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quarta-feira, 26 de maio de 2010

O Aparecimento do Senhor Nrsimhadeva


enviado por :

Tradução de Bhagavan dasa (DvS)


O Aparecimento do Senhor Nrsimhadeva

na ISKCON Sri Mayapur


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Baseado em uma conversa com Sua Graça Atmatattva dasa Adhikari –


No dia 24 de março de 1984, à meia-noite e vinte minutos, trinta e cinco ladrões munidos de armas e bombas atacaram Sri Mayapur Candrodaya Mandir. Eles vexaram os devotos e os ameaçaram com escárnio. O maior espanto, contudo, veio quando os ladrões decidiram roubar as Deidades de Srila Prabhupada e Srimati Radharani. Destemidamente, os devotos reagiram contra os agressores. Como eles poderiam ver Srila Prabhupada e Srimati Radharani serem levados embora? Tiros foram disparados, alguns bandidos caíram, e o plano deles foi descontinuado. Srila Prabhupada foi resgatado, mas a bela forma de Srimati Radharani não mais agraciaria o altar principal.


Este incidente perturbou fortemente a mente dos devotos. Aqueles envolvidos na administração ficaram especialmente preocupados em fazer algo que fosse uma solução permanente. Essa não fora a primeira vez que os devotos haviam sofrido ataque e perseguição em Mayapur. Bhavananda dasa, o então co-diretor da ISKCON Mayapur, sugeriu que o Senhor Nrsimhadeva fosse instalado. Quando, no passado, ladrões haviam ameaçado os devotos no Yoga-Pitha, Srila Bhaktivinoda Thakura e seu filho Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura imediatamente instalaram Sri Sri Laksmi-Nrsimhadeva. Não houve mais perturbações. Outros devotos em Mayapur não estavam muito dispostos a seguir tão estritamente esses passos. O pujari tem que ser um naisthika-brahmacari (celibatário desde o nascimento), e a adoração ao Senhor Nrsimhadeva deve ser muito estrita e regulada. Quem estaria preparado para adorá-lO?


Apesar desta hesitação, Bhavananda dasa estava empolgado quanto a trazer o Senhor Nrsimha a Mayapur. Ele solicitou que eu e Bhaktisiddhanta dasa desenhássemos alguns esboços. Um dia, bastante espontaneamente, ele disse que as pernas da Deidade deveria ser dobradas, prontas para pular; Ele deveria estar olhando ao redor ferozmente; Seu dedos deveriam ser curvados; e chamas deveriam estar saindo de Sua cabeça. Esbocei uma Deidade nessa disposição.


Os devotos gostaram do esboço, e Pankajanghri dasa concordou em adorá-lO. Radhapada dasa, um rico devoto de Calcutá, ofereceu custear a escultura e a instalação da Deidade. Parecia que o aparecimento do Senhor Nrsimhadeva na ISKCON Mayapur seria algo simples e rápido. Radhapada dasa prontamente doou 130.000 rúpias, e demos por certo que a Deidade estaria pronta para instalação em três meses.


Parti para o sul da Índia a fim de organizar tudo. Pela graça de Krsna, logo encontrei um sthapati muito famoso. Um sthapati não apenas esculpe Deidades; ele também é perito em arquitetura e engenharia de templos. O homem estava muito bem-disposto e solícito, até que mencionei que a Deidade que queríamos era de Ugra-Nrsimha. Ele enfaticamente recusou-se a fazer tal Deidade. Aproximei-me de muitos escultores de Deidade, mas a resposta era sempre a mesma: Não. Eu já havia feito numerosas viagens entre Mayapur e o Sul da Índia – seis meses haviam se passado –, mas o Senhor Nrsimhadeva ainda não havia manifestado Sua forma de Deidade.


