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domingo, 4 de março de 2012

O Nascimento do Senhor Caitanya

Capítulo do Chaitanya-Bhagavata cedido em cortesia pela BBT Brasil. O Chaitanya-Bhagavata, em seu total de cinquenta e cinco capítulos,


O Nascimento do Senhor Caitanya

Da obra Chaitanya-Bhagavata,

Adi-khanda, Capítulo 2 (excerto)




Glórias e mais glórias ao beatífico Gaurasundara Mahaprabhu, o filho de Jagannatha Misra, o Senhor Supremo de tudo e todos! Glórias e mais glórias ao Senhor Caitanya, a vida e alma de Nityananda Prabhu e de Sri Gadadhara Pandita! Todas as glórias, todas as glórias a Ele que é o abrigo de Sri Advaitacarya! Glórias e mais glórias ao Senhor Sri Gauranga e a Seus associados! Obtém-se amor devocional pelo Supremo simplesmente por se ouvirem estes tópicos transcendentais acerca do Senhor Caitanya. Novamente ofereço minhas reverências aos pés de lótus do Senhor e aos pés de lótus de todos os Seus associados; assim, os passatempos do Senhor poderão aparecer em minha língua. Glórias e mais glórias ao Senhor Gauracandra, o oceano de misericórdia!



Glórias e mais glórias ao Senhor Nityananda, o serviço devocional personificado! Eles são irmãos e são devotos do Senhor. Suas verdadeiras identidades, contudo, são desconhecidas. Unicamente pela misericórdia dEles nos é revelada a verdadeira identidade de ambos. O Senhor Brahma foi iluminado acerca da Verdade Absoluta pela misericórdia do Senhor Krsna. O Srimad-Bhagavatam (2.4.22) e todas as escrituras védicas descrevem isso. “Que o Senhor que é o começo da criação e que ampliou o poderoso conhecimento de Brahma de dentro de seu coração e o inspirou com sabedoria plena acerca da criação e acerca de Sua própria identidade, e que parece ter sido gerado a partir da boca de Brahma, fique satisfeito”. Quando, no começo, o Senhor Brahma nasceu do lótus do umbigo do Senhor, ele não tinha capacidade de ver algo. Todavia, quando ele se rendeu completamente ao Senhor Supremo; por Sua misericórdia sem causa, Krsna apareceu perante Brahma. Essa mesma misericórdia iluminou o Senhor Brahma com conhecimento absoluto do Senhor Supremo, a origem de todas as encarnações. Como uma conseqüência natural, da boca de Brahma começaram a fluir canções glorificatórias.



A vinda do Senhor Krsnacandra a este mundo material é muito difícil de se compreender. Sem primeiramente receber a misericórdia do Senhor, quem tem poder para entender tal nascimento? Seus passatempos supramundanos são inconcebíveis e inacessíveis. O Senhor Brahma declara no Srimad-Bhagavatam (10.14.21): “Ó Senhor do Universo, ó Pessoa Suprema, ó Alma Suprema, ó Senhor dos místicos, como Você é maravilhoso! Quem dentro dos três mundos pode saber quando, onde, por qual motivo e como Você expande Sua potência espiritual interna, Yogamaya, e executa Seus passatempos transcendentais?”. Quem pode apontar a razão ontológica para o advento do Senhor neste mundo? Só posso ter por fonte o Bhagavad-gita e o Srimad-Bhagavatam para encontrar a razão de Seu aparecimento. “Sempre e onde quer que haja declínio na prática religiosa, Ó descendente de Bharata, e uma ascensão predominante de irreligião – aí, então, Eu próprio descendo. Para libertar os piedosos e aniquilar os malfeitores, bem como para restabelecer os princípios da religião, Eu mesmo venho, milênio após milênio”. (Bhagavad-gita 4.7-8) À proporção que as práticas religiosas enfraquecem, a irreligião ganha espaço. Quando isto ocorre, o Senhor Brahma e os demais semideuses se aproximam do Senhor e oram pela proteção dos devotos e pela aniquilação dos demônios.



A fim de restabelecer o processo religioso da era (yuga-dharma), o Senhor Supremo, acompanhado de Suas expansões e associados, descendeu à Terra. A religião de Kali-yuga é o canto congregacional do santo nome do Senhor (Hari-sankirtana) e para estabelecer de forma definitiva esse processo, o Senhor apareceu como o filho de Mãe Saci. Confirma-se no Srimad-Bhagavatam (11.5.31-32) que a Suprema Verdade Absoluta, Sri Caitanya Mahaprabhu, nasce unicamente com o propósito de propagar o canto congregacional do santo nome de Krsna: “Os devotos sempre oferecem orações à Suprema Personalidade de Deus através de vários mantras e observam os princípios reguladores dos livros védicos suplementares. Mas, na era de Kali, aqueles que forem inteligentes, executarão especificamente o canto congregacional do maha-mantra Hare Krsna, adorando a Suprema Personalidade de Deus, que aparece nesta era como um devoto sempre a cantar as glórias de Krsna”. O Senhor Caitanya-Narayana revelou que o Hari-sankirtana, o canto congregacional do santo nome do Senhor Hari, é a essência de toda a religião em Kali-yuga. Para o estabelecimento desse Movimento de Sankirtana, acompanhado de Seus associados, Ele aparece em Kali-yuga.



