enviado por:Ramá Devi Dasi
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Sri Devananda Gaudiya Math: 21 de Marco de 2005
Tridandisvami Sri Srimad Bhaktivedanta Narayana Maharaja
Em primeiro lugar ofereço milhões de reverências ãos pés de lótus do meu mais adorável Gurupada-padma, nitya-lila pravistha Om visnupada Sri Srimad Bhakti Prajnana Kesava Gosvami Maharaja. Simultaneamente extendo as mesmas reverências ãos meus siksa-gurus, nitya-lila pravistha Om Visnupada Sri Srimad Bhaktivedanta Swami Maharaja, a Srila Bhaktivedanta Vamana Gosvami Maharaja e a Srila Bhaktivedanta Trivikrama Maharaja. Eu ofereço milhões de reverências ãos seus pés de lótus. Eu tambem gostaria de oferecer os meus apropriados respeitos para os meus irmãos espirituais, e para todos os tridandipad sannyasis, Vaisnavas e Vaisnavis.
Somos muito afortunados face a presente oportunidade de nos reunirmos em Navadvipa-dhama. Esse dhama (a morada do Senhor manifesta neste mundo) é muito extraordinária. Todavia, nem todas as pessoas podem compreender Suas glórias. A fim de satisfazer o desejo de Srila Prabhupada Sarasvati Thakura, meu Gurudeva estabeleceu este templo, Devananda Gaudiya Matha, alicerçada por nove torres e pela Deidade de Koladeva (Varahadeva). O mesmo encontra-se localizado no mesmo local onde os smarta-brahmanas que se opuseram a Srila Prabhupada, tinham o seu centro de operações e atividades.
Srila Prabodhananda Sarasvati revela o segredo de Navadvipa-dhama em seu Navadvipa Satakam (verso 78):
aradhitah nava-vanah vraja-kananah te
naradhitah nava-vanah vraja eva dure
aradhito dvija-suto vraja-nagaras te
naradhito dvija-suto na taveha krsnah
“Se você adorar as noves ilhas de Navadvipa, você estará de fato adorando Vrndavana e assim, será capaz de adentrar neste local confidencial. Se você não adorar e não se refugiar em Navadvipa-dhama, Vrndavana tornár-se-a muito distante de você. Caso alguémadore dvija-suta (Sri Caitanya Mahaprabhu), o filho do brahmana Jagannatha Misra, esta pessoa alcançará Vraja-nagara Sri Krsna em Vrndavana. Caso alguém adore Sri Caitanya Mahaprabhu, que é o próprio Krsna em Navadvipa, tal pessoa estará de fato adorando Sri Krsna de forma correta. A adoração de Sacinanadana Gaurahari em Navadvipa é tao boa quanto a adoração a Krsna em Vrndavana. Caso a pessoa não adore dvija-suta Gaurahari, o Senhor Krsna permanecerá bem distante dela.”
Podemos notar Navadvipa-dhama através da confluência de cinco rios – Panca-veni. Caso alguém se banhe nos Panca-veni, tal pessoa, será capaz de flutuar no rio Yamuna no Kesi Ghata em Vrndavana. Gaurangera sangi gane, nitya-siddhe kori mane, se jaya vrajendra-suta pasa- e caso a pessoa compreenda que os associados de Mahaprabhu são eternamente perfeitos, ela alcançara os pés de lótus de Vrajendra-nandana Syamasundara.
Todavia, embora Navadvipa-dhama não seja diferente de Vrndavana, existe uma exclusividade:
`krsna-nama’ kare aparadhera vicara
krsna balile aparadhira na haya vikara
(CC Adi 8.24)
“Uma pessoa pode cantar os Santos Nomes porém, caso ela cometa uma das dez ofensas ao cantar, a mesma não será capaz de experimentar o seu coração derreter e lágrimas fluindo do seu coração.” Por outro lado,
gaura-nityanande nahi esaba vicara
nama laite prema dena, vahe asrudhara
(CC Adi 8.31)
Gaura-nityananda-nama não considera nenhuma ofensa. Caso alguém cante os Seus nomes, o coração dessa pesssoa derreter-se-á e lágrimas fluirão de seus olhos. Assim, gaura-nama é mais misericordioso que krsna-nama. Similarmente, Gaura-dhama é mais misericordioso que Krsna-dhama, Vrndavana. O senhor Indra, que cometera uma grande ofensa a Sri Krsna, foi a Navadvipa com Surabhi. Foi neste local que Mahaprabhu perdoou completamente sua ofensa. O senhor Indra havia se aproximado de Sri Krsna anteriormente em Vrndavana, todavia ele teve que ir até Navadvipa a fim de receber o perdão completo.