Radhapada dasa estava muito ansioso por ver a instalação do Senhor Nrsimhadeva em Mayapur. Ele pediu-me que eu visitasse o sthapati original que eu vira e novamente apelasse em nosso favor. Desta vez, o escultor estava um pouco mais cordial e ofereceu ler para mim um capítulo do Silpa-Sastra (uma escritura Védica sobre escultura e arquitetura de templo) que lida com as diferentes formas de Deidades. Ele leu alto alguns versos descrevendo o Senhor Nrsimhadeva. Uma série de versos descrevendo Sua juba similar a fogo, Seu olhar perseguidor, e Seus joelhos dobrados com um pé à frente pronto para saltar do pilar. Quando ele leu isso, fiquei embasbacado. Era exatamente o que desejávamos. Eu lhe mostrei o esboço que eu havia feito. Ele ficou impressionado e se dispôs a fazer um croqui baseado na descrição escritural, o qual poderíamos usar como um guia para esculpir a Deidade. Ele lembrou-me, no entanto, que não seria ele quem esculpiria a Deidade. Ele levou uma semana para completar o croqui, e ele ficou deveras impressionante. Retornei a Mayapur e mostrei o croqui às autoridades do templo. Todos queria esse mesmo sthapati como o esculpidor. Fui novamente enviado para o Sul da Índia de modo a tentar convencê-lo.


Fui diretamente para a casa do sthapati. Eu estava muito ansioso. O que eu poderia fazer além de orar pedindo que o Senhor Nrsimhadeva fosse misericordioso e concordasse em manifestar-Se em nosso templo em Sri Mayapur Dhama? Eu mal dissera duas frases quando o homem disse muito decididamente que ele iria esculpir a Deidade. A história de como ele chegou a essa decisão merece ser contada.


O sthapati havia buscado seu guru, o Sankaracarya de Kanchi-pura, para conversar sobre a nossa solicitação. A resposta imediata de seu guru foi: “Não faça isso. Sua família será destruída”. Mas então, após um momento de reflexão, ele perguntou: “Quem solicitou a você que esculpisse essa Deidade?”. Quando ele ouviu que eram os Hare Krsnas de Navadvipa, ele ficou muito preocupado. “Eles querem Ugra-Nrsimha? Eles estão cientes das implicações de esculpir e instalar Ugra-Nrsimha? Tais Deidades foram esculpidas há mais de 3000 anos por sthapatis elevadíssimos. Há um lugar a caminho de Mysore onde um Ugra-Nrsimha muito colérico está instalado. O demônio Hiranyakasipu está rasgado sobre o Seu colo e seus intestinos estão saltando para fora por todo o altar. Por certo tempo, o padrão de adoração lá foi muito alto. Havia uma procissão de elefante e um festival todos os dias. Gradualmente, porém, a adoração decaiu. Hoje, aquele lugar é como um vilarejo fantasma. Toda a vila se encontra desértica. Ninguém pode viver lá pacificamente. É isso que eles querem para o projeto deles?”.


O sthapati respondeu: “Eles estão insistindo bastante. Eles constantemente vêm ter comigo para falar sobre a Deidade. Ao que parece, eles tiveram alguns problemas com gangues de ladrões armados”. Entregando ao seu guru um croqui da Deidade, ele disse: “Esta é a Deidade que eles querem”. Seu guru pegou o croqui e ficou olhando para ele reflexivamente.


Ah, esta é a categoria ugra”, ele disse, “mas uma Deidade neste humor particular se chama Sthanu-Nrsimha. Essa Deidade não existe neste planeta. Nem mesmo os semideuses nos planetas celestiais adoram uma forma como esta. Sim, a Deidade pertence à categoria ugra. Ugra significa feroz, muito irado. Há nove formas dentro desta categoria. Elas são todas muito furiosas. A forma que eles querem é Sthanu-Nrsimha: saltando do pilar. Não. Não esculpa esta Deidade. Não será auspicioso para você. Conversarei com você sobre isso posteriormente”.


Algumas noites depois, o sthapati teve um sonho. No sonho, seu guru foi até ele e disse: “Para eles você pode esculpir Sthanu-Nrsimha”. Na manhã seguinte, ele recebeu em mãos uma carta de Kanchi-pura. A carta era do Sankaracarya e apresentava algumas instruções concernentes a renovações para templo. Havia uma nota de rodapé. Ela dizia: Para a ISKCON você pode esculpir Sthanu-Nrsimha”.


O sthapati mostrou-me a carta e disse: “Eu tenho as bênçãos do meu guru. Eu esculpirei a Deidade”. Eu estava transbordando em júbilo. Eu dei-lhe um pagamento adiantado e perguntei a ele quanto tempo ele levaria para esculpir a Deidade. Ele disse que a Deidade estaria pronta para ser instalada dentro de seis meses. Retornei a Mayapur.