Cumprindo o desejo do Senhor, Seus eternos associados aparecem antes dEle, aceitando nascimento no mundo dos seres humanos. Ananta, Siva, Brahma e outros grandes sábios nasceram como associados pessoais do Senhor Supremo. Todos eles nasceram como grandes devotos Bhagavatas do Senhor. O Senhor Caitanya, sendo o próprio Krsna, era plenamente ciente de suas identidades. A maior parte deles nasceu em Navadvipa, alguns nasceram em Cati-grama, alguns em Radha-desa, e ainda outros na Orissa. Embora tenham descendido à Terra em diferentes pontos, todos se encontraram em Navadvipa. A maioria desses grandes vaisnavas nasceu em Navadvipa, mas alguns dos vaisnavas mais queridos do Senhor nasceram em outras localidades. Srivasa Pandita, Sri Rama Pandita e Sri Candrasekharadeva, por exemplo, que são personalidades adoradas nos três mundos, e Sri Murari Gupta, um médico perito capaz de curar a doença do envolvimento material, desceram a este mundo em Srihatta (Radha-desa). Os grandiosos vaisnavas Pundarika Vidyanidhi, Caitanya Vallabha e Vasudeva Datta apareceram em Cati-grama. Haridasa apareceu neste mundo em Budhana.



Em Radha-desa, há uma vila de nome Ekacakra. Nessa vila, a Suprema Personalidade de Deus, o Senhor Nityananda, descendeu a este mundo. Embora Ele seja o pai de todos, o Senhor Nityananda, para exibir misericórdia para com Hadai Pandita, um brahmana e devoto puro, atuou como seu filho. Dessa maneira, o Senhor Nityananda Rama, que é um oceano de benevolência, o outorgador da devoção ao Supremo e o abrigo dos devotos, apareceu no distrito de Radha-desa. Expressando sua profunda felicidade pelo aparecimento do Senhor Nityananda, os semideuses clamaram “Jaya! Jaya!” e derramaram flores no cenário auspicioso. Tudo isso aconteceu de forma invisível aos olhos mundanos. Do nascimento do Senhor Nityananda em diante, Radha-desa ficava a cada dia mais próspera e auspiciosa. Paramananda Puri, que foi associado íntimo do Senhor Caitanya em Jagannatha Puri, apareceu em Trihut.



As localidades à beira do Ganges são todas puras e sagradas. Por que, então, esses vaisnavas nasceram em terras ímpias? Se o próprio Senhor Caitanya descendeu a este mundo à beira do Ganges; por que, então, Seus associados nasceram em outros locais distantes? Em suas viagens, os Pandavas nunca iam a locais onde o Ganges ou os santos nomes do Senhor Hari não estivessem presentes. A resposta para isto é que, porque o Senhor Krsna Caitanya ama todas as entidades vivas assim como um pai ama todos os seus filhos, Ele ordenou a tais grandes devotos aparecerem nesses locais diversificados. O aparecimento do Senhor teve o único propósito de remir o mundo material. A fim de cumprir esse propósito, o Senhor arranjou para que Seus devotos puros nascessem em terras ímpias e em famílias igualmente impiedosas. Independente da região ou família em que o vaisnava puro apareça, com sua grande potência, ele libera todos em uma área de mais de um milhão e duzentos mil quilômetros. Onde quer que os vaisnavas manifestem suas glórias se torna um local puro e sagrado, um local de peregrinação. Assim, criando novos locais de peregrinação, o Senhor Caitanya-Narayana providenciou que Seus devotos descessem ao mundo material nesses diferentes locais. Embora tenham nascido em localidades variadas, eles se encontraram, como que por acaso, em Navadvipa.



A terra natal do Senhor Caitanya foi Navadvipa, daí ser Navadvipa o local de encontro de todos os devotos. As glórias de Navadvipa não podem ser comparadas às de nenhuma outra parte do mundo. Ciente de que o Senhor apareceria ali, o demiurgo Brahma dotou Navadvipa com tudo o que há de auspicioso. Quem é capaz de descrever as opulências de Navadvipa? Em um único de seus balneários, centenas e milhares iam se banhar no Ganges. Pela graça da deusa Sarasvati, os residentes de Navadvipa, de todas as diferentes idades, eram eruditos expoentes das escrituras. Toda a população era muito orgulhosa de seu conhecimento material; mesmo jovens garotos debatiam apaixonadamente com os anciãos eruditos. Pessoas vinham de diferentes províncias para estudar em Navadvipa, porque ali poderiam desenvolver gosto pelo estudo sistemático. O número de estudantes de Navadvipa era incalculável, e o número exato de professores também era desconhecido.



