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terça-feira, 7 de junho de 2011

OFEREÇA VOCÊ MESMO, NÃO APENAS A MANGA


Srila Bhaktivedanta Narayana Maharaja

São Francisco, Califórnia, 11 de Junho de 1998

http://www.bhaktibrasil.com/wp/?p=155

Srila Narayana Maharaja oferecendo bhoga a Sri Sri Radha e Krsna durante o recente festival de Houston.

Nos dias de hoje, bhakti pura (devoção a Sri Krsna) é muito rara. A maioria dos devotos que executam bhakti estão adotando karma-misra bhakti, jnana-misra bhakti, e yoga-misra bhakti. A bhakti deles é contaminada com todas essas impurezas, e ainda assim eles pensam que estão praticando bhakti pura.

Nós devemos saber o que é bhakti pura.


O que é karma-misra bhakti? Se alguém não tomou iniciação de Gurudeva e não tem conhecimento de seu relacionamento com Krsna, terá uma prática de bhakti pura?

Se você não entende algo, pode fazer perguntas. Isso não é uma aula formal; é uma istha-gosthi (discussão sobre Krsna). Desta maneira você terá uma compreensão mais clara a respeito das verdades da consciência de Krsna.


O que é karma? Karma é uma atividade ou esforço que é executado com o desejo de desfrutar seu resultado. Se você está cantando, lembrando, ou fazendo alguma outra atividade devocional, mas quer desfrutar dos resultados dessas atividades, isso se chama karma-misra (misra significa ‘misturado’) bhakti.


Quando não há relação com devoção, quando uma atividade é feita apenas para provar os resultados, isso é puro karma. Nós podemos fazer alguma coisa para nós mesmos, como comer uma manga. Quem está comendo? Quem está desfrutando disso? Eu estou. Então, comer uma manga é puro karma. Não há nenhuma relação com bhakti.


Entretando, suponha que você pense, “Eu ofereci esta manga (eu não me ofereci). Irei agora tomar os remanescentes da prasada, ficarei muito saudável e forte.” Isso se chama karma-pradhani-bhakti. Neste caso, karma é proeminente e bhakti é subordinada. Isso é karma-misra.

Quando bhakti é mais poderosa e o desejo de pessoalmente provar o resultado é menor, isso se chama pradhani-bhuta-bhakti. Aqui bhakti é proeminente e karma também está presente, mas isso não é uma categoria de karma-misra.

Quando alguém não tem nenhum desejo por desfrute pessoal, e seu único desejo é servir Krsna, e essa pessoa está engajada em sravanam (ouvir sobre Krsna), kirtanam (cantar os nomes de Krsna e descrever Suas glórias), visnu smaranam (lembrar-se Dele), pada sevanam (servir Seus Pés de lótus ou visitar os lugares sagrados), arcanam (adorá-lO), vandanam (oferecer orações a Ele), dasyam (tornar-se um servo), sakhyam (tornar-se um amigo) e atma-nivedanam (entregar-se completamente) para agradar Gurudeva e Sri Sri Radha e Krsna, isso se chama bhakti pura ou uttama-bhakti.

anyabhilasita sunyam

jnana karmadi anavritam

anukulyena krsnanusilanam

bhaktir uttama

["O cultivo de atividades feitas apenas para o prazer de Krsna, ou em outras palavras, o fluxo ininterrupto de serviço a Sri Krsna, executado com todos os esforços do corpo, mente e fala, e através da expressão de vários sentimentos espirituais (bhavas), os quais não são encobertos por jnana (conhecimento que visa a liberação impessoal) e karma (atividade que visa recompensa) , que está destituído de todos os desejos que não sejam trazer felicidade a Krsna, é chamado uttama-bhakti, serviço devocional puro." (Sri Bhakti-rasamrta-sindhu 1.1.11)]

Isso é uttama-bhakti. Se não for uttama-bhakti, então será misturado com karma, jnana, yoga, austeridades áridas, e assim por diante.