Uma pessoapode dizer que ja conhece Navadvipa-dhama e que não há necessidade de ouvir maiores narrativas sobre a mesma. Por favor não pensem desta forma! As Glórias de Navadvipa-dhama são muito profundas. A fim de adentrarmos nos segredos deste dhama, devemos discutir os seus inúmeros e diferentes aspectos. Devemos também orar à Navadvipa-dhama para que ela possa nos revelar suas profundas glórias.
O nosso objetivo não é Krsna. Amor por Krsna e servico a Krsna é o nosso objetivo. Se uma pessoa não tem amor pelos pés de lótus do Senhor Krsna, tal pessoa não poderá serví-Lo. Kamsa e Jarasandha estavam ambos na companhia de Krsna, entretanto eles não tinham nenhum amor por Ele. Assim, eles não foram capazes de desfrutar a felicidade do serviço. Dessa forma, devemos compreender que o nosso objetivo é krsna-prema.
Krsna é a corporificação de todas as rasas- Ele é akhila-rasamrta-sindhu. Mesmo assim, Ele tinha três desejos que nem Ele mesmo pode preencher. A fim de realizá-lo, Ele teve que tomar para Si os sentimentos e a compleixão corpórea de Srimati Radhika e aparecer em Navadvipa-dhama.
Quem é Mahaprabhu? Ele éde fato Sri Krsna belamente decorado com os sentimentos e compleixão corpórea de Srimati Radhika. Esse éSacinandana Gaurahari. Essa é a explicação da Sua compleixão dourada– Ele tomou para Si a bhava (sentimento) e kanti (compleixão).
Há uma consideração especial necessária para se compreender esse raro prema que tem dois aspectos- sambhoga (encontro) e vipralambha (separação). Se você não compreender os dois tipos de prema, você não será capaz de compreender Sri Caitanya Mahaprabhu e Navadvipa. O encontro e separação dividir-se-ão em milhões de aspectos. Todavia, quatro saõ proeminentes. Existem quatro tipos de encontro: sanksipta (encontro breve), sankirna (encontro formal), sampanna (encontro bem sucedido) – tambem chamado de sampurna (completo) – e samrddhiman (encontro plenamente prospero). Esses quatro tipos de encontro dependem de quatro tipos de separação– purva raga, mana, kincid dura pravasa e sudura pravasa.
Sanksipta-sambhoga acontece somente após purva-raga. Purva-raga refere-se a separação que ocorre antes do primeiro encontro. O segundo tipo de separação é chamado mana em virtude de um sentimento contrário e/ou de ira. O encontro após mana é chamado sankirna-sambhoga. De uma certa forma, esse encontro é formal posto que, a heroina, embora tenha deixado de lado a sua ira e esteja feliz por se encontrar com o seu amado, ainda recorda-se que ele, outrora encontrara-se com outra pessoa. O proximo é chamado sampanna-sambhoga. Ele acontece após kincid dura pravasa- separação a uma
curta distância. Um exemplo de sampanna-sambhoga- Krsna encontra-Se com as gopis após apasentar as vacas ou Krsna aparece perante as gopis após ouvi-las cantar Gopi-gita.
O último é chamado samrddhimana-sambhoga. Esse tipo de encontro dá-se após sudura-pravasa, uma longa e distante separação– quando Krsna vai até Mathura e depois até Dvaraka. O encontro de Sri Radha e o Senhor Krsna em Kuruksetra é denominado samrddhimana-sambhoga assim como o encontro de Krsna com as gopis quando Ele finalmente regressa de Dvaraka para Vraja-mandala. Sudura-pravasa- quando analisado através de um ponto de vista neutro, dança sobre a cabeça de sambhoga (isto é, ela supera sambhoga). Em sambhoga, externamente há o encontro. Todavia, internamente falta algo. Por outro lado, no momento da separação, embora externamente não haja nenhum encontro, internamente o encontro é completo e perfeito. Assim, na separação, diversas realizações ocorrem. Entretanto, estas realizações não ocorrem no momento do encontro. Esta é a especialidade de vipralambha analisada através de um ponto de vista neutro.
Caso a pessoa queira fazer bhajana em vipralambha, tal pessoa deve chorar intensamente como Mahaprabhu o fez. Ele costumava lamentar-Se , “Alas! Alas! Onde esta o Senhor da minha vida, Sri Krsna?” Esse sentimento deve brotar no coração de tal praticante. Se não há vipralambha, não há a possibilidade de desfrute de milana, encontro.