Agraciados pelo olhar favorável de Laksmidevi, os residentes de Navadvipa estavam contentes, mas, estando interessados em degustar apenas sabores materiais, desperdiçavam a duração de suas vidas. À medida que o orgulho e a mentalidade materialista cresciam entre eles, o gosto pelo serviço devocional ao Senhor Supremo diminuía; e, com a entrada de Kali-yuga, isso se agravou consideravelmente. A única prática religiosa conhecida era a observação de vigílias invocando semideuses e semideusas – especialmente Mangala Candi Durga – para a obtenção de efêmeros benefícios materiais. Alguns arrogantemente adoravam Manasa, a deusa das cobras, e outros desperdiçavam grandes riquezas oferecendo-as a deidades que não passavam de bonecos de deuses e deusas. Eles esbanjavam grandes somas de riquezas no casamento de seus filhos e filhas, e, dessa maneira, desperdiçavam a duração de vida de que dispunham neste mundo.



Mesmo os supostos sacerdotes de elite – Bhattacaryas, Cakravartis e Misras – desconheciam a razão das escrituras. Embora ensinassem as escrituras, suas atividades não eram condizentes com as injunções das mesmas. Mesmo enquanto vivos, a forca de Yamaraja já repousava no pescoço tanto dos professores quanto de seus alunos. Ninguém discutia Krsna-kirtana, a verdadeira religião de Kali-yuga do cantar dos nomes e glórias do Senhor Hari. Não podendo apontar falhas em outros, todos preferiam ficar em silêncio. Sequer um único nome de Deus escaparia das bocas daqueles pretensos renunciantes e eremitas. Aqueles considerados os mais piedosos da sociedade podiam ser ouvidos repetindo o nome de “Govinda” ou “Pundarikaksa” uma vez ao dia enquanto se banhavam. Perspectivas devocionais estavam invariavelmente ausentes nas explicações de literaturas transcendentais como o Bhagavad-gita e o Srimad-Bhagavatam.



Testemunhando o mundo inteiro confuso pela energia ilusória do Senhor Visnu, os devotos sentiam profunda tristeza. Eles se perguntavam: “Como todas essas almas serão liberadas? Elas estão hipnotizadas pelo mito da gratificação dos sentidos. Embora sejam solicitadas a cantar os santos nomes do Senhor Krsna, elas se recusam e seguem com suas intermináveis discussões acerca de conhecimentos ordinários. Como todas essas almas serão liberadas?”. O pequeno número de devotos vaisnavas continuava com suas atividades devocionais. Eles adoravam o Senhor Krsna, banhavam-se no Ganges e discutiam tópicos conscientes de Krsna. Apiedados da condição em que a humanidade se encontrava, os vaisnavas oravam: “Ó Senhor Krsnacandra, por favor, derrame sem demora Sua misericórdia sobre todos”.



O líder dos vaisnavas de Navadvipa se chamava Advaitacarya. Ele era a personalidade mais gloriosa de todo o mundo. Ele era o melhor exponente de jnana (conhecimento), bhakti (serviço devocional) e vairagya (renúncia). Suas explicações sobre Krsna-bhakti (devoção a Krsna) eram como aquelas dadas pelo Senhor Siva em pessoa. Quando discutia qualquer passagem de qualquer escritura, Sua interpretação conclusiva para todos os versos era: “Devoção aos pés de lótus do Senhor Krsna é o melhor de todos os caminhos espirituais”. Ele constantemente adorava o Senhor Krsna com grande felicidade e devoção oferecendo-Lhe Tulasi-manjaris e água do Ganges. Impelido por Seu amor ao Senhor, Ele cantava alto os nomes de Krsna. Os nomes clamados por Ele penetraram as coberturas do mundo material, transpuseram a morada do Senhor Brahma e entraram no reino de Vaikuntha. Ouvindo a manifestação sonora do amor de Advaitacarya, o Senhor Krsna, que é conquistado pela devoção, apareceu pessoalmente diante de Seu devoto. Advaita era o melhor de todos os vaisnavas. Ele era o mais glorioso seguidor de bhakti-yoga de todo o universo.