patram puspam phalam toyam

yo me bhaktya prayacchati

tad aham bhakty-upahrtam

asnami prayatatmanah

["Aquele que Me oferecer com amor e devoção uma folha, uma flor, fruto ou água, Eu aceitarei." (Bhagavad Gita 9.26)]


Isto também não é tão elevado. Por que? Nós devemos tentar oferecer nossas almas, nós mesmos, todos os nossos sentidos e nosso coração – tudo – primeiramente a Gurudeva, e então para Krsna.

sri-prahlada uvaca

iti pumsarpita visnau

bhaktis cen nava-laksana

kriyeta bhagavaty addha

tan manye ‘dhitam uttamam

[Prahlada Maharaja disse: estes nove processos (descritos acima) são aceitos como serviço devocional puro. Aquele que dedicou sua vida ao serviço a Krsna através dos nove métodos deve ser vista como a pessoa mais erudita, por ter adiquirido completo conhecimento. (Srimad-Bhagavatam. 7.5.24)]

Se uma pessoa não se entregou aos pés de lótus de Gurudeva, Sri Sri Radha Krsna, e Sri Caitanya Mahaprabhu, pode oferecer alguma coisa a Krsna, mas pode ser que Krsna aceite parcialmente, não completamente. Por outro lado, se a pessoa que se entregou, dizendo a Krsna, “Agora sou Seu. Você é meu amado,” ou “Você é meu filho,” ou “Você é meu amigo,” então o que quer que tal pessoa faça é bhakti pura.

Se você tem milhares de vacas, e oferece apenas um litro de leite a Krsna e nada mais, isso não é bhakti pura. Entretanto, suponha que você se ofereceu aos pés de lótus de Krsna e Gurudeva. Você não tem nada; você é um Vaisnava sem nenhuma posse a não ser o próprio Krsna. Você está pensando que apenas pelos remanescentes de Krsna você mantém sua vida. Você está pensando que o que quer que Krsna o dê, isso é o que você aceita para continuar seu serviço. Tudo é para o serviço; nada é para você. Neste estágio você não terá que oferecer nada, por que você ofereceu a si mesmo. O que você dará a Krsna? Você ofereceu você mesmo. Isso é bhakti pura.

Suponha que você seja um discípulo de Gurudeva. Você não está se oferecendo, mas oferece milhões de rupias a Gurudeva e diz, “Gurudeva, estou oferecendo isto a você.” Por outro lado, há outro discípulo que não tem nada para dar. Ele deu tudo a Gurudeva – seu coração, alma, e todas as suas posses, e ele está servindo– neste caso, quem é superior? O outro devoto serve Gurudeva dia e noite. Ele não tem mais nada para dar por que deu ele mesmo, sua propriedade, sua esposa, e seus filhos. Ou mesmo ele não tenha nada para dar, como Hanuman, mas ainda assim ele dá tudo que tem a Krsna. Ele não tem nada mais para oderecer a Krsna por que deu a si mesmo. Todas as suas ações são feitas como um servo de Krsna. Isso é bhakti pura.

Se alguém não ofereceu nenhuma parte de si mesmo – esta pessoa é muito rica e deu milhares de rúpias e dólares – mas não ofereceu a si mesmo, há alguma coisa faltando. Seus esforços não são bhakti pura; ainda são karma-misra. Srila Bhaktivinoda Thakura explica todos estes importantes tópicos sobre bhakti em seu livro Sri Bhakti-tattva Viveka. Tentem realizar essas verdades.

[Sripad Asrama Maharaja:] Srila Gurudeva, em seu primeiro exemplo você disse que se alguém come a manga para sua gratificação pessoal e não oferece a manga a Krsna, isso é karma, não karma-misra?

[Srila Narayana Maharaja:] Isso é puro karma. Não há ‘contaminação’ de bhakti (os devotos riram). Mas se eu pensar,”Se eu comer esta manga sem primeiramente oferecê-la, então isto será um grande pecado. Eu devo oferecer para Krsna, e então todos os pecados serão removidos e eu provarei os remanescentes de Krsna.” Isso é karma-misra bhakti.

