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domingo, 21 de fevereiro de 2010

A meta e como alcançá-la

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Sri Srimad Bhaktivedanta Narayana Maharaja

(palestra proferida em Salt Spring Island, Canadá, no dia 23 de abril de 2001)


om ajnana timirandhasya jnana jana salakaya
caksur unmilinam jena tasmai sri guruve namah

vancha kalpatarubhyas ca krpa sindhubyeva ca
patitanam pavanebhyo vaisnavebhyo namo namah

namo maha vadanyaya krsna prema pradaya te
krsnaya krsna-caitanya namine gaura tvise namah

gurave gauracandraya radhikayai tvadalaye
krsnaya krsna-bhaktaya tad bhaktaya namo namah

Até agora temos respondido a muitas questões sobre guru-tattva. Vocês devem saber todas estas respostas e agir de acordo com elas. Guru-nistha e guru-bhakti são a coluna vertebral de bhakti. Se você não tiver guru-bhakti ou um guru-nistha muito forte, então a qualquer momento poderá se tornar fraco e ser levado por maya. Você deve, portanto, ter sempre uma compreensão bem firme acerca deste assunto. Tenha uma fé firme no guru. Não cultive a idéia de que ele é uma pessoa comum como nós mesmos - que nasceu e que irá morrer, pois pensar assim seria uma ofensa. Devemos entender que o guru é um associado transcendental de Krsna.

yadyapi amara guru--caitanyera dasa
tathapi janiye ami tanhara prakasa

["Embora saiba que meu mestre espiritual é um servo de Sri Caitanya, também o conheço como uma manifestação plenária do Senhor." (Cc.Adi 1.44)]

Tathapi. Ainda que ele seja um servo de Krsna. Saksad dharitvena samasta sastrair. Ele tem nele todas as boas qualidades de Krsna. Ele é similar a Krsna, mas não o próprio Krsna. E, ainda assim, num certo sentido ele é Krsna. Qual Krsna? Existem dois Krsnas: um é visaya Krsna e outro é asraya Krsna. Guru é asraya e, portanto, ele deve ser honrado desta maneira. Não pense que ele não conhece nossos corações. ELe sabe, mas mantém em segredo, como se não soubesse. Já falamos muito sobre este assunto.

Agora quero entrar na questão de porque Krsna apareceu neste mundo. Qual foi a razão principal? Por que Krsna aparece na forma de Sri Caitanya Mahaprabhu? Ouça isto com muita paciência.

Devemos começar do começo. Todas as pessoas e todos os animais têm algum objetivo e, para atingi-lo, cada entidade escolhe um caminho. Isto é denominado sadhya e sadhana. O objetivo é chamado sadhya e o caminho para alcançá-lo, a maneira, é o sadhana. Enquanto pais e mães, nós pensamos que nossos filhos devem ser felizes – eles não deveriam sofrer. Assim, os colocamos na escola para que aprendam a ler e se tornem qualificados para saber como eles podem ser felizes.

Desde o começo todos querem ser ricos, de um modo ou de outro. O dinheiro é o objetivo e, para obtê-lo, alguns escolhem o caminho de se tornar um advogado, alguns se tornam médicos, engenheiros ou executivos. Qual o propósito principal? Qual a meta da vida deles? Sua meta é ganhar dinheiro. Como ganhar o dinheiro – a maneira ou o processo – é chamado sadhana. Se você não tiver estabelecido seu sadhya, sua meta, então como você pode determinar o meio para alcançá-la? Assim, devemos primeiramente conhecer nosso objetivo e estou explicando isto de uma maneira muito simples.

Qual é a nossa meta? Nós não podemos decidir e devemos, portanto, tentar depende do Srimad Bhagavatam, Sri Caitanya Caritamrta, dos livros de nossos Gosvamis e do que foi dito por Sri Caitanya Mahaprabhu e Nityananda Prabhu. Qual é a meta? O que nós pensamos sobre isso pode estar errado, mas o que o Srimad Bhagavatam sugere é a verdade estabelecida e é para o nosso bem.