Em vipralambha (no estágio de mohanakhya mahabhava) há inúmeros e surpreendentes anubhavas (sentimentos internos) – divyonmada (insanidade transcendental), prajalpa, jalpa e outros oito tipos de loucuras transcendentais e ira verbal.
Entretanto, apesar da alegria decorrente da separação (vipralambha), nenhuma companheira de Srimati Radhika quer a separação. Elas sempre anseiam pelo encontro de Radha e Krsna. O pensamento acerca do desejo da separação constitui de fato uma tolice. Bhaktivinoda Thakura disse que nehhuma companheira/companheiro deseja a separação. Todavia, se tomarmos uma posição neutra, torna-se evidente que o sentimento de separação, vipralambha, tem diversos aspectos maravilhosos.
Há um passatempo surpreendente encenado no momento de encontro:
Srimati Radhika esta sentada no colo de Sri Krsna no Prema Sarovara.
Um abelhão (madhusudana) estava voando ao redor da face de Radhika. Naquele momento, Madhumangala perseguiu severamente o abelhão com um graveto dizendo. “Madhusudana se foi. Ele jamais irá regressar.” Como Madhusudana é um dos nomes de Krsna, Radhika pensou que o próprio Krsna A havia deixado e que Ele jamais iria retornar. Portanto, mesmo estando no colo de Krsna, Ela ficou impressionada e absorta no humor de separação e caiu inconsciente.
Esses são os sintomas de madanakhya-mahabhava. Esse sentimento,
madan, pode ser visto apenas em Radhika; o mesmo não pode ser
encontrado nem mesmo em Lalita e Visakha. O próprio Senhor Krsna
expressa mahabhava porém, de forma incompleta e incapaz de
compreender o sentimento de madanakhya-mahabhava experimentado por Radhika. A fim de saborear o madan-bhava dEla, Ele aparece na forma de Sacinandana Gaurahari.
Há outro ponto que devemos considerar: Deus é amor e amor é Deus. A natureza de Sri Krsna é maravilhosa. Ele é akhila-rasamrta-sindhu e
o oceano do completo néctar de todas as rasas. Todavia, Ele não
expressa madanakhya-mahabhava. Ele deseja saborear este sentimento a fim de tornar a Sua natureza completa. Desta forma, Ele aparece em
Navadvipa-dhama.
Há outro ponto que deve ser compreendido. Krsna é akhila-rasamrta
murti, a corporificação de todas as rasas bem como de seus
respectivos ingredientes- stayibhava, vibhava, anubhava, sattvika-
bhava e vyabhicari-bhava. Vibhava, o estímulo dos sentimentos
permanentes e dividido em duas partes- visaya alambana e asraya
alambana. Krsna é visaya alambana, o objeto do amor. Radhika é
asraya alambana, a morada de amor por Krsna. Dentre todos os
asrayas, Ela é a superior- Nenhuma outra pessoa é capaz de amar
Krsna como Ela O ama, de servir Krsna como Ela O serve, e saborear
as Suas qualidades e forma. Nem mesmo Krsna é capaz de experimentar o que Radhika saboreia. A fim de fazê-lo, Krsna aparece como Sri Caitanya Mahaprabhu.
Este prema é saboreado na fase jovial de Krsna. Certa vez, quando
Sri Caitanya Mahaprabhu estava viajando, Ele encontrou-Se com um
devoto Raghupati Upadhyaya, que recitou o seguinte verso:
syamam eva param rupam
puri madhu-puri vara
vayah kaisorakam dhyeyam
adya eva paro rasah
(Caitanya-caritamrta, Madhya-lila 19.106)
Mahaprabhu perguntou a ele, “Qual é a melhor forma de Krsna?”
Raghupati Upadhyaya respondeu, “A forma de Sri Krsna como
Syamasundara é a melhor forma; a melhor cidade chama-se Mathura
(Vrndavana); a melhor doçura chama-se madhurya rasa e a melhor idade é a juventude.” Dentre todos os Seus passatempos, os Seus
passatempos joviais são os mais elevados e dentre todas as rasas,
srngara-rasa é a superior. Devemos meditar nisto. Em Vrndavana, Ele
é sempre natavara, o melhor dançarino. Ele sempre carrega em Sua mão uma flauta e veste-se com roupas de vaqueirinho. A raiz de Gokula é esta forma juvenil de Krsna, o maior dos dançarinos.
Há uma especialidade referente a este ponto. Krsna nasceu em Gokula
Mahavana, onde Ele realizou Seus passatempos infantis. Depois, Ele
mudou-se para Nandagaon onde os Seus passatempos de juventude
ocorreram. Em Vrndavana, Radha-kunda, Syama-kunda e Govardhana, a resplandecente juventude de Krsna é manifesta. Como um jovem adolescente, Ele realiza Seus passatempos com as gopis em Vrndavana. Nesta idade, Ele experimenta as mais elevadas formas de prema (amor).
