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segunda-feira, 5 de abril de 2010

As qualidades divinas e as demoniacas

Srimad Bhagavad Gita

Sri Srimad Bhaktivedanta Narayana Goswami Maharaja

Tradução : Baladeva Das Brahmachari


http://srisrimadbhagavadgita.blogspot.com/


http://www.bhagavad-gita.org/Images/header2.jpg



Capítulo 16


Daivasura Sampada Yoga


As qualidades divinas e as demoniacas


Sloka 1 – 3

Sri bhagavan uvaca

Abhayam sattva-samsuddhir

Jnana-yoga-vyavasthitih

Danam damas ca yajnas ca

Svadhyayas tapa arjavam

Ahimsa satyam akrodhas

Tyagah santir apaisunam

Daya bhutesv aloluptvam

Mardavam hrir acapalam

Tejah ksama dhrtih saucam

Adroho nati-manita

Bhavanti sampadam daivim

Abhijatasya bharata

Sri Bhagavan disse: Ó Bharata! A valentia, o regozijo do coração, a constância no cultivo de conhecimento, a caridade, o controle dos sentidos, a execução de yajna, o estudo dos sastras, a penitência, a sencibilidade, a não violência, a veracidade, a ausência da ira, o desapego da esposa, filhos e demais parentes, o sossego, a aversão á criticas, a bondade para com todos os seres vivos, a ausência de avareza, a gentileza, a modéstia, a determinação, o vigor, a indulgência, a paciência, a limpeza interna e externa, e a ausência total de ódio, são todas qualidades divinas que se manifestam em uma pessoa que aparece neste mundo em um momento auspicioso.

Prakasika-vrtti

As qualidades divinas e demoníacas juntamente com as inclinações descritas brevemente no capítulo anterior, são descritas agora detalhadamente. As pessoas de tendências demoníacas enroscadas na rede de maya, nascem em espécies de vida demoníaca e sofrem miséria e dor. Ao contrário, as pessoas de natureza divina, dotadas com qualidades divinas, cruzam o miserável oceano do nascimento e morte e gradualmente avançam no caminho mais auspicioso de bhakti. Finalmente desfrutam da bem aventurança do serviço á Bhagavan em sua morada. As pessoas liberadas jamais são atadas á este mundo material. O acúmulo de qualidades divinas só sem manifestam em pessoas elevadas que nasceram em um momento favorável e de pais auspiciosos que realizaram garbhadhana samskara, o processo védico para conceber um bom filho. Os pais devem evitar fazer filhos como fazem os gatos e cachorros. Sri Krishna expressa no Gita que ele é o sexo que produz bons filhos. Por tanto, o sexo não está proibido , mas quando se faz apenas para o desfrute, é de natureza infernal.

Pode-se ver todas estas boas qualidades nos suddha-bhaktas. Um bhakti-sadhaka rendido deve Ter a firme convicção: “Bhagavan é meu protetor e está sempre comigo. Ele me olha, conhece tudo e me sustenta.”Quando um devoto desenvolve este tipo de fé, ele está livre de todo temor por qualquer lugar que se encontre, seja em casa ou num bosque. Srila Haridasa Thakura se manteve parado quando os fanáticos muçulmanos o arrastaram por vinte mercados em navadvip. Após terem o espancado, eles o submergiram no ganges, mas quando ele emergiu estava com um corpo saudável e regressou ao seu bhajana-kutira. O kazi e os demais se surpreenderam ao ver a cena. Assim sendo, o bhakti-sadhaka deve ser sempre confiante.

Sloka 4

Dambho darpo ´bhimanasca

Krodhah parusyam eva ca

Ajnanam cabhijatasya

Partha sampadam asurim

Ó Partha! A hipocrisia, a arrogância, a ira, a dureza de coração e a falta de discriminação residem naqueles que nascem com qualidades demoníacas. Quem nasce em um momento inauspicioso, adquire estas qualidades.

Bhavanuvada

Sri Bhagavan menciona agora os frutos que atam uma pessoa á existência material. Mostrar-se como uma pessoa religiosa quando se é irreligioso se denomina hipocrisia. A arrogância consiste no orgulho da riqueza e educação. O desejo de ser respeitado pelos demais e o apego pela esposa, filhos e família se chama vanidade.