Advaitacarya Se entristecia profundamente ao contemplar uma pessoa destituída de devoção ao Senhor. Todos estavam loucos, buscando a qualquer custo o prazer sensorial – ninguém ansiava por adorar ou servir o Senhor Krsna. Alguns adoravam a deusa Durga com muitas oferendas, enquanto outros adoravam yaksas com oferendas de carne humana e vinho. Eles se imergiam nos incessantes e tumultuosos cantar e dançar mundanos, tornando-se surdos ao nectáreo chamado dos santos nomes do Senhor Krsna. Os semideuses não ficam satisfeitos com a adoração que não tem por fim último a satisfação do Senhor Krsna. Advaitacarya em particular, vendo que as pessoas não estavam inclinadas a adorar Krsna, sentia grande pesar no âmago de Seu coração. Advaitacarya Prabhu era por natureza muito compassivo. No íntimo de Seu coração, Ele tentava elaborar um plano para liberar as almas condicionadas. Ele pensou: “Se Meu Senhor descender a este mundo, então todos serão liberados. Só posso ostentar ser uma encarnação do Senhor Maha-Visnu se Eu puder convencer o amado de Vaikuntha, Krsna, a aparecer neste mundo. Com esse feito, ficarei famoso como ‘Advaitasimha’, o leão irrivalizável. Quando Eu pessoalmente trouxer o Senhor de Vaikuntha para este mundo, liberando desta maneira todas as almas condicionadas, Eu cantarei e dançarei em grande satisfação”. Tecendo repetidamente tais considerações, Ele adorava constantemente os pés de lótus de Krsna com determinação indivisa. O Senhor Caitanya desceu a este mundo devido ao apelo sincero de Advaitacarya Prabhu. O próprio Senhor repetia esse fato com grande freqüência.



Srivasa Pandita e seus três irmãos, Srirama, Sripati e Srinidhi, em cuja casa o Senhor Caitanya desfrutou diversos passatempos, residiam em Navadvipa. Os quatro irmãos sempre cantavam os santos nomes do Senhor Krsna. Três vezes ao dia, eles se banhavam no Ganges e adoravam Sri Krsna. Sob a ordem do Senhor Supremo, muitas almas liberadas nasceram neste mundo; com suas identidades verdadeiras encobertas, residiam no distrito de Nadiya. Sri Candrasekhara, Jagadisa, Gopinatha, Sriman, Murari, Sri Garuda e Gangadasa desceram antes do Senhor. Menciono apenas os nomes de algumas grandes almas que conheci pessoalmente. A menção de todos os associados do Senhor tornaria este livro muito volumoso. Todas essas almas nobres e generosas executavam seus deveres espirituais com extremo cuidado e atenção. De fato, eles não conheciam nada além do serviço devocional ao Senhor Krsna. Eles consideravam uns aos outros como amigos, e não sabiam serem almas liberadas advindas do mundo espiritual.



Quando viam não haver devoção ao Senhor Visnu em nenhuma parte do mundo, seus corações pareciam queimar. Não sendo capazes de encontrar ninguém com gosto pelo néctar dos passatempos do Senhor Krsna, eles glorificavam o Senhor apenas entre si. Eles se encontravam na casa de Advaita e conversavam sobre Krsna por uma ou duas horas. Com isso, todo o sofrimento se dissipava. Nada podiam fazer os devotos senão contemplar com lágrimas nos olhos todos a queimar nas labaredas do materialismo. Com a liderança de Sri Advaitacarya, os devotos empreenderam uma iniciativa para tentar fazer com que as pessoas se tornassem conscientes de Deus, mas nem uma alma sequer entendeu a mensagem deles. Acometido por uma grande aflição ante o sofrimento de tantos, Advaita passou a jejuar. Os vaisnavas respiravam com dificuldade vendo o estado de seu líder.



“Por que cantar e dançar para Krsna? Qual o significado do canto congregacional dos santos nomes do Senhor? O que é ser um vaisnava?”. Os materialistas grosseiros não podiam compreender nada disso, pois tudo o que queriam na vida era dinheiro e filhos. Quando se reuniam, tais ateístas zombavam e riam dos vaisnavas. Ao cair da tarde, Srivasa Thakura e seus três irmãos cantavam os santos nomes do Senhor em sua casa com grande empolgação. Ouvindo o cantar de Srivasa Thakura, seus vizinhos declaravam entre si: “Esse brahmana louco irá levar toda a nossa vila à ruína! O tirano rei muçulmano ficará assustadoramente indisposto com o povo de Nadiya se ouvir esse cantar”. Alguns vizinhos invejosos propunham: “Esse brahmana deveria ser expulso de nossa vila. Devíamos fazer sua casa em pedaços e jogar cada um desses pedaços na correnteza do rio. Somente com a expulsão de Srivasa nossa vila poderá permanecer em paz. De outro modo, os soldados muçulmanos irão ocupar nossa vila e nos torturar”.



Quando os impolutos vaisnavas ouviam tais ameaças dos ateístas, eles apenas choravam e levavam seus pesares ao Senhor Krsna por meio de suas orações. Tomando conhecimento dessas ofensas, Advaita foi tomado de ira. Tendo apenas as quatro direções como vestes, Ele disse aos vaisnavas: “Srinivasa, Gangadasa, Suklambara, ouçam-Me, por favor. Farei com que o Senhor Krsna apareça diante dos olhos de todos! O Senhor Krsna virá aqui e libertará todas as almas condicionadas. Juntamente com todos vocês vaisnavas, Ele ensinará Krsna-bhakti, a prática do serviço devocional, a todos os ateístas. Se Eu falhar no cumprimento de Minha promessa, manifestarei Minha forma de quatro braços que traz a cakra em riste e separarei a cabeça de todos os ateístas do restante de seus corpos. Só assim eles aceitarão que o Senhor Krsna é Meu Senhor e que Eu sou o Seu servo”. Sri Advaitacarya perdurou neste discurso; finalizando-o, colocou-Se a adorar determinadamente os pés de lótus do Senhor Krsna. Todos os devotos adoraram os pés de lótus do Senhor Krsna com grande determinação, enquanto lágrimas escorriam de seus olhos incessantemente.



