haribol, bem vindos , por favor adicionar

Pesquisar este blog

Translate

domingo, 21 de fevereiro de 2010

A Natureza de Braja

.



Srila Bhaktivedanta Narayana Gosvami Maharaja*

brajati gacchati iti brajah

“Aquilo que se move ao redor é braja” – esta é compreensão original da palavra braja. Os locais onde Nanda Baba residiu com suas vacas, bezerros, companheiros e membros familiares estão incluídos no significado desta palavra.


brajanti gavah yasminnati brajah


“A terra por onde as vacas, gopalas, gopas e gopis perambulam é conhecida como braja”. Este termo em particular denota a terra dos passatempos de Svayam Bhagavan Brajendra-nandana Sri Krsna.


Braja-bihari Sri Krsna é akhila rasamrta-murti, a personificação do néctar de todas as rasas primárias e secundárias. Nesta Braja, Ele realiza eternamente Seus passatempos com Seus associados, especialmente com Srimati Radhika, que é a personificação de mahabhava (a essência da hladini-sakti [a potência de prazer e bem-aventurança] de Krsna). O mais elevado dentre os todos os passatempos repletos de néctar, rasamaya lila, nominalmente, Sua rasa-lila, assim como muitos outros passatempos acontecem aqui eternamente. Nesta Braja, cada olhar e gesto é cheio de rasa. Aqui adi-purusa Sri Govinda desfruta eternamente de brincadeiras e passatempos repletos de néctar com Suas svarupabhuta gopis, que emanaram da própria svarupa dEle. Estes passatempos não têm começo nem fim. Este local onde não há além de um oceano de prema [amor puro por Deus], cujas ondas de unnatojjvala pranaya rasa (a mais elevada doçura do amor íntimo de amante) estão constantemente se erguendo e fluindo, este local é Braja. Este local que é feito puramente da rasa que é saboreada pelos rasikas e bhavukas, esta é a terra de Braja.


O Srimad-Bhagavatam (10.44.13) dá uma descrição muito profunda de Braja:


punya bata braja-bhuvo yad ayam nr-linga

gudhah purana-puruso vana-citra-malyah

gah palayan saha-balah kvanayams ca venum

vikridayancati giritra-ramarcitanghrih


“Sakhi! A verdade é que que a terra de Braja é supremamente pura e abençoada, porque aqui Purusottama, a Pessoa Suprema, está vivendo incógnito, disfarçado como um ser humano. Este mesmo Prabhu, cujos pés de lótus são adorados por devadideva Mahadeva Sankara e Sri Ramadevi, perambula por aqui juntamente com Seu irmão Balaramaji e Seus sakhas. Adornado com uma guirlanda de flores coloridas, Ele toca a flauta docemente e pastoreia as vacas. Assim absorto em muitos tipos de passatempos, Ele vagueia aqui e ali com grande deleite. Pelo toque de Seus pés de lótus, esta terra de Vraja se tornou virtuosa e bem-sucedida.






Braja: a terra de beleza e doçuras encantadoras



Brahma-samhita (5.56) descreve Vrndavana Dhama, ou Golka, nesta maneira:



sriyah kantah kantah parama-purusah kalpa-taravo

druma bhumis cintamani-gana-mayi toyam amrtam

katha ganam natyam gamanam api vamsi priya-sakhi

cid-anandam jyotih param api tad asvadyam api ca



sa yatra ksirabdhih sravati surabhibhyaas ca su-mahan

nimesarddhakhyo va vrajati na hi yatrapi samayah

bhaje svetadvipam tam aham iha golokam iti yam

vidantas te santah ksiti-virala-carah katipaye



“Adoro esta morada suprema conhecida como Svetadvipa, onde parama-purusa Brajendra-nandana Sri Krsna é o único amante (kanta); onde Suas svarupabhuta braja-gopis, as personificações de todas as Laksmis, são as amadas (kantas); onde cada árvore e trepadeira é uma árvore dos desejos transcendental (kalpa-taru); onde a terra é pedra de toque espiritual (cintamani) e a água é néctar (amrta); onde a fala é como música e os movimentos como uma dança; onde a flauta (vamsi) é a mais querida (priya sakhi); onde a luz é cheia de conhecimento e bem-aventurança; onde os objetos supremos e transcendentais são todos saborosos; onde imensos oceanos divinos de leite fluem dos úberes de incontáveis vacas surabhis; e onde o tempo eterno e transcendental está sempre presente – sem passado ou futuro – e onde portanto mesmo meio momento nunca vira passado. Neste mundo material, apenas poucos sábios (sadhus) obtêm o darsana deste local sagrado (dhama) como Goloka, e somente aqueles que são objeto da misericórdia de Gokulapati Sri Krsna podem compreender a natureza deste dhama”.