Sloka 5

Daivi sampad vimoksaya

Nibandhayasuri mata

Ma sucah sampadam daivim

Abhijato ´si pandava

As qualidades divinas são a causa da liberação, enquanto que as demoníacas são a causa do cativeiro. Ó filho de Pandu, não lamentes, pois nascestes com qualidades divinas.

Bhavanuvada

Sri Bhagavan mostra agora como funcionam as duas naturezas mencionadas. Mas antes que Arjuna se lamentasse dizendo “Que desgraça! Eu devo Ter qualidades demoníacas como a dureza do coração e ira, pois desejo matar meus parentes com estas flechas.” Sri Bhagavan lhe consola dizendo; “Não lamentes. Nasceste em uma dinastia de ksatriyas. As dharma-sastras aprovam que seja duro de coração e valente na guerra. Mas a violência em outras circunstâncias é demoníaca.”

Sloka 6

Dvau bhuta-sargau loke´smin

Daiva asura eva ca

Daivo vistarasah prokta

Asuram partha me srnu

Ó Partha! Neste mundo há dois tipos de seres: Os divinos e os demoníacos. Descrevi á ti detalhadamente as qualidades divinas. Escuta agora sobre a natureza demoníaca.

Sloka 7

Pravrttinca nivrttinca

Jana na vidur asurah

Na saucam napi cacaro

Na satyam tesu vidyate

As pessoas demoníacas não conhecem a virtude nem sabem como absterse do vício. Não se encontra nelas a limpeza, conduta apropriada ou veracidade.

Sloka 8

Asatyam apratistham te

Jagad ahur anisvaram

Aparaspara-sambhutam

Kim anyat kama-hetukam

Os demônios descrevem o mundo como sendo irreal, sem fundamento e carente de Deus. Afirmam que são produto da união sexual e que não há outra causa á não ser a luxúria.

Prakasika-vrtti

Neste verso Bhagavan explica a filosofia de quem possui uma natureza demoníaca. A essência do comentário de Baladeva Vidyabhusana para este verso é o seguinte:

1. De acordo com a opinião dos mayavadis, o mundo material é asatya, apratisthita e anisvara. Asatya porque é uma ilusão, tal como a corda pode ser confundida com uma serpente. Apratisthita por que não tem fundamento, tal como uma flor no céu. Anisvara por que nenhum Isvara o criou.
2. Na opinião dos budistas svabhava-vadis, o mundo é aparaspara-sambutam, melhor dizendo, não nasceu da união do macho com a fêmea se não que é o produto de svabhava: é produzido e sustentado pela ação natural e necessária de algumas substâncias segundo suas propriedades inerentes.
3. Segundo carvaka, este mundo é kama-haitukam, nascido da luxúria que flui entre macho e fêmea.
4. De acordo com os jainistas, o desejo egoísta é a causa deste mundo. Baseados em sua lógica especulativa, descartam a literatura védica e se dediacm á inútil tarefa de definir a causa do mundo material.

A afirmação de Sri Krishna expressa claramente que o mundo material, constituído por seres móveis e imóveis, foi criado pela prakriti sob sua supervisão. Visto que foi criado pela vontade de Bhagavan, o possuidor da verdadeira determinação, este mundo é real, ainda que mutável e perecível. Os asuras(demônios), carentes de sabedoria pura e perfeita, imaginam diversos tipos de conclusões ateístas temporárias.

Sloka 9

Etam drstim avastabhya

Nastatmano ípa-buddhayah

Prabhavanty ugra-karmanah

Ksayaya jagato ´hitah

Os demônios carecem de atma-tattva. Eles se refugiam nas visões ateístas e identificando o corpo como sendo seu verdadeiro ser, atuam com violência. Eles são a personificação de tudo que é indesejável e nascem com o único propósito de desfrutar do mundo.