Enquanto os devotos andavam pela cidade de Navadvépa cumprindo seus deveres, não ouviam em parte alguma discussões sobre o Senhor Supremo ou sobre devoção. Perturbados com tudo aquilo, os devotos desejavam abandonar seus corpos. Eles suspiravam o nome de Krsna enquanto respiravam pesadamente. A dor deles ante os frívolos empreendimentos de uma sociedade materialista era tão grande que não tinham apetite. Se acaso colocassem algo na boca, não tinham ânimo para mastigar. Em conseqüência à rejeição de toda a felicidade material por parte dos devotos, o Senhor Supremo começou a preparar Sua vinda ao mundo material.



Sob a ordem do Senhor Supremo, Nityananda Prabhu, a origem de Ananta Sesa, desceu antes dEle. O aparecimento do Senhor Nityananda se deu no ventre de Padmavati, na terra de Radha-desa, em Ekacakra, em um auspicioso sukla-trayodasi, décimo terceiro dia da lua crescente, no mês de Magha (Janeiro e Fevereiro). Embora Ele seja o Pai Supremo original de todos, Nityananda permitiu a Sri Hadai Pandita, o mais puro e elevado dos brahmana, fazer o papel de Seu pai. Deste modo, o Senhor Balarama, que é um oceano de misericórdia e o outorgador do serviço devocional, descendeu novamente a este mundo; desta vez, atendendo pelo nome de Nityananda Prabhu. Os cidadãos dos planetas celestiais celebraram a ocasião derramando pétalas de flores e clamando “Jaya! Jaya!”. Tudo isto de forma invisível aos olhos das pessoas ordinárias. O aparecimento do Senhor Nityananda na terra de Radha-desa fez com que a boa fortuna daquele distrito crescesse mais e mais em todos os aspectos. Aceitando as vestes de avadhuta, o Senhor Nityananda vagou por toda a parte liberando as almas caídas. Foi assim que o Senhor Ananta adveio a este mundo. Agora, ouçam, por favor, o advento do Senhor Krsna.



Em Navadvipa vivia uma grande personalidade transcendental chamada Sri Jagannatha Misra. Ele era tal qual Vasudeva Maharaja: sempre ocupado em atividades transcendentais. Era magnânimo e possuía no mais alto grau todas as qualidades bramânicas. Suas virtudes eram sem paralelo. Sri Jagannatha Misra era tal qual Kasyapa, Dasaratha, Vasudeva e Nanda Maharaja. Sua dedicada e casta esposa, de nome Srimati Sacidevi, era a personificação da devoção ao Senhor Supremo, a mãe de todo o universo. De nove filhos, oito faleceram, e apenas o afortunadíssimo filho de nome Visvarupa ficou sob seus cuidados, Ele que era tão belo e encantador quanto o Cupido e a fonte de prazer de Seus parentes. Visvarupa foi renunciado desde Seu nascimento. Quando ainda era apenas uma criança, todas as escrituras sagradas espontaneamente se revelaram em Seu íntimo.



A irreligiosidade manifesta no começo de Kali-yuga era um indicativo do que o futuro reservava: não haveria serviço devocional, Visnu-bhakti, em nenhum lugar do mundo material. Em conseqüência do desaparecimento da religião verdadeira e do sofrimento de Seus devotos, o Senhor Supremo advém a este mundo. A Suprema Personalidade de Deus, o Senhor Caitanya Mahaprabhu, entrou então nos corpos de Sacidevi e Jagannatha Misra. Nesse momento, as interjeições “Jaya! Jaya!” se manifestaram das bocas do Senhor Ananta. Sri Jagannatha Misra e Mãe Saci ouviram o clamor de Anantadeva como se estivessem em um sonho. Os corpos de ambos exibiam grande resplandecência, embora olhos ordinários não pudessem ver. Siva, Brahma e os demais semideuses, entendendo que a Suprema Personalidade de Deus estava prestes a aparecer, vieram até a Terra para oferecer orações. Todos esses passatempos do Senhor estão registrados, embora de maneira escondida, nos versos dos Vedas. Quanto a isto, não há dúvidas.



Agora, por favor, ouçam a oração que o Senhor Brahma e os demais semideuses ofereceram com grande devoção. Por se ouvir essa oração confidencial, desenvolve-se forte apego ao Senhor Krsna. Os semideuses oraram: “Repetidas glórias ao Senhor Mahaprabhu, o mantenedor de todos! Repetidas glórias ao Senhor que descende a este mundo material para inaugurar o Movimento de Sankirtana! Repetidas glórias ao Senhor Caitanya, o protetor dos Vedas, da religião, dos devotos santos e dos brahmanas piedosos! Repetidas glórias ao Senhor que é o destruidor dos não-devotos e a morte personificada para os ateístas. Repetidas glórias ao Senhor Caitanya, cuja forma transcendental é absoluta, eterna e plena de bem-aventurança. Repetidas glórias ao Senhor dos senhores, cujos desejos não conhecem obstrução”.