Pradhani-bhuta bhakti é encontrada no seguinte verso, “patram puspam phalam” *(citado na nota 2). A pessoa que está fazendo sua oferenda está apenas dando um fruto, não ela mesma.

Alguém pode estar dando os resultados de todos os seus karmas. Este tipo de bhakti é encontrada no seguinte verso:

yat karosi yad asnasi

yaj juhosi dadasi yat

yat tapasyasi kaunteya

tat kurusva mad-arpanam

["Ó filho de Kunti, tudo que você faz, o que você come, tudo que você oferece e dá, assim como todas as austeridades que você possa executar, deve ser como uma oferenda a Mim." (Bhagavad-gita, 9.27)]

Ele se dirige a Krsna, “Eu tomei banho e te ofereço os resultados do meu banho. Estou fazendo isso e aquilo, e Te dando o resultado (fruto).” Mas por que você não se oferece?

Considerando aqueles que se renderam completmente: Arjuna é rendido e as gopis são rendidas. Se as gopis comem algo, elas não oferecem a Krsna de uma maneira formal. Elas nem entoarão o mantra para oferecrer: “Etat naivedyam sa tulasi paniya jalam, srim klim radha krsnabhyam namah.”

Krsna está sentado com elas. Elas O perguntam se Ele quer alguma coisa e não O deixam ter tal coisa. Com o seu doce comportamento, elas trazem imenso prazer a Ele. Isto é bhakti pura por que elas não deram nada. Nada é delas; seus corpos, mentes e almas são de Krsna. Elas não dão o que Ele quer, mas elas já ofereceram tudo. Isto é bhakti pura.

Pode ser que quando a bhoga seja dada a Srila Sukadeva Gosvami, ele coma de uma vez, sem oferecer a Krsna. Ele não oferecerá com mudras (gestos com mãos e dedos). [Em vaidhi-bhakti usa-se mudras para convidar a Deidade a sentar-se num asana, etc. Quando oferece-se bhoga, deve-se lembrar do gopal-mantra e contas com o mudra com os dedos.] Não há necessidade dele fazer isso, e Hanuman também não fará. Quando Sukadeva Gosvami come a comida ‘não-oferecida’, você pode pensar, “Ele está comendo isso sem oferecer a Krsna!” Se você pensar isso, você é um kanistha-adhikari, ou mais baixo que isso. Você não pode entender essa posição elevada.

As gopis se decoram para ficarem belas para Krsna.

Primeiro tente entregar-se – todo o seu ser. Para os grhasthas (devotos chefes de família) isso é muito difícil, mas eles também devem oferecer eles mesmos. Assim como os Pandavas, as gopis e Ambarisa Maharaja fizeram, os chefes de família também podem fazer. Ambarisa Maharaja foi o rei de um reino muito grande. Ele teve filhos, filhas, esposas, mas ele era um suddha-bhakta (devoto puro) por que ele ofereceu a si mesmo.

Agora também devemos saber sobre ‘jnana’. Conhecimento mundano sobre qualquer coisa é geralmente jnana material. Quando chegamos ao ponto de não ter fé no conhecimento material, realizando que isso não pode nos dar prazer material ou felicidade nessa ou em outra vida (porque o prazer material é concedido de acordo com o karma, não de acordo com a quantidade de conhecimento material que se tem), então queremos salvação ou liberação impessoal (mukti). Neste momento procuramos saber sobre o Absoluto impessoal, e conhecendo-o, o alvo e objetivo de nossas vidas passa a ser salvação ou liberação. Nós então pensamos, “Eu sou a alma, não o corpo. A alma não come; o corpo sim.” Ele vê a alma como o ser, mas não tem conhecimento da Superalma. Seu conhecimento, ou jnana, é chamado nirvisesa-jnana.

Jnana é também de dois tipos – nirvisesa-jnana (um gosto por vaidismo e impersonalismo) e tattva-jnana (conhecimento da Suprema Personalidade de Deus e verdades filosóficas estabelecidas em relação a Ele). Tattva-jnana é o primeiro estágio de bhakti. Para aquele que apenas quer salvação, todas as suas atividades são conhecidas como nirvisesa-jnana.