O Rg-veda (1º mandala, sukta 154) também descreve Braja Dhama :



ta vam vastunyusmasi gamadhyai / yatra gavo bhusisrnga ayasah

atraha tadurugayasya vrsnah / paramam padamavabhati bhuri



“Braja Vrndavana é o dhama mais elevado de Bhagavan: lá parama-purusa Sri Krsna, o objeto dos Vedas, docemente toca Sua flauta e protege as vacas que vagueiam, estas possuem muitas boas qualidades e belos chifres”.

No Srimad-Bhagavatam (10.21.10), as próprias gopis cantam as glórias de Vrndavana:



vrndavanam sakhi bhuvo vitanoti kirtim

yad devaki-suta-padambuja-labdha-laksmi

govinda-venum anu matta-mayura-nrtyam

preksyadri-sanv-avataranya-samasta-sattvam



“Ó sakhi! A fama da Terra aumentou por ela está esplendidamente decorada com as marcas dos pés de lótus de Krsna. Ao ouvir o som da flauta de Krsna (venunada), os pavões pensam ser um trovão por entre as nuvens e, tornando-se intoxicados, começam a dançar. Os outros animais nos prados de Govardhana também sentem prazer e ficam paralisados. Desta forma, a presença de Vrndavana na Terra torna este planeta ainda mais glorioso do que Vaikuntha”.



As gopis estão dizendo: “Ó sakhi! Em todos os locais, por toda parte desta Vrndavana desabrocham flores durante todas as seis estações – beli,juhi, cameli, campaka, kadamba e muitas outras. A fragrância de tais flores alcança grandes distâncias, convidando as abelhas a colherem o mel. Elas vêm em enxame para beber esta rasa e, tornando-se intoxicadas, começam a zumbir. Este som parece estar vindo de Vana-devi, a deusa da floresta, que está antecipando a chegada de madhupati Krsna dando-Lhe as boas-vindas. Ao ouvir este zumbir das abelhas, como podem suka, pika, papiha e outros pássaros cujas vozes são doces e melodiosas permanecer em silêncio? Eles também ficam submersos em êxtase e voam de uma árvore para outra e de um galho para outro. Tudo em Vrndavana ressoa com o doce e melodioso canto deles, cujo eco reverbera em todos os cantos de Vrndavana – nos lagos, do outro lado dos rios e no cume das montanhas”.



“Aho! Vrndavana é um dhama tão extraordinário e maravilhoso. Nesta Vrndavana, o esplendor sem igual da primavera (Vasanta), que é encantadora rainha de todas as estações, está sempre presente e um tapete verde aveludado está espalhado sobre a superfície da terra. Lótus de muitas cores desabrocham nos lagos e rios, e os galhos das árvores estão belamente adornados com campa, cameli, beli, juhi completamente desabrochadas assim como com outras flores fragrantes, cujo néctar é saboreado pelas abelhas intoxicadas. Toda atmosfera é permeada tanto pela bem-aventurança transcendental quanto pela intoxicação da juventude. Isto se combina para criar um reino de alegria sempre crescente que cativa o corpo e a mente”.



Tocando docemente Sua flauta, Brajendra-nandan Sri Krsna caminha por toda esta terra de Braja juntamente com Dau Bhaiya (Balarama) e Seus inumeráveis amigos vaqueiros (gopas) e vacas. Abençoada é esta terra de Braja, onde o criador deste universo, Sri Barhmaji, reside na forma de uma montanha em Varsana, somente para obter a poeira dos pés de lótus de Sri Radha-Krsna Yugala sobre sua cabeça; onde o mantenedor, Sri Visnu, assumiu a forma de Govardhana e Visnu Parvata; onde Candramauli Mahadeva (Siva) reside na forma da Montanha Nandivara em Nandagrama; e onde Sri Uddhavaji, o melhor dentre os servos de Hari (haridasa-vara), vive como uma folha de grama, um pequeno arbusto ou trepadeira às margens do Kusuma Sarovara.