“O Senhor permanece imanifesto em milhões e milhões de universos”, continuaram os semideuses sua oração, “mas Se manifesta pessoalmente no ventre de Sacidevi. Quem é capaz de compreender Seus desejos? A criação, a manutenção e a aniquilação dos universos não passam de um aspecto de Seus maravilhosos passatempos. Se Você assim desejasse, todos os universos seriam imediatamente destruídos. Assim, não seria Você capaz de matar Ravana e Kamsa simplesmente pronunciando uma única palavra? Apesar de tal habilidade, Você apareceu nas casas do rei Dasaratha e de Sri Vasudeva para matar esses dois demônios. Ó Senhor, quem seria capaz de desvendar o mistério por detrás de Suas atividades? Apenas Você conhece Seu coração. Se este fosse Seu desejo, um único de Seus servos poderia liberar as almas de todos os inumeráveis universos. Mesmo assim, Você vem pessoalmente a este mundo, ensina os princípios religiosos e torna a todos venturosos”.



“Em Satya-yuga”, prosseguiram ainda, “Você apareceu em uma compleição clara e ensinou o caminho da austeridade e da meditação executando Você mesmo austeridades. Portando uma danda e um kamandalu, com Seus cabelos descuidados e trajando pele de antílope, Você desceu a este mundo como um brahmacari com o intuito de estabelecer os princípios da religião. Em Treta-yuga, manifestando Sua bela forma como o avermelhado Yajna-purusa, Você ensinou a prática religiosa dos sacrifícios. Com a sruk e a srava em mãos, Você pessoalmente conduziu os rituais sacrificatórios. Em Dvapara-yuga, Você apareceu com a bela compleição enegrecida de uma nuvem de monção e estabeleceu a adoração à Deidade em toda residência. Descendendo a este mundo, Você Se tornou um grande rei. Trajando veste amarelas e carregando em Seu corpo transcendental a marca da Srivatsa e outros sinais exclusivos, Você executou opulenta adoração à Deidade. Em Kali-yuga, Você apareceu como um brahmana erudito em uma compleição de cor amarela e propagou a prática religiosa mais confidencial do canto congregacional do santo nome do Senhor. Você aceita ilimitados nascimentos em ilimitadas formas supranaturais. Quem poderia contar cada um de Seus nascimentos e formas?”.



“Manifestando a forma do peixe, Matsya, Você desfruta de passatempos nas águas da devastação. Manifestando a forma da tartaruga, Kurma, Você Se torna o local de repouso de todas as entidades vivas. Como Hayagriva, Você resgatou os Vedas e matou os demônios Madhu e Kaitabha. Como Sri Varaha, Você resgatou a Terra; e como o Senhor Nrsimhadeva, esfacelou o demônio Hiranyakasipu. Como a encarnação anã Vamana, Você excedeu o rei Bali em astúcia; e, como Parasurama, Você tornou a Terra um lugar inabitado por ksatriyas. Como o Senhor Ramacandra, Você matou Ravana; e, como o Senhor Balarama, Você desfrutou de incontáveis brincadeiras. Como o Senhor Buddha, Você pregou a religião da compaixão e da não-violência; e, como o Senhor Kalki, Você destruiu os degradados mlecchas, a classe de homens que não segue as injunções védicas. Como o Senhor Dhanvantari, Você distribuiu o néctar da imortalidade; e, como o Senhor Hamsa, Você explicou a Verdade Absoluta para o Senhor Brahma e outros. Como Narada Muni, Você porta a vina e canta muito docemente; e, como Srila Vyasadeva, Você explica a verdade acerca de Si mesmo. Manifestando Seus melhores passatempos e Sua beleza e inteligência ímpares, Você apareceu em Sua forma original, a forma de Krsna, e desfrutou de passatempos em Gokula”.



“Agora, neste presente nascimento, Você Se apresentará na forma de um devoto puro e incondicional do Senhor. Com todo o Seu poder, Você pregará o movimento de Sankirtana, o movimento do cantar do santo nome do Senhor Krsna. O néctar do canto congregacional do santo nome irá imergir todo o universo em bem-aventurança. Em toda e cada casa, prema-bhakti se tornará manifesta. Como poderíamos descrever o êxtase que tomará os três mundos quando o Senhor começar a dançar com Seus servos e devotos? Por sempre meditarem em Seus pés de lótus, Seus devotos removem todas as doenças e inauspiciosidades deste mundo. As solas de Seus pés dispersam toda a desventura, enquanto que Seus olhares purificam todas as dez direções. Ó Senhor Caitanya, são tão gloriosos Seus servos que, quando dançam belamente com seus braços erguidos, removem toda a perturbação nos planetas celestiais. Ó Senhor Caitanya, trazendo conSigo Seus devotos, Você vem a este mundo para pregar através de Seu exemplo o canto congregacional e distribuir prema, amor puro por Deus”.