A forma de um adolescente de Krsna é eterna. Todavia, não pense que
Ele é um garoto comum.
aradhyo bhagavan vrajesa-tanayas tad-dhama vrndavanam
ramya kacid upasana vraja-vadhu vargena ya kalpita
srimad-bhagavatam pramanam-amalah prema pumartho mahan
sri-caitanya-mahaprabhor matam idam tatradaro nah parah
“O mais adorável ser é Vrajendranandana Syamasundara. Vrndavana e
Baladeva-tattva o qual deve ser igualmente adorado. Não há nenhuma
possibilidade de adoração a Krsna desprovida da adoração de Sua
morada. A maneira de adorá-Lo em Vrndavana é totalmente singular. O método de adoração mais sublime refere-se a adoração que tem sido adotada pelas gopis, as jovens esposas de Vraja. Esse é o humor de Sri Caitanya Mahaprabhu.” Viemos a Navadvipa-dhama para compreender este humor.
Sri Caitanya Mahaprabhu apareceu em Navadvipa-dhama, revestido com o sentimento e a compleixão de Radhika. Ele permaneceu durante os Seus primeiros vinte e quatro anos aqui em Navadvipa- Sua infância, meninice assim como todos os passatempos de adolescência, ocorreram aqui. Depois Ele tomou sannyasa; agora com o nome de Krsna Caitanya Ele foi para Puri. Durante a noite toda, Mahaprabhu tinha a companhia de Sri Svarupa Damodara e Sri Raya Ramananda quando Ele experimentava os sentimentos de separação de Radha. O Seu servo, Govinda, tentava detê-los dizendo-lhes, “Seria melhor se vocês não viessem com tanta freqüência. Vocês apenas O deixam mais triste.” Govinda pensava consigo mesmo,”Por que eles têm que vir todos os dias? Eles sempre fazem Mahaprabhu chorar.” É muito difícil
compreender que Mahaprabhu estava de fato saboreando a mais elevada felicidade através dos passatempos que Ele costumeiramente ouvia.
Todos esses fatos foram descritos no Sri Caitanya-caritamrta.
Portanto, o Sri Caitanya-caritamrta é superior a todos os Vedas,
Vedanta, Upanisads e Puranas. Se você estudar o Caitanya-Caritamrta
você ira compreender estes passatempos e verdades. Caso todos os
livros existentes no mundo venham a ser destruídos, restanto apenas
o Caitanya-Caritamrta, não haveria nenhuma perda porque tudo esta
presente neste livro.
Navadvipa-dhama não é diferente de Vrndavana. Na verdade, ela é
muito exaltada por ser madhurya-dhama (a morada da doçura). Ela é a
morada transcendental da doçura do Senhor, dos Seus passatempos no papel de ser humano onde não há aisvarya (sentimento de opulência). Mahaprabhu é apenas o querido e pequeno garoto de Saci Mata. Quando Mahaprabhu tomou sannyasa, todos O chamavam de “Mahaprabhu,” isto é, “grande mestre,” ao passo que em Navadvipa Ele é conhecido como Saci-nandana Gaurahari, Nimai e Visnu Priya-pranadhana – o querido amado de Visnu Priya. Assim como um garoto comum, Ele costumava ir de casa em casa onde realizava diversas travessuras, a locais de banho importunar as jovens garotas que adoravam o Ganges. Ele apanhava os utensílios e ingredientes usados na adoração dizendo-lhes, “Oh, adorem-Me! Primeiro vocês devem Me adorar e depois vocês podem adorar o Ganges. Caso vocês não Me adorem, se vocês não Me derem alguns doces, entao amaldiçoarei vocês! Vocês terão maridos velhos e casados com muitas esposas. Ganga e Durga são minhas serviçais.” Quando Ele falava daquela maneira, as garotas cobriam suas orelhas e corriam para bem longe.
Nimai, embora seja o Supremo Senhor e possuidor de tudo o que existe no universo, costumava encontrar-Se com Kholavecha Sridhara e barganhar o valor das folhas de bananeira. Ele lhe dizia,”As Glórias
do Ganges vêm de Mim.” Kholavecha Sridhara respondia, “Não fale
assim. Você não teme desrespeitar o Ganges?” Dessa maneira, madhurya-lila, passatempos encenados no papel de um ser humano comum, ocorreram em Navadvipa-dhama.