Aqui em Braja, Svayama Bhagavan Sri Krsna se expande assumindo o lugar dos bezerros e saboreia a grama macia e deliciosa (durante a Brahma-vimohana-lila para confundir o Senhor Brahma). Aqui as jovens garotas de Braja vão diariamente até poços e outras fontes de água (panaghatas) com o pretexto de encher seus potes de água, mas, em verdade, vão somente para encher os potes de seus corações com a doçura (rasa) do amor de Krsna (Krsna-prema). (...) Neste local cheio de rasa (rasila), as garotas de Braja começam a abaixar seus potes dentro d’água sob o pretexto de enchê-los, então a flauta rasila da jóia suprema de todos os rasikas preenche o ar com rasa. Quem já reparou se essas garotas de Braja enchem seus potes ou se os trazem de volta vazios? Ó meu amigo! Esta é a maravilha deste panaghata.



Rasika-sekhara Brajendra-nanda submerge repetidamente em sara – nos doces nikunjas que ecoam com o som murmurado de Kalindi e nos caminhos rasili sinuosos e estreitos. Ele submerge em rasa ao importunar as garotas de Braja – nas disputas ardentes que Ele tem com elas, em seus doces olhares de soslaio, nas conversas doces e nas brincadeiras aquáticas. Ele desfruta com elas. Quem pode descrever as glórias de tal Braja?



Srila Sanatana Gosvami explicou o significado de Vrndavana da seguinte forma:



vrndasya samuhasya, avanam raksanam palanam yasmat tat vrndavanam



“Aquilo que mantém, nutre e protege a todos é chamado Vrndavana” Esta terra de Vrndavana oculta sua natureza divina (bhagavad-bhava) e amorosamente mantém os rebanhos de vacas e bezerros bem com a sociedade dos gopas e gopis. Svayam Bahgavam Sri Krsna, estando controlado pelo amor deles, nunca deixa Vrndavana nem sequer por um momento -



vrndavanam parityajya sa kvacin naiva gacchati



Sri Bhattaji descreve a terra de Braja como encantada e exprime seus sentimentos raros:



brajbhumi mohini main jani

mohini kuñj, mohan sri-vrndavan mohan jamuna pani

mohini nari sakal gokul ki bolti mohini bani

sri-bhatt ke prabhu mohan nagar mohini radha rani



“Brajabhumi é encantada – os kunjas são encantados e as águas do Yamuna são encantadas. Todas as mulheres de toda Gokula são encantadoras que falam de uma forma encantada. O mestre e a mestra de Sri Bhatta são Mohana Nagara e Mohini Radharani”.





(...)





Voto durante o Braja-mandala Parikrama



Ao executar o parikrama deve-se, tanto quanto possível, observar certas injunções positivas e negativas. As injunções positivas são as seguintes: falar a verdade, observar celibato, dormir no chão, perdoar as aparadhas (ofensas) dos outros, banhar-se nos rios e lagos sagrados, fazer acamana, aceitar somente prasada oferecida a Bhagavan, e realizar harinama-sankirtana nas contas de Tulasi ou executar harinama-sankirtana na assembléia de Vaisnavas. Deve-se executar demonstrando o respeito apropriado e adorando os brahmanas, sri murtis, tirthas e os locais de passatempo do Senhor encontrados no transcorrer do parikrama. Chegando ao ponto das injunções negativas é proibido ficar irado, cometer qualquer violência contra árvores, trepadeiras, pequenos arbustos, vacas e tudo mais ao longo do caminho do parikrama, desonrar brahmanas, Vaisnavas e outros, desrespeitar sri murti, usar sabão e óleo, barbear-se, matar formigas ou outras jivas, envolver-se em disputas e criticar os outros” (p. 17-18)





* Trechos traduzidos do livro Sri Braja Mandala Parikrama de Sri Srimad Bhaktivedanta Narayana Gosvami Maharaja.

http://radhesyama.multiply.com/journal/item/76/A_Natureza_de_Braja

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Contato

Email :
harekrishnacampinas@hotmail.com

Creative Commons License

Jornal Hare Krsna Brasil é licenciado Licença Creative Commons
Ao copiar qualquer artigo por gentileza mencionar o link o credito do autor .