No sastra é dito que nós queremos a felicidade. Por centenas de milhares de nascimentos temos nos esquecido de Krsna e agora estamos sob o controle de maya. Algumas vezes somos apsaras muito belas, anjos celestiais. Algumas vezes nos corpos de patos, burros, porcos, peixes, macacos e outros. Desde o início da criação, ou seja, por centenas de milhares de criações, temos tentado obter felicidade – mas não somos felizes. Este é um fenômeno espantoso que tenhamos experimentado atividades repletas de luxúria em todas as espécies de vida, mas ainda assim não estamos satisfeitos. Repetidas vezes tentamos desfrutar sob o controle de maya, mas ela tem nos dado muito sofrimento.

Nosso verdadeiro objetivo é servir a Krsna de alguma forma, lembrarmos de Krsna e nos refugiarmos em Krsna. Como podemos fazer isto? Quais tipos de serviço podemos fazer? No quarto capítulo do Sri Caitanya Caritamrta, este objetivo ou sadhya é explicado. O serviço a Krsna deve ser nosso objetivo, mas como podemos servi-lO? Esta é uma resposta que precisamos descobrir.

anarpita-carim cirat karunayavatirnah kalau
samarpayitum unnatojjvala-rasam sva-bhakti-sriyam
harih purata-sundara-dyuti-kadamba-sandipitah
sada hrdaya-kandare sphuratu vah saci-nandanah

["Possa o Senhor Supremo que é conhecido como o filho de Srimati Saci-devi estar transcendentalmente situado nas câmaras mais recônditas de meu coração. Resplandecente com o brilho do ouro derretido, Ele apareceu na Era de Kali devido a Sua misericórdia imotivada para conceder aquilo que nenhuma outra encarnação oferecera antes: a mais sublime e radiante doçura do serviço devocional, o sentimento de amor conjugal." (Adi 1.5)]

Antes do aparecimento de Mahaprabhu, Krsna veio estabelecer o yuga-dharma e Caitanya Mahaprabhu também veio estabelecer o yuga-dharma. Qual era o yuga-dharma na época de Krsna? Todas as pessoas eram muito luxuriosas e não conseguiam controlar seus corações, mentes e sentidos. Todos estavam desfrutando da gratificação dos sentidos - Jarasandha, Kamsa, Sisupala, Dantavakra, Kalayavana, Karna, Sakuni, Dusasana, Duryodhana e todos seus irmãos e muitos outros. Todos estavam ocupados em atividades sem sentido como lutar, roubar a esposa de outro homem e criar problemas. Eles pensavam: "Este corpo é meu. Eu sou este corpo." Era então muito necessário que tais pessoas fossem eliminadas. O yuga-dharma, portanto, era exterminar tais pessoas e estabelecer o atma-dharma. Como Krsna faz isto?

Ele criou a guerra do Mahabharata, na qual os Pandavas e Kauravas lutaram entre si. Os Pandavas estavam de um lado – o lado do dharma – e Duryodhana, Karna, Dusasana e outros como eles estavam alinhados com o adharma. Os Pandavas lutaram pelo dharma – para satisfazer o desejo de Krsna, enquanto que os Kauravas lutaram para se vingar e matar os Pandavas de tal forma que eles pudessem se tornar reis do mundo inteiro. Mesmo antes da guerra, os astutos e ardilosos Kauravas já tinham feito várias tentativas de matar os Pandavas. Krsna ficou ao lado de Arjuna, dos Pandavas e do dharma. Todos os soldados, tanto aqueles do lado de Krsna e dos Pandavas como os do outro lado, foram mortos. De um lado somente os cinco irmãos Pandavas e Krsna se salvaram e do outro lado restaram somente Krtavarma, Aswathama e Krpacarya.