Prakasika-Vrtti

Os demônios carecem de tattva-jnana. Eles inventam vários tipos de máquinas e com pretexto de avanço da civilazação humana, inventam numerosas armas e dispositivos para matar a maior quantidade de pessoas no menor tempo possível, mesmo se estas se encontram em outros continentes. Eles estão muito orgulhosos de tais inventos. A sociedade demoníaca trabalha para destruir o mundo visto que não tem fé em Isvara nem nos Vedas.

Sloka 10

Kamam asritya duspuram

Dambha-mana-madanvitah

Mohad grhitva ´sad-grahan

Pravarttante ´suci-vratah

Obsecados por desejos insaciáveis e cheios de hipocrisia, orgulho e arrogância, os demônios néscios anseiam constantemente os objetos temporários. Consagrados á depravação eles se dedicam á doração de semi-deuses insignificantes.

Slokas 11-12

Cintam aparimeyanca

Pralayantam upasritah

Kamopabhoga-parama

Etavad iti niscitah

Asa-pasa-satair baddhah

Kama-krodha-parayanah

Ihante kama-bhogartham

Anyayenartha-sancayan

Pensando que o desfrute sensual é o propósito da vida, eles se quedam ansiosos até o momento da morte. Atados ás cordas dos ilimitados desejos e dominados pela luxúria e a ira, se esfórçam em acumular riqueza mediante métodos indevidos, com o objetivo de obter prazer sensual.

Sloka 13

Idam adya maya labdham

Idam prapsye manoratham

Idam astidam api me

Bhavisyati punar dhanam

Os demônios pensam: “Consegui muita coisa hoje e assim satisfarei meu desejos. Tenho tanta riqueza agora e isto aumentará ainda mais no futuro.

Sloka 14

Asau maya hatah satrur

Hanisye caparan api

Isvaro ´ham aham bhogi

Siddho ´ham balavan sukhi

“Matei este meu inimigo e matarei outros também. Sou o senhor e o desfrutador. Sou perfeito, poderoso e feliz.”

Sloka 15

Adhyo ´bhijanavan asmi

Ko ´nyo ´sti sadrso maya

Yaksye dasyami modisya

Ity ajnana-vimohitah

“Sou afortunado e nobre de nascimento. Quem pode se comparar á mim? Executarei yajna, oferecerei caridade e como resultado gozarei de grande felicidade.” Eles falam assim por que estão enganados pela ilusão.

Sloka 16

Aneka-citta-vibhranta

Moha-jala-samavrtah

Prasaktah kama-bhogesu

Patanti narake ´sucau

Confundidos por numerosos desejos e ansiedades, emaranhados na rede da ilusão e escesivamente viciados no desfrute sensual. Eles caem em situações impuras e infernais.

Prakasika-vrtti

As pessoas demoníacas pensam que são Isvara(controlador) apesar de estarem agitadas por diversas ansiedades inúteis e atadas á uma rede de ilusão. Eles se convertem em instrutores e ensinam seus seguidores. “Tu és Isvara, podes fazer tudo que desejas.”

Hoje em dia, aqueles que possuem inclinações demoníacas pretendem alcançar os planetas superiores com diversos tipos de naves espaciais, mas não sabem que transitam em um caminho destrutivo.

Sloka 17

Atma-sambhavitah stabdha

Dhana-mana-madanvitah

Yajante nama-yajnais te

Dambhenavidhi-purvakam

Inflados, arrogantes e intoxicados pelo falso prestígio que a opulência outorga, os demônios realizam ostentosos yajnas apenas externamente, pois não seguem as instruções dos sastras.

Prakasika-vrtti

Hoje em dia a maioria das pessoas que adoram os semi-deuses e outras personalidades, o fazem segundo seus próprios caprichos, sem respeitar as instruções dos sastras. Devemos escutar as instruções de Krishna sobre este aspecto.

Sloka 18

Ahankaram balam darpam

Kamam krodhanca samsritah

Mam atma-para-dehesu

Pradvisanto bhyasuyakah

Confundidos pelo falso ego, pela força corpórea, pelo orgulho, pela luxúria e ira, eles me invejam e me criticam através dos sadhus, em cujos corações resido eternamente como Paramatma.