Após o desaparecimento de Seu pai deste mundo, Mahaprabhu foi até
Gaya a fim de oferecer pinda e encontrar-Se com Srila Isvara
Puripada a quem Ele disse, “Eu ofereço este corpo aos seus pés de
lótus.”
prabhu bale gaya-yatra safal amara
yata khane dhekilam carana tomara
samsara samudra hoite uddharo more
ei ami deho samarpilama tomare
(Caitanya-bhagavata, Adi-lila 17)
Ele retornou à Navadvipa após receber a iniciação diksa e assim,
começou a saborear krsna-prema no humor das gopis; especialmente no sentimento de Radhika- todavia não plenamente. Depois, Ele recebeu a ordem de sannyasa e foi para Puri experimentar de forma mais intensa os sentimentos das gopis enfatizando o sentimento de separação presente na ocasião em que Krsna foi para Mathura. Depois, Ele foi para Godavari onde Ele manifestou a Sri Raya Ramananda a Sua forma sem precedents de Rasaraja / Mahabhava– Krsna carregando a Sua flauta, Seus olhos vermelhos girando em extase e Sua forma completamente coberta pelo esplendor da forma de Radhika. Todo e qualquer membro de Radhika estava coberto pelos membros de Krsna assim como o corpo de Krsna estava coberto pela compleixão corpórea de Srimati Radhika. Embora Ele estivesse coberto pela compleixão corpórea dEla, ainda assim, havia um pouco de brilho negro que o Seu corpo emanava. Krsna é Rasaraja e Radhika é Mahabhava. Foi neste local, que Rasaraja e Mahabhava se encontraram. Ramananda jamais havia presenciado isto. No momento em que ele testemunhou esta visao, ele caiu inconsciente.
Esse passatempo é extremamente elevado. Todavia, podemos dizer que Godavari é superior a Navadvipa? Muitas pessoas que desconhecem tattva (filosofia) dizem que Godavari é o local mais elevado face a manifestação de Caitanya Mahaprabhu como Rasaraja / Mahabhava ter ocorrido lá. Não podemos dizer que Godavari é superior em virtude do referido passatempo apresentar muita opulência.
Depois temos Jagannatha Puri onde Mahaprabhu, absorto em Radha-bhava estava acompanhado de Svarupa Damodara e Raya Ramananda. Eles cantavam versos escritos por Candidasa, Vidyapati, e versos provenientes de escrituras tais como: Gita-govinda e Jagannatha-Vallabha-Nataka escrito por Raya Ramananda.
candidasa, vidyapati, rayera nataka-giti,
karnamrta, sri-gita-govinda
svarupa-ramananda-sane, mahaprabhu ratri-dine,
gaya, sune——parama ananda
(CC Madhya 2.77)
Eles também costumavam ler os versos do Srimad-Bhagavatam
encontrados nos seguintes cantos: Venu-gita, Gopi-gita, Yugala-gita,
Pranaya-gita e Bhramara-gita. Mahaprabhu ficava absorto a noite
inteira saboreando essas e tantas outras canções dentre elas podemos
citar “Jaya nanda-nandana gopi-jana-vallabha.” [Pausa na aula – a
pedido de Srila Narayana, os devotos cantam esse kirtana.]
Agora Navadvipa. Quais foram os passatempos encenados aqui? Estes
passatempos não podem nem mesmo ser descritos. Há outro ponto acerca de Navadvipa-dhama que deve ser considerado. Srimati Radhika Ramananda é o mais elevado repositório de prema (amor) e possuidora de três aspectos. O primeiro aspecto refere-se a raiz e os demais são Suas expansões. Em Vrndavana, especialmente em Govardhana, Nandagaon, Varsana, Radha-kunda, Syama-kunda assim como em outros locais similares, Ela é Vrsabhanu-nandini. Ela é a raiz que por sua vez também inclue Suas expansões. Ela nunca sai de Vrndavana. Em Nandagaon (Uddhava Kyari) Ela tambem é Viyogini Radha, após a partida de Krsna para Mathura. O sentimento de loucura (face a saudade existente no coração dEla) mais surpreendente experimentado por Ela no papel de Viyogini Radha é apresentado na seção do Srimad-Bhagavatam entitulada Bhramara-gita.