Após a guerra, as senhoras se tornaram viúvas, Os devotos puros e as senhoras muito castas como Draupadi, Gandhari e Kunti foram salvos e estavam qualificados para ouvir o Srimad Bhagavatam. Krsna inspirou Sukadeva Gosvami e, após isto, a primeira sessão de declamação do Bhagavatam ocorreu. Pariksit Maharaja sentou-se às margens do Ganges sabendo que iria morrer em sete dias. Enquanto ele pensava sobre o que fazer, Sukadeva Gosvami apareceu lá nu. O pai de Sukadeva Gosvami, Vyasadeva, estava lá, Narada Gosvami estava lá, Vaisista, Parasara e muitos brahmajnatas qualificados e devotos elevados estavam lá. Todos honraram Sukadeva Gosvami e pediram-lhe, especialmente Pariksit Maharaja, para falar o Srimad Bhagavatam.

Então eles ouviram o Srimad Bhagavatam, ouvindo que o amor das gopis é a meta mais elevada. Krsna não é nosso objetivo. Nosso objetivo não é alcançar Krsna, mas sim alcançar krsna-prema. Se você não tiver krsna-prema, então poderá se tornar como Kamsa. Ele se encontrou com Krsna, mas por não haver afeição em seu coração, ele tornou-se um inimigo, um demônio. Ele queria matar Krsna. Putana, Aghasura, Bakasura e todos os outros demônios se encontraram com Krsna, mas não puderam apreciar Sua beleza e doçura. Se alguém não tem prema, quando encontrar com Krsna, tal pessoa não poderá honrá-lO. O Srimad Bhagavatam e todas as outras escrituras estabeleceram que nosso objetivo, nosso sadhya, não é Krsna, mas sim krsna-prema.

Krsna-prema divide-se em cinco tipos: santa-prema, dasya-prema, sakhya-prema, vatsalya-prema e madhurya-prema. Todos temos um relacionamento com Krsna, dentro destas cinco categorias, em nossa forma constitucional e transcendental. Sem este relacionamento ninguém pode existir. Devemos estar dentre estes cinco tipos de relacionamento mas agora estamos encobertos por maya. Possuímos todas as qualidades para este relacionamento, num estado latente e, portanto, quando começarmos a praticar sadhana sob a orientação de uma guru muito qualificado, tudo se manifestará. Seja qual for o tipo do relacionamento que você tenha, certamente ele irá se manifestar.

Caitanya Mahaprabhu veio somente para nos ajudar especialmente a desenvolver gopi-prema. Gopi-prema é o amor e afeição mais elevados – mais elevados do que qualquer um dos outros quatro tipos. Mahaprabhu não veio estabelecer varnasrama-dharma ou yuga-dharma. Quando certa vez eu fui até a Saranagati Farm, ouvi que tal local se destinava ao varnasrama-dharma. Não devemos seguir o varnasrama-dharma, pois ele é somente uma plataforma. Mesmo sem varnasrama-dharma, Pingala, Jagai, Madhai e muitos outros desenvolveram amor por Krsna. Caitanya Mahaprabhu nunca veio estabelecer o yuga-dharma, mas ele foi estabelecido automaticamente. Ele não veio para estabelecer o yuga-dharma, mas Ele deu isto automaticamente através de nama-sankirtana. O yuga-dharma de Kali-kala, kali-yuga, é nama-sankirtana.

Estabelecer o yuga-dharma é o dever de encarnações como Maha-Visnu, Advaita Acarya. Embora eles possam fazer isto facilmente, Caitanya Mahaprabhu estava presente na época que o yuga-dharma estava sendo estabelecido. Ele, portanto, rapidamente adotou este método, o nama-sankirtana ou o yuga-dharma, e misturou algo que veio de dentro dEle mesmo, nominalmente, amor e afeição.