Agora, considerando o significado de jnana-misra-bhakti:

Uma pessoa pode saber que bhakti pode fazer tudo. Em outras palavras, ela sabe que praticando bhakti, resultados materiais virão; ao praticar bhakti, pode-se facilmente obter mukti; e executando bhakti pode-se obter Krsna-prema. Então tal pessoa deixa este nirvisesa-jnana. Srila Sukadeva Gosvami e os Quatro Kumaras (Sanaka, Sanandana, Sanatana, Sanaka kumara), estavam dentro de uma categoria de nirvisesa-jnanis. Pela misericórdia de Brahma, os Quatro Kumaras deixaram este jnana, e pela misericórdia de Srila Vyasadeva, Sukadeva Gosvami, também deixou. Então, eles se tornaram devotos puros (suddha-bhaktas).


atmaramas ca munayo

nirgrantha apy urukrame

kurvanty ahaitukim bhaktim

ittham-bhuta-guno harih


["Todas as diferentes variedades de atmaramas (aqueles que se regozijam no atma, ou eu espiritual), especialmente os estabelecidos no caminho da auto-realização, ainda que livres de todos os tipos de escravidão material, desejam conferir serviço devociaonal genuíno à Suprema Personalidade de Deus. Isso significa que o Senhor possui qualidades transcedentais e portanto pode atrair a todos, inclusive as almas liberadas." (Srimad Bhagavatam 1.7.10)]

Pela misericórdia de Srila Vyasadeva, Sukadeva Gosvami realizou as boas qualidades de Krsna. Ele deixou o jnana impersonalista e se tornou um puro rasika (conhecedor de todas as rasas transcendentais) tattva-jna (conhecedor de todas as verdades filosóficas essenciais) bhakta.

[Sripad Asrama Maharaja:] Minha pergunta é a respeito da pessoa que está praticando karma-misra bhakti. Ela sabe que a meta é Krsna, mas ele tem alguma mistura…


[Srila Narayana Maharaja:] Não, ela não sabe. Essa pessoa não tem Guru nem associação de bhaktas puros; é por isso que ela não sabe. Se ela obter boa associação, saberá todas essas verdades. A pessoa deixará karma e se tornará um bhakta puro.

[Sripad Asrama Maharaja:] Então se alguém teoricamente sabe, mas ainda…

[Srila Narayana Maharaja:] Essa pessoa não sabe realmente.


[Sripad Asrama Maharaja:] Como eu mesmo. Eu não sei verdadeiramente a meta, mas tenho algum entendimento teórico.


[Srila Narayana Maharaja:] Não há contaminação na sua bhakti, mas há uma certa fraqueza. Algo está faltando. Não há muito sukrti (créditos espirituais piedosos) e samskaras (as impressões criadas no coração pelos sukritis e bhakti). Tal pessoa pode ser um kanistha-adhikari, mas não há contaminação. Há uma certa fraqueza (daurbalya) *[ver nota1] mas mesmo assim suas atividades estão dentro de uma categoria de bhakti pura. Você está cantando, lembrando e executando os outros ramos do serviço devocional. Há uma mistura de karma e jnana também, mas bhakti é proeminente, visto que karma e jnana são secundários, estão em segundo plano. Você sabe o alvo e o objetivo da vida. Gradualmente, na associação dos bhaktas puros, você abandonará todos os outros pensamentos e hábitos por que você conhece o alvo e o objetivo da vida.

Karma-misra bhaktas não sabem o que bhakti pura é. Você está na linha de Sri Caitanya Mahaprabhu; você está na linha de bhakti. Você foi iniciado e está se submetendo propriamente a diksa e você tem um certo relacionamenre com o Guru, Mahaprabhu e com Krsna, mas há uma fraqueza e algo está faltando.

[Devoto:] Você disse que a pessoa que está seguindo karma-misra bhakti não tem um Guru puro. No começo, Dhruva Maharaja estava no estágio de karma-misra, mesmo seu Guru, Narada, sendo puro.