No terceiro aspecto,Samyogini Radha, Ela permaneceu por três meses
em Kuruksetra onde Ela se encontrou com Sri Krsna. Embora seja este o aspecto de Radhika Que se encontra com Krsna em Kuruksetra, ainda ssim, naquele local, o desejo dEla não pode ser preenchido; Ela deseja então, regressar à Vrndavana. O Krsna de Kuruksetra é o mesmo. Todavia, Suas vestimentas são diferentes. Em Kuruksetra, Krsna não carrega Consigo a Sua flauta, a Sua coroa decorada com a Sua pena de pavão; Ele não é Yasoda-nandana / Nanda-nandana / Radha-kanta – Ele não é mais chamado e lembrado por estes nomes. O humor em Kuruksetra é muito diferente face a presença de muitos elefantes, cavalos e uma enorme falange militar. Vasudeva, Devaki e todos os seus associados estão presentes. Não há nenhuma floresta como Vrndavana, nenhum rio como o Yamuna, tão pouco há pavões e bambis. Srimati Radhika diz a Sri Krsna, “O meu coração não esta satisfeito. Não há nem mesmo uma gota do oceano de rasa de Vrndavana aqui em Kuruksetra portanto, não quero ficar aqui.”
Krsna responde à Ela, “Você deve meditar e realizar que você esta
sempre Comigo. Se você meditar, os Meus pés de lótus aparecerao em Seu coração.”
Ela respondeu:
anyera hrdaya—mana, mora mana—vrndavana,
`mane’ `vane’ eka kari’ jani
tahan tomara pada-dvaya, karaha yadi udaya,
tabe tomara parna krpa mani
(CC Madhya 13.137)
“O nosso coração e mentes são os mesmos. A nossa mente é Vrndavana. Entao, você deve voltar para Vrndavana.” Esse é o significado do Ratha-yatra. O carro ratha é a carruagem da mente de Radhika, a carruagem do desejo de Radhika levando Krsna de volta para Vrndavana, de volta para Vraja (representada pelo templo Gundica). Samyogini significa que existe a samyoga, um encontro entre Radha e Krsna. Todavia, Radhika quer regressar a Vrndavana. Ela quer voltar as florestas de árvores vetasi, isto é, à floresta de árvores
kadamba cuja fragrância é composta de flores tais como: beli, cameli
e juhi. Ela queria levar Krsna para lá.
Portanto, em primeiro lugar Radhika é Vrsabhanu-nandini Radhika.
Depois, Ela é Viyogini Radhika estando sempre absorta no humor de
separação cuja lista de emoções (bhavas) inclue citrajalpa, prajalpa
e divyonmada. Em Kuruksetra Ela é Samyogini Radhika onde Ela se
encontra com Krsna. Porém, não há felicidade face a ausência do
doce estímulo de Vrndavana. Kuruksetra esta repleto de elementos
externos que são contrários a Vraja-prema. Portanto, Radhika coloca
Krsna na carruagem de Sua mente e, acompanhada de todas as outras
gopis, Ela o traz de volta à Vrndavana. Esse é o significado do
Ratha-yatra e esses são os sentimentos que Mahaprabhu saboreou em
Jagannatha-Puri.
Similarmente, Mahaprabhu aparece em Navadvipa-dhama com o humor de Radhika em três aspectos. Por estar sempre pensando que Ele é Radhika, Ele esquece que é Krsna. Depois, Ele vai até Puri onde os sentimentos de separação enunciados por Radha são manifestos. Às
vezes, Ele fica trancado no Gambhira cantando harinama. Ao ouvir o som da flauta de Krsna, Ele consegue de certo modo, transpor os sete
portões de ferro correndo em direção ao oceano como se fosse um
peixe, flutuando nas ondas do oceano por toda a noite que às vezes O
levava para localidades demasiadamente distantes. Naquela ocasião, O
corpo dEle expressava proporções que atingiam sete braços. Esses
passatempos são incomuns. Logo, eles não podem ser presenciados na
forma humana de vida. Em Puri, apenas três pessoas e meia, Svarupa
Damodara, Raya Ramananda, Sikhi Mahiti e sua irmã, tinham a
permissão de testemunhar Sua forma e Seus sentimentos. Ninguém além destas pessoas, podiam pessoalmente testemunhar estes fatos.
Certa vez, Srila Svarupa Damodara e Srila Raya Ramananda estavam a procura dEle. Eles O procuravam por toda a praia durante a noite e
assim, O chamavam em voz alta, “Onde você esta? Eles se dirigiram a
um pescador que por sua vez, tremia, chorava e dizia, “Krsna, Krsna,
Krsna!”. Ele lhes dizia, “Oh, eu estou possuido por um fantasma. Eu
toquei em alguém que flutuava no oceano e assim, fui pego por um
fantasma.” Svarupa Damodara lhe assegurou, “Irei remover o fantasma.
