pedidos mostram a confiança que Swami Maharaj depositava em Narayana Maharaja. Desde
então, Srila Narayan Maharaj deu uma poderosa guia e um abrigo amoroso ás
pessoas que se refugiam nele. Através de livros e excursões mundiais de
pregação, ele satisfez os corações de pessoas de todo mundo que estão
sinceramente sedentas pela Verdade. Deixou este mundo mortal para se juntar ao
Casal Divino Sri Sri Radha Krishna, em dezembro de 2010 na cidade sagrada de
Jagannatha Puri.
Yuga Acharya Fundador- Rupanuga-varya Srimad Bhaktivedanta Narayan
Goswami Maharaj
Milhões de respeitos à – Sri Goura Priya
Murtaiye Srimad Bhakti Ballabh Tirtha Goswami Maharaj
Autor- Sri
Srimad Bhaktivedanta Narayan Goswami Maharaj
Tradução – Baladeva Das Brahmachari
Agradecimentos pelas importantes contribuições – Srila
Bhakti Kamala Govinda Maharaj, Sriman Brajanath Prabhu, Lakshmana Das, Krishna
Mantra Das, Ujjal Das, Adhoksaja Das (Santos), Tulsi Das, Ludney Garcia, Bhakta
Paulo ‘Professor’, Leandro Silva, Mani Kundalika Dasi, Kalavati Dasi, Radha
Priya Dasi (Santos).
Sri Keshavji Gaudiya Math
(B.H)- Sociedade Internacional de Suddha
Bhakti Yoga
Rua
Maranhão, 938 – apto. 1002 – Funcionários - Belo Horizonte - MG -
contato - Baladeva Das Brahmachari (31) 3225-9035
Templos no Brasil e no mundo.
Sites relacionados:
www.purebhakti.com (ir em ‘english books’ para ler os livros
citados na íntegra em inglês)
Todos os
direitos reservados ao Senhor Supremo. Encorajamos a reprodução parcial ou
total deste livro. Favor apenas citar as fontes.
Brhat
Mrdanga Publicações
Nenhum comentário:
Postar um comentário