[Srila Narayana Maharaja:] Ele não podia seguir Narada. Narada queria tornar Dhruva puro, mas Dhruva não estava numa posição de seguir totalmente.Pode ser que o Guru seja puro, mas o discípulo não. Hoje em dia é assim. Se há um Guru puro, como Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Gosvami Thakura ou Srila Bhaktivedanta Svami Maharaja, que têm milhares e milhares de discípulos, eles possuem apenas um ou dois discípulos sérios – e esses podem ser grhasthas, não necessariamente da ordem renunciada.

[Devoto:] O coração de um kanistha-adhikari [devoto neófito ou de terceira-classe], por conta de sua falta de avanço, é coberto pela contaminação de karma e jnana?

[Srila Narayana Maharaja:] Pode haver certa contaminação, mas gradualmente ele desenvolverá sua Consciência de Krsna e deixará essas coisas. Se ele tiver a falta de associação e não estiver pronto para seguir, e portanto cometer ofensas, ele gradualmente cairá. Srila Bhaktivinoda Thakura nos diz que devemos entender o significado de karma, jnana, e yoga, e então devemos saber o que é realmente suddha-bhakti. Em suddha-bhakti há uma certa gradação. Nós estamos nessa gradação, nós não estamos em karma-misra. Tente entender.

Um devoto pode executar svarupa-siddha bhakti *[ver nota 2], mas há algumas gradações. Ele pode não estar engajado em uttama-bhakti, mas está praticando um certo tipo de bhakti. No estágio inicial ele tenta e promete entregar a si mesmo aos pés de lótus de seu Gurudeva. Quando ele tomou harinama e diksa ele prometeu , “Gurudeva, Eu me ofereci a Você. Eu me tornei Seu.” Mas ele não sabe o que ‘oferecer’ significa, e então ele não foi fiel a essa palavra.

Gradualmente você irá conhecer essas verdades. Explicaremos esses tópicos muito claramente de modo que você venha a entendê-los, e sua bhakti automaticamente se tornará muito forte.

[Devoto:] Eu estou entendendo corretamente? Eu acho que você quer dizer que pela associação do guru o objetivo é claro sobre o que temos que fazer, e nós queremos nos entregar, então nossa bhakti não é karma-misra?

[Srila Narayana Maharaja:] Ele foi iniciado e tem certa relação com o Guru, Mahaprabhu e Krsna através dos diksa mantras, e ele se ofereceu.

[Devoto:] Ele tem um desejo de se oferecer.

[Srila Narayana Maharaja:] Ele se ofereceu, mas não sabe o que realmente ‘oferecer’ significa. Ele pode dizer a seu Gurudeva, “Estou dando isso a você.” [Srila Narayana Maharaja aponta para o seu chaddar (xale de lã ).] Mas então ele pensa, “Aquele chaddar era tão bom.” É assim. Ele deu isso, mas de alguma forma ainda está apegado ao que deu. Ele está pensando, “Eu dei isso.” Ele não pensa , “Isto pertence completamente a Gurudeva e Krsna. Eu não sou o dono.” Um verdadeiro devoto não pensa, “Isso era meu e estou oferecendo a Gurudeva,” Ele pensa, ” Isso era um remanescente de Krsna. O verdadeiro dono é Krsna. Ele misericordiosamente me deu para que eu pudesse servir meu Guru, mas na verdade isso não é meu. Meu corpo também não é meu. Tudo pertence a Krsna.” Se alguém tiver esse humor, então assim obterá bhakti pura.

