Syamapada Dasa
para Sri Gauravani Gaudiya Matha
Frequentemente recebo ligações dos devotos me informando dos eventos do templo e pedindo doações para isto ou aquilo, também recebo cartas e informativos muito úteis e delicados a respeito dos eventos e dos sannyasis.
Acho isso tudo muito bom, uma vez que quero me manter informado a cerca do que acontece no templo do “Yoga do Amor”.
É uma pena que de Yoga do Amor não tenha nada... Sempre que visito o templo ao qual eu tanto me dediquei eu sou ofendido de alguma forma ou acabo vítima de uma cruel intolerância. Entendo e aceito perfeitamente o “grau” evolutivo de cada um, tanto que, apesar de ter fama de “briguento”, nunca respondi ou levantei a voz a ninguém, dentro ou fora do templo. Entretanto, os episódios de grosseria e intolerância em público com os devotos e com os visitantes, com ou sem motivo, não deixam de me surpreender. Não é de hoje que os devotos da Sri Gauravani são conhecidos pela sua grosseria e falta de atenção com os devotos e visitantes, mas o que mais impressiona não é o fato em si, mas sim a prevalência do mesmo. Afinal, com tanta prática, austeridade, renúncia e associações diretas com os pregadores não era de se esperar que os ensinamentos de tolerância, humildade, paciência e tranquilidade se tornassem prevalentes no comportamento dos devotos? Aparentemente, não.
Tudo se torna muito bonito na teoria, e todos se tornam santos dedicados e imaculados em suas próprias cabeças infladas pelo ego. É sempre mais fácil culpar os devotos que saem de cabeça baixa e coração partido do que os intolerantes que causam a sua partida. Afinal, todos nós temos um sukrtômetro instalado dentro do nosso coração que diz: “ahh fulano deixou de vir por falta de sukrt...”. É muito triste viver essa realidade, onde não há espaço para o meio termo, para a conciliação, sem congregação, sem amizade e cumplicidade, sem apoio e sem compreensão. Para alguns é muito difícil tentar ser um vaisnava e se torna ainda mais difícil quando ele sai do convívio de seus irmãos humilhado e ofendido. Não digo que seja este o meu caso, mas sei muito bem que é o caso de muitos que se foram e não voltaram.
Eu sempre tolerei muito bem as humilhações e as ofensas feitas à minha pessoa, pode falar o que quiser, não me abala mesmo. Mas quando essas ofensas começam a ser direcionadas à minha familia, as coisas mudam de figura. Pelo que eu entendo na minha imensa ignorância, religião é feita para todos, PRINCIPALMENTE para as famílias e para as crianças, que se tornarão os futuros vaisnavas e cidadãos. Desde que eu me entendo como gente, as famílias vão juntas à “igreja”, pai, mãe, filho, filha, avó... E lá, juntos, absorvem os ensinamentos, cada um conforme a sua qualificação, para coloca-los em prática no seu dia a dia. Mas este templo é o único lugar que eu observo onde as familias não são bem-vindas! Crianças fazem barulho e idosos necessitam de conforto para se sentar! Mas isso não quer dizer que por conta da intolerância eles devam ser excluídos do convívio na “igreja”. Isso é muito burro! É como dar um tiro no pé! As pessoas não ficam solteiras para sempre e os casais, eventualmente, têm filhos. Se o templo exclui da equação as famílias, aonde que os ensinamentos vão ser transmitidos para os jovens? Para quem vocês vão pregar? Qual se torna o objetivo disso tudo? O templo vai esvaziar, esvaziar e esvaziar... E aquelas pessoas que conheceram Gurudeva pessoalmente ao lado de vocês, que serviram Gurudeva pessoalmente com vocês, essas, vocês não verão mais... E onde foi parar o canto CONGREGACIONAL dos santos nomes? É uma pena perceber que casar significa deixar de ser devoto, e é ainda pior ouvir isso de pregadores, ouvir dos seus irmãos espirituais que o casamento destrói a vida espiritual, que a vida familiar acaba com a devoção e etc, etc. Bem, isso não é verdade...
Bem, vou ficando por aqui e deixando esse alerta. Não desrespeitem os devotos, nem as suas famílias, ou seus filhos. É muito feio. Acredito que está na hora de pegar os muitos ensinamentos transmitidos e coloca-los em prática. Se esforcem para que os devotos não deixem o templo, principalmente nossos irmãos espirituais, tentem ser o exemplo que vocês tanto falam, ofereçam ao invés de pedir, respeitem ao invés de exigir, tolerem ao invés de reprimir e sorriam ao invés de franzir. A vida já é muito dura e difícil e não precisa ser assim também dentro do templo. Quanto a mim, se as ofensas à minha família continuarem eu me afastarei cada vez mais e mais, e se as ofensas perdurarem eu farei de tudo para que as pessoas não acreditem mais nessa mentira que está sendo perpretada.
Yoga é um modo de vida com teoria + prática diária... Vivam a mudança, aceitem o jugo de Gurudeva, se tornem dóceis e amáveis, sejam felizes, amem, sorriam, olhem o céu azul e o sol brilhante, a vida é bela e não há motivo para sofrer ou para franzir o cenho!
Por favor, aceitem as minhas desculpas por tantas ofensas cometidas ao longo dessa carta.
Syamapada Dasa
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