“Ó Senhor, quem teria tamanha habilidade com as palavras para descrever Sua magnificência em presentear a todos com o conhecimento mais confidencial e secreto dos Vedas? Escondendo o serviço devocional, Você costumava conceder a liberação aos praticantes espirituais. Desejamos ardentemente que o Senhor nos presenteie agora com o sublime amor ao Senhor. Você, o mestre de toda a criação, distribui o maior dos tesouros a todos sem exigir nada em troca. Você Se comporta dessa maneira magnânima porque é todo-misericordioso. O cantar de Seu santo nome traz os resultados da execução de todos os yajnas; e, para distribuir tal cantar, Você está vindo agora a este mundo, aparecendo em Navadvipa. Ó Senhor, conceda-nos Sua benevolência de forma que sejamos afortunados o suficiente para ver os maravilhosos passatempos que Você desfrutará em Navadvipa. Ó Senhor, daqui a alguns dias, Você satisfará o acalentado desejo de Gangadevi desfrutando de muitos passatempos em suas águas. Sua primorosa forma transcendental, que os místicos e yogis vêem mentalmente em suas meditações, tornou-se manifesta em Navadvipa. Oferecemos nossas respeitosas reverências a Navadvipa-dhama e à casa de Sacidevi e Jagannatha Misra, onde Você escolheu realizar Seu aparecimento divino”. Desse modo, Brahma e outros semideuses, mantendo-se invisíveis, ofereciam diariamente orações seletas ao Senhor Supremo.



O Proprietário Supremo de toda a criação permaneceu no ventre de Sacidevi, e, com a ascensão da lua cheia do mês de Phalguna (Fevereiro e Março), Ele tornou-Se manifesto. Toda a auspiciosidade residente em diferentes partes da manifestação cósmica se apresentou em plenitude naquela noite de lua cheia. A Suprema Personalidade de Deus descendeu ao mundo em companhia do processo do canto congregacional do santo nome. Ele propagaria esse processo de Sankirtana praticando-o Ele mesmo. Quem é capaz de compreender as estonteantes atividades do Senhor Supremo? Por Seu desejo, Rahu cobriu a lua naquela noite. Como arranjado pelo Senhor, todos de Navadvipa, vendo o eclipse lunar, começaram a cantar bem alto os auspiciosos nomes do Senhor Hari. Muitos milhões de pessoas correram para o Ganges, onde se banhavam e clamavam: “Hari-bole! Hari-bole!”. O som tumultuoso do cantar do nome do Senhor Hari tomou primeiramente toda Nadiya e então penetrou em todas as camadas do universo material até brahmaloka. O santo nome do Senhor, não obstante, jamais se contaminou com a atmosfera material.



Vendo aquele acontecimento miraculoso, os devotos pediram em prece: “Que este eclipse dure para sempre!”. Os devotos experimentaram profunda felicidade e falaram entre si: “Todos estão tomados de bem-aventurança. Deve ter sido este o sentimento experimentado pelos habitantes da Terra quando o Senhor Krsna apareceu neste mundo”. Enquanto os devotos se dirigiam ao Ganges para se banharem, as quatro direções eram tomadas pelo Sankirtana dos santos nomes do Senhor Hari. Mulheres, crianças, idosos; piedosos e ímpios – todos cantavam o santo nome do Senhor Hari durante o eclipsar da lua. O único som dentro do universo era o todo-predominante cantar de “Hari! Hari!”. Os semideuses derramavam flores por toda a parte e proclamavam vitória enquanto tocavam seus tambores dundubhi. Em meio a essa primorosa exaltação, o Senhor, a alma do universo, apareceu na Terra como o filho de Sacidevi. A lua fora jantada por Rahu e o oceano do santo nome inundara Navadvipa. Bandeiras de vitória tremulavam ao vento indicando que Kali encontrara-se com a derrota personificada. O Senhor Supremo havia nascido! Todos os quatorze mundos conversavam sobre o grande evento. Meramente pela contemplação do Senhor Gauracandra, todos os moradores de Nadiya se tornaram satisfeitos em plenitude. Agora, toda a lamentação se dissipara.