Após quatro pacíficos meses no Dhama sagrado, decidi ir para o Sul da Índia e comprar a pesada parafernália de metal necessária para a adoração de Nrsimhadeva e então buscar a Deidade. A viagem foi bem organizada e sem nenhum percalço, até que visitei o sthapati. Expliquei a ele que toda a parafernália necessária para a adoração havia sido comprada e que eu estava ali para buscar a Deidade. Ele olhou para mim como se eu houvesse perdido a razão e exclamou: “Qual Deidade!? Eu nem mesmo encontrei a pedra apropriada ainda!”. Eu não podia acreditar em meus ouvidos.


Mas você me disse que Ele estaria pronto em seis meses!”, eu exclamei.


Eu manterei minha promessa”, ele disse. “Seis meses depois que eu encontrar a pedra, a Deidade estará pronta para a instalação”. Sua resposta foi enfática, mas eu simplesmente não podia compreender ou aceitar o atraso. Frustrado, eu o desafiei: “Há enormes placas de pedra por todo o Sul da Índia. Qual é a dificuldade?”. Ele olhou para mim da maneira com que um professor olharia a um estudante de lenta aprendizagem e disse deliberadamente: “Não estou fazendo um pilão, estou fazendo uma Deidade. As escrituras nos informam que unicamente uma pedra que tenha vida pode ser usada para fazer uma Deidade de Visnu. Quando você golpeia sete pontos da placa de pedra e cada um faz o som mencionado nas escrituras, então essa pedra pode ser apropriada. Há, todavia, um segundo teste para indicar se a pedra é uma pedra viva. Existe um inseto que come granito. Caso ele coma de um lado da pedra até o outro e deixe um rastro completo visível atrás dele, então o segundo teste da pedra viva foi atendido com sucesso. Essa pedra é uma pedra viva, e expressões podem se manifestar dela. Unicamente a partir dessa pedra eu posso esculpir o seu Nrsimhadeva. Semelhante pedra fala poesia. Todos os atributos de uma Deidade esculpida a partir de tal pedra serão completamente expressivos e belos. Por favor, tenha paciência. Tenho procurado zelosamente por sua pedra de um metro e oitenta".


Eu estava impressionado e um pouco ansioso. Os devotos em Mayapur estavam esperando a chegada da Deidade em breve. Como eu iria explicar a busca da "pedra viva" a eles? Talvez eles fossem decidir-se por fazer Nrsimhadeva de mármore. Eu decidi deixar o assunto mais leve discutindo sobre a murti de Prahlada Maharaja com o sthapati. "Por favor, perdoe-me, mas me esqueci de falar com você da última vez que vim que também queremos uma murti de Prahlada. Queremos adorar Prahlada-Nrsimhadeva. O que você acha?".


"Não acho que isso será possível", o sthapati respondeu determinadamente. Eu olhei para ele incrédulo, sem saber o que dizer. Ele sorriu e continuou: "Vocês querem tudo feito exatamente de acordo com as escrituras. O seu Nrsimhadeva terá 1 metro e 60 centímetros de altura. Comparativamente falando, isso tornará Prahlada Maharaja do tamanho de uma ameba".


"Mas queremos Prahlada Maharaja com 30 centímetros", eu interrompi.


"Tudo bem", o sthapati respondeu, "mas isso significa que o seu Nrsimhadeva terá de ter cerca de 35 metros de altura". Começamos a argumentar e contra-argumentar sobre a forma de Prahlada Maharaja. Por fim, o sthapati suspirou em resignação e concordou em fazer Prahlada Maharaja com 30 centímetros. Ao menos eu agora tinha algo positivo para relatar quando retornasse para Mayapur.


Passados dois meses, voltei mais uma vez ao Sul da Índia. Nenhum desenvolvimento havia se dado. Fui e voltei de Mayapur para o Sul da Índia a cada trinta ou quarenta dias. Finalmente nossa pedra foi encontrada, e o sthapati tornou-se um homem transformado. Por mais de uma semana, ele praticamente não passava nenhum tempo em casa.


Hora após hora, dia após dia, ele simplesmente passava seu tempo contemplando a enorme placa. Ele tinha giz em mãos, mas nada desenhava. Ele recusou-se a autorizar que seus operários fizessem algo além de remover o excesso de pedra a fim de tornar retangular a placa de pedra. Quando novamente o visitei, ele havia feito um esboço sobre a pedra. Isso era tudo. Eu estava preocupado. Os administradores de Mayapur estavam ficando impacientes.