Nos mostre a pessoa que o tocou!” Ele os levou até Sri Caitanya
Mahaprabhu, Que estava deitado na rede do pescador. Parecia que Ele não tinham ossos; todas as Suas juntas estavam separadas uma das
outras. No Srimad-Bhagavatam tais incidents não são narrados. Dessa
forma, Mahaprabhu experimentou as transcendentais emoções de
Radharani. Absorto no sentimento de Viyogini Radhika, Mahaprabhu às vezes ia até o jardim Jagannatha-vallabha, próximo ao templo do
Senhor Jagannatha. À noite, os devotos O procuravam e acabavam
encontrando-O neste jardim. Às vezes, eles O encontravam
inconsciente com os membros do Seu corpo contraidos, deitado junto
com as vacas que comiam os remanescente de prasada deixado pelo
templo. Essas surpreendentes atividades estao descritas somente no
Caitanya-caritamrta.
Em asta-kaliya-lila (as oito divisões dos passatempos diários de Sri
Krsna em Vrndavana) Krsna realiza passatempos com Radhika, Lalita,
Visakha e com todas as gopis- passatempos durante a madrugada,
passatempos ao despertar do dia, passatempos ao anoitecer,
passatempos do meio-dia, passatempos vespertinos e passatempos
noturnos. Dentre as divisões dos passatempos supracitados,
encontramos os passatempos de Krsna referente ao Seu nascimento nos quais não encontramos os passatempos em que Ele mata Kamsa e parte para Mathura e Dvaraka. Similarmente na asta-kaliya-lila de
Mahaprabhu Ele não vai à Puri ou à Godavari tão pouco, há nascimento em Mayapura e a liberação de Jagai, Madhai e Cand Kazi. Esses acontecimentos fazem parte da naimittika-lila (passatempos
temporários). A nitya-lila (passatempos eternos) dá-se somente em
Vraja, e somente em Navadvipa, a qual e idêntica a Vrndavana. Asta-
kaliya-lila constitui toda a vida e riqueza da nossa sampradaya
(sucessão discipular), onde nada, além do mais doce do doce
passatempo torna-se manifesto. Apenas aqueles que são qualificados
podem meditar nesses passatempos ao passo que as demais pessoas
desqualificadas são vedadas. Para aqueles que são qualificados, esse
meditação torna-se possível durante todo o dia e noite.
Se você quiser absorver-se nesta meditação, é imperativo que você
abandone a inveja e a intriga.
krsneti yasya giri tam manasadriyeta
diksasti cet pranatibhis ca bhajantam isam
susrusaya bhajana-vijnam ananyam anya-
nindadi-sunya-hrdam ipsita-sanga-labdhya
(Upadesamrta 5)
Se você quiser entrar em bhakti pura, devemos honrar os Vaisnavas de
acordo com os seus respectivos níveis. Abandone toda a raiava.
Abandone toda a inveja e se esforce para honrar os Vaisnavas
apropriadamente. Caso a pessoa ainda tenha em seu coração um pouco de inveja, entao ela não será capaz de meditar em Navadvipa-dhama e Vraja-dhama onde a asta-kaliya-lila esta presente eternamente. A recordação da asta-kaliya-lila demanda completa absorção do coração 24 horas do dia. Uma parte do coração deve estar absorto em Gaura-lila ao passo que a outra deve estar absorta em Krsna-lila. Contudo, como isto pode ser possivel caso você ainda tenha inveja em seu coração? A pessoa deve transcender todos os anarthas:
duhkhesv anudvigna-manah
sukhesu vigata-sprhah
vita-raga-bhaya-krodhah
sthita-dhir munir ucyate
(BG 2.56)
Aquele que é capaz de meditar de forma constante é chamado de sthita-dhir muni ao passo que aquele que é capaz de meditar na asta-kaliya-lila é chamado de duhkhesv anudvigna-manah. Mesmo que problemas apareçam em suas vidas, eles nunca se perturbam. O mesmo ocorre com o surgimento do sucesso. Eles jamais se exaltam, tão pouco celebram este fato. Eles são equanimes na felicidade e na tristeza, nunca se zangam com ninguém; nunca se atraem a nada neste mundo e nunca temem nada. Se você não estiver livre dos anarthas, você não será capaz de meditar nos passatempos. Srila Rupa Gosvami nos instrui: vaco vegam manasah krodha vegam jihva vegam udaropastha vegam. Se você não pode controlar sua língua, seu estômago, etc., você não será capaz de meditar.