Nama-sankirtana pravarta 'hun. "Realizarei nama-sankirtana, mas não de uma forma comum como em outras kali-yugas. Será com prema, amor e afeição." O que Ele fez é compreendido através deste verso: anarpita-carim-carat karunayavatirna kalau.

Com um significado muito profundo, este verso explica o sadhya, o objetivo pelo qual Caitanya Mahaprabhu apareceu, um objetivo que não tivera sido dado antes de Seu aparecimento. Até mesmo Krsna veio, Ramacandra veio, Jayadeva Gosvami veio e também Madhvacarya, Ramanuja, Visnuswami e Nimbaditya vieram. Mesmo Hanuman veio com Ramacandra. Mesmo Sita veio e Bharata também – mas ninguém foi capaz de dar este prema.

Caitanya Mahaprabhu veio repleto de micericórida e não pode tolerar o sofrimento das jivas. Ele misericordiosamente veio e desejou dar o objetivo mais elevado. Samarpayitum unnatojjvala rasam sva-bhakti-sriyam. O que é unnata-ujjvala rasa? Vocês não podem imaginar, mas explicarei resumidamente:

Certa vez, numa noite de lua cheia, Krsna tocou Sua flauta. Colocando uma flor atrás de Sua orelha e às vezes colocando-a atrás da outra orelha, Krsna estava muito belo.

barhapidam nata-vara-vapuh karnayoh karnikaram
bibhrad vasah kanaka-kapisam vaijayantim ca malam
randhran venor adhara-sudhayapurayan gopa-vrndair
vrndaranyam sva-pada-ramanam pravisad gita-kirtih

["Usando um ornamento de pena de pavão sobre Sua cabeça, flores karnikara azuis em Suas orelhas, uma roupa amarela tão brilhante quanto o ouro e uma guirlanda Vaijayanti, o Senhor Krsna exibiu Sua forma transcendental como o melhor dos dançarinos enquanto entrava na floresta de Vrndavana, embelezando-a com as marcas de Suas pegadas. Ele preenchia os orifícios de Sua flauta com o néctar de Seus lábios e os pastorzinhos cantavam as Suas glórias." (Venu-gita, texto 5)]

Krsna, o Cupido dos cupidos, entrou em Vrndavana próximo às margens do Yamuna, o qual estava cheio de flores fragrantes. De pé sob a sombra de uma árvore Vamsivata, Ele tocou Sua flauta e todos foram atraídos. Algumas das gopis estavam dormindo, algumas fazendo capatis e outras estavam se enfeitando no momento em que este mensageiro – o som muito doce e atrativo da flauta de Krsna - chegou. O som veio e entrou na casa das gopis. Então, ele passou pela porta dos corações delas e, a força, roubou seus corações e elas começaram a correr na direção de Krsna.

As gopis pensaram? "Krsna é um grande ladrão. Ele levou tudo e não nos deixou nada. Ele roubou nossos corações. Como podemos viver? Como podemos manter nossas vidas?" Enquanto corriam para seguir o som da flauta elas chamavam por Krsna: "Você deve devolver nossos corações, senão continuaremos a segui-lo." Elas não tiveram tempo de contar a ninguém que elas estavam saindo e simplesmente correram atrás do som da flauta de Krsna. Elas se perguntavam de onde aquele som estava vindo e dissera,: "Ó, muito maravilhoso e belo Cupido dos cupidos! Você deve devolver nossos corações, se não como poderemos voltar para casa? Não podemos voltar agora, sem nossos corações nunca mais poderemos voltar.