[*Nota 1: Hrdaya-daurbalya (fraqueza do coração) é de quatro tipos: (1) tuccha-asakti (apego por coisas inúteis), (2) kuti-nati (comportamento fraudulento). A palavra kuti-nati pode ser dividida nas partes constituintes ku, 'mau ou ruim', e na ou nati, 'aquilo que é proibido'. Nesse caso isso significa 'fazer atos pecaminosos' ou 'fazer aquilo que é proibido'), (3) matsarya (inveja) e (4) sva-pratistha-lalasa (desejo pela fama ou prestígio de outrém). (Bhakti-rasamrta-sindhu-bindu por Srila Visvanatha Cakravarti Thakura)]


[*Nota 2: Três tipos de Bhakti

Deve-se lembrar que bhakti é de três tipos: svarupa-siddha (esforços puramente constituídos pelas angas de bhakti), sanga-siddha (esforços associados ou favoráveis ao desenvolvimento de bhakti, mas não puramente compostos de bhakti), e aropa-siddha (aquelas atividades que, mesmo não sendo constituídas de pura bhakti, são designadas como bhakti por serem oferecidas ao Senhor Supremo).


[Svarupa-siddha bhakti pode ou não pode ser totalmente pura (uttama-bhakti). Por exemplo, alguém pode executar rajasika svarupa-siddha (svarupa-siddha-bhakti misturada com o modo da paixão). Apenas nirguna svarupa-siddha-bhakti pode ser considerada como uttama-bhakti.]

Aropa-siddha-bhakti: Esforços indiretamente atribuídos com a qualidade de bhakti.

Esforços que por natureza não são puramente constituídos de bhakti – tisto é, anukulyena-krsnanusilana – e no qual o executor, para satisfazer seu próprio propósito, oferece saus atividades e seus resultados ao Senhor. Isso se chama aropa-siddha-bhakti. Em outras palavras, por que suas atividades são designadas (aropa) ao Senhor Supremo, bhakti é atribuída (aropita) a elas.

Comentário

A bhakti que possui uma mistura de karma ou desejos por desfrute material é chamada sakama-bhakti ou saguna-bhakti. Sem a assistência de bhakti, karma não pode render nenhum fruto. Sabendo disso, muitas pessoas oferecem seus deveres prescritos para a satisfação do Senhor, para que Ele satisfaça seus desejos insignificantes. As atividades de tais pessoas não são svarupa-siddha-bhakti. Entretando, por oferecerem o fruto de suas ações ao Senhor, isso é considerado um tipo de bhakti. Embora suas atividades sejam oferecidas para a satisfação do Senhor, a movivação deles é que ao satisfazê-lO, Ele irá preencher seus desejos extrínsecos. Neste caso à suas atividades é atribuído um sentido de bhakti. Portanto, tais esforços são conhecidos como aropa-siddha-bhakti.

Sanga-siddha-bhakti: Esforços associados com ou favoráveis ao cultivo de bhakti.


Há outros esforços que, embora não sendo puramente constituídos de bhakti, anukulyena-krsnanusilana, adquirem uma semelhança a bhakti por serem estabelecidos como auxiliares de bhakti. Tais esforços são conhecimso como sanga-siddha-bhakti. Um exemplo disso é encontrado no Srimad-Bhagavatam ( 11.3. 23-25) na declaração de Sri Prabuddha Muni a Maharaja Nimi:


“Deve-se cultivar compaixão pelos outros, amizade,respeito aos demais, limpeza, austeridade, tolerãncia, silêncio, estudar os Vedas, simplicidade, celibato, não-violência, e assim por diante. Deve-se considerar calor e frio, felicidade e tristeza como sendo iguais. Deve-se perceber a presença do Senhor em todos os lugares. Deve-se viver num lugar afastado, renunciar aos apegos familiares e se satisfazer com os ganhos concentidos.”


O comportamento ou práticas descritos nesse verso não são naturalmente contituídos puramente de bhakti, mas els são assistentes de bhakti. Portanto, eles são considerados como sendo associados de bhakti. Se a devoção pelo Senhor Supremo é removida das vinte e seis qualidades mencionadas, então o Senhor não tem um relacionamento direto com as qualidade remanentes como compaixão, amizade, tolerância, austeridade, e assim por diante. Apenas quando esses itens existem como assistentes ou associados de bhakti é que sua semelhança com bhakti existe. Portanto, elas são conhecidas como sanga-siddha-bhakti.