Srila Rupa Gosvami deu uma pista da asta-kaliya-lila de Mahaprabhu e
da asta-kaliya-lila de Radha-Krsna em seu Sriman Mahaprabhor Smarana Mangala Stotram. Visvanatha Cakravarti Thakura, em Krsna Bhavanamrta Mahavakhya, instrui que primeiro deve-se meditar na asta-kaliya-lila de Mahaprabhu e depois na asta-kaliya-lila de Radha-Krsna. Na madrugada, Sri Caitanya Mahaprabhu realiza maha-sankirtana rasa na casa de Srivasa Thakura. Depois, Ele descansa brevemente. Durante a nisanta-lila, os passatempos do final da noite, Ele medita na nisanta-lila de Krsna. Pela manhã, Ele retorna para casa e vai com Seus amigos banhar-Se no Ganges. Durante este ensejo, Ele encontra-Se absorto nos passatempos matinais de Radha e Krsna. Depois Ele adora a Sua Deidade, toma prasada e parte para o kirtana. Isso é a asta-kaliya-lila dEle. Esses passatempos estão presentes em
Navadvipa Dhama.
Não ha asta-kaliya-lila em Puri ou Godavari. Nos Seus ultimos dias
em Puri, Mahaprabhu estava profundamente absorto nos sentimentos de Radhika. Aparentemente isso não ocorreu em Navadvipa. Dessa maneira, se você comparar Navadvipa-lila com Puri-lila, parece que Puri-lila é superior entretanto, isso é naimittika-lila. Mahaprabhu nasceu em Navadvipa. Todavia isso é naimittika-lila assim como a liberação de
Jagai, Madhai e Cand Kazi constituem naimittika-lila. Não há nenhuma
conversão de Mulçumanos no nitya-dhama Svetadvipa.
Muitas pessoas comparam a naimittika-lila de Mahaprabhu em Navadvipa com a Sua naimittika-lila e Puri concluindo que Puri seja mais elevada porém não devemos comparar os dhamas com base nas naimittika-lilas; a nitya-lila é a medida para determinação final da
superioridade de um determinado local. Sri Caitanya Mahaprabhu não
desempenha nitya-lila ou asta-kaliya-lila em Godavari ou em
Jagannatha Puri. A Sua nitya-lila, ou asta-kaliya-lila, dá-se somente em Navadvipa-dhama.
Em Puri, Mahaprabhu estava experimentando a mohan-mahabhava de
Radhika. Esse extase espiritual ocasionava diversas transformações
em Seu corpo. Em Navadvipa não testemunhamos nenhuma transformção em Sua forma. Quando madan-bhava é manifesta, não é imperativo o surgimento de espetaculares transformações de formas. Em Vraja,Radha e Krsna podem estar sentados juntos no balanço. Naquele momento, Radhika esta saboreando a Sua surpreendente madanakhya- mahabhava enquanto Krsna experimenta o prema dEla. A maioria das pessoas não podem apreciar ou compreender qual belo e elevado é isso. Como Radhika é muito expert, Ela não revela os sintomas externos da Sua mais elevada madanakhya-bhava.
Navadvipa-dhama é Vrndavana de forma oculta. Jagannatha Puri nunca é chamada de Vrndavana; ela é chamada de Dvaraka. Navadvipa é de fato Vrndavana. As doze florestas de Vrndavana assim como as suas sub- florestas estão presentes em Navadvipa de forma oculta, de forma escondida. O local que estamos sentados agora, chama-se Koladvipa que na verdade é o próprioGovardhana rasa-sthali. Modadrumadvipa é a floresta de Bhandirvana, Samudra Gara é Kumudvana, Godrumadvipa é Nandagaon e Varsana, Jahnudvipa é Khadirvana, Rtudvipa é Radha-Kunda. Candra Sarovara encontra-se perto daqui. Todos os locais dos passatempos de Radha e Krsna estão disponíveis por Sri Caitanya Mahaprabhu. Eles podem ser recordados em Seu Navadvipa-dhama.
Mahaprabhu nasceu em Mayapura entretanto, em Mayapur não há rasa-lila. Govardhana é o próprio rasa-sthali. Todos esse locais de
passatempo estão presentes aqui, na ilha de Koladvipa. Entao, somos
afortunados posto que, meu Gurudeva estabeleceu o seu matha aqui em Govardhana.
A pessoa deve vir à Navadvipa-dhama, tomar refúgio em Sri Caitanya
Mahaprabhu e cautelosamente observar trnad api sunicena taror iva
sahisnuna amanina manadena kirtaniya sada hari. Sempre cantando e
dançando e respeitando os demais. Não espere respeito dos outros,
tolere todas as dificuldades e considere-se mais insignificante que
uma palha de grama. Se você fizer isso, facilmente você alcançara
Krsna-prema.
vancha kalpa tarubyas ca krpa sindhubhya eva ca
patitanam pavanebhyo vaisnavebhyo namo namah
.
Jai Radhe !
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