Depois a dança da rasa começou e Krsna dançou com cada uma das gopis. Havia lakhas e lakhas (centenas de milhares) de gopis, e Krsna também Se tornou lakhas e lakhas. Por quê? Todas as gopis tinham deixado seus maridos e sua castidades. Elas tinham abandonado suas casas, riqueza, reputação, timidez e tudo mais. Na Índia uma mulher não pode abrir mão de tais coisas. Ela preferirá morrer ao invés de abandonar sua castidade. Esta é uma qualidade especial das mulheres indianas. Elas podem abandonar tudo, mas prefeririam morrer ao invés de abandonar sua timidez. As gopis, entretanto, deixaram mesmo isso de lado e, desta forma, Krsna quis satisfazer todas elas. Ele Se manifestou com cada uma das gopis simultaneamente, atraindo todas por dançar com elas fazendo várias posturas de dança. Se Ele não tivesse feito isto, Ele estaria endividado com elas. Ele foi obrigado a satisfazê-las e toda a cena era muito maravilhosa.

Krsna sempre diz para as gopis e especialmente para Srimati Radhika: "Ó, você é Minha mais amada." Durante a dança da rasa, Radhika viu que "Ele é um grande enganador, mentiroso e farsante. Ele me disse: 'Você é minha mais querida. Não há ninguém como Você.', mas agora está dançando com todas as gopis – bem na minha frente." Ela não podia tolerar isso e então desapareceu da arena da dança.

Krsna pensou: "Se não há Radhika, não pode haver dança. Para quem é esta dança? E para quem é esta rasa? Krsna assim procurou-a enquanto lamentava-se: "Onde Srimati Radhika foi?" Ele tocou na Sua flauta: "Ó Radhika, onde Você está, onde Você está? Não posso tolerar a separação de Você." De alguma forma Ele A encontrou. Ele decorou-A e implorou pelo Seu perdão: "Prometo que não A ofenderei nunca mais. Fique satisfeita comigo e seja misericordiosa comigo." Ele então colocou Sua flauta e Suas penas de pavão nas mãos dEla e disse: “ Você é minha mestra, Você pode me usar como quiser."

na paraye 'ham niravadya-samyujam
sva-sadhu-krtyam vibudhayusapi vah
ya mabhajan durjara-geha-srnkhalah
samvrscya tad vah pratiyatu sadhuna

["Não sou capaz de retribuir pelo Seu serviço imaculado, nem mesmo durante o tempo de duração de uma vida de Brahma. Sua relação comigo está além de qualquer reprovação. Você tem Me adorado, tendo cortado todos os laço com sua vida doméstica, os quais são tão difíceis de serem quebrados. Portanto, por favor, permita que os seus próprios atos gloriosos sejam a Sua compensação." (SB 10.32.22)]

Radhika ficou apaziguada e satisfeita.

Mais tarde, depois que Radhika e outras gopis cantaram o Gopi-gita, Krsna voltou para o meio delas. Naquele momento, as gopis que também eram espertas – até mesmo mais que Krsna – começaram a indagar. Elas perguntaram: "Nós ouvimos sobre um certo tipo de pessoa que ama os outros somente na medida em que estes o amam. Ele pensa: 'Se você me ama, eu irei amar você.' Outro tipo de amor e afeição é esta: 'Quer você me ame ou não, eu irei amar você.' Ainda há um terceiro tipo de pessoa para qual quer uma pessoa a ame ou não, ainda assim, ela não tem amor por ninguém. Assim, existem três tipos de pessoas. Ó Krsna, em qual categoria VocÊ está? Por favor, explique para gente."

As gopis estavam muito espertamente criando uma atmosfera para fazer com que Krsna admitisse se Ele estava ou não praticando prema ou não. Ao ouvir esta pergunta, Krsna sorriu de forma muito astuta e manhosa. Ele é o guru das artimanhas. Ele disse: "Aqueles que 'amam pelo amor que recebem' não são verdadeiros amantes. Eles são negociantes. Aqueles que dão algumas moedas ao vendedor da loja e levam algo em troca, como por exemplo arroz, dahl e outras coisas, estes são negociantes. O amor deles não é puro." Você compreendem? Krsna está dizendo que: "Se alguém ama uma pessoa e quer que aquela pessoa também o ame de volta, ela é como uma negociante. Não estou nesta categoria. Em seguinda, sobre a pessoa que, quer alguém a ame ou não, ela ama tal pessoa, isto é muito bom. Ó gopis, vocês são assim. Quer Eu as ame ou não, você estão dando amor para Mim.