Svarupa-siddha-bhakti: Esforços puramente constituídos de uttama-bhakti

Todos os esforços favoráveis como ouvir, cantar, lembrar, e assim por diante, assim como a manifestação dos sentimentos espirituais que ocorrem no começo do estágio de bhava, que são completamente destituídos de todos os desejos separados de Sri Krsna e que são livres da cobertura de jnana e karma, são conhecidos como svarupa-siddha-bhakti. Em outras palavras, todos os esforços do corpo, palavras e mente que são relacionados a Sri Krsna e que são executados exclusivamente e diretamente para o Seu prazer sem nenhuma interrupção, são conhecidos como svarupa-siddha-bhakti.

Therefore, in the conversation between Sri Caitanya Mahaprabhu and Raya Ramananda, found in Sri Caitanya-caritamrta, both aropa-siddha and sanga-siddha-bhakti have been described as external. (Sri Bhakti-rasamrta-sindhu-bindhu 17-19)


Aqui há uma necessidade de analisar as três diferentes concepções de bhakti. A primeira é chamada svarupa-siddha bhakti, a segunda sanga-siddha bhakti, e a terceira é aropa-siddha bhakti. Primeiramente devemos entender svarupa-siddha bhakti. Svarupa-siddha significa que o serviço devocional é composta inteiramente pelos ramos de bhakti como ouvir, cantar, lembrar, servir, adorar, orar, tornar-se um amigo, e entregar completamente a alma. Se alguém não faz isso, mas faz outra coisa, como fazer os deveres prescritos no varnasrama-dharma, e ainda pensa que está engajado em bhakti pura de verdade, essa pessoa está na verdade sobrepondo a concepção de bhakti em algo que não é bhakti pura. A palavra aropa significa ‘sobrepor’, então aropa-siddha bhakti é a sobreposição da concepção de devoção sobre uma aquividade que em sua constituição não é devoção. Varna e asrama estão relacionados com o corpo físico, portanto considerar varnasrama-dharma como bhakti pura é sobreposição.


Se alguém se empenha em atividades que são de algum modo relacionadas ao serviço devocional, como dar doações aos devotos, dar caridade, e outras coisas mais, isso não é realmente serviço devocional – mas tem um certo relacionamento com o serviço devocional. Isso se chama sanga-siddha bhakti – o cultivo de qualidades, sentimentos, conhecimento, e entendimento também é incluído em bhakti pura, mas esse cultivo não é a própria bhakti pura.” (Srila Narayana Maharaja, 9 de Agosto de 2004)


Se você tem algum desejo mundando, ou qualquer desejo, então sua bhakti pode ser sanga-siddha bhakti ou aropa-siddha bhakti, mas não bhakti transcedental pura. Você deve saber o que é aropa-siddha bhakti e sanga-siddha bhakti. Quando isso fica claro para você, então você pode engajar seus sentidos em svarupa-siddha bhakti; de outra maneira, isso não é possível. Se você está fazendo um negócio e com esse negócio você consegue um belo jardim com muitas frutas e flores para oferecer a Krsna, isso não é bhakti pura. Bhakti Pura consiste apenas em ouvir, cantar, lembrar, etc. Na bhakti pura, a pessoa sempre canta e se lembra de Krsna, e ouve Seus passatempos em elevada associação. Dentre todos os ramos de bhakti, cinco são superiores : sadhu-sanga (associação com devotos puros), nama-kirtana (cantar os santos nomes do Senhor), bhagavat-sravana (ouvir o Srimad-Bhagavatam e outras escrituras Védicas dos lábios de lótus dos devotos puros), vrndavana ou mathura-vasa (residir em Vrndavana ou qualquer outro lugar sagrado dos passatempos do Senhor), e sri murtira sraddhaya sevana (servir a Deidade com fé).” (Srila Narayana Maharaja, 17 de Abril de 2001)

Editorial Advisors: Pujyapad Madhava Maharaja, Sripad Brajanath dasa, and Sri Prema Prayojana dasa

Editor: Syamarani dasi

Transcriber: Sulata dasi

Typist: Anita dasi

Proof-reader: Krsna-kamini dasi

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Tradução para português: Acyuta Priya didi

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