Em harmonia com os tambores dundubhi, com o soprar dos búzios, das flautas e dos chifres de búfalo, eu, Vrndavana dasa, canto as glórias de Sri Caitanya Mahaprabhu e Nityananda Prabhu. Sua refulgência incandescente ofusca os raios solares. Meus olhos não suportam Sua contemplação. Quanto a Seus olhos ligeiramente caídos, não ousarei tentar nenhuma metáfora. A atmosfera está tomada de boa-venturança: hoje, as glórias do Senhor Caitanya estão manifestas! Cada vibração rugiente do nome do Senhor Hari é ouvida em todos os mundos até o planeta do Senhor Brahma, carregando a excelsa notícia do nascimento do Senhor. Sua esplêndida compleição se assemelha à cor da pasta de sândalo. Seu peito é amplo, e nele se dispõe uma dançante guirlanda de flores silvestres. Seu rosto iridescente é prazeroso, consolador e refrescante como a lua. Seus longos braços se estendem até Seus joelhos. Clamores de vitória e glorificações ao Senhor permeavam todas as direções, e a Terra se sentia especialmente favorecida pelo advento do Senhor Caitanya. Alguns cantavam com profunda satisfação, enquanto outros dançavam em êxtase. Mas, para Kali, estar em meio aquela celebração espiritual era algo desesperador. Os Senhores Caitanya e Nityananda são as coroas sobre as cabeças dos quatro Vedas. Esses Senhores são de tamanha magnitude que não rejeitam nem mesmo os ignorantes e arruinados. Eu, Vrndavana dasa, ofereço a Eles esta canção.



A lua dourada, o Senhor Caitanya Mahaprabhu, nasceu. Não há nenhum lugar nas dez direções que não esteja tomado de bem-aventurança. Sua beleza humildava milhões de cupidos. Ele sorria ao ouvir o cantar de Seu santo nome. Sua face amável e olhos encantadores, somados aos sinais auspiciosos trazidos em Seus pés, como a bandeira e o raio, bem como toda a Sua forma graciosa belamente decorada, estavam ali para roubar a mente e os sentidos de todos. Toda forma de medo e desânimo foi imediatamente dissipada pelas Suas glórias e opulências. Eu, Vrndavana dasa, ofereço esta canção aos Senhores Sri Caitanya e Sri Nityananda, que são tudo em minha vida.



Os semideuses cantavam estupefatos ante o aparecimento do Senhor Caitanya. Contemplando o rosto do Senhor, refrescante como a lua, refrescante o bastante para curar o sofrimento ígneo da vida material, os semideuses ficavam imensamente satisfeitos. Era uma ocasião festiva e gloriosa. Ananta, Brahma, Siva e outros semideuses haviam agora assumido formas humanas. Tendo o eclipse por pretexto, eles também cantavam o nome do Senhor Hari. É-me impossível descrever a exultação deles todos. As quatro direções de Nadiya estão definitivamente tomadas pelo cantar de “Hari! Hari!”. Navadvipa jamais provara fortuna como essa. Juntos, humanos e semideuses desfrutavam de inúmeros passatempos. Todos os semideuses, aproveitando não poderem ser vistos na escuridão do eclipse, foram até o quintal da casa de Mãe Saci e ofereceram suas reverências ao Senhor Caitanya. Quem seria capaz de descrever esses insondáveis e confidenciais passatempos do Senhor, tão difíceis de se compreenderem? Alguns ofereciam preces, alguns seguravam uma sombrinha e outros O abanavam com camaras, enquanto outros derramavam flores, cantavam e dançavam. O Senhor Caitanya apareceu com todos os Seus devotos puros, mas os ateístas e ofensores jamais entenderão este evento. Eu, Vrndavana dasa, canto as nectáreas glórias de Sri Krsna Caitanya e Nityananda Prabhu.



O retumbar dos tambores dundubhi se misturava aos hinos, preces e música dos semideuses, fazendo o ar dançar. “Hoje, sem mais espera, conheceremos a Suprema Personalidade de Deus, que é um mistério mesmo para os Vedas”. Os semideuses de Indrapura estavam euforicamente felizes; tumultuosamente se decorando, eles mal podiam acreditar terem recebido a benção de nascer em Navadvipa, onde o Senhor lhes daria Sua venturosa associação. Devido à excessiva felicidade que sentiam pelo nascimento do príncipe de Navadvipa, o Senhor Caitanya Mahaprabhu, eles se abraçavam e se beijavam sem nenhum constrangimento. Não havia mais distinção no critério de amigos ou inimigos. Muito curiosos, os semideuses chegaram a Navadvipa em meio ao sonoro cantar do nome de Deus. Provando o gosto nectáreo daquele cantar, o êxtase deles foi tamanho que quase perderam a consciência; parecendo um tanto intoxicados, cantavam: “Caitanya! Jaya! Jaya!”. Na casa de Sacidevi, eles contemplavam a belíssima forma do Senhor Caitanya, que era gloriosa como o encontro de dez milhões de luas. Usando o eclipse como justificativa, Ele adveio em Sua forma semelhante à humana e fez com que todos cantassem bem alto o santo nome do Senhor Hari. O Senhor descendeu com todas as Suas energias e expansões – os ateístas e blasfemos jamais poderão entender esse grande acontecimento. Que eu, Vrndavana dasa, possa cantar as glórias dEles, Sri Sri Caitanya Nityananda, os quais são minha vida e alma.





Tradução de Bhagavan dasa (DvS) e revisão de Naveen Krishna dasa (RnS), Prana-vallabha devi dasi (DvS) e Prema-vardhana devi dasi (DvS)

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