"Este são o amor e a afeição de pai e mãe. Um pai ou uma mãe nunca pede nenhum amor para o filho e eles sempre o ajudam. Mesmo que os filhos façam coisas estúpidas, tão logo o filho diga: "Ó mãe! Ó pai!" Os pais vão esquecer todo resto em prol do bem dos filhos. Isto é muito puro e vocês são assim. Quer eu esteja as amando ou não, vocês estão Me amando. Eu não sou assim. Não estou nesta categoria. Sobre o terceiro tipo, também não estou dentre os que não amam os outros quer estes os amem ou não."

Quem são eles? Existem quatro tipos de pessoas nestas categorias, duas delas são aquelas que são atmarama e aptakama. Sri Sukadeva Gosvami é um exemplo de uma dessas categorias. Quer alguém o ame ou não, o que ele faz? Ele não tem amor porque ele está sempre pensando sobre o Senhor e está muito satisfeito com isso. Ele não tem tempo nem olhos para perceber se alguém o ama ou não."Nosso amor é um amor mundano. Ele está em amor transcendental servindo a Krsna e, por isso, ele está feliz. Aqueles na categoria de aptakama são aqueles cujos desejos foram todos satisfeitos. Como? Por lembrar, cantar e servir Krsna. Krsna informou as gopis: "Não sou nem atmarama nem aptakama."

O terceiro e o quarto tipo nesta categoria são guru-drohi e akrtagya (ingrato). Se seus pais e guru-jana (superiores) estão lhe mantendo e nutrindo desde sua infância, mas você não os está servindo, você é akrtagya. Nunca seja ingrato com eles. Somente no caso de eles serem contrários a Krsna e krsna-bhakti você pode se evitar servi-los. De outra forma, você sempre deve servi-los. Não seja ingrato.

O guru-drohi é aquele que, com ou sem razão, gera sofrimento aos seus superiores. Não cause nenhum sofrimento aos seus pais ou ao seu gurudeva – especialmente a gurudeva. O tempo é muito curto, então estou falando de forma resumida.

Krsna disse para as gopis: "Existem muitos guru-drohis, mas não estou nesta categoria. Também não sou atmarama." "Por que não? Você é o Senhor Supremo. Você é superior a Sukadeva Gosvami." "Oh, não sou atmarama porque toquei a flauta e chamei todas vocês. Não fico feliz sem vocês e, portanto, não sou atmarama. Vocês são Meu atma, vocês são Minha alma. Eu quero lhes satisfazer e vocês querem Me satisfazer; então não sou atmarama.

"Também não sou aptakama, porque meus desejos não foram satisfeitos. Esta é a razão pela qual estou orando a vocês: 'Não se zanguem comigo.' Estou orando a vocês de modo que eu possa ficar satisfeito. Alguém que seja atmarama ou aptakama não pode orar desta forma. Como vocês podem Me dizer que sou atmarama ou aptakama? Na Minha infância, costumava roubar manteiga daqui e dali, e se MInha mãe estivesse ocupada em seus afazeres domésticos e não me desse toda sua atenção, costumava ficar muito zangado. Vocês sabem? Certa vez fiz um furo no pote de iogurte e Minha mãe ficou tão irada coMigo que Me perseguiu com uma vara de bambu. Então como Eu sou atmarama? Não sou.

"Gostou de vocês, estou apegado a vocês e, por isso, estou apaziguando-as. Estou orando a vocês e isto demonstra que não sou atmarama.

"Vocês podem pensar que sou um guru-drohi ou akrtagya, mas não sou. Sou grato a Minha mãe e meus amigos. Então não estou incluído em nenhuma destas categorias."