Sloka 19

Tan aham dvisatah kruran

Samsaresu naradhaman

Ksipamy ajasram asubhan

Asurisv eva yonisu

Aqueles que invejam os sadhus, que possuem um cruel coração e que são malévolos, são os seres humanos mais degradados. Eu os jogo na existência material entre as diversas espécies de demônios.

Sloka 20

Asurim yonim apanna

Mudha janmani janmani

Mam aprapyaiva kaunteya

Tato yanty adhamam gatim

Ó Kaunteya! Aceitando um nascimento atrás do outro em espécies demoníacas, tais néscios jamais me alcançam. Assim, eles continuam emaranhados nas formas mais degradadas de vida.

Prakasika-vrtti

Geralmente, a jiva obtém os frutos do seu próprio karma, e para experimentar os resultados deste karma, as pessoas que se opõe aos vedas, aos bhaktas e á Bhagavan, caem uma e outra vez nas espécies demoníacas de vida. Por que cometeu várias ofensas, elas não conseguem nenhuma oportunidade de se liberarem destas ofensas. Estas ofensas não podem ser expiadas nesta mesma vida, mas a pessoa tem a oportunidade de expia-las quando descende á espécies inferiores como a dos animais. O nascimento em qualquer espécie, com exceção da humana, tem como único objetivo a expiação dos resultados kármicos anteriores.

Sloka 21

Tri-vidham narkasyedam

Dvaram nasanam atmanah

Kamah krodhas tatha lobhas

Tasmad etat trayam tyajet

Há três portas que conduzem ao inferno: a luxúria, a ira e a cobiça. Deve-se ás abandonar por completo, pois são a causa da destruição da alma.

Prakasika-vrtti

As qualidades demoníacas mencionadas destroem o ser e o conduz ao inferno. A luxúria, a ira e a cobiça são a raíz das outras. Por tanto, todo ser humano que deseje seu próprio bem estar, deve erradica-las. Os karmis, os jnanis e yogis não podem controlar estas tendências apesar de seus esforços, mas um suddha-bhakta, pela influência de sadhu-sanga, pode subjulgar facilmente estes três inimigos e mostrar assim um extraordinário exemplo de como eles podem ser controlados.

Sloka 22

Etair vimuktah kaunteya

Tão-dvarais tribhir narah

Acaraty atmanah sreyas

Tato yati param gatim

Ó Kaunteya! Aquele que escapou das portas que conduzem ao inferno, atua para o bem estar do seu próprio ser e deste modo alcança o destino supremo.

Sloka 23

Yah sastra-vidhim utsrjya

Varttate kama karatah

Na as siddhim avapnoti

Na sukham na param gatim

Aqueles que recusam a sanção dos sastras e atuam segundo sua própria vontade, não alcançam a perfeição, a felicidade nem o destino supremo.

Sloka 24

Tasmac chastram pramanam te

Karyakarya-vyavasthitau

Jnatva sastra-vidhanoktam

Karma kartum iharhasi

Por tanto, os sastras são a única autoridade acerca da conduta correta e incorreta. Quanto ao seu dharma, deves executar todas as suas atividades compreendendo a essência dos sastras.

Prakasika-vrtti

Após aprender as instruções dos sastras, as pessoas que desejam bem aventurança eterna, devem cultivar bhakti á Sri Hari sob a guia do guru-varga, de acordo com sua qualificação respectiva. Para uma pessoa inteligente, não é espíritualmente favorável atuar contra os códigos dos sastras ou considerar autoritativas as idéias imaginárias de supostos instrutores que são glorificados pelos não devotos.

A ofensa original da jiva é o mau uso do seu livre arbítrio e sua aversão á Krishna. Por isto, maya, que é uma serva de Krishna, á coloca em cativeiro. Atrapada por maya, a jiva abandona a natureza sattvika que lhe permite compreender Bhagavan e desenvolve uma natureza demoníaca de qualidades tamasika. Neste momento manifestam-se muitas ofensas como a crítica aos sadhus, o conceito politeísta de Deus ou a idéia de que Deus não existe, a desobediência ao guru, a falta do devido respeito aos sastras entre outros.

Assim se conclui o décimo sexto capítulo do Bhagavad gita.

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