"Você tem certeza que essa Deidade estará concluída dentro de seis meses?", perguntei em desespero.


"Não se preocupe. O trabalho será feito", ele respondeu.


Eu retornei a Mayapur, mas, tão logo cheguei, fui enviado de volta ao Sul da Índia para verificar alguns detalhes da Deidade. Encontrei o sthapati pessoalmente esculpindo com intenso cuidado e dedicação. Nesse estágio, a pedra inexistia, e a forma passava a existir. O sthapati havia acabado de começar os braceletes. Ele levou duas semanas para esculpi-los. Todos os atributos eram muitíssimo refinados e delicados. Eu estava impressionado e muito feliz.


O sthapati levou um pouco mais de doze meses para concluir a Deidade. Quando ele completou o trabalho, ele não me informou imediatamente, senão que decidiu visitar alguns amigos por alguns dias. Era a estação das chuvas, havia poucos visitantes, e ele considerou seguro trancar o Senhor Nrsimhadeva sem problemas em sua choupana de palha. Dois dias depois, seus vizinhos correram para lhe informar que a choupana de palha estava em chamas. Houve uma chuva muito forte e tudo estava molhado, mas o teto de coqueiro havia se incendiado. Ele correu até o local, onde encontrou Nrsimhadeva intocado e a choupana reduzida a cinzas. Ele imediatamente ligou para mim: "Por favor, venha e pegue a sua Deidade. Ele está queimando tudo. Ele deixou claro que Ele quer ir AGORA!".


Eu viajei empolgadamente para o Sul da Índia, aluguei um caminhão e o enchi até a metade com areia. Cheguei ao estúdio do sthapati pensando que esse estágio final seria relativamente simples. Eu havia tolamente me esquecido que o Senhor Nrsimhadeva é uma personalidade muito pesada: Ele pesa uma tonelada! Após duas ou três horas, conseguimos tirar seguramente a Deidade da choupana e levá-la para o caminhão. Para viajarmos seguramente pela fronteira, também necessitávamos de permissão policial, juntamente com papéis assinados pelo Departamento Central de Impostos de Venda, pelo Diretório Arqueológico e pelo Empório das Artes em Tamil Nadu.


Todos os funcionários públicos exigiram ver a Deidade antes de assinarem os papéis necessários. Uma vez que tinham o darsana do Senhor Nrsimhadeva, todos eles ficavam muito prestativos e eficientes. Reunimos todos os papéis necessários dentro de vinte e quatro horas - um milagre considerando o pântano burocrático existente nos gabinetes governamentais da Índia. A viagem de volta a Mayapur também foi incrivelmente desimpedida e pacífica. O nosso protetor certamente estava presente conosco.


Geralmente, o sthapati comparece no dia da cerimônia de instalação, adentra a sala da Deidade e esculpe os olhos da Deidade. Isto se chama netra-nimilanam (o abrir dos olhos). Foi uma exceção o sthapati do nosso Nrsimhadeva já ter esculpido os olhos. Ele não apenas esculpira os olhos; ele também havia feito um pequeno puja e um arati. Tenho certeza que essa é a razão para os papéis terem sido providenciados tão solicitamente e o transporte do Senhor Supremo ter sido tão fácil. Ele já estava presente. E quem ousaria dizer não ao Senhor Nrsimhadeva?


A instalação do Senhor Nrsimhadeva foi muito simples, e durou três dias: de 28 a 30 de julho de 1986. Lembro de ter-me sentido apreensivo que talvez a instalação estivesse simples demais. Os ameaçadores avisos do Sankaracarya de Kancipuram haviam me marcado profundamente. Minha mente, entretanto, logo foi acalmada ao ouvir um dinâmico e sonoro kirtana. Sankirtana-yajna, a única verdadeira opulência de Kali-yuga, estava dominando a cena. Senti-me enlevado e satisfeito. O Senhor Nrsimhadeva, o protetor da missão de sankirtana, havia finalmente decidido manifestar-se em Sri Mayapur Candrodaya Mandir.


Lord  Narasimha celebration in Mayapur, May 2006next image from folder


Click aqui para ver fotos da Deidade: http://photo.net/photodb/folder?folder_id=500789



Tradução de Bhagavan dasa (DvS)

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Um comentário:

  1. O relato acerca da fabricação da imagem de NRSIMHADEVA e de sua coloção no templo é impressionante.

    José Elias

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