As gopis então perguntaram: "Então quem é Você? Em qual categoria VocÊ está?" Krsna respondeu: "Oh, Eu gosto de vocês. Quero glorificar vocês por todo o mundo. Vocês, gopis, são Minhas melhores amigas. Não serei capaz de lhes retribuir nem mesmo em centenas de milhares de nascimentos. Não posso compensá-las." Então as gopis sorrindo disseram: "Você já nos retribuiu porque Você Se refugiou em nossos pés de lótus e está dizendo: 'Estou derrotado por vocês.' Isto é o que queríamos."

O que é isto? Isto é unnatojjvala rasa. O modo pelo qual as gopis satisfazem Krsna com seu amor é chamado de unnatojjvala rasa. Este é o amor mais elevado que só existe em Radhika – em Seu mahabhava. Não existe em mais ninguém. Uma migalha do sentimento de Srimati Radhika para satisfazer Krsna deve ser nosso objetivo, de outra forma Krsna não pode ser completamente controlado. Caitanya Mahaprabhu veio especialmente para dar isto. O sentimento de Radhika não deve ser nosso objetivo. Nossa única meta é servir aqueles que têm este sentimento - as gopis. Este é o humor das manjaris. Como devemos servir Radhika? Devemos obter o serviço a Ela por servir Suas sakhis como Lalita, Visakha, Rupa Manjari e outras. Desejamos o sentimento de Rupa Gosvami interna e externamente, como ele explicou no seu Vidagda Madhava e Lalita Madhava. Vocês devem saber que a beleza de unnatojjvala rasa é o humor e sentimento das kinkiris, as manjaris, as servinhas de Srimati Radhika. Este é o objetivo mais elevado para nós. Este é nosso sadhya.

Tanto Sri Caitanya Mahaprabhu e Srila Rupa Goswami revelaram que é este é o objetivo a ser alcançado, mas como podemos atingi-lo? O processo para alcançá-lo é denominado bhakti. De onde devemos começar?

adau sraddha tatah sadhu-
sango 'tha bhajana-kriya
tato 'nartha-nivrttih syat
tato nistha rucis tatah
athasaktis tato bhavas
tatah premabhyudancati
sadhakanam ayam premnah
pradurbhave bhavet kramah

["No começo deve haver fé. Então a pessoa se torna interessada na associação com os devotos puros. Então a pessoa é iniciada pelo mestre espiritual e pratica os princípios regulativos de acordo com suas ordens. Assim ela é liberada de todos os hábitos indesejáveis e se torna firmemente estabelecida em serviço devocional. Portanto, ela desenvolve gosto e apego. Este é o processo de sadhana-bhakti, a execução de serviço devocional de acordo com os princípios regulativos. Gradualmente as emoções se intensificam e, finalmente, há um despertar do amor. Este é o desenvolvimento gradual do amor a Deus para o devoto interessado na consciência de Krsna." (Madhya 23.16)]

Vocês devem debater este tópico nas aulas da manhã. Adau sraddha tatah sadhu-sanga. Devemos começar deste ponto. O que é sraddha ou fé? Sraddha é de dois tipo. Nesse momento, nosso sraddha é mundano e não será suficiente. Deve-se ter sraddha pura, uma fração do amor transcendental. Penso que a partir de amanhã vocês devem debater nas aulas sobre como alcançar este prema, por gradualmente progredir de anartha-nivritti até nistha e assim por diante. Vocês devem saber o que é ruci, o que é asakti, o que é rati, tanto por definição como pelos muitos exemplos. Este é o nosso objetivo mais elevado – tornarmo-nos as servinhas de Srimati Radhika.

Tentem realizar algo do que eu expliquei. Sei que vocês não são qualificados para realizar isto agora, mas ainda assim, devem ouvir, porque esta é